Búzio
Búzio (ou buzo, na região nordeste do Brasil, segundo Antônio Houaiss e Rodolpho von Ihering, que cita este dialeto para a Bahia)[2][7] é a denominação vernácula, em português, para vários moluscos gastrópodes marinhos, na subclasse Caenogastropoda, cujas conchas apresentam um canal sifonal mais ou menos longo; alguns dotados de espiral fusiforme, mais ou menos alta, como é o caso de Charonia variegata (Lamarck, 1816), encontrada na ilha da Madeira,[4][8][9] ou Charonia lampas (Linnaeus, 1758).[10][11] Em Portugal, as principais espécies com tal nome são os Muricidae Bolinus brandaris (Linnaeus, 1758), de coloração amarelada, também chamada búzio-canilha, canilha ou búzio-fêmea, e Hexaplex trunculus (Linnaeus, 1758), de coloração branco-amarelada, com listras amarronzadas em espiral, também conhecida como búzio-macho.[1][2][3][4][5][12] A palavra também é empregada nos moluscos da família Buccinidae, como é o caso de Buccinum undatum Linnaeus, 1758, também chamados bucinos.[13][14] Outras espécies europeias com o nome búzio são os Epitoniidae, Epitonium clathrus (Linnaeus, 1758) e Epitonium turtonis (W. Turton, 1819), estes desprovidos de canal sifonal.[15][16][17]
Búzio | |||||||||
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A concha do Cassidae Cassis tuberosa (Linnaeus, 1758),[6] espécie denominada búzio em costas brasileiras e utilizada como instrumento de sopro.[2][3][4]
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Classificação científica | |||||||||
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No Brasil esta denominação inclui espécies de Cypraeidae nativas e provenientes do Indo-Pacífico, utilizadas como instrumento de adivinhação pelas religiões de matriz africana; como é o caso das espécies Naria spurca (Linnaeus, 1758) – conhecida por buzo-fêmea –,[2][3][18][19][20] Luria cinerea (Gmelin, 1791) – conhecida por buzo-macho –,[2][3][21] Monetaria moneta (Linnaeus, 1758) – o cauri –, Monetaria annulus (Linnaeus, 1758) e Monetaria caputserpentis (Linnaeus, 1758);[18][22][23][24][25][26] também sendo denominados búzio os moluscos de maiores dimensões, como Cassis tuberosa (Linnaeus, 1758), o búzio-totó,[2][6][27] Titanostrombus goliath (Schröter, 1805), o búzio-de-aba ou búzio-de-chapéu,[28][29][30] Macrostrombus costatus (Gmelin, 1791), o búzio-cambute ou búzio-corcunda,[31][32] e Monoplex parthenopeus (Salis Marschlins, 1793), o búzio-peludo ou búzio-cabeludo.[33][34] Artur Neiva ainda fala do búzio-preto e do búzio-branco do Recôncavo baiano e que são, respectivamente, Pugilina tupiniquim Abbate & Simone, 2015 e Turbinella laevigata Anton, 1838.[35][36][37] Rodolpho von Ihering comenta, no seu Dicionario dos Animais do Brasil, esta denominação para o gênero Strombus e acrescenta a ilustração do caramujo Strombus pugilis Linnaeus, 1758 em seu verbete.[7][38] Na região sul do Brasil, Paraná, são Tonna galea (Linnaeus, 1758) e Semicassis granulata (Born, 1778) que recebem a denominação búzio.[39]
Etimologia
editarA etimologia de búzio provém de bucina ou bucĭnu, que significa "trombeta" ou "trombeteiro", em latim, e "buzina", em português; denominação esta proveniente do fato de que algumas destas espécies são utilizadas como instrumento de sopro pelos pescadores e jangadeiros para anunciar sua chegada ao porto ou como meio de comunicação marítima.[3][40][41][42] Para esta finalidade preparam um furo no ápice da espiral da concha, por onde sopram produzindo um som de estridência rouquenha, muito característico, que se ouve de bem longe.[35] Existem outras espécies, fora dos territórios atlânticos de língua portuguesa, em que se servem da mesma finalidade os habitantes da costa; como é o caso de Aliger gigas, Cassis cornuta, Charonia tritonis, Titanostrombus galeatus, Turbinella pyrum, Chicoreus ramosus e Syrinx aruana.[carece de fontes] Búzio também é o nome dado ao mergulhador que, no fundo do mar, apanha conchas, corais, peixes e ostras contendo pérolas, ou executa qualquer outro trabalho subaquático.[3][19]
Galeria de imagens de espécies de búzios
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Charonia variegata (Lamarck, 1816)[8]
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Hexaplex trunculus (Linnaeus, 1758)[12]
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Titanostrombus goliath (Schröter, 1805)[28]
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Monetaria moneta (Linnaeus, 1758)[22]
Ver também
editarReferências
- ↑ a b c «Bolinus brandaris» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 14 de agosto de 2020
- ↑ a b c d e f g HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles; FRANCO, Francisco Manoel de Mello (2001). Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva. p. 536. 2922 páginas. ISBN 85-7302-383-X
- ↑ a b c d e f g FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 296-297. 1838 páginas
- ↑ a b c d «búzio». Infopédia - Dicionários Porto Editora. 1 páginas. Consultado em 14 de agosto de 2020
