Martinica
Martinica (em francês: Martinique) é um departamento ultramarino insular e coletividade territorial única da França no Caribe, com fronteiras marítimas com a Dominica ao noroeste, e com Santa Lúcia ao sul. Sua capital é Forte da França. Tem estatuto de região administrativa, assim como os outros departamentos de ultramar da França (como Guadalupe, Reunião, Maiote e a Guiana Francesa). A antiga capital, São Pedro, ficou mundialmente famosa após a grande erupção vulcânica de 1902, no Monte Pelée. Em 29 de novembro de 2007, houve um sismo de 7,4 na escala de Richter, que foi sentido nos estados brasileiros de Amazonas, no Pará, Rondônia, Roraima e Amapá.[4]
Martinica | |
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Martinique | |
Hino: Ansanm | |
![]() Localização da Martinica
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Capital e maior cidade |
Forte da França 14°40'N 61°00'O |
Língua oficial | Francês |
Gentílico | Martinicano, Martinicana[1] |
Governo | Departamento de ultramar |
• Presidente do Conselho Executivo | Serge Letchimy |
Dependência da França | |
• Ano | desde 1635 |
• Departamento ultramarino | 19 de março de 1946 |
Área | |
• Total | 1.100 km² (184.º) |
População | |
• Estimativa para 2024 | 349 925 hab. |
• Urbana | 42% hab. |
• Densidade | 344 hab./km² |
PIB (base PPC) | Estimativa para 2003 |
• Total | US$ 6,117 milhões[2] |
• Per capita | US$ 14 400[3] |
IDH | 0,859 (41.º) – muito alto |
Moeda | Euro € |
Fuso horário | (UTC-4) |
Cód. Internet | .mq |
Cód. telef. | +596 |
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É membro associado da CARICOM, da Organização dos Estados do Caribe Oriental (OECO), da Associação dos Estados do Caribe (AEC) e da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). É uma reserva da biosfera da UNESCO desde 2021 para todo o seu território terrestre e marítimo. Em setembro de 2023, os vulcões e florestas do Monte Pelée e os picos do norte da Martinica, em particular os Pitons du Carbet, estão classificados como Património Mundial da UNESCO. [5][6]
Os primeiros habitantes, os ameríndios aruaques, fugiram no século IX antes da chegada dos novos habitantes, os ameríndios caraíbas. Cristóvão Colombo foi o primeiro europeu a pisar lá em 1502, sob a regência espanhola. A colonização francesa começou em 1635, liderada por Pierre Belain d'Esnambuc.
Martinica está localizada no Arco Vulcânico das Pequenas Antilhas, no Mar do Caribe, entre Dominica ao norte e Santa Lúcia ao sul, cerca de 420 km ao norte-nordeste da costa da Venezuela e cerca de 865 km a leste-sudeste da República Dominicana. A plataforma continental explorável exclusivamente pela França foi alargada para 350 milhas da costa em 2015 (ou seja, para além da zona económica exclusiva, que permanece fixada em 200 milhas da costa), na sequência do parecer favorável das Nações Unidas. [7]
De acordo com o último censo do INSEE, a Martinica tem 361.019 habitantes em 1 de janeiro de 2022.
Etimologia
editarO nome ameríndio para Martinica é Ioüanacéra ou Wanakaéra ou Joanacaera (formado a partir do prefixo ioüana, “iguana”, e do sufixo caéra, “ilha”), ou seja, a ilha das iguanas na língua caribenha. [8][9][10][11]
No entanto, os caribes de Hispaniola também chamavam esta ilha de Mantinino, ou por deformação Madinina, Madiana; Mantinino é o nome de uma ilha mítica dos índios taínos onde se encontram mulheres, que Colombo traduziu como Isla de las mujeres, a ilha das mulheres (porque lhe disseram que era povoada apenas por mulheres). Este nome evoluiu de acordo com as pronúncias e tornou-se “Martinica” e, em crioulo martinicano, Matinik ou Matnik. [12][13][14]
A Martinica deve o seu apelido de “ilha das flores” às plantas exóticas de todas as cores que aí estão presentes: uma mistura de amarelo, laranja, vermelho e rosa. [15]
Informações gerais
editar- Maiores cidades: Forte da França (94,049 hab., 25% da população), Le Lamentin (35,460), Le Robert (21,240), Schœlcher (20,845), Sainte-Marie (20,098) (2006)
- Religião Predominante: Catolicismo
- Exportações: 39 milhões de € (2002)
- Importações: 275 milhões de € (2002, déficit de 236 milhões de €)
- Principais parceiros comerciais: França, União Europeia, América Latina
- Taxa de desemprego: 23% (2004)
História
editarFoi ocupada pela França a partir de 1635. Em 1660, os índios nativos da ilha foram deportados pelos franceses, no episódio que ficou conhecido como expulsão caribenha. Desde então, a ilha tem sido uma possessão francesa, exceto por três breves períodos de ocupação estrangeira.
