Chrysobalanaceae

Família de plantas
(Redirecionado de Chrysobalanoideae)

Chrysobalanaceae é uma família de plantas com flor, pertencente à ordem Malpighiales, que agrupa 18 géneros com cerca de 533 espécies[3] de árvores e arbustos com distribuição pantropical e centro de diversidade na bacia do Amazonas.[4]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaChrysobalanaceae
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
(sem classif.) fabídeas
Ordem: Malpighiales
Família: Chrysobalanaceae
R.Br.[1]
Géneros
Sinónimos[2]
Tribo Chrysobalaneae: inflorescência de Neocarya macrophylla.
Atuna indica.
Atuna racemosa.
Tribo Chrysobalaneae: hábito de Chrysobalanus icaco.
Tribo Chrysobalaneae: Chrysobalanus icaco com drupas
Tribo Chrysobalaneae: hábito de Licania tomentosa.
Tribo Hirtelleae: ramo com folhagem e frutos de Atuna racemosa.
Tribo Hirtelleae: Hirtella racemosa.
Tribo Parinarieae: Parinari curatellifolia.

Descrição

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Morfologia

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Os membros da família Chrysobalanaceae são plantas lenhosas, hermafroditas, com hábito arbóreo ou arbustivo, incluindo alguns caméfitos.

As folhas são alternas, simples, inteiras, com a página inferior glabra ou pilosa, frequentemente coreáceas. Estípulas estão sempre presentes, podendo variar de pequenas e caducas a grandes e persistentes.[5]

As flores ocorrem em inflorescências racemosas, paniculadas ou cimosas. São flores bracteadas e geralmente bi-bracteoladas, actinomorfas a zigomorfas, marcadamente períginas, com receptáculo curto a alongado, por vezes giboso na base, disco nectarífero sempre presente, recobrindo o receptáculo como um forro, ou presente como uma estrutura anelar ou curtamente tubular na boca. O cálice apresenta cinco lóbulos imbricados, frequentemente desiguais, erectos ou reflexos. As pétalas são 5 (flores pentâmeras), ocasionalmente ausentes, frequentemente desiguais, imbricadas, geralmente caducas. Os estames são em número de 3 a 26, insertos na margem ou na superfície do disco, ou basalmente adnatos a este, formando um círculo completo, ou unilaterais nas flores zigomorfas, todos férteis ou alguns sem anteras, neste último caso frequentemente reduzidos a pequenos filamentos de estaminódios filiformes, livres ou conatos na base, incluídos a largamente exertos, com anteras pequenas, dorsifixas, de deiscência longitudinal, glabras. O gineceu é basicamente tri-carpelar e ginobásico, mas geralmente com um único carpelo completamente desenvolvida, unido na base, no meio ou no extremo superior do tubo-receptáculo, séssil ou com um ginóforo curto, pubescente ou veloso, cada carpelo unilocular com 2 óvulos ou bi-locular (devido a uma falsa divisão) com um único óvulo em cada compartimento. O estilete filiforme, surgendo desde o receptáculo na base do carpelo, estigma clara ou indistintamente trilobado, óvulos erectos, epítropos, com micrópilo dirigido para a base.[5]

O fruto é uma drupa seca ou carnosa, com endocarpo variado, grosso ou delgado, fibroso ou ósseo, por vezes com um mecanismo especial para o escape da plântula, frequentemente densamente piloso por dentro. A semente é erecta, quase sem albúmen, com cotilédone]]s plano-convexos e carnosos.[5]

O número cromossómico básico é n = 10 ou n = 11.

As plantas desta família são ricas em proantocianidinas, especialmente cianidina ou delfinidina, e em flavonois, especialmente kaempferol, quercetina e myricetina. As sementes são ricas em ácidos gordos insaturados.

Algumas das espécies bioacumulam sílica nos seus tecidos para lhes conferir rigidez e, em consequência, o mesófilo geralmente apresenta esclerênquima.

