Joaquim e Ana se encontram na Porta Dourada
Joaquim e Ana se encontram na Porta Dourada é uma xilogravura do artista alemão Albrecht Dürer que representa uma cena da vida dos pais da Virgem Maria, Joaquim e Ana, na qual eles se encontram na Porta Dourada de Jerusalém depois que Ana descobre estar, de forma inesperada, grávida. Esta história não é relatada no Novo Testamento e sim no Protoevangelho de Tiago e em outros relatos apócrifos, mas sua representação na arte era tolerada pela igreja. A imagem mostra um casal se abraçando sob o arco monumental cercado por vizinhos e passantes.
História
editarO tema principal é a história do casal Joaquim e Ana, que, embora fossem apaixonados, eram muito infelizes por sua incapacidade de gerar um filho, o que ambos entendiam como um sinal de que eles haviam sido rejeitados por Deus. Um anjo informa Ana de sua concepção e já pede que ela vá se encontrar com o marido na Porta Dourada. Neste encontro, o casal se abraça feliz. De acordo com Celidônio: "A felicíssima Ana se atirou nos braços do marido; juntos, eles se regojizaram com a honra que lhes foi concedida na forma de uma criança. Pois eles sabiam pelo mensageiro celeste que a criança seria uma rainha, poderosa no céu e na terra"[1]. Nas representações tradicionais, o casal se abraça sem se beijar[2].
A obra
editarA obra é uma entre dezesseis xilogravuras e impressos da séria sobre a Vida da Virgem que Dürer criou entre 1501 e 1511. No reverso de cada imagem está um texto em latim escrito por um membro do círculo intelectual do artista em Nuremberg, o abade beneditino Benedito Celidônio[3]. "Joaquim e Ana se encontram na Porta Dourada" é a única obra da série a incluir uma data[4]. Por toda a série, a Virgem aparece como uma intermediária entre o divino e o terreno, mas com uma série de fragilidades humanas.
Dürer segue a convenção inicial renascentista e cria a ilusão de se estar observando a cena através de uma janela aberta. Ele emoldurou diversas obras suas desta forma, inclusive esta, que contém um arco renascentista[5]. A mistura que o artista fez de motivos clássicos e seiscentistas nuremberguianos, além de um cenário típico da Europa Setentrional, tinha por objetivo trazer as imagens mais para perto da audiência. De acordo com a crítica Laurie Meunier Graves, "estas impressões conseguiram iluminar o sagrado e deixaram espaço para a imaginação"[6]. Assim como as outras obras da série, ela se distingue pelo talentoso uso da linha e pelo corte da madeira extremamente habilidoso[7].
Referências
- ↑ Nurnberg (1983), Ilus. 59.
- ↑ Lubbock, Tom. "The Meeting at the Golden Gate (1305)". The Independent (UK), 16 February 2007. Retrieved on 14 October 2007.
- ↑ "Albrecht Durer (Nuremberg, 1471-1528): The Engraved Passion". Spaightwood Galleries. Retrieved on 18 October 2007.
- ↑ Willi (1935), p. 25.
- ↑ Shaw-Eagle, Joanna. "Four Exhibits Drawn Together". The Washington Times, 29 July 2000.
- ↑ Meunier Graves, Laurie. "Dürer's life of the Virgin as social document Arquivado em 12 de maio de 2008, no Wayback Machine.". Retrieved on 18 October 2007.
- ↑ "The Life of the Virgin Arquivado em 29 de novembro de 2007, no Wayback Machine.". "German 16th Century Prints". Victoria: Art Gallery of Greater Victoria, 1983. Retrieved on 18 October 2007.
Bibliografia
editar- Kurth, Dr. Willi. "The complete woodcuts of Albrecht Durer". New York: Arden Book Co, 1935.
- Nurnberg, Verlag Hans Carl. "Dürer in Dublin: Engravings and woodcuts of Albrecht Dürer". Chester Beatty Libraery, 1983.
- Strauss, Walter L. "Albrecht Durer Woodcuts and Woodblocks". The Burlington Magazine, Vol. 124, No. 955, October, 1982. pp. 638–639.