Forte do Carvoeiro
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sem protecção legal (d) |
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O Forte do Carvoeiro, originalmente denominado de Forte de Nossa Senhora da Encarnação, é um monumento militar, situado junto à localidade do Carvoeiro, no Município de Lagoa, em Portugal. Construído na década de 1670 para proteger a faixa costeira, foi muito danificado pelo Sismo de 1755.[1] Foi reconstruído em 1796, mas entrou em declínio no século XIX,[1] e em 1861 já tinha sido encerrado.[2] Em 1871 ganhou novas funções como posto da Guarda Fiscal.[1] Da antiga fortaleza apenas restou parte da muralha, a Ermida de Nossa Senhora da Encarnação e alguns edifícios, que faziam parte do posto fiscal.[1]
Descrição
editarOs vestígios do forte situam-se no alto de uma arriba junto à localidade do Carvoeiro,[2] num local importante do ponto de vista estratégico.[1] Tem acesso pela rua conhecida como Rampa de Nossa Senhora da Encarnação.[1]
Tinha uma planta em forma de polígono irregular,[3] com baterias voltadas para o oceano, armadas com duas ou três bocas de fogo.[4] Além da capela dedicada a Nossa Senhora da Encarnação, também possuía originalmente um paiol, uma cisterna e as instalações da guarnição, que foram posteriormente utilizadas pela Guarda Fiscal.[4] Do monumento original apenas sobreviveram o muro virado a Este, onde se situa a porta, a ermida e os antigos edifícios da Guarda Fiscal.[1] Sobre o portal ergue-se uma lápide, que indica o ano de 1670 como o início das obras de construção da fortaleza.[5]
A ermida é utilizada por eventos culturais e sacros, sendo ali organizada a eucaristia durante a Festa em Honra da Nossa Senhora da Encarnação, que é considerado o principal evento religioso na vila.[6] Também o largo em frente funciona como palco para eventos, tendo por exemplo albergado o lançamento oficial do documentário Caminho dos Promontórios, em Junho de 2021.[7]
História
editarA fortaleza começou a ser construída em 1670 por ordem de Nuno de Mendonça, capitão-general do Reino do Algarve,[2] no local onde antes estaria uma torre de vigia.[3] A ermida também seria muito provavelmente anterior à construção da fortaleza.[4] Os trabalhos foram concluídos em 1675, já durante o mandato de Nuno da Cunha de Ataíde.[1] Foi instalada para proteger a faixa costeira junto ao Carvoeiro e outras localidades próximas, e as armações de atum e sardinha, dos ataques dos piratas e de nações inimigas, como franceses e ingleses.[5] O complexo sofreu grandes danos com o Sismo de 1755, principalmente a capela, embora tenha sobrevivido a imagem de Nossa Senhora da Encarnação.[1] Em Abril de 1758, o padre Ignácio de Sousa Oliveira referiu que a capela era «muito antiga», tendo-a descrito como possuindo uma coberta em cúpula, rematada por um alto obelisco octogonal em pedra e alvenaria, que era utilizado como ponto de referência para a navegação.[1] O forte só foi reconstruído em 1796, por ordem do comandante António Silvestre C. Tavares Júdice,[1] tendo sido nessa altura colocada a lápide sobre a entrada.[5] A ermida também foi modificada durante esta campanha de obras.[4]
Em 1821, foi descrito pelo primeiro-tenente Gregório António, do Real Corpo de Engenheiros, como estando muito danificado e possuindo apenas um canhão de calibre 18 desmembrado, e uma plataforma de reduzidas dimensões.[1] Em 1825 o forte e a ermida foram alvo de obras de reparação, e em 1832 existem registos de que ainda possuía um canhão de calibre 18.[1] Em 1840, o canhão já havia sido removido, e tanto a fortaleza como a ermida estavam arruinados,[1] tendo nesse ano sido feitas novas obras, que alteraram a traça da ermida.[4] Em 1861 o forte já se encontrava encerrado,[2] tendo sido convertido num posto da Guarda Fiscal em 1871.[1]
