Amigdalite é uma inflamação das amígdalas, geralmente de início rápido.[2] É um tipo de faringite.[8] Os sintomas incluem inflamação da garganta, febre, aumento de volume das amígdalas, dificuldade em engolir e aumento de volume dos gânglios linfáticos à volta do pescoço.[2] Entre as possíveis complicações está o abcesso periamigdaliano.[3]

Amigdalite
Amigdalite
Faringite estreptocócica com exsudato nas amígdalas
Sinónimos Tonsilite, amidalite[1]
Especialidade Infectologia
Sintomas Garganta inflamada, febre, aumento de volume das amígdalas, dificuldade em engolir, aumento de volume dos gânglios linfáticos no pescoço[2]
Complicações Abcesso periamigdaliano[3]
Duração ~ 1 semana[4]
Causas Infeções virais, infeções bacterianas[5][6]
Método de diagnóstico Baseado nos sintomas, esfregaço da garganta, testes rápidos de deteção de estreptococo[5]
Medicação Paracetamol, ibuprofeno, penicilina[5]
Frequência 7,5% (por cada dado trimestre)[7]
Classificação e recursos externos
CID-10 J35.01
CID-9 474.00
DiseasesDB 13165
MedlinePlus 001043
eMedicine 871977
MeSH D014069
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A causa mais comum de amigdalite são infeções virais. Apenas 5% a 10% dos casos são causados por infeções bacterianas.[5][6] Quando a causa são bactérias estreptococo do grupo A, denomina-se faringite estreptocócica.[9] São raros os casos causados pelas bactérias Neisseria gonorrhoeae, Corynebacterium diphtheriae ou Haemophilus influenzae.[5] A infeção é geralmente transmitida por via aérea.[6] O diagnóstico pode ser confirmado mediante recolha de um esfregaço ou com testes rápidos de deteção de estreptococo.[5]

O tratamento consiste no alívio dos sintomas e em diminuir o risco de complicações.[5] As dores podem ser aliviadas com paracetamol ou ibuprofeno.[5] Em casos de faringite estreptocócica geralmente recomenda-se a administração de penicilina por via oral.[5] Em pessoas alérgicas à penicilina podem ser administradas cefalosporinas ou macrólidos.[5] Em crianças com episódios recorrentes de amigdalite, a tonsilectomia diminui ligeiramente o risco de novos episódios.[10]

A cada período de três meses, cerca de 7,5% das pessoas apresentam uma inflamação da garganta. Em cada ano, 2% das pessoas consultam um médico devido a amigdalites.[7] A doença é mais comum entre crianças em idade escolar e geralmente ocorre nos meses de outono ou inverno.[5][6] A maioria das pessoas recupera com ou sem medicação.[5] EM 40% dos casos, os sintomas desaparecem em três dias. Em 80% dos casos não se manifestam sintomas após uma semana, mesmo quando é causada por estreptococos.[4] Os antibióticos apenas diminuem a duração dos sintomas em cerca de 16 horas.[4]

Sinais e sintomas

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Os principais sintomas da faringoamigadalite são a dor na garganta, disfagia (desconforto ao ingerir alimentos), febre - principalmente em casos bacterianos -, fraqueza, tosse (comum em quadros virais), halitose, cefaleia, mal-estar geral e rouquidão em casos mais avançados.

A faringoamigdalite bacteriana é mais comumente associado com quadros de início abrupto, com febre alta, ausência de tosse, exsudato purulento e petéquias no palato. Quadros virais são associados com um curso insidioso, sem febre, com presença de sintomas respiratórios como tosse e coriza e a presença de úlceras orais, hepatomegalia e esplenomegalia podem ocorrer em especial na mononucleose infecciosa[11].

Ao exame físico da cavidade oral pode-se observar a presença de exsudato em amígdalas, que apesar de ser mais comum em casos bacterianos não é patognomônico desta condição, também são vistos o edema de úvula. É comum a presença de linfadenopatia dolorosa de cadeia anterior cervical na faringoamigdalite bacteriana.

Existem 3 tipos principais de tonsilites: aguda, subaguda e crônica. A tonsilite aguda pode ser de origem tanto bacteriana quanto viral (mais comum, 75%). A tonsilite subaguda (que pode durar entre 3 semanas e 3 meses) é causada pela bactéria Actinomyces. A tonsilite crônica, que pode durar por longos períodos se não tratada, é quase sempre bacteriana.

