Granada (país)
Granada (em inglês: Grenada; pronunciado: [ɡrɨˈneɪdə] (ⓘ); em francês: La Grenade, pronunciado: [la ɡʁə.nad]) é um país caribenho, constituído pela ilha homónima e pela metade sul das ilhas Granadinas, das quais a maior é Carriacou. Tem fronteira marítima com São Vicente e Granadinas, a nordeste, e está também próxima de Trinidad e Tobago, a sudeste, e da Venezuela, a sudoeste. A capital do país é São Jorge[2] (Saint George's em inglês).
Granada é também conhecida como a "Ilha das Especiarias", por causa da produção de noz-moscada, da qual é um dos maiores exportadores do mundo. Sua área territorial é de 344 km², com uma população estimada em cerca de 110 000 habitantes.[7] O pássaro nacional de Granada é a pomba-de-granada, que se encontra na lista de espécies em perigo crítico.
História
editarPor volta do século XV, os índios caribes expulsaram da ilha seus primitivos povoadores, os aruaques.[8] Granada foi descoberta em 15 de agosto de 1498, por Cristóvão Colombo,[9] que lhe deu o nome de Concepción.[10] Os espanhóis, porém, não tentaram colonizá-la: manteve-se em poder dos caribes por mais de um século e meio.
Em 1650, o governador francês da Martinica fundou uma colônia em São Jorge e exterminou os índios caribes,[11] passando a importar escravos negros para a plantação de cana-de-açúcar.[12] Até 1762, a ilha ficou sob o domínio francês, quando a ilha passou a depender da coroa britânica,[12] mas após um ataque francês, em 1779,[12] perdeu o território, recuperando-o definitivamente em 1783, pelo Tratado de Versalhes.[8][13]
Entre 1795 e 1796, ocorreu uma rebelião de escravos, fomentada pelos franceses, mas sufocada pelos britânicos.[14] Em 1833, aboliu-se a escravidão.[15] De 1885 a 1958, Granada foi o centro administrativo das ilhas britânicas de Barlavento[16] e de 1958 a 1962 membro da Federação Britânica das Índias Ocidentais. Cinco anos depois tornou-se um dos Estados Associados das Antilhas Britânicas, com regime autônomo.
A 7 de fevereiro de 1974 transformou-se em estado independente.[8] Em 1979, um golpe de Estado de inspiração marxista levou ao poder Maurice Bishop, que estreitou os laços com Cuba e a União Soviética. Em particular, o regime trabalhou para desenvolver políticas sociais: foi criado um Centro de Educação Popular para coordenar as iniciativas educacionais do governo, incluindo campanhas de alfabetização. A aprendizagem do crioulo grenadiano foi permitida nas escolas. Contudo, a tendência do governo de Bishop para marginalizar o papel da Igreja na educação contribuiu para a deterioração das relações com o clero. No sector da saúde, as consultas médicas foram feitas gratuitamente com a ajuda de Cuba, que forneceu médicos, e o leite foi distribuído a mulheres grávidas e crianças. No sector económico, as autoridades criaram um sistema de empréstimos financeiros e materiais para os agricultores, e foram criadas cooperativas agrícolas para desenvolver a actividade. O governo de Bishop também trabalhou para desenvolver infraestruturas, incluindo a construção de novas estradas e a modernização da rede eléctrica. Finalmente, o governo reprimiu o cultivo da marijuana para encorajar a agricultura alimentar e reduzir a violência. A nível internacional, Grenada estava cada vez mais isolada. O Reino Unido suspendeu a ajuda económica e os Estados Unidos usaram a sua influência para bloquear empréstimos do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial.[17] Uma cisão dentro do grupo governante desembocou na insurreição dirigida pelo general Hudson Austin em outubro de 1983, que deu lugar à execução de Bishop e à intervenção militar conjunta dos Estados Unidos e de países pertencentes à Organização dos Estados do Caribe Oriental. As tropas cubanas que haviam ajudado o regime anterior foram evacuadas. O Novo Partido Nacional, encabeçado por Herbert Blaize, ganhou as eleições de 1984 e, ano seguinte, os Estados Unidos retiraram suas tropas.
Geografia
editarDe origem vulcânica,[18] Granada é atravessada de norte a sul por uma cadeia de montanhas[18] cujo ponto culminante está no monte Saint Catherine, de 840 m de altitude. O Grande Estanque, no centro da ilha, é um lago que ocupa a cratera de vulcão extinto, a 530 m de altitude. A costa norte tem muitas praias, e a do sul numerosas enseadas, que formam portos naturais.
O clima, dada a latitude do país, 12°N, é tropical marítimo com duas estações: a úmida (junho-dezembro) e a seca (janeiro-maio). Com relativa frequência é atingida por ciclones que causam grandes danos à agricultura.