Desde 1635 (chegada de Pierre Belain d'Esnambuc, um aristocrata francês que tomou posse da ilha para a França) até 1946, a Martinica sobreviveu como colônia francesa produzindo mercadorias tropicais, como cana-de-açúcar, café, rum e cacau. Prisioneiros africanos foram trazidos da África Ocidental para formar a população escrava que é a origem da maior parte da população atual.
Política
editarSubdivisões
editarPara a lista das comunas do departamento clique aqui: Lista de comunas do departamento de Martinica
Economia
editarA economia é baseada no comércio. A agricultura é responsável por aproximadamente seis por cento do PIB e o pequeno setor industrial por onze por cento. A produção de açúcar declinou, ficando a maior parte da cana-de-açúcar destinada à produção de rum. A exportação de banana tem crescido, principalmente para a França. O volume necessário para o consumo local de carne, verduras e grãos precisa ser importado, contribuindo para o deficit crônico da balança comercial, que requer grandes transferências anuais de auxílio financeiro da metrópole.
Forte da França é o quinto porto da França em movimentação de contêineres (contentores). O turismo tem se tornado mais importante que as exportações agrícolas como fonte de intercâmbio internacional. Forte da França é considerada a mais francesa cidade fora da França. A maior parte da força de trabalho está empregada no setor de serviços e no setor administrativo.
Geografia
editarTem uma área total de 1 100 km2, sendo a terceira maior ilha das Pequenas Antilhas (é menor somente que as ilhas de Trinidad e de Guadalupe). Tem 65 km de comprimento por 27 km de largura. Para comparação, a superfície é semelhante à de Hong Kong.
Tal como o resto das Pequenas Antilhas, Martinica está sujeita a risco sísmico. Em 29 de novembro de 2007, um sismo de magnitude 7,3 na escala Richter ocorreu nas proximidades da ilha.
Martinica é separada em duas zonas em relação ao eixo central constituído por Forte da França e Le Robert. Ao norte, fica uma região de relevo acidentado e com grandes florestas. Nela, se localiza o monte Pelée, um estratovulcão ativo que teve em 1902 uma erupção catastrófica que matou entre 30 000 a 40 000 residentes na ilha e deixou apenas dois sobreviventes. Ao sul, fica a região mais seca, de relevo menos acidentado e com maior ocupação humana.
Relevo
editarO terreno é acidentado nesta ilha vulcânica. As áreas mais planas se localizam no sul da ilha. A ilha tem se desenvolvido ao longo dos últimos 20 000 000 de anos por uma sequência de movimentos e erupções vulcânicas ao norte. O monte Pelado, que ocupa o norte da ilha, atinge 1 397 metros de altitude. A última erupção data de 8 de maio de 1902, matando 29 000 pessoas em dois minutos. O monte Vauclin é o ponto mais elevado ao sul da ilha, com 504 metros.
Hidrografia
editarA hidrografia da ilha da Martinica tem pequenos rios próprios de sua pequena extensão territorial. Os principais são o Lézarde, com 30 km de comprimento e que é o mais longo da ilha, o Galion, o Lorrain, o Hood, o Branco, o Baixo Pointe, o Hackaert, o Macouba, o La Grande, o Prêcheur, o Roxelane, o Père, o Carbet, o Monsieur, o Madame, o Longvilliers, o Salado, o Vauclin, o Paquemar, o Simon e La Nau.