Em 1937, parte das antigas muralhas do forte foram demolidas, durante a instalação da estrada do Algar Seco.[4] Em 1942, a capela foi alvo de trabalhos de restauro, financiados pelo capitão Josino da Costa, tendo nessa altura sido adicionado o telheiro sobre a fachada principal.[1] Em 1965 foram feitas obras de reparação tanto no posto fiscal como na capela, servindo nessa altura como pároco o padre António Martins de Oliveira.[1] Esta intervenção incluiu uma ampliação da nave, a substituição do telheiro, a instalação de um compartimento transversal à nave, para as funções religiosas, e a relocalização da torre sineira para a fachada principal, tendo sido conservado o sino.[1] Em 19 de Setembro de 2014 foi inaugurado um passadiço em madeira unindo o Forte do Carvoeiro ao sítio do Algar Seco, tendo nesse dia a Câmara Municipal de Lagoa anunciado um conjunto de intervenções naquele monumento, incluindo a instalação de um auditório ao ar livre, a substituição do parque infantil por uma zona ajardinada, e a reconversão do antigo edifício da Guarda Fiscal num observatório turístico.[8] Nos finais de 2015 foi adjudicada para a obra para a requalificação do espaço envolvente ao forte, que incluía a instalação do auditório ao ar livre e de um parque de lazer, e em Janeiro de 2016 já se tinham iniciado os trabalhos.[9] Em Julho desse ano o anfiteatro já estava em fase de conclusão, tendo custado cerca de 133 mil Euros.[10] Além de permitir a organização de concertos de música e outros eventos, este espaço serviu igualmente para recuperar os vestígios da muralha do antigo forte, e enobrecer o antigo portal de entrada.[10] Entre Julho e Setembro de 2016, as muralhas foram utilizadas para uma exposição de fotografia sobre o contingente português do programa Frontex, de apoio aos refugiados africanos que tentavam atravessar o Mar Mediterrâneo.[11]
Ver também
editarReferências
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r GORDALINA, Rosário (2010). «Forte do Carvoeiro / Forte de Nossa Senhora da Encarnação». Sistema de Informação para o Património Arquitectónico. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 18 de Agosto de 2021
- ↑ a b c d «Carvoeiro». Portal do Arqueólogo. Direcção-Geral do Património Cultural. Consultado em 18 de Agosto de 2021
- ↑ a b SHELDRAKE, Alyson (Julho de 2021). «Things to do in Carvoeiro». Tomorrow (em inglês) (116). Lagos. Consultado em 18 de Agosto de 2021 – via Issuu
- ↑ a b c d e f «Forte e Capela de N. Sra. da Encarnação». Câmara Municipal de Lagoa. Consultado em 18 de Agosto de 2021
- ↑ a b c «Fortaleza de N.S. da Encarnação». Junta de Freguesia. Consultado em 18 de Agosto de 2021
- ↑ «Festa de Nossa Senhora da Encarnação volta à Praia do Carvoeiro». Sul Informação. 28 de Agosto de 2014. Consultado em 19 de Agosto de 2021
- ↑ LOPES, Daniel (17 de Junho de 2021). «Lagoa mostra os segredos do Caminho dos Promontórios». Diário Online / Região Sul. Consultado em 19 de Agosto de 2021
- ↑ RODRIGUES, Elisabete (20 de Setembro de 2014). «Carvoeiro vai ter auditório ao ar livre junto à Ermida da Senhora da Encarnação». Sul Informação. Consultado em 19 de Agosto de 2021
- ↑ «Carvoeiro: Requalificação da envolvente do Forte de N.S. da Encarnação já avançou». Sul Informação. 5 de Janeiro de 2016. Consultado em 19 de Agosto de 2021
- ↑ a b RODRIGUES, Elisabete (9 de Julho de 2016). «Novidades do Verão no Algarve: Anfiteatro junto à Ermida de Carvoeiro». Sul Informação. Consultado em 19 de Agosto de 2021
- ↑ RODRIGUES, Elisabete (19 de Julho de 2016). «Fotografias ao ar livre em Carvoeiro, Ferragudo e Senhora da Rocha denunciam drama dos refugiados». Sul Informação. Consultado em 19 de Agosto de 2021
Leitura recomendada
editar- COUTINHO, Valdemar (1997). Castelos, Fortalezas e Torres da Região do Algarve. Vila Real de Santo António: [s.n.]
Ligações externas
editar- Forte do Carvoeiro / Forte de Nossa Senhora da Encarnação na base de dados SIPA da Direção-Geral do Património Cultural
- Carvoeiro na base de dados Portal do Arqueólogo da Direção-Geral do Património Cultural
- «Página sobre o Forte e a Ermida de Nossa Senhora da Encarnação, no sítio electrónico Wikimapia»