Guerra Grã-Colômbia–Peru
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A Guerra Grã-Colômbia-Peru (em castelhano: Guerra grancolombo-peruana) de 1828 e 1829 foi um conflito militar internacional travado entre a República do Peru, que conquistara sua independência da Espanha em 1821, e a Grã-Colômbia, que existiu entre 1819 e 1830.[1]
Guerra Grã-Colômbia-Peru | |||
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[[Imagem: Da esquerda para a direita e de cima para baixo:
Batalha Naval de Malpelo, Batalha Naval de Cruces e Batalha de Tarqui
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Data | 3 de junho de 1828 – 28 de fevereiro de 1829 | ||
Local | Guayaquil, Equador, Jaén, Azuay e Maynas | ||
Casus belli | Disputa territorial de Guayaquil, Tumbes, Jaén de Bracamoros e Maynas
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Desfecho | Impasse;
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Mudanças territoriais | Status quo ante bellum | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Forças | |||
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Baixas | |||
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A guerra foi dividida em duas campanhas: naval e terrestre. A naval foi favorável ao Peru, que bloqueou a costa pacífica da Grã-Colômbia e ocupou Guayaquil, enquanto a terrestre foi favorável à Grã-Colômbia, na qual o confronto mais relevante foi a batalha de Tarqui, embora não tenha havido capitulação definitiva do Exército Peruano.[1]
Causas
editarFracasso da Federação dos Andes e crise interna da Grã-Colômbia
editarDepois de acabar com o domínio espanhol no Peru, o Libertador Simón Bolívar concentrou-se em unir as repúblicas andinas numa grande federação, mas a sua ação foi considerada inaceitável no Chile e em Buenos Aires, onde despertou amargos rancores.
Diante da impossibilidade de levar a cabo seu projeto, Bolívar decidiu retornar à Grã-Colômbia em 1826 para enfrentar a desordem interna daquele país, pois várias rebeliões haviam eclodido contra sua autoridade nos distritos do norte e do centro.[4]
Nacionalismo peruano
editarDepois que Bolívar deixou o Peru, surgiu neste país um sentimento nacionalista, contrário ao Libertador e à Grã-Colômbia. Entre as principais causas estão as seguintes:[5]
- A longa presença de Bolívar no Peru.
- A prepotência de seus lugar-tenentes.
- O alto custo da manutenção privilegiada de suas tropas.
- A criticada Constituição Vitalícia de 1826.
Conflito fronteiriço entre o Peru e a Grã-Colômbia
editarTambém haviam desacordos relativos as questões fronteiriças entre os dois países. A Grã-Colômbia reivindicava os territórios de Tumbes, Jaén de Bracamoros (atualmente em Cajamarca) e Maynas (sendo Maynas entendido como o território formado pelos atuais departamentos peruanos de Loreto e Amazonas), pertencentes ao Peru de acordo com o princípio da autodeterminação dos povos e o uti possidetis de 1810, fórmula jurídica que implicava tomar como ponto de partida o território tradicionalmente ocupado por cada país no ano de 1810.[6][7]
A dívida do Peru com a Grã-Colômbia e a questão das substituições
editarHouve também outras questões entre os dois países, não menos importantes. A Grã-Colômbia exigiu que o Peru pagasse a dívida pelas despesas incorridas durante a guerra de emancipação em solo peruano.[8]
Outro assunto muito espinhoso foi o das “substituições”, ou seja, a substituição das tropas peruanas que o Peru teve que fazer pelas tropas grã-colombianas devido às baixas sofridas por estas durante a guerra independentista peruana, embora a guerra já tivesse terminado.[9]
A expulsão do cônsul grã-colombiano e a intervenção peruana na Bolívia
editarAs tensões entre o Peru e a Grã-Colômbia foram alimentadas pela imprensa de Lima e Bogotá, que, utilizando uma linguajar agressivo, estimulou a discórdia entre os dois países. O cônsul grã-colombiano Cristóbal Armero foi expulso, acusado pelo Peru de intervir em assuntos políticos internos, e atos ultrajantes foram organizados contra Bolívar e o marechal Antonio José de Sucre.[10] Este fato, somado à ação armada do General Agustín Gamarra que precipitou a saída de Sucre e dos grã-colombianos da Bolívia, trouxe a ira de Bolívar, que estava ciente das diferentes manobras que pretendiam desestabilizar sua autoridade. Tudo isso fez com que, em Bogotá, o governo grã-colombiano não quisesse receber o diplomata peruano José Villa, a quem foram emitidos seus passaportes e foi enviado de volta ao Peru.[5][11]