Distribuição

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Família com distribuição pantropical, com pelo menos 376 espécies na América tropical. A distribuição natural das espécies que integram esta família concentra-se nos trópicos, embora algumas delas ocorram nas regiões subtropicais. A região mais rica em espécies é o Neotropis, embora o maior número de géneros ocorra em África incluindo Madagáscar. Muitas espécies ocorrem nas florestas equatoriais (florestas tropicais húmidas).

Na Nicarágua, onde se situa um dos centros de diversidade da família, ocorrem 5 dos 8 géneros neotropicais, representados por 13 espécies.

Algumas espécies desta família (como por exemplo Chrysobalanus icaco, Atuna racemosa e Acioa edulis) produzem frutos que comestíveis que são comercializados localmente. A madeira de algumas espécies é utilizada localmente para construção e marcenaria, geralmente a partir do corte de espécimes silvestres.

De entre todas, a mais importante é a espécie Chrysobalanus icaco, com ampla difusão nos trópicos, que produz um fruto semelhante à ameixa, conhecido por ameixa-de-coco ou guajuru, comercializado a nível global. Também a espécie Atuna racemosa, conhecida por tabon-tabon no Sueste Asiático, produz frutos tradicionalmente usados na preparação de kinilaw (um prato de peixe cru com vinagre ou sumo de citrinos) desde há pelo menos um milénio.[6][7][8]

Filogenia e sistemática

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A família Chrysobalanaceae foi tradicionalmente colocada como a subfamília Chrysobalanoideae da família Rosaceae, ou, alternativamente, como uma família da ordem Rosales. O grupo foi também considerado como parte da ordem Myrtiflorae no sistema Dahlgren de Rolf Dahlgren.[9][10] Numa análise cladística dos fenótipos, realizada em 1998, o agrupamento separava-se das Elaeagnaceae como grupo irmão das Polygalaceae, mas na análise da cladística molecular ficou entre as Malpighiales, inclusão que foi confirmada pela análise combinada.[11]

Filogenia

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Um estudo de filogenética molecular, realizado em 2012, usou dados resultantes da análise de um número alargado de genes e por essa via obteve uma árvore filogenética com maior resolução que a disponível nos estudos anteriormente realizados.[12] Nesse estudo foram analisados 82 genes de plastídeos de 58 espécies (a problemática família Rafflesiaceae não foi incluída), usando partições identificadas a posteriori pela aplicação de um modelo de mistura com recurso a inferência bayesiana. Esse estudo identificou 12 clados adicionais e 3 clados basais de maior significância.[12][13] A posição da família Chrysobalanaceae no contexto da ordem Malpighiales é a que consta do seguinte cladograma:

Oxalidales (grupo externo)

Malpighiales
euphorbioides

Peraceae

  

Rafflesiaceae

  

Euphorbiaceae

phyllanthoides

Picrodendraceae

Phyllanthaceae

linoides

Linaceae

Ixonanthaceae

clado parietal 
salicoides

Salicaceae

Scyphostegiaceae

Samydaceae

Lacistemataceae

Passifloraceae

Turneraceae

Malesherbiaceae

Violaceae

Goupiaceae

Achariaceae

Humiriaceae

clusioides

Hypericaceae

Podostemaceae

Calophyllaceae

Clusiaceae

Bonnetiaceae

ochnoides

Ochnaceae

Quiinaceae

Medusagynaceae

Rhizophoraceae

Erythroxylaceae

Ctenolophonaceae

Pandaceae

Irvingiaceae

chrysobalanoides

Chrysobalanaceae

Euphroniaceae

Dichapetalaceae

Trigoniaceae

Balanopaceae

malpighioides

Malpighiaceae

Elatinaceae

Centroplacaceae

Caryocaraceae

putranjivoides

Putranjivaceae

Lophopyxidaceae

A família Chrysobalanaceae é o grupo irmão da família Euphroniaceae, com a qual partilha diversas características morfológicas. Algumas classificações incluem esta última família nas Chrysobalanaceae.