As chuvas frequentes e intensas, e o solo fértil, de sedimentos vulcânicos, dão lugar a uma densa vegetal tropical, em que se destacam madeiras de lei, como o mogno. Bananeiras, coqueiros e mangueiras crescem em profusão. Entre as especiarias características da ilha estão a noz-moscada, o gengibre, a pimenta e a baunilha. A fauna inclui macacos, cutias, tartarugas e caranguejos terrestres.[carece de fontes]
Subdivisões
editarGranada está subdividida em seis paróquias e uma dependência:
Paróquias: Dependência: |
Nota: A dependência de Carriacou é composta por várias ilhas, as maiores são a ilha Carriacou e a Petit Martinique (às vezes chamada Petite Martinique ou Little Martinique).
Política
editarA forma de governo adotada em Granada é a monarquia parlamentarista.[18] Granada integra a Comunidade Britânica de Nações, e o monarca britânico, o chefe de Estado.[18] O governo é dirigido pelo primeiro-ministro,[18] responsável ante o Parlamento, que se compõe de 15 representantes eleitos por cinco anos[18] e 13 senadores.[18]
O Tribunal Supremo Caribenho Oriental é composto de um Tribunal da Apelação e uma Suprema Corte de Justiça (dois juízes de Corte Suprema são destinados a residir na Granada);[18] Corte Itinerante de Apelação com três juízes[18] membro da Corte Caribenha de Justiça (CCJ).[18]
Os principais partidos políticos de Granada são o Novo Partido Nacionalista (NPN), Congresso Nacional Democrático (CND) e Trabalhista Unido de Granada (Gulp).[19]
Relações estrangeiras
editarGrenada é membro titular e participante da Comunidade do Caribe (CARICOM) e da Organização dos Estados do Caribe Oriental (OECS).[20]
Organização dos Estados Americanos (OEA)
editarGrenada é um dos 35 Estados que ratificaram a Carta da OEA e é membro da Organização.[21][22] Grenada entrou no Sistema Interamericano em 1975, de acordo com o site da OEA.[23]
FATCA
editarEm 30 de junho de 2014, Granada assinou um acordo Modelo 1 com os Estados Unidos da América em relação à Lei de Conformidade Fiscal de Contas Estrangeiras (FATCA).[24]
Militar
editarGrenada não tem forças armadas permanentes, deixando as funções militares típicas para a Força Policial Real de Grenada (incluindo uma Unidade de Serviços Especiais) e a Guarda Costeira de Grenada.
Em 2019, Granada assinou o tratado da ONU sobre a Proibição de Armas Nucleares.[25]
Economia
editarNos primeiros anos da década de 1980, Granada desenvolveu um sistema econômico controlado pelo Estado,[26] que dependia basicamente das exportações agrícolas e do turismo. A pesca se desenvolveu com a ajuda técnica de Cuba e da ex-União Soviética.[26] Posteriormente, se fomentou o surgimento de economia de mercado com apoio americano e de instituições financeiras internacionais.[26]
A agricultura compreende aproximadamente um quinto do produto interno bruto e emprega um terço da força de trabalho.[18] A terra cultivável é pouco aproveitada e os principais produtos agrícolas, basicamente destinados à exportação, são o coco, a banana, a cana-de-açúcar, as cítricos, especiarias e frutas tropicais.[27]
Demografia
editarEm 2023, sua população era de quase 125 mil pessoas.[4] Os grupos étnicos dominantes são os negros (84%),[18] os mulatos (13,3%)[18] e, em menor quantidade, os indianos (2,2%)[18] levados a Granada para trabalhar no lugar dos escravos libertados.[4] Os brancos (franceses, britânicos, portugueses, suíços, russos, islandeses e australianos) e os ameríndios constituem percentagem reduzida da população (1,3%).[18] O inglês é o idioma oficial.[18] Também se fala um patois (dialeto franco-africano),[18] reminiscência do domínio francês.
As religiões com maior número de adeptos são o Catolicismo Romano (53%)[18] e o Protestantismo (33,2%).[18] O Anglicanismo é o único grupo religioso minoritário (13,8%).[18]
Idiomas
editarO inglês é a língua oficial do país, mas a principal língua falada é uma das duas línguas crioulas (crioulo inglês de Granada e crioulo francês de Granada), que reflete a herança dos africanos, europeus e indígenas na nação. Os crioulos contêm elementos de uma variedade de línguas africanas. O crioulo de Granada, no entanto, também é influenciado pelo francês.
O crioulo francês de Granada é falado principalmente em áreas rurais menores, mas hoje só pode ser ouvido em pequenos grupos da sociedade. O crioulo francês de Granada é conhecido principalmente como Patois ou creole.
As línguas indígenas eram Iñeri e Karina (Carib).[carece de fontes]
Cidades mais populosas
editarCultura
editarEmbora a influência francesa na cultura de Granada é muito menos visível do que em outras ilhas do Caribe, sobrenomes e nomes de lugares em francês permanecem, e a linguagem cotidiana é atada com palavras em francês e no dialeto local, o Patois. A forte influência francesa é encontrada na temperada comida picante e estilos de cozinhar semelhantes aos encontrados em Nova Orleãs e algumas arquiteturas francesas sobreviveram a partir de 1700. A cultura da ilha é fortemente influenciada pelas raízes africanas da maioria dos granadinos, além da influência indiana e ameríndia do Caribe, como visto no dhal puri, rotis, doces indianos, mandioca e curries, na culinária.