Tratamento

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O pilar do tratamento da tonsilite bacteriana é a antibioticoterapia, com a preferência por uso de Penicilina G benzatina, com outros beta-lactâmicos e macrolídeos como opção de tratamento, a principal motivação para o tratamento é a prevenção do quadro de febre reumática e das demais complicações da amigdalite visto que tratamento com antibióticos diminui a duração do quadro em média somente em 16 horas[12]

A tonsilite viral não requer tratamento específico. Apenas o tratamento sintomático basta, tendo em vista que a tonsilite viral possui um ciclo natural, de modo que a cura ocorre em poucos dias.

Estudo da Universidade do Nebraska (APPICE et al., 2009) aponta que vibrações das cordas vocais produzidas no ato de cantar podem contribuir em alguns casos para alívio da inflamação mais comum causada pela bactéria Streptococcus pyogenes, em função da fragmentação da placa bacteriana. PADAVONA (2011) não conseguiu reproduzir os mesmos resultados do estudo de 2009, porém ressalta o efeito anti-inflamatório da liberação de endorfinas e dopamina produzida pelo canto, bem como melhoras no sistema imunológico.

Em casos crônicos/recidivantes (geralmente definidos como sete episódios de tonsilites no ano anterior, cinco episódios em cada um dos dois anos anterior ou três episódios em cada um dos três anos anteriores),[13][14][15] ou em casos agudos onde as tonsilas palatinas se tornaram tão inchadas que a deglutição foi prejudicada, uma tonsilectomia pode ser realizada para remover as tonsilas. Pacientes cujas tonsilas foram removidas certamente ainda estarão protegidos de infecções pelo resto de seu sistema imune.

Complicações

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As complicações da amigdalite bacteriana se dividem tanto em complicações supurativas e complicações não-supurativas

Com o avanço da infecção, há a extensão da mesma para compartimentos adjacentes, com possibilidade de desenvolvimento deabscessos, que pode se desenvolver lateralmente ou posteriomente à tonsila durante uma infecção, tipicamente diversos dias após o início da tonsilite. Levando ao desenvolvimento de abscessos peritonsilares, paratonsilares ou retrofaríngeos. O crescimento do abscesso pode levar à obstrução da via aérea levando à asfixia desses pacientes.

A infecção também pode ser extender para compartimentos anexos, levando à quadros de otite média aguda, sinusite, celulite local, adenite, mastoidite e meningite em quadros avançados; o avanço da infecção lateralmente pode levar ao acomento da veia jugular interna, com trombose local associado com quadros septicêmicos, quadro denominado de síndrome de Lemierre

As complicações não - supurativas incluem doenças auto-imunes como a febre reumática[16] ou glomerulonefrite pós-streptocóccica[17] podem ocorrer, apesar de serem raras apresentam altas taxas de mortalidade. Estas complicações são extremamente raras em países desenvolvidos mas ainda continuam sendo um problema em países pobres, como o Brasil.[18][19]

Bactérias se alimentando do muco que se acumula nos espaços das tonsilas (criptas) podem produzir depósitos amarelo-esbranquiçados conhecidos como tonsilólitos. Isso pode causar uma emissão de um odor devido a presença de compostos sulfúricos voláteis.

A hipertrofia das tonsilas pode resultar em roncos, respiração oral, problemas no sono e apnéia do sono obstrutiva, na qual o paciente para de respirar e apresenta uma queda na concentração de oxigênio na corrente sanguínea. Uma tonsilectomia pode curar estes problemas.

