Batalhões de Estranhos
Batalhões de Estranhos é o segundo álbum de estúdio da banda brasileira Camisa de Vênus, gravado no primeiro semestre de 1985 nos Estúdios SIGLA e nos Estúdios Intersom, ambos em São Paulo, e lançado em julho do mesmo ano pela gravadora RGE.
Batalhões de Estranhos | |||||||
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Álbum de estúdio de Camisa de Vênus | |||||||
Lançamento | julho de 1985 | ||||||
Gravação | Primeiro semestre de 1985 | ||||||
Estúdio(s) | Estúdios SIGLA e Estúdios Intersom, ambos em São Paulo | ||||||
Gênero(s) | |||||||
Duração | 38:24 | ||||||
Idioma(s) | Português | ||||||
Formato(s) | LP e Fita cassete | ||||||
Gravadora(s) | RGE | ||||||
Produção | Reinaldo Barriga | ||||||
Cronologia de álbuns de estúdio por Camisa de Vênus | |||||||
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Singles de Batalhões de Estranhos | |||||||
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Antecedentes
editarTrês meses após o lançamento do álbum anterior, a banda participou de uma reunião com os diretores da Som Livre na qual se negaram a alterar o nome do grupo, considerado anticomercial pela cúpula da gravadora. Assim, foram expulsos da gravadora e o disco retirado de catálogo. Após esses eventos, a banda resolveu que a melhor estratégia era realizar o máximo de apresentações que conseguissem - rodando o país inteiro - fazendo, então, o caminho inverso: primeiro construir uma base de fãs para, só então, gravar outro disco. Desse modo, mudam-se para São Paulo e passam a fazer shows, especialmente, na região Sul, no estado de São Paulo, e no Rio de Janeiro.[1][2]
Gravação e produção
editarEntre um show e outro, surgiu o interesse da gravadora RGE em gravar um novo álbum e comprar a matriz do primeiro disco e relançá-lo. Desse modo, o disco foi gravado nos Estúdios SIGLA e nos Estúdios Intersom, ambos localizados na cidade de São Paulo.[1][2]
Resenha musical
editarO disco abre com o seu grande sucesso radiofônico "Eu Não Matei Joana D'Arc", no qual o grupo dá ares de ficção e jornalismo popular à história da mártir francesa. Em seguida, vem "Casas Modernas" em que se critica as habitações produzidas em linha, assumindo uma linha ecológica que põe em questão as relações entre a habitação e a vida humana, animal e vegetal.[3] "Lena" é a primeira das duas baladas que aparecem no disco.[4] "Ladrão de Banco" é uma brincadeira com o artista plástico Miguel Cordeiro, que fazia grafites do seu personagem "Faustino" e participou da promoção da banda em Salvador no começo da carreira, com a confecção e distribuição de fanzines. Assim, esta canção baseia-se numa história: Miguel teria roubado um banco de jardim em uma praça de Salvador.[2] "Gotham City" fecha o lado A e é uma regravação de uma música de Jards Macalé, com a qual ele participou do IV Festival Internacional da Canção. A canção é uma previsão sobre o futuro das metrópoles e a versão foi muito elogiada pela crítica, com esta enxergando ecos de The Velvet Underground e Lou Reed.[3]
"Noite e Dia" tem como tema o cotidiano do homem comum que não consegue viver em condições dignas.[3] "Rostos e Aeroportos" é a segunda balada do disco,[4] sendo a canção preferida de Marcelo Nova deste disco.[2] Em seguida, "Hoje" se tornaria uma das canções mais conhecidas do grupo.[5]
Recepção
editarLançamento
editarO álbum foi lançado em julho de 1985 pela gravadora RGE.[1][6]
Fortuna crítica
editarCríticas profissionais | |
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Avaliações da crítica | |
Fonte | Avaliação |
Folha de S.Paulo (1985) | Favorável[3] |
Zona Punk | Favorável[4] |
