Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
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A Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FCM-Uerj) é uma das mais conceituadas escolas de Medicina do país [1][2], tendo conceitos altos no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) - 5 em 2004, 5 em 2007 e 4 em 2010[3]. É frequentemente o curso mais concorrido da universidade, oferecendo anualmente 94 vagas pelo Vestibular UERJ. Possui estreito vínculo com o Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe) [4] [5] [6], a Policlínica Universitária Piquet Carneiro (PPC) e o Hospital Universitário Reitor Hesio Cordeiro (HURHC), em Cabo Frio/RJ, ambas unidades de saúde da Uerj nas quais os alunos têm aulas práticas, atuam na assistência à saúde e concluem o internato.
Faculdade de Ciências Médicas [1] | |
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FCM [1] | |
Lema | Lux in umbra |
Fundação | 16 de fevereiro de 1936 (88 anos) |
Instituição mãe | Universidade do Estado do Rio de Janeiro |
Tipo de instituição | Unidade acadêmica |
Localização | Rio de Janeiro e Cabo Frio, RJ, Brasil |
Diretor(a) | Rogério Lopes Rufino Alves |
Vice-diretor(a) | Katia Telles Nogueira |
Graduação | Medicina [1] |
Pós-graduação | Mestrado em Ciências Médicas, Fisiopatologia Clínica e Experimental, Microbiologia Médica Humana, Fisiopatologia e Ciências Cirúrgicas, Residência Médica e Especializações Médicas |
Campus | Campus do Hospital Universitário Pedro Ernesto e Campus do Hospital Universitário Reitor Hesio Cordeiro |
Mascote | Capetão e Darth Vader |
Página oficial | http://www.fcm.uerj.br/ |
Histórico
editarEm 05 de dezembro de 1935, um grupo de médicos membros da Academia Nacional de Medicina, dentre os quais Rolando Monteiro, funda a Faculdade de Ciências Médicas do Rio de Janeiro como Sociedade Anônima, motivados por interesses de reconhecimento acadêmico e com suporte de alianças políticas importantes, como Pedro Ernesto, médico e prefeito da cidade do Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Em abril de 1936, nas dependências do Hospital Graffrée-Guinle, aconteceu a abertura do Curso da 1ª Turma da Faculdade de Ciências Médicas. Posteriormente, a Faculdade se transferiu nos anos 40 para sede própria na rua Fonseca Telles, n° 121, em São Cristóvão. Os alunos tinham aulas teóricas neste edifício em São Cristóvão, enquanto realizavam os estágios práticos nas unidades de saúde em que trabalhavam os docentes.
Aos poucos, a faculdade foi crescendo, ganhando renome e conquistando professores da prestigiada Faculdade Nacional de Medicina, da Universidade do Brasil - hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 1950, junto à Faculdade de Ciências Jurídicas, à Faculdade de Ciências Econômicas e à Faculdade de Ciências e Letras, deu origem à Universidade do Distrito Federal , começando a receber subsídios da prefeitura. Em 1961, durante o governo de Carlos Lacerda, a Universidade do Distrito Federal se transformou na Universidade do Estado da Guanabara, à qual foi agregado o Hospital Universitário Pedro Ernesto, que centralizou o ciclo profissional dos estudantes em um Hospital de Clínicas[7].
Durante a ditadura militar brasileira, o Centro Acadêmico Sir Alexander Fleming (Casaf) foi um dos importantes locais de resistência ao governo militar, tendo muitos alunos da faculdade se aliado a movimentos de esquerda que combatiam o regime ideologicamente ou nas ruas. Em 22 de outubro de 1968, durante manifestação de alunos que culminou em confronto com as forças governamentais, o estudante Luiz Paulo da Cruz Nunes, segundanista de 21 anos, foi atingido na cabeça por um tiro dos militares, sendo prontamente internado, junto a outros feridos, no próprio hospital universitário, que foi então cercado pelas forças policiais. O Hupe permaneceu sob cerco e ameaça eminente de invasão por algumas horas. Luiz Paulo, apesar dos esforços dos professores e colegas, faleceu no mesmo dia, se tornando símbolo para as gerações seguintes da faculdade [8]. Em 1969, o presidente do Centro Acadêmico Sir Alexander Fleming (Casaf), João Lopes Salgado, participou do sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, dirigindo um carro de apoio durante a captura do diplomata [9].
