Catedral Anglicana de São Paulo
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A Catedral Anglicana da Santíssima Trindade foi criada em 1924 como parte da missão evangelizadora da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil no centro da cidade de São Paulo. A então paróquia da Santíssima Trindade surgiu para atender a demanda de cristãos anglicanos falantes de português, e desde então mantém suas celebrações litúrgicas e sua ação pastoral focada em brasileiros. A comunidade da Santíssima Trindade foi elevada de Paróquia à Catedral da Diocese Anglicana de São Paulo em 17 de julho de 2022, sendo uma das mais jovens catedrais da comunhão anglicana em todo mundo.[1]
Catedral Anglicana de São Paulo | |
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Informações | |
Localização | Praça Olavo Bilac, 63 - Campos Elíseos, São Paulo - SP, 01201-050 |
Denominação | Igreja Episcopal Anglicana do Brasil |
Fundação | 1924 - Paróquia da Santíssima Trindade |
Consagração | 1952 |
Dedicação | Elevada a Catedral em 2022 |
Arquiteto | Jacob Ruchti |
Estilo | Modernista |
Diocese | Diocese Anglicana de São Paulo |
Reitor | Rev. Arthur Cavalcante |
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Em 17 de julho de 2022, a Diocese Anglicana de São Paulo (DASP) viveu um momento de grande importância com a instalação da então Paróquia Anglicana da Santíssima Trindade como Catedral Diocesana. Durante a cerimônia, foram realizadas a consagração da cátedra e a instituição do reverendo Arthur Pereira Cavalcante como Deão da nova Catedral, presididas pelo bispo diocesano Francisco Cézar Fernandes Alves.
A escolha da paróquia como sede da nova Catedral foi definida no dia 28 de maio de 2022, durante o 56º Concílio Extraordinário da DASP. O evento litúrgico, conduzido com grande solenidade, contou com a presença de representantes de movimentos sociais, lideranças religiosas e figuras públicas. O processional teve início na Praça Olavo Bilac, onde a igreja está localizada desde a década de 1950, e a entrada no templo foi marcada pelo cântico "Deus nos salve".
Pastorais
editarPastoral de Arte e Cultura
editarA Pastoral de Arte e Cultura da Catedral Anglicana da Santíssima Trindade, em São Paulo, é uma iniciativa que transforma o templo em um espaço de expressão artística e cultural para a comunidade local. Criada a partir da vocação artística de seus membros, muitos dos quais são atores, músicos e produtores culturais, a pastoral busca integrar arte e espiritualidade dentro do espaço sagrado. O primeiro concerto da aconteceu em 09 de agosto de 2022.
O trabalho foi inspirado na atuação da igreja St. Paul's, Covent Garden, em Londres, que combina serviço religioso e comunitário com manifestações artísticas diversas. Motivados por esse exemplo, os paroquianos da Catedral começaram a promover eventos culturais, como peças de teatro em dias sem celebrações religiosas, inaugurando um novo uso para o espaço da igreja.
A pastoral ganhou destaque em 28 de abril de 2023, quando recebeu uma apresentação gratuita do Coro da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), considerado o grupo coral mais importante do Brasil. O sucesso do evento atraiu outros grupos corais, consolidando a vocação da Catedral como um centro de cultura. Desde então, a Catedral tem sediado apresentações de renomados grupos musicais, incluindo:
- Coro da Osesp, que retornou para mais duas apresentações.
- Coro e Orquestra Jovem do Estado de São Paulo, com a execução do Messias de Handel em uma formação barroca.
- Corais da Universidade de São Paulo (USP).
- Coral Canarinhos de Itabirito, vinculado a um projeto sociocultural de grande sucesso na cidade mineira.[3]
Reconhecimento e Contribuição Cultural
editarHomenagem da Assembleia Legislativa
editarA Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, representada pela deputada estadual Patrícia Bezerra, prestou homenagem à Catedral em reconhecimento por seu trabalho em prol da dignidade humana, inclusão e compromisso com a mensagem cristã de paz e reconciliação. A homenagem incluiu a entrega de uma placa que destacou os esforços da comunidade anglicana na capital paulista.