O "oildown" é considerado como o prato nacional. O nome refere-se a um prato cozinhado em leite de coco até que todo o leite é absorvido, deixando um pouco de óleo de coco no fundo da panela. As receitas exigem uma mistura de pigtail, pés salgados de porco (trotters), carne salgada e frango, bolinhos feitos de farinha e frutos como a fruta-pão, banana verde, inhame e batata. As folhas de callaloo são por vezes usadas para reter o vapor e para sabores extras.[28]
Esportes
editarOlimpíadas
editarGranada competiu em todos os Jogos Olímpicos de Verão desde os Jogos Olímpicos de Verão de 1984 em Los Angeles. Kirani James ganhou a primeira medalha de ouro olímpica para Granada na final masculina de 400 metros nos Jogos Olímpicos de Verão de 2012.
Críquete
editarO críquete é um dos esportes mais populares de Granada, com intensa rivalidade interilhas com seus vizinhos caribenhos. O Estádio Nacional de Críquete de Granada abriga partidas de críquete internacional. Em 2007, foi uma das sedes da Copa do Mundo de Críquete.[29]
Ver também
editarReferências
- ↑ Portal da Língua Portuguesa, Dicionário de Gentílicos e Topónimos de Granada
- ↑ a b Serviço das Publicações da União Europeia. «Anexo A5: Lista dos Estados, territórios e moedas». Código de Redacção Interinstitucional. Consultado em 20 de janeiro de 2020
- ↑ "First female governor general of Grenada sworn into office, Caribbean 360, 07/05/2013
- ↑ a b c "2022 Revision of World Population Prospects". Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas. Página acessada em 30 de março de 2024.
- ↑ a b «World Economic Outlook October 2023 (Grenada)». International Monetary Fund. Outubro de 2023. Consultado em 13 de dezembro de 2023
- ↑ «Human Development Report 2019» (PDF) (em inglês). Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas. Consultado em 17 de dezembro de 2020
- ↑ «População de Granada 2020». countrymeters.info. Consultado em 7 de fevereiro de 2020
- ↑ a b c «Grenada». Departamento de Estado dos Estados Unidos da América (em inglês). Maio de 2005. Consultado em 8 de fevereiro de 2010
- ↑ «History of Grenada». Encyclopedia of Nations. Consultado em 8 de fevereiro de 2010
- ↑ «History of Grenada». Caribbean Way. 30 de Abril de 2005. Consultado em 8 de fevereiro de 2010
- ↑ SAUTER, William Thomas Le. «Sauter in the Island of Grenada, West Indies». Encyclopedia of Things. Consultado em 8 de fevereiro de 2010
- ↑ a b c «History of Grenada». Hotel Petíte Anse. 2008. Consultado em 8 de fevereiro de 2010
- ↑ «Granada». escola.britannica.com.br. Consultado em 7 de fevereiro de 2020
- ↑ TAYLOR, Caldwell. «The Fedon Rebellion». BigDrumNation. Consultado em 8 de fevereiro de 2010
- ↑ «Timeline of the Slavery». National Maritime Museum of the United Kingdom. Consultado em 8 de fevereiro de 2010
- ↑ Saint George’s. In Encyclopædia Britannica. Retrieved February 08, 2010, from Encyclopædia Britannica Online: http://www.britannica.com/EBchecked/topic/517175/Saint-Georges
- ↑ Anthony Payne, Paul Sutton et Tony Thorndike, Grenada : Revolution and Invasion, Croom Helm Ltd, 1985,
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t CIA - The World Factbook -- Grenada
- ↑ CIVITA, Victor. Almanaque Abril 2007. São Paulo: Abril, 2007.
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- ↑ «SLA :: Department of International Law (DIL) :: Inter-American Treaties». OAS. Consultado em 9 de Outubro de 2020
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- ↑ «Lei de Conformidade Fiscal de Contas Estrangeiras (FATCA)». Treasury.gov. Consultado em 9 de Outubro de 2020
- ↑ «Capítulo XXVI: Desarmamento - No. 9 Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares». United Nations Treaty Collection. 7 de julho de 2017. Consultado em 9 de Outubro de 2020
- ↑ a b c «Granada: Economia». Nova Enciclopédia Barsa. São Paulo: Encyclopædia Britannica do Brasil Publicações. 1998. ISBN 85-7026-438-0
- ↑ Food and Agriculture Organization of the United Nations Statistical Book
- ↑ «Oil down - National Dish of Grenada» (em inglês). Gov.gd. 3 de maio de 2010. Consultado em 19 de março de 2012
- ↑ «"Ilha Apimentada" só encerrou jejum em 2003». UOL Esporte. 2007. Consultado em 8 de julho de 2023