Suponhamos que as funções
A
,
B
e
C
{\displaystyle A,\ B\ {\textrm {e}}\ C}
não são nulas. Então podemos escolher novas variáveis
ξ
e
η
{\displaystyle \xi \ {\textrm {e}}\ \eta }
de modo que os coeficiente
A
¯
e
B
¯
{\displaystyle {\bar {A}}\ {\textrm {e}}\ {\bar {B}}}
sejam nulos. Para isso devemos ter
A
¯
=
A
(
∂
ξ
∂
x
)
2
+
B
∂
ξ
∂
ξ
∂
x
∂
y
+
C
(
∂
ξ
∂
y
)
2
≡
0
;
{\displaystyle {\bar {A}}=A\left({\frac {\partial \xi }{\partial x}}\right)^{2}+B{\frac {\partial \xi \partial \xi }{\partial x\partial y}}+C\left({\frac {\partial \xi }{\partial y}}\right)^{2}\equiv 0;}
C
¯
=
A
(
∂
η
∂
x
)
2
+
B
∂
η
∂
η
∂
x
∂
y
+
C
(
∂
η
∂
y
)
2
≡
0
{\displaystyle {\bar {C}}=A\left({\frac {\partial \eta }{\partial x}}\right)^{2}+B{\frac {\partial \eta \partial \eta }{\partial x\partial y}}+C\left({\frac {\partial \eta }{\partial y}}\right)^{2}\equiv 0}
Notamos que as duas equações tem a mesma forma. Então, discutiremos a equação
A
(
∂
ψ
∂
x
)
2
+
B
∂
ψ
∂
ψ
∂
x
∂
y
+
C
(
∂
ψ
∂
y
)
2
=
0
,
{\displaystyle A\left({\frac {\partial \psi }{\partial x}}\right)^{2}+B{\frac {\partial \psi \partial \psi }{\partial x\partial y}}+C\left({\frac {\partial \psi }{\partial y}}\right)^{2}=0,}
onde
ψ
{\displaystyle \psi }
representa ora,
ξ
,
{\displaystyle \xi ,}
ora
η
{\displaystyle \eta }
. Podemos ainda escrever a equação anterior na seguinte forma
A
(
∂
ψ
/
∂
x
∂
ψ
/
∂
y
)
2
+
B
∂
ψ
/
∂
x
∂
ψ
/
∂
y
+
C
=
0.
{\displaystyle A\left({\frac {\partial \psi /\partial x}{\partial \psi /\partial y}}\right)^{2}+B{\frac {\partial \psi /\partial x}{\partial \psi /\partial y}}+C=0.}
Ao longo de uma curva
ψ
=
constante
{\displaystyle \psi =\ {\textrm {constante}}}
no plano
(
x
,
y
)
{\displaystyle (x,y)}
temos
d
ψ
=
∂
ψ
∂
x
d
x
+
∂
ψ
∂
y
d
y
=
0
,
{\displaystyle d\psi ={\frac {\partial \psi }{\partial x}}dx+{\frac {\partial \psi }{\partial y}}dy=0,}
de onde obtemos
∂
ψ
/
∂
x
∂
ψ
/
∂
y
=
−
d
y
d
x
,
{\displaystyle {\frac {{\partial \psi }/{\partial x}}{\partial \psi /{\partial y}}}=-{\frac {dy}{dx}},}
com a qual nossa equação para
ψ
{\displaystyle \psi }
toma a forma
A
(
d
y
d
x
)
2
−
B
(
d
y
d
x
)
+
C
=
0
{\displaystyle A\left({\frac {dy}{dx}}\right)^{2}-B\left({\frac {dy}{dx}}\right)+C=0}
As raízes desta equação de segundo grau são
d
y
d
x
=
1
2
A
(
B
+
Δ
)
{\displaystyle {\frac {dy}{dx}}={\frac {1}{2A}}(B+{\sqrt {\Delta }})}
d
y
d
x
=
1
2
A
(
B
−
Δ
)
,
{\displaystyle {\frac {dy}{dx}}={\frac {1}{2A}}(B-{\sqrt {\Delta }}),}
onde
Δ
=
B
2
−
4
A
C
.
{\displaystyle \Delta =B^{2}-4AC.}
As duas equações de primeira ordem são chamadas equações características e as respectivas integrais são chamadas curvas características . Visto que tais equações são de primeira ordem elas admitem uma constante de integração cada uma.
Devemos notar ainda que se os coeficientes
A
,
B
e
C
{\displaystyle A,\ B\ {\textrm {e}}\ C}
são constantes as equações características levam a duas famílias de retas, e a equação é do mesmo tipo em todos os pontos de seu domínio, uma vez que
Δ
{\displaystyle \Delta }
também será constante.
Equação do tipo hiperbólico
editar
Se
Δ
>
0
{\displaystyle \Delta >0}
temos duas famílias distintas de curvas características e a equação diferencial original se reduz a
∂
2
u
∂
ξ
∂
η
=
H
1
(
ξ
,
η
,
u
,
∂
u
∂
ξ
,
∂
u
∂
η
)
{\displaystyle {\frac {\partial ^{2}u}{\partial \xi \partial \eta }}=H_{1}\left(\xi ,\eta ,u,{\frac {\partial u}{\partial \xi }},{\frac {\partial u}{\partial \eta }}\right)}
onde
H
1
=
H
¯
/
B
¯
,
com
B
¯
≠
0.