O ultimato da Grã-Colômbia ao Peru
editarEm 3 de março de 1828, enquanto continuava a meticulosa e apaixonada troca de missivas, veio o que o Peru consideraria uma ameaça do chanceler grã-colombiano Estanislao Vergara, que expressou que seu país se consideraria hostilizado e em situação de recorrer ao destino das armas se dentro de seis meses o governo peruano não entregasse Jaén e a parte de Maynas que ocupava, se não pagasse 3.595.747 pesos como dívida da guerra de emancipação, se não reduzisse o número de tropas na fronteira, se não voltasse a receber o cônsul grã-colombiano Armero e se não declarasse que estava pronto para enviar substitutos aos grã-colombianos mortos em combate durante a guerra independentista peruana. O diplomata peruano Villa publicou um livro de memórias para defender o seu governo e o chanceler grã-colombiano refutou-o com uma contra-memoria.[12]
O prelúdio da guerra
editarEm 17 de maio de 1828, o Congresso da República do Peru autorizou o presidente José de La Mar a colocar tropas em estado de guerra.[7][13]
Início
editarEm 20 de maio de 1828, o governo do Peru declarou guerra ao governo da Grã-Colômbia.[3][14] Em resposta, em 3 de julho, Bolívar exclamou a seguinte proclamação, dirigida aos cidadãos e soldados de seu país:
Em 15 de julho, o governo da Grã-Colômbia declarou guerra ao Peru, afirmando que:
La Mar e o vice-presidente peruano Manuel Salazar y Baquíjano responderam com as suas próprias proclamações belicosas.[18]
Forças em guerra
editarO Exército Peruano contava com 7.500 efetivos e estava sob o comando de Gamarra, a quem La Mar nomeou comandante-em-chefe, reservando para si o cargo de diretor de guerra e operações. Tinha a seguinte organização:
Primeira divisão (sob o comando do General Plaza) |
Batalhão 1° "Ayacucho" |
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Batalhão N°3 | |
Segunda divisão (sob o comando do General Cerdeña) |
Batalhão "Pichincha" |
Batalhão "Zepita" | |
Terceira divisão (sob o comando do Coronel Prieto) |
Batalhão 2° "Ayacucho" |
Batalhão 3° "Callao" | |
Coluna independente (sob o comando do Coronel Benavides) |
Batalhão 1° "Callao" |
Compañías de cazadores del 2° "Ayacucho", 2° "Callao", "Pichincha" y "Zepita" | |
Divisão de cavalaria (sob o comando do General Necochea) |
Regimento "Húsares de Junín" |
Regimento "Dragones de Arequipa" | |
Regimento "Lanceros del Callao" |
Além do exposto, o Exército Peruano contava com quatro peças de artilharia e um suprimento abundante para dois anos de operações.[19]
O Exército Peruano estava com o moral muito elevado por ter conseguido a expulsão das tropas grã-colombianas da Bolívia.[20]
As tropas grã-colombianas estavam sob o comando do general Juan José Flores e sob a direção de Sucre. Tinham a seguinte organização:
Primeira divisão (sob o comando do General Urdaneta) |
Batallón "Rifles" |
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Batalhão "Yaguachi" | |
Batalhão "Caracas" | |
Esquadrão "Cedeño" | |
Esquadrão 4° de "Húsares" | |
Segunda divisão (sob o comando do General Sandes) |
Batalhão "Cauca" |
Batalhão "Pichincha" | |
Batalhão "Quito" | |
Cavalaria | Esquadrão "Dragones del Istmo" |
Esquadrão "Granaderos de Colombia" | |
Esquadrão 3° de "Húsares" | |
Esquadrão 2° de "Húsares" |
Adicionalmente, Bolívar organizou e criou algumas unidades para apoiar Sucre na defesa do departamento grã-colombiano de Azuay. As tropas, formadas em Nova Granada, receberam o nome de Reserva e deveriam cruzar Pasto e Quito para chegar à fronteira com o Peru. Já em Pasto, Bolívar foi detido pelo general grã-colombiano José María Obando, não pode executar seu plano.[21]
Na Grã-Colômbia, a guerra com o Peru teve grande impopularidade desde o início.[22][5]
Campanha naval
editarA esquadra peruana sob o comando do vice-almirante Martín Guise iniciou a campanha marítima dominando o mar, sua frota composta por duas fragatas, uma corveta, um bergantim e duas goletas às quais também se somaram oito canhoneiras saiu vitoriosa no combate de Malpelo no 31 de agosto e na Batalha de Cruces em 22 de novembro do mesmo ano para em seguida atacar o porto artilhado de Guayaquil, defendido por duas goletas, diversas canhoneiras e baterias costeiras, a entrada do porto estava fechada por uma linha de correntes.