Demografia
editarEsporte
editarMartinica não participa dos Jogos Pan-Americanos nem dos Jogos Olímpicos, assim como as delegações de Guadalupe, Guiana Francesa, São Pedro e Miquelão, Anguila, Monserrate, Ilhas Turcas e Caicos, e Groenlândia, pois não são considerados países independentes pela ODEPA (Organização Desportiva Pan-Americana) e não têm comitês olímpicos reconhecidos pelo Comitê Olímpico Internacional.[16]
A Seleção de Futebol da Martinica é filiada à CONCACAF, mas não à FIFA, sendo assim não disputa as Eliminatórias Para a Copa do Mundo, mas pode disputar amistosos e torneios pela CONCACAF como a Liga das Nações da CONCACAF e a Copa Ouro .
Cultura
editarNo Brasil, a escritora Isa Fonseca (1954-...) escreveu e lançou um romance em São Paulo, denominado A Paz do Meu Avô. A jornalista e escritora é neta da martiniquense Marie Louise Renée cyr Athis. Esta casou-se com João Fonseca e teve três filhas. A primeira, mãe da escritora, chamou-se Josephina. A segunda, Maria Luíza e a terceira, Leopoldina. A família da avó da escritora era originalmente da região de Marselha. João Fonseca trabalhava na marinha mercante quando conheceu Marie Louise Renée. Esta veio para o Brasil com o marido e, já bastante independente, atravessava a rua na cidade de Lins e ia tocar piano nas sessões de cinema mudo. Faleceu por volta de 1993.
Curiosidade: no romance da italiana Milena Agus, Uma Certa História de Amor (editora Leya), a expressão martinicca aparece designando 'mercado de escravos'. Talvez seja esta a origem do nome da ilha.
Ver também
editarReferências
- ↑ Gentílico da Martinica
- ↑ Produto Interno Bruto (PIB) per capita da Martinica
- ↑ Produto Interno Bruto da Martinica
- ↑ «Estados da região Norte sentem reflexos do terremoto da Martinica». UOL. 29 de novembro de 2007. Consultado em 8 de setembro de 2020
- ↑ «La Martinique a signé son adhésion à la CARICOM en tant que membre associé». Martinique la 1ère (em francês). 20 de fevereiro de 2025. Consultado em 26 de abril de 2025
- ↑ «La montagne Pelée et les pitons du nord de la Martinique inscrits au patrimoine mondial de l'Unesco | Ministères Aménagement du territoire Transition écologique». www.ecologie.gouv.fr (em francês). Consultado em 26 de abril de 2025
- ↑ «La France étend de plus de 500 000 km² son territoire sous les océans». Franceinfo (em francês). 10 de outubro de 2015. Consultado em 26 de abril de 2025
- ↑ «CRDP Martinique | Espace caraïbe». web.archive.org. 15 de janeiro de 2008. Consultado em 26 de abril de 2025
- ↑ Breton, Raymond; Besada Paisa, Marina (1999). Dictionnaire caraïbe-français: 1665. Col: Dictionnaires et langues Nouv. éd ed. Paris: Ed. Karthala
- ↑ Breton, Raymond; Besada Paisa, Marina (1999). Dictionnaire caraïbe-français: 1665. Col: Dictionnaires et langues Nouv. éd ed. Paris: Ed. Karthala
- ↑ «Du nom indigène des îles de l'archipel des Antilles» (PDF). archive.wikiwix.com. Consultado em 26 de abril de 2025
- ↑ Du Tertre, Jean-Baptiste (1610-1687) Auteur du texte (1667–1671). Histoire générale des Antilles habitées par les François. T. 1 / ,... par le R. P. Jean Baptiste Du Tertre,... (em francês). [S.l.: s.n.] Consultado em 26 de abril de 2025
- ↑ Marcillac, Sidney Daney de (1846). Histoire de la Martinique: depuis la colonisation jusqu'en 1815 (em francês). [S.l.]: E. Ruelle. Consultado em 26 de abril de 2025
- ↑ à 07h00, Par C. L. Le 30 juillet 2016 (30 de julho de 2016). «D'où vient le nom de ce département ?». leparisien.fr (em francês). Consultado em 26 de abril de 2025
- ↑ «Martinique : l'île aux fleurs - France.fr». web.archive.org. 28 de março de 2014. Consultado em 26 de abril de 2025
- ↑ ANDRADE, Claudia(19/04/2007). Palco de guerra espera convite ao Rio que não virá, publicado no portal Uol esporte .