{\displaystyle H_{1}={\bar {H}}/{\bar {B}},\ {\textrm {com}}\ {\bar {B}}\neq 0.}
Esta é a chamada primeira forma canônica da equação hiperbólica. Ao introduzirmos um segundo par de variáveis independentes
α
=
ξ
+
η
;
β
=
ξ
−
η
{\displaystyle \alpha =\xi +\eta ;\quad \beta =\xi -\eta }
obtemos a segunda forma canônica
∂
2
u
∂
α
2
−
∂
2
u
∂
β
2
=
H
2
(
α
,
β
,
u
,
∂
u
∂
α
,
∂
u
∂
β
)
{\displaystyle {\frac {\partial ^{2}u}{\partial \alpha ^{2}}}-{\frac {\partial ^{2}u}{\partial \beta ^{2}}}=H_{2}\left(\alpha ,\beta ,u,{\frac {\partial u}{\partial \alpha }},{\frac {\partial u}{\partial \beta }}\right)}
Reduza a forma canônica seguinte EDP
∂
2
u
∂
x
2
−
x
2
∂
2
u
∂
y
2
,
com
u
≡
u
(
x
,
y
)
{\displaystyle {\frac {\partial ^{2}u}{\partial x^{2}}}-x^{2}{\frac {\partial ^{2}u}{\partial y^{2}}},\ {\textrm {com}}\ u\equiv u(x,y)}
.
Solução
(i) classificação: identificando os coeficientes
A
,
B
e
C
{\displaystyle A,\ B\ {\textrm {e}}\ C}
e calculando
Δ
{\displaystyle \Delta }
temos:
A
=
1
,
B
=
0
e
C
=
−
x
2
⇒
Δ
=
B
2
−
4
⋅
A
⋅
C
=
−
4
⋅
1
⋅
(
−
x
2
)
=
4
x
2
.
{\displaystyle A=1,\ B=0\ {\textrm {e}}\ C=-x^{2}\Rightarrow \Delta =B^{2}-4\cdot A\cdot C=-4\cdot 1\cdot (-x^{2})=4x^{2}.}
Equação do tipo parabólico
editar
Se o discriminante
Δ
=
0
{\displaystyle \Delta =0}
as equações características são idênticas. Neste caso só existe uma família de curvas características, de onde obtemos somente uma curva integral
ξ
=
constante
(
ou
η
=
constante
)
{\displaystyle \xi ={\textrm {constante}}({\textrm {ou}}\ \eta ={\textrm {constante}})}
. Logo a forma canônica para a equação do tipo parabólico e dada por.
∂
2
u
∂
η
2
=
H
3
(
ξ
,
η
,
u
,
∂
u
∂
ξ
,
∂
u
∂
η
)
para
C
¯
≠
0
e
ξ
=
constante
,
{\displaystyle {\frac {\partial ^{2}u}{\partial \eta ^{2}}}=H_{3}\left(\xi ,\eta ,u,{\frac {\partial u}{\partial \xi }},{\frac {\partial u}{\partial \eta }}\right)\ {\textrm {para}}\ {\bar {C}}\neq 0\ \ {\textrm {e}}\ \ \xi ={\textrm {constante}},}
Ou
∂
2
u
∂
ξ
2
=
H
3
¯
(
ξ
,
η
,
u
,
∂
u
∂
ξ
,
∂
u
∂
η
)
para
A
¯
≠
0
e
η
=
constante
.
{\displaystyle {\frac {\partial ^{2}u}{\partial \xi ^{2}}}={\bar {H_{3}}}\left(\xi ,\eta ,u,{\frac {\partial u}{\partial \xi }},{\frac {\partial u}{\partial \eta }}\right)\ {\textrm {para}}\ {\bar {A}}\neq 0\ \ {\textrm {e}}\ \ \eta ={\textrm {constante}}.}
Equação do tipo elíptico
editar
Neste caso
Δ
<
0
,
{\displaystyle \Delta <0,}
e as curvas características não são reais. Entretanto, se os coeficientes
A
,
B
e
C
{\displaystyle A,\ B\ {\textrm {e}}\ C}
são funções analíticas podemos considerar a equação
A
(
d
y
d
x
)
2
−
B
(
d
y
d
x
)
+
C
=
0
,
{\displaystyle A\left({\frac {dy}{dx}}\right)^{2}-B\left({\frac {dy}{dx}}\right)+C=0,}
para os complexos
x
e
y
{\displaystyle x\ {\textrm {e}}\ y}
. Desde que
ξ
e
η
{\displaystyle \xi \ {\textrm {e}}\ \eta }
são complexos conjugados , podemos introduzir as variáveis reais
α
=
ξ
+
η
2
e
β
=
ξ
−
η
2
i
,
{\displaystyle \alpha ={\frac {\xi +\eta }{2}}\quad {\textrm {e}}\quad \beta ={\frac {\xi -\eta }{2i}},}
Depois de todas as transformações obtemos:
∂
2
u
∂
α
2
+
∂
2
u
∂
β
2
=
H
0
(
α
,
β
,
u
,
∂
u
∂
α
,
∂
2
u
∂
β
)
,
com
u
≡
u
(
α
,
β
)
,
{\displaystyle {\frac {\partial ^{2}u}{\partial \alpha ^{2}}}+{\frac {\partial ^{2}u}{\partial \beta ^{2}}}=H_{0}\left(\alpha ,\beta ,u,{\frac {\partial u}{\partial \alpha }},{\frac {\partial ^{2}u}{\partial \beta }}\right),\ {\textrm {com}}\ u\equiv u(\alpha ,\beta ),}
que é chamada forma canônica da equação elíptica.