Após os problemas que a banda enfrentou com a gravadora no primeiro disco, a crítica carioca esfriou em seu tratamento da banda. Em compensação, o sucesso de público que os shows da banda faziam em São Paulo e no sul do país abriram novas portas em São Paulo. Desse modo, Paulo Klein, na Folha de S.Paulo, foi um dos poucos críticos que resolveram resenhar o lançamento do segundo disco do grupo. E ele o fez de modo extremamente elogioso, ressaltando as diferenças entre o rock cru e pesado que o Camisa fazia e o "rock morno, mesclado com reggae e baladas" que fazia sucesso no Rio. O crítico elogia, também, os temas tratados nas canções do grupo.[3]Wladimyr Cruz, escrevendo para a página Zona Punk, exalta a maior diversidade do disco em relação ao seu antecessor: "aqui o Camisa já se aventurava em fazer algumas baladas, músicas melancólicas que permearam todo o trabalho da banda, aparecendo as vezes aqui e acolá". Apesar disso, dá destaque às canções mais "punk" e de letras mais ácidas e controversas.[4]
Relançamentos
editarO disco foi relançado pela própria RGE em CD no ano de 1995.[7][8]
Faixas
editarLado A | ||||||||||
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N.º | Título | Compositor(es) | Duração | |||||||
1. | "Eu Não Matei Joana D'Arc" | Gustavo Mullem / Marcelo Nova | 3:44 | |||||||
2. | "Casas Modernas" | Gustavo Mullem / Marcelo Nova | 2:36 | |||||||
3. | "Lena" | Karl Hummel / Marcelo Nova | 4:51 | |||||||
4. | "Ladrão de Banco" | Karl Hummel / Gustavo Mullem / Marcelo Nova | 3:34 | |||||||
5. | "Gotham City" | José Carlos Capinam / Jards Macalé | 3:32 |
Lado B | ||||||||||
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N.º | Título | Compositor(es) | Duração | |||||||
1. | "Noite e Dia" | Karl Hummel / Marcelo Nova | 2:44 | |||||||
2. | "Crime Perfeito" | Karl Hummel / Marcelo Nova | 3:15 | |||||||
3. | "Rosto e Aeroportos" | Gustavo Mullem / Marcelo Nova | 3:52 | |||||||
4. | "Hoje" | Karl Hummel / Marcelo Nova | 3:42 | |||||||
5. | "Cidade Fantasma" | Karl Hummel / Marcelo Nova | 3:09 | |||||||
6. | "Batalhões de Estranhos" | Karl Hummel / Marcelo Nova | 2:26 | |||||||
7. | "Coiote no Cio (The Pink Panther Theme)" | Henry Mancini | 0:59 | |||||||
Duração total: |
38:24 |
Certificações
editarPaís | Provedor | Certificação | Vendas |
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Brasil | ABPD | Ouro[9] | : mais de 100 mil[9] |
Créditos
editarCréditos dados pelo Discogs[7] e pelo IMMUB.[10]
Músicos
editarCamisa de Vênus
editar- Marcelo Nova: Vocais
- Robério Santana: Baixo elétrico
- Karl Hummel: Guitarra base
- Gustavo Mullem: Guitarra solo
- Aldo Machado: Bateria
Músicos de apoio
editarFicha técnica
editar- Produtor executivo: Hélio Costa Manso
- Produtor musical: Reinaldo Barriga
- Arranjos: Camisa de Vênus
- Engenheiros de som: Darci Ferreira, Ely Bon Tempo, José Blondin e José Carlos Leitão
- Mixagem: Renaldo Maziero
- Capa: Rogério A. Rodriguez
- Ilustrações da capa: Marla Nova
- Fotos da contracapa: Nicolau Maximiuc Júnior
- Fotos da capa: Edson dos Santos
- Fotos adicionais: Marcelo Nova e Marla Nova
Referências
- ↑ a b c Dapieve, 1995, pp. 160-162.
- ↑ a b c d Barcinski e Nova, 2017.
- ↑ a b c d e Klein, 1985.
- ↑ a b c d Wladimyr Cruz (2000). «#ZPReview Camisa de Vênus - Batalhões de Estranhos». Zona Punk. Consultado em 22 de abril de 2019
- ↑ «Camisa de Vênus - Dançando em Porto Alegre». Uhuu. N.d. Consultado em 13 de abril de 2019
- ↑ Bahiana, 1985.
- ↑ a b «Camisa de Vênus - Batalhões de Estranhos». Discogs. N.d. Consultado em 20 de outubro de 2010
- ↑ «Batalhões de Estranhos». CliqueMusic. N.d. Consultado em 6 de agosto de 2012
- ↑ a b Alberto Villas. Os filhos de Raul Seixas. Publicado em O Estado de S. Paulo, em 11 de novembro de 1986, p.1.
- ↑ «LP/CD Batalhões de Estranhos». IMMUB. N.d. Consultado em 3 de abril de 2019
Bibliografia
editar- ALEXANDRE, Ricardo. Dias de Luta: O rock e o Brasil dos anos 80. Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2017.
- BAHIANA, Ana Maria. Passeio pelo front. Publicado em O Globo, em 20 de julho de 1985, p. 3.
- BARCINSKI, André e NOVA, Marcelo. O galope do tempo: conversas com André Barcinski. São Paulo: Benvirá, 2017.
- DAPIEVE, Arthur. BRock: o rock brasileiro dos anos 80. São Paulo: Editora 34, 1995.
- KLEIN, Paulo. Batalhões de estranhos invadem as metrópoles. Publicado em Folha de S.Paulo, em 20 de agosto de 1985, p. 33.
- SANTOS, Wellington Camargo dos. Correndo o risco: identidade punk nas músicas da banda Camisa de Vênus. Revista Noctua, n. 5, 2012.