Sistemática

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A família Chrysobalanaceae foi proposta em 1818 por Robert Brown na obra de James Hingston Tuckey intitulada Narrative of an expedition to explore the river Zaire: usually called the Congo, in South Africa, in 1816, p. 433.[14] O género tipo é Chrysobalanus L.. Entre os sinónimos taxonómicos de Chrysobalanaceae R.Br. contam-se: Hirtellaceae Horan. e Licaniaceae Martynov.

Os taxa que agora integram esta família foram tradicionalmente incluídos nas Rosaceae. Foi o caso de alguns botânicos clássicos, entre os quais De Candolle, Bentham e Hooker, Engler e Prantl ou John Hutchinson, os quais consideravam o agrupamento como a subfamília Chrysobalanoideae, ou a tribo Chrysobalaneae, das Rosaceae.

A família das Chrysobalanaceae está subdivida em 4 tribos com 17 ou 18 géneros[15] e cerca de 500 espécies:[16]

Géneros

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A família Chrysobalanaceae inclui os seguintes géneros:

Ver também

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Referências

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  1. Angiosperm Phylogeny Group (2009). «An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III». Botanical Journal of the Linnean Society. 161 (2): 105–121. doi:10.1111/j.1095-8339.2009.00996.x. Consultado em 26 de junho de 2013. Cópia arquivada em 25 de maio de 2017 
  2. PlantBio.
  3. Christenhusz, M. J. M.; Byng, J. W. (2016). «The number of known plants species in the world and its annual increase». Phytotaxa. 261 (3): 201–217. doi:10.11646/phytotaxa.261.3.1 
  4. Stephens, P.F. (2001 onwards). Angiosperm Phylogeny Website. Version 9, June 2008. http://www.mobot.org/MOBOT/Research/APweb/
  5. a b c «Chrysobalanaceae». Tropicos.org. Missouri Botanical Garden: Flora de Nicaragua. Consultado em 17 de fevereiro de 2010 
  6. «Tabon Tabon Fruit». Market Manila. 8 de janeiro de 2008. Consultado em 16 de janeiro de 2017 
  7. Alan Davidson (2014). The Oxford Companion to Food. [S.l.]: OUP Oxford. pp. 445–446. ISBN 9780191040726 
  8. Ninah Villa (27 de junho de 2015). «Kinilaw History, Origin and Evolution – Into the Heart of Freshness». Pinoy Wit. Consultado em 16 de janeiro de 2017 
  9. Brummit, R.K. 1992. Vascular Plant Families and Genera. Kew.
  10. Lawrence, George. 1960. Taxonomy of Vascular Plants. Macmillan, NY.
  11. Nandi, O.L., Chase, M.W., & Endress, P.K. 1998. A combined cladistic analysis of angiosperms using rbcL and non-molecular data sets. Ann. Missouri Bol. Gard. 85: 137-212(docstoc.com).
  12. a b Xi, Z.; Ruhfel, B. R.; Schaefer, H.; Amorim, A. M.; Sugumaran, M.; Wurdack, K. J.; Endress, P. K.; Matthews, M. L.; Stevens, P. F.; Mathews, S.; Davis, C. C. (2012). «Phylogenomics and a posteriori data partitioning resolve the Cretaceous angiosperm radiation Malpighiales». Proceedings of the National Academy of Sciences. 109 (43). 17519 páginas. PMC 3491498 . PMID 23045684. doi:10.1073/pnas.1205818109 
  13. Catalogue of Organisms: Malpighiales: A Glorious Mess of Flowering Plants
  14. James Hingston Tuckey: Narrative of an expedition to explore the river Zaire: usually called the Congo, in South Africa, in 1816: Online bei Google-Book.
  15. «Chrysobalanaceae». Agricultural Research Service (ARS), United States Department of Agriculture (USDA). Germplasm Resources Information Network (GRIN) 
  16. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w Rafaël Govaerts (editor): Chrysobalanaceae. In: World Checklist of Selected Plant Families (WCSP) – The Board of Trustees of the Royal Botanic Gardens, Kew. Publicado na internet.

Galeria

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Bibliografia

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Ligações externas

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