Referências

  1. «Amigdalite». Dicionário Michaelis. Consultado em 7 de junho de 2021 
  2. a b c «Tonsillitis». PubMed Health. Consultado em 30 de setembro de 2016. Cópia arquivada em 7 de janeiro de 2017 
  3. a b Klug, TE; Rusan, M; Fuursted, K; Ovesen, T (agosto de 2016). «Peritonsillar Abscess: Complication of Acute Tonsillitis or Weber's Glands Infection?». Otolaryngology--head and neck surgery : official journal of American Academy of Otolaryngology-Head and Neck Surgery. 155 (2): 199–207. PMID 27026737. doi:10.1177/0194599816639551 
  4. a b c Spinks, A; Glasziou, PP; Del Mar, CB (5 de novembro de 2013). «Antibiotics for sore throat.». The Cochrane database of systematic reviews. 11: CD000023. PMID 24190439. doi:10.1002/14651858.CD000023.pub4 
  5. a b c d e f g h i j k l Windfuhr, JP; Toepfner, N; Steffen, G; Waldfahrer, F; Berner, R (abril de 2016). «Clinical practice guideline: tonsillitis I. Diagnostics and nonsurgical management.». European Archives of Oto-Rhino-Laryngology. 273 (4): 973–87. PMID 26755048. doi:10.1007/s00405-015-3872-6 
  6. a b c d Lang, Florian (2009). Encyclopedia of Molecular Mechanisms of Disease (em inglês). [S.l.]: Springer Science & Business Media. p. 2083. ISBN 9783540671367. Cópia arquivada em 2 de outubro de 2016 
  7. a b Jones, Roger (2004). Oxford Textbook of Primary Medical Care (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press. p. 674. ISBN 9780198567820. Cópia arquivada em 18 de agosto de 2016 
  8. «Tonsillitis». Consultado em 4 de agosto de 2016. Cópia arquivada em 25 de março de 2016 
  9. Ferri, Fred F. (2015). Ferri's Clinical Advisor 2016: 5 Books in 1 (em inglês). [S.l.]: Elsevier Health Sciences. p. PA1646. ISBN 9780323378222. Cópia arquivada em 2 de outubro de 2016 
  10. Windfuhr, JP; Toepfner, N; Steffen, G; Waldfahrer, F; Berner, R (abril de 2016). «Clinical practice guideline: tonsillitis II. Surgical management.». European Archives of Oto-Rhino-Laryngology. 273 (4): 989–1009. PMID 26882912. doi:10.1007/s00405-016-3904-x 
  11. al, Joseph Loscalzo et (27 de novembro de 2023). al, Antônio de Barros Lopes et, ed. Medicina interna de Harrison 21 ed. Porto Alegre, RS: Amgh 
  12. Kocher, Jared J.; Selby, Thomas D. (1 de julho de 2014). «Antibiotics for sore throat». American Family Physician (1): 23–24. ISSN 1532-0650. PMID 25077497. Consultado em 25 de abril de 2025 
  13. «6.3 Referral Criteria for Tonsillectomy». Management of Sore Throat and Indications for Tonsillectomy. [S.l.]: Scottish Intercollegiate Guidelines Network. Janeiro de 1999. ISBN 1-899893-66-0  - notes though that these criteria "have been arrived at arbitrarily" from:
    Paradise JL, Bluestone CD, Bachman RZ; et al. (1984). «Efficacy of tonsillectomy for recurrent throat infection in severely affected children. Results of parallel randomized and nonrandomized clinical trials». N. Engl. J. Med. 310 (11): 674–83. PMID 6700642 
  14. Paradise JL, Bluestone CD, Colborn DK, Bernard BS, Rockette HE, Kurs-Lasky M (2002). «Tonsillectomy and adenotonsillectomy for recurrent throat infection in moderately affected children». Pediatrics. 110 (1 Pt 1): 7–15. PMID 12093941  - this later study by the same team looked at less severely affected children and concluded "modest benefit conferred by tonsillectomy or adenotonsillectomy in children moderately affected with recurrent throat infection seems not to justify the inherent risks, morbidity, and cost of the operations"
  15. Wolfensberger M, Mund MT (2004). «[Evidence based indications for tonsillectomy]». Ther Umsch (em alemão). 61 (5): 325–8. PMID 15195718  - review of literature of the past 25 years concludes "No consensus has yet been reached, however, about the number of annual episodes that justify tonsillectomy"
  16. Del Mar CB, Glasziou PP, Spinks AB (2004). «Antibiotics for sore throat». Cochrane Database Syst Rev (2): CD000023. PMID 15106140. doi:10.1002/14651858.CD000023.pub2  - Meta-analysis of published research
  17. Zoch-Zwierz W, Wasilewska A, Biernacka A; et al. (2001). «[The course of post-streptococcal glomerulonephritis depending on methods of treatment for the preceding respiratory tract infection]». Wiad. Lek. (em polaco). 54 (1-2): 56–63. PMID 11344703 
  18. «Antibiotics for sore throat to prevent rheumatic fever: Yes or No? How the Cochrane Library can help». CMAJ. 171 (7). 28 de setembro de 2004. doi:10.1503/cmaj.1041275  - Canadian Medical Association Journal commentary on Cochrane analysis
  19. «Treatment of sore throat in light of the Cochrane verdict: is the jury still out?». MJA. 177 (9): 512-515. 2002  - Medical Journal of Australia commentary on Cochrane analysis