- ↑ a b da Silva, José Manuel Pedroso; Callapez, Pedro Miguel; Pimentel, Ricardo Jorge (2022). «Contribuição para um vocabulário vernáculo de nomes comuns e populares de moluscos portugueses: suas relações culturais, históricas e heráldicas» (PDF). Boletín de la Sociedad Española de Historia Natural, 116. p. 79. Consultado em 11 de julho de 2022. Arquivado do original (PDF) em 20 de junho de 2022
- ↑ a b «Cassis tuberosa» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 14 de agosto de 2020
- ↑ a b IHERING, Rodolpho von (1968). Dicionario dos Animais do Brasil. São Paulo: Editora Universidade de Brasília. p. 169. 790 páginas
- ↑ a b «Charonia variegata» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 14 de agosto de 2020
- ↑ Encarnação, Helena Paula Olim. «ESPÉCIE DO MÊSː BÚZIO DE TOCAR». Câmara Municipal do Funchal. 1 páginas. Consultado em 14 de agosto de 2020. Arquivado do original em 22 de junho de 2021
- ↑ «Charonia lampas» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 14 de agosto de 2020
- ↑ Ferreira, Franclim F. (2002–2004). «Conchas» (em inglês). FEUP. 1 páginas. Consultado em 14 de agosto de 2020. Arquivado do original em 7 de outubro de 2020
- ↑ a b «Hexaplex trunculus» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 14 de agosto de 2020
- ↑ «Buccinum undatum distribution» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 14 de agosto de 2020
- ↑ «bucino». Dicionário Online de Português: Dicio. 1 páginas. Consultado em 14 de agosto de 2020.
Gênero (Buccinum) típico da família dos Bucinídeos, que compreende os búzios.
- ↑ «Epitonium» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 12 de dezembro de 2020
- ↑ França, António. «Epitonium commune (Lamarck, 1822)». Naturdata - Biodiversidade em Portugal. 1 páginas. Consultado em 12 de dezembro de 2020
- ↑ França, António. «Epitonium turtonis (W. Turton, 1819)». Naturdata - Biodiversidade em Portugal. 1 páginas. Consultado em 12 de dezembro de 2020
- ↑ a b Léo Neto, Nivaldo A.; Voeks, Robert; Dias, Thelma; Alves, Rômulo (março de 2012). «Mollusks of Candomblé: Symbolic and ritualistic importance» (em inglês). ResearchGate. 1 páginas. Consultado em 14 de agosto de 2020.
Mollusks used in Candomble temples, including uses, symbolism, and liturgy.
- ↑ a b «búzio». Michaelis - Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. 1 páginas. Consultado em 14 de agosto de 2020
- ↑ «Naria spurca» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 14 de agosto de 2020
- ↑ «Luria cinerea» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 14 de agosto de 2020
- ↑ a b «Monetaria moneta» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 14 de agosto de 2020
- ↑ «Monetaria annulus» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 14 de agosto de 2020
- ↑ «Monetaria caputserpentis» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 14 de agosto de 2020
- ↑ «cauri». Infopédia - Dicionários Porto Editora. 1 páginas. Consultado em 17 de agosto de 2020
- ↑ FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (Op. cit., p.372.).
- ↑ BOFFI, Alexandre Valente (1979). Moluscos Brasileiros de Interesse Médico e Econômico. São Paulo: FAPESP - Hucitec. p. 23. 182 páginas
- ↑ a b «Titanostrombus goliath» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 14 de agosto de 2020
- ↑ MOSCATELLI, Renato (1987). A Superfamília Strombacea no Atlântico Ocidental. São Paulo: Antônio A Nano & Filho Ltda. p. 63. 98 páginas
- ↑ BOFFI, Alexandre Valente (Op. cit., p.21.).
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- ↑ MOSCATELLI, Renato (Op. cit., p.46.).
- ↑ «Monoplex parthenopeus» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 14 de agosto de 2020
- ↑ «RANELLIDAE». Conquiliologistas do Brasil: CdB. 1 páginas. Consultado em 14 de agosto de 2020
- ↑ a b SANTOS, Eurico (1982). Zoologia Brasílica, vol. 7. Moluscos do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia. p. 97. 144 páginas
- ↑ «Pugilina tupiniquim» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 16 de agosto de 2020
- ↑ «Turbinella laevigata» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 16 de agosto de 2020
- ↑ «Strombus pugilis» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 16 de agosto de 2020
- ↑ ABSHER, Theresinha Monteiro; FERREIRA JUNIOR, Augusto Luiz; CHRISTO, Susete Wambier (2015). Conchas de Moluscos Marinhos do Paraná (PDF). Curitiba - PR: Museu de Ciências Naturais - MCN - SCB - UFPR. p. 13-14. 20 páginas. ISBN 978-85-66631-18-0. Consultado em 22 de março de 2021. Arquivado do original (PDF) em 9 de junho de 2021
- ↑ COX, James A. (1979). Les Coquillages. dans la nature et dans l'art (em francês). Paris: Librairie Larousse. p. 120. 252 páginas. ISBN 2-03-517101-6
- ↑ AZEVEDO, Fernando de (1950). Pequeno Dicionário Latino-Português 3 ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional. p. 22. 212 páginas
- ↑ «Bucina». Dicionário Glosbe. 1 páginas. Consultado em 14 de agosto de 2020