Colaboração com o Museu de Arte Sacra
editarDurante a celebração, dois esboços originais dos vitrais da Catedral, desenhados pela renomada artista Maria Leontina, foram doados ao Museu de Arte Sacra de São Paulo. A entrega, realizada pelo produtor cultural Marcos Tadheus e pelo artista plástico Mario Gravem Borges, reforçou o compromisso da Catedral com a preservação cultural e a memória da cidade.
Arquitetura e Arte
editarO templo da Catedral Anglicana da Santíssima Trindade é reconhecido como um dos primeiros exemplos de arquitetura modernista religiosa em São Paulo. Projetado em 1950 pelo arquiteto e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Dr. Jacob Maurício Ruchti,[4] as obras foram iniciadas em 15 de Novembro de 1952. A igreja destaca-se por sua simplicidade e beleza. Segundo o Histórico da Paróquia da SS. Trindade, “a estrutura de concreto armado, concebida com proporções harmoniosas e elevação inspiradora, remete à espiritualidade, lembrando duas mãos unidas em oração”.
Entre as características marcantes da obra de Ruchti estão os seis lustres com influência da Escola Bauhaus. A Bauhaus, fundada na Alemanha entre 1919 e 1933, foi uma das pioneiras no modernismo no design e na arquitetura, combinando funcionalidade e estética.
Em 2008, a renomada Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) apresentou a exposição Vertentes: Arquitetura e Design no Palácio do Itamaraty, em Brasília. A Paróquia Santíssima Trindade foi um dos cinco templos brasileiros selecionados para a mostra, recebendo destaque na seção "Inovação do Espaço do Rito". Sobre a obra de Ruchti, a curadoria destacou “[...] a relação entre o contemporâneo e o moderno, remontando aos tempos iniciais das inovações nos espaços de rito”.[5] O historiador Walter Zanini também destacou a relevância do templo, considerando-o um exemplo de "estruturas construtivistas pioneiras no país" (História Geral da Arte do Brasil).
Outro ponto notável do templo são os dois jardins internos, que criam uma conexão entre o espaço religioso e a natureza. Essa integração reflete o apreço anglicano pela beleza, como destacado pelo teólogo Jonh H. Westerhoff: “Nossas igrejas pretendem ser obras de arte, e fazemos todo esforço para assegurar que as artes sejam usadas nas igrejas com a melhor qualidade. Artistas sempre se sentiram em casa em nossas congregações e desempenharam papel significativo em nossa adoração e vida comunitária” (Temperamento Anglicano).[6]
A Paróquia também abriga dois grandes vitrais, desenhados em 1966 pela artista plástica Maria Leontina. Medindo 6x8 metros e 4x6 metros, os vitrais transformam o ambiente com suas cores vibrantes. Durante o dia, iluminam o espaço com uma atmosfera alegre e receptiva, enquanto à noite, a iluminação ressalta ainda mais sua beleza e as colunas ao redor.
No livro Maria Leontina: Pintura Sussuro, Lélia Coelho Frota associou os vitrais da Santíssima Trindade à série Orantes da artista. Nessa série, Leontina expressa sua profunda espiritualidade, evidenciada nos vitrais que enriquecem o templo com sua força artística e simbólica.[7]
Referências
- ↑ «Catedral Anglicana da Santissíma Trindade». DASP. Consultado em 14 de janeiro de 2025
- ↑ «Instalação da Paróquia Anglicana da Santíssima Trindade como Catedral»
- ↑ «Canarinhos de Itabirito»
- ↑ RUCHTI, Valeria (2011). A modernidade e a arquitetura paulista (1940-1970). São Paulo: FAUUSP
- ↑ PERRONE, Carlos (curador) (2008). Vertentes Arquitetura e Design. Brasília: [s.n.]
- ↑ Westerhoff, John H. (31 de maio de 2013). «Temperamento Anglicano». Centro de Estudos Anglicanos. Consultado em 16 de janeiro de 2025
- ↑ FROTA, Lelia Coelho; AYALA, Walmir; GULLAR, Ferreira; VENÂNCIO FILHO, Paulo (2008). Pintura Sussurro. São Paulo: Arauco. ISBN 9788560983049