No dia 22 de novembro ocorreu o combate naval de Cruces, a frota peruana canhonou as defesas grã-colombianas, silenciando as baterias e destruindo os barcos. Após o término do combate, Guise ordenou a retirada da frota peruana para seu ancoradouro em Cruces, já que a rendição de Guayaquil era apenas uma questão de tempo. Mas para o infortúnio dos peruanos, a fragata Presidente onde estava Guisse encalhou em um dos baixios do estuário, permanecendo nessa situação por dez horas esperando a maré para flutuá-la, no entanto, este período de tempo não foi desperdiçado pelos defensores terrestres que montaram um canhão no porto e dispararam contra a fragata que, devido à sua posição, não conseguiu responder aos disparos, quando a maré subiu e o navio peruano recuou para o seu ancoradouro, um dos últimos disparos feriu Guisse mortalmente. Diante dessa situação inesperada, o segundo chefe José Boterín assumiu temporariamente o comando da esquadra, que executou o ataque e extinguiu completamente os disparos terrestres.[23][24]
Uma vez eliminadas as defesas costeiras de Guayaquil, o bloqueio continuou, a guarnição grã-colombiana retirou-se para se juntar ao Exército de Sucre e iniciaram-se as negociações para a capitulação da praça, que foi assinada a bordo da goleta Arequipeña em 19 de janeiro de 1829.
Após a ocupação de Guayaquil pelas tropas peruanas em 1 de fevereiro de 1829, o novo líder da esquadra peruana Hipólito Bouchard despachou ao Panamá dois navios, a goleta Arequipeña e o bergantim Congreso sob o comando do primeiro-tenente José Boterín com o objetivo de capturar a goleta de guerra grã-colombiana Tipuani, durante a viagem a goleta Francisca foi capturada em 7 de abril de 1829, os navios peruanos chegaram ao Panamá, onde sem encontrar resistência capturaram a goleta Jhon Cato, que chegou presa a Callao no dia 7 de julho do mesmo ano, o Tipuani, porém, não foi encontrado. Em 18 de maio, durante um acidente, a fragata Presidente pegou fogo, sendo a única perda material da frota peruana durante a guerra.[23][25]
Campanha terrestre
editarO avanço peruano
editarLa Mar avançou sobre território grã-colombiano em novembro de 1828. Ainda em Tambo Grande, ordenou ao coronel Pedro Raulet que avançasse em território inimigo, liderando duas companhias de infantaria e um esquadrão de cavalaria. Raulet ocupou o povoado de Saraguro e com reforços trazidos pelo coronel Juan Francisco de Vidal avançou mais ao norte, até Oña.[26] Em todos esses lugares, os peruanos foram recebidos com júbilo pelos habitantes locais. Era evidente que La Mar possuía partidários naquela região.[27]
No final de dezembro de 1828, La Mar transferiu seu quartel-general para Loja, onde se juntou às forças trazidas pelo General Gamarra. O objetivo fundamental de La Mar era a ocupação de Cuenca, sua cidade natal, com a qual aparentemente pretendia pôr fim ao questionamento da sua nacionalidade (seus inimigos políticos no Peru o consideravam um “estrangeiro”). Em 13 de janeiro de 1829, o Coronel Raulet destacou-se novamente com um avanço em direção ao norte.[28]
Negociações de paz
editarNa época da invasão peruana do sul da Grã-Colômbia, Sucre estava em Nabón. O marechal, cumprindo as instruções de Bolívar, convidou La Mar para negociar a paz. O presidente peruano aceitou a proposta, por meio de nota enviada em 6 de fevereiro de 1829. As bases da negociação, redigidas pelo general Daniel Florencio O'Leary, foram consideradas inaceitáveis por La Mar, que propôs condições, como, por exemplo, a repatriação de soldados peruanos alistados no Exército Grã-Colombiano após a batalha de Ayacucho, e que o departamento de Guayaquil permaneceria no estado em que se encontrava antes de ser anexada à Grã-Colômbia, isto é, no contexto de poder decidir livremente o seu destino. Sucre rejeitou categoricamente estas propostas, fracassando assim nas negociações. Porém, os grã-colombianos alcançaram seu verdadeiro propósito, que era ganhar tempo.[29]
Surpresa de Saraguro
editarEm 7 de fevereiro de 1829, o Coronel Raulet atacou surpreendentemente Cuenca, derrotando a guarnição de 400 homens que a defendia. Em 10 de fevereiro, Raulet ocupou a cidade, mas depois retirou-se para se juntar novamente ao resto do exército.[30]
La Mar, à frente do grosso de seu exército, iniciou um movimento em grande escala sobre Cuenca, mas cometeu o erro de deixar em Saraguro o parque de artilharia, ou seja, o material bélico e suprimentos, aos cuidados de uma reduzida retaguarda. Sucre, agindo com sua habilidade característica, na madrugada de 13 de fevereiro de 1829, surpreendeu os poucos soldados peruanos que guardavam Saraguro, apoderando-se do parque bélico. O povoado de Saraguro foi incendiado por seu lugar-tenente Luis Urdaneta, em retaliação, por ter demonstrado simpatia pelos peruanos.[31]
Batalha do Portete de Tarqui
editarApós os acontecimentos de Saraguro, Sucre, à frente de suas tropas, no local chamado Portete de Tarqui, próximo a Cuenca, em 27 de fevereiro de 1829, derrotou completamente uma divisão de vanguarda do Exército Peruano[a] sob o comando do General José María Plaza, que estava isolado do grosso do Exército Peruano e cuja infantaria não dispunha de mais munição do que cada soldado carregava consigo.
Quando o primeiro grupo das outras divisões peruanas chegou às 7 horas da manhã do dia seguinte, as posições de Plaza estavam virtualmente capturadas e ele e seus dois auxiliares foram feitos prisioneiros. O restante das tropas chegou tarde demais e não pôde ser mobilizada porque estava em um desfiladeiro.
Os dispersos de Plaza e as dificuldades do terreno fizeram com que a coluna de Cazadores, sob o comando do Tenente Coronel Felipe Santiago Salaverry, fosse cercada pelo fogo grã-colombiano, por isso teve que se retirar, causando grande pressão e confusão no Exército Peruano.
O tiroteio continuou enquanto a maior parte do Exército Peruano se reorganizava. Uma carga dos Húsares de Junín sob o comando do General Mariano Necochea afugentou os grã-colombianos que vieram perseguir os peruanos com duas companhias de cazadores e o esquadrão Cedeño, sob o comando do Coronel José María Camacaro.
Camacaro ordenou ao coronel peruano Domingo Nieto, comandante do primeiro esquadrão de Húsares, que poupasse seus regimentos e que ambos lutassem com suas lanças. Nieto, montado num cavalo preto, matou Camacaro. Quando Nieto se retirou com seus Húsares, constatou-se que o exército de Sucre ocupava a encosta por onde deveria passar. Sucre deu ordem para não atirar. Nieto, que marchava à frente dos Húsares, tirou o chapéu, saudando-o.[33]
O capitão peruano Mateo Morán, ferido e prostrado no chão, continuou dando ordens à sua companhia até sua morte. Seus soldados formaram uma cerca humana ao redor de seu corpo para evitar que os grã-colombianos o levassem, mas foram, gradualmente, sucumbindo.[34]
O Exército Peruano, apesar da sua vantagem numérica, sofreu uma derrota esmagadora, que a historiografia peruana tradicionalmente atribui às rivalidades internas entre os seus líderes. Quase metade das tropas peruanas foram mortas, feridas ou feitas prisioneiras, com o Presidente La Mar e os seus homens na lista de prisioneiros.[35][36]
No Equador, a batalha de Tarqui adquiriu caráter de épico nacional e o dia 27 de fevereiro foi consagrado como o Dia do Exército Equatoriano.[37]
Convênio de Girón
editarComo resultado da batalha de Portete de Tarqui, em 27 de fevereiro de 1829, no campo de Girón foi celebrado o Convénio de Girón no qual foi acordada a desocupação do território da Grã-Colômbia pelas forças peruanas. Foi assinado pelos generais Flores e O'Leary, por parte da Grã-Colômbia e Gamarra e Orbegoso, por parte do Peru. O General La Mar ratificou o acordo, mas não desocupou Guayaquil.[38]
As tropas de Guayaquil, sob o comando do Coronel José Prieto, natural daquele porto, e a esquadra recusaram-se a cumprir-lo no dia 11 de março e o governo de Lima ignorou-o no dia 2 de abril. O General Necochea assumiu o comando de Guayaquil no final daquele mês.[39][40]
A derrota em Portete de Tarqui e a assinatura do Convênio de Girón trouxeram a maior impopularidade à guerra com a Grã-Colômbia e ao governo de La