Espíntria[1] (em latim: Spintria; pl. spintriae) é o termo que, segundo Suetônio, denota o inventor(a) de monstruosidades obscenas, tais como aqueles patrocinadas e empregadas pelo imperador romano Tibério (r. 14–37).[2] É também um termo moderno empregado para descrever um antigo sinal romano (téssera) em bronze ou latão comum durante o reinado do Tibério. As espíntrias contêm 15 diferentes representações de atos de copulação ou felação de um lado e, na maioria das vezes, um número entre I-XVI.[3]

Espíntria de bronze exposta numa exibição em Salzburgo, Alemanha
Espíntria descoberta em Putney, Inglaterra

Antiquaristas e numismatas dividem opiniões a respeito da real utilização das espíntrias. Alguns sugeriram que eram emitidas para ridicularizar e expor o imperador, que fez da ilha de Capraia o cenário de seus prazeres brutais. Outros argumentam que eram emitidas por ordens expressas do antigo posto do imperador ou que eram utilizadas em festivais dedicados a Vênus, ou então na Saturnália ou Florália. Há inclusive quem sugira que eram cunhadas para serem arremessadas, em chuveiros, entre as multidões de metrópoles corruptas, que se reuniram para a exibição pública de espetáculos licenciosos, e que foram o tipo aludido num epigrama de Marcial.[2] O numismata Theodore V. Buttrey sugere que elas eram utilizadas como peças de jogo.[4]

Segundo Suetônio, carregar um anel ou uma moeda portando a imagem do imperador numa latrina ou bordel podia ser motivo para acusação de traição (maiestas) sob Tibério.[5] Sob Caracala (r. 211–217), um equestre foi sentenciado à morte por levar uma moeda com a silhueta do imperador num bordel.[6] Tais informações levaram alguns estudiosos a suporem que as espíntrias eram usadas para pagar prostituas, de modo que os números I, III e VIII neles gravados, por vezes precedidos pelo letra A, representavam sua correspondência em asse, enquanto o XVI representava sua correspondência com o denário.[3]

Referências

  1. Paula 1957, p. 526.
  2. a b Stevenson 1889, p. 758.
  3. a b «Spintria» (em inglês). Consultado em 24 de fevereiro de 2015 
  4. McGinn 2004, p. 115.
  5. Suetônio 121, 58.1.1..
  6. Dião Cássio século III, 78.16.5..

Bibliografia

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  • McGinn, Thomas A. (2004). The Economy of Prostitution in the Roman World. [S.l.]: University of Michigan Press 
  • Paula, Eurípedes Simões de (1957). Revista de história, Edição 15;Edições 31-32. [S.l.]: USP 
  • Stevenson, Seth William (1889). A Dictionary of Roman Coins. Londres: George Bell and Sons, York Street, Covento Garden