A história da faculdade também é marcada por algumas inovações no ensino, como a modernização da cadeira de Higiene, entrelaçando os conhecimentos das Ciências Sociais com os da Saúde Pública tradicional e abrigando importantes sanitaristas, que formariam mais tarde uma unidade independente da UERJ - o Instituto de Medicina Social (IMS). Também, as experiências exitosas da faculdade com o internato rural, o Ambulatório de Medicina Integral e o ensino humanizado, acabaram levando à formação do Departamento de Medicina Integral, Familiar e Comunitária, ao qual estão vinculados até hoje pessoas renomadas na área [7].
Ensino
editarSua formação tradicional é reconhecida nacionalmente por formar médicos conceituados. Consistindo de um curso teórico-prático, as disciplinas são ministradas no Pavilhão Américo Piquet Carneiro (Vila Isabel), no Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), na Policlínica Piquet Carneiro (PPC) e no Campus Cabo Frio, inaugurado em 2023. O curso de graduação em Medicina é um dos poucos da UERJ a ainda funcionar em regime seriado, o mais longo em tempo de formação - seis anos - e está dividido entre o módulo básico - de quatro anos e meio de duração - e o módulo profissional, ou internato - de um ano e meio de duração.
O módulo básico tem cadeiras da FCM, do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes (IBRAG) e do Instituto de Medicina Social (IMS) e pode ser dividido em ciclo básico e ciclo clínico. O primeiro consiste em uma ou mais etapas das seguintes disciplinas: Genética (IBRAG), Biologia Celular (IBRAG), Biometria (IBRAG), Anatomia Humana (IBRAG), Histologia e Embriologia (IBRAG), Fundamentos da Saúde Coletiva (IMS), Biofísica (IBRAG), Bioquímica (IBRAG), Medicina Integral, Familiar e Comunitária (FCM), Fisiologia (IBRAG), Fisiopatologia (IBRAG), Medicina Social (IMS), Informática Médica (FCM), Psicologia Médica (FCM), Patologia Geral (FCM), Parasitologia (FCM), Técnica Operatória e Cirurgia Experimental (FCM), Microbiologia (FCM) e Imunologia (FCM). A disciplina Ciência do Comportamento Humano (IMS) é eletiva[10].
O ciclo clínico do módulo básico consiste em: Clínica Médica e Propedêutica (FCM), Radiologia (FCM), Farmacologia (IBRAG), Psicopatologia (FCM), Anatomia Patológica (FCM), Medicina Legal (FCM), Cardiologia (FCM), Pneumologia e Tisiologia (FCM), Doenças Infectoparasitárias (FCM), Pediatria e Puericultura (FCM), Dermatologia (FCM), Psiquiatria (FCM), Neurologia (FCM), Ginecologia (FCM), Obstetrícia (FCM), Cirurgia Geral (FCM), Anestesiologia (FCM), Oftalmologia (FCM), Otorrinolaringologia (FCM), Neurocirurgia (FCM), Ortopedia e Traumatologia (FCM) e Urologia (FCM)[10].
O módulo profissional, que atualmente dura o último ano e meio do curso, consiste em sete disciplinas obrigatórias, num total de 3006 horas: Pediatria e Puericultura (FCM), Ginecologia (FCM), Obstetrícia (FCM), Cirurgia Geral (FCM), Clínica Médica e Propedêutica (FCM), Medicina Integral e Saúde Coletiva (FCM) e Integração Curricular em Emergência (FCM). As outras 720 horas do módulo profissional são escolhidas pelo estudante entre até quatro disciplinas opcionais[11].
Hospital Universitário Pedro Ernesto
editarO Hospital Universitário Pedro Ernesto, fundado em 1950, dispõe de um corpo clínico formado por profissionais reconhecidos em âmbito nacional e internacional, constituindo um centro de excelência na área da saúde. Tem como um de seus objetivos o desenvolvimento de pesquisas e a produção de conhecimento, já tendo sediado congressos de importante relevância médica. Seu centro cirúrgico é reconhecido pela realização de cirurgias de alta complexidade - como cirurgias cardíacas e transplantes renais -, constituindo importante polo para a sociedade fluminense.[12] O hospital foi o primeiro centro de ensino da saúde do Rio de Janeiro a receber o título de Hospital Amigo da Criança, concedido pelo Ministério da Saúde e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em razão de suas campanhas de aleitamento materno, treinamento específico de profissionais e oferecimento de recursos à gestantes.[13]
A unidade funciona atualmente de forma autônoma dentro da UERJ, tendo posição equivalente aos outros institutos, com os quais colabora para o processo de ensino-aprendizagem, para a pesquisa científica e para a assistência à saúde, sendo vinculado ao Sistema Único de Saúde.
Hospital Universitário Reitor Hesio Cordeiro
editarO Hospital Universitário Reitor Hesio Cordeiro, inaugurado em dezembro de 2021 na cidade de Cabo Frio/RJ, atende cerca de 600 pacientes por mês oriundos do Sistema Único de Saúde.
A unidade, que era da iniciativa privada, estava fechada desde dezembro de 2020, mas foi incorporada à Universidade por meio de parceria com o Governo do Estado do Rio de Janeiro, possibilitando sua reabertura como hospital universitário do Sistema Único de Saúde (SUS).
Para marcar a transferência para a rede pública, seu novo nome presta homenagem ao médico sanitarista e ex-reitor da Uerj Hesio Cordeiro, professor do Instituto de Medicina Social da Universidade. Cordeiro foi um dos idealizadores do SUS..
Referências
- ↑ a b c d «Síndrome de Guillain-Barré é tema de simpósio na Uerj». Jornal Extra. 3 de maio de 2017. Consultado em 4 de maio de 2017. Cópia arquivada em 4 de maio de 2017
- ↑ «Medicina - O médico investiga a natureza e as causas das doenças humanas, procurando sua cura e prevenção». Guia do Estudante. 27 de junho de 2012. Consultado em 4 de maio de 2017
- ↑ Revista Eletrônica do Vestibular UERJ Arquivado em 10 de novembro de 2014, no Wayback Machine. acessada em 11 de novembro de 2014
- ↑ «Hospital Pedro Ernesto, no Rio, reabre para novas internações e cirurgias». Bom Dia Rio + G1 Rio de Janeiro. 13 de março de 2017. Consultado em 13 de março de 2017. Cópia arquivada em 13 de março de 2017
- ↑ Eduardo Augusto Rosa, Renato Aló da Fontoura e Renato Kobler Pinto Lopes Sampaio (1999). «Ameloblastomas: avaliaçäo do tratamento executado nos pacientes do Hospital Universitário Pedro Ernesto - UERJ, entre 1990 e 1997». Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Consultado em 13 de março de 2017. Cópia arquivada em 14 de março de 2017
- ↑ Fernanda H. S. Corrêa e Marília de Brito Gomes (2004). «Acompanhamento Ambulatorial de Gestantes Com Diabetes Mellitus no Hospital Universitário Pedro Ernesto – UERJ». SciELO Brasil. Consultado em 13 de março de 2017. Cópia arquivada em 13 de março de 2017
- ↑ a b Página oficial da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ - História da FCM-UERJ acessada em 11 de novembro de 2014
- ↑ Acervo de Mortos e Desaparecidos Políticos da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos acessado em 11 de novembro de 2014
- ↑ Página do Centro Acadêmico Sir Alexander Fleming acessada em 11 de novembro de 2014
- ↑ a b Página oficial da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ - Módulo Básico da FCM acessada em 11 de novembro de 2014
- ↑ Página oficial da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ - Módulo Profissional da FCM Arquivado em 10 de novembro de 2014, no Wayback Machine. acessada em 11 de novembro de 2014
- ↑ «Jornal do Hospital Universitário Pedro Ernesto». Arquivado do original em 27 de janeiro de 2012
- ↑ «HUPE, o Hospital Amigo da Criança». Arquivado do original em 14 de julho de 2010