Nota: Para outros significados, veja Téssera.

Téssera (em latim: Tessera), na Roma Antiga, era uma ficha utilizada para identificação, celebração ou admissão em determinados locais. Havia vários tipos de téssera. A téssera teatral (tessera theatralis) equivalia aos bilhetes modernos e era utilizada para se adentrar nos teatros e outros locais de entretenimento público.[1] Era distribuída pelo duúnviro e continha o nome do proprietário dum lugar numa peça teatral, o número, divisão e fileira do assento e, em alguns casos, o nome da obra a ser apresentada.[2] Sob a forma alternativa pitácio (em latim: pittacium; em grego: πιττάκιον; romaniz.: pittácion), era aplicada como uma ficha de identificação que era anexada às ânforas de vidro que continham vinho; nelas grafava-se o título do vinho e o nome dos cônsules em ofício à época de sua produção para identificação da data da safra.[3]

Téssera mitológica datada do reinado do imperador romano Adriano (r. 117–138) encontrada em Alexandria. No anverso é descrito Antínoo trajando a coroa cerimonial Hemhem, enquanto no reversoSerápis com um cálato.

A téssera consular (tessera consulares), feita de osso ou marfim, continha uma alça ou furo para ser anexada a um objetivo. Nela era gravado o nome dum escravo ou liberto, seu mestre ou patrono e a palavra "inspecionado" (spectavit), bem como o dia, mês e consulado de sua emissão. Tinha como função o registro da checagem oficial do peso e genuinidade de moedas, com cada téssera consular mostrando que um banqueiro particular inspecionou uma carga de moedas. Após a inspeção provavelmente era anexada a um cesto de moedas. Também supõe-se, embora seja menos provável, que a téssera consular registrava a data que um gladiador era liberado.[4] Todas as 66 tésseras consulares atualmente disponíveis são datáveis entre 96-44 a.C..[5]

A téssera comemorativa, também conhecida como medalhão contornado, era um objeto no qual gravava-se os bustos imperiais ou de algum indivíduo que à época havia falecido de modo a celebrá-lo. A téssera imperial era um pequeno objeto de bronze no qual havia o retrato dum imperador, imperatriz ou Augusto (r. 27 a.C.14 d.C.). A téssera mitológica, por outro lado, igualmente de bronze, continha a efígie de Palas, Hércules, Medusa, Sileno, uma das Bacantes, etc. A téssera do gladiador (em latim: tessera gladiatores) era uma espécie de prêmio concedido a um gladiador para celebrar suas vitórias. Provavelmente ele utilizava-a suspensa ao pescoço, e nela era gravado seu nome e dos edil e cônsul em ofício.[6]

Ver também

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Referências

  1. McLean 2002, p. 203.
  2. Rich 1849, p. 649.
  3. Smith 1870, p. 1052.
  4. Dillon 2013, p. 310.
  5. Silver 1992, p. 47.
  6. Aragão 1870, p. 95-96.

Bibliografia

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  • Dillon, Matthew; Garland, Lynda (2013). Ancient Rome: A Sourcebook. Londres e Nova Iorque: Routledge. ISBN 1136761438 
  • McLean, Bradley Hudson (2002). An Introduction to Greek Epigraphy of the Hellenistic and Roman Periods from Alexander the Great Down to the Reign of Constantine (323 B.C.-A.D. 337). Ann Arbor, Michigan: University of Michigan Press. ISBN 0472112384 
  • Rich, Anthony (1849). The Illustrated Companion to the Latin Dictionary and Greek Lexicon: Forming a Glossary of All the Words Representing Visible Objects Connected with the Arts, Manufactures, and Every-day Life of the Greeks and Romans, with Representations of Nearly Two Thousand Objects from the Antique. Londres: Longman 
  • Silver, Morris (1992). Taking Ancient Mythology Economically. Leida: BRILL. ISBN 9004097066 
  • Smith, William (1870). Dictionary of Greek and Roman Antiquities. Boston: Little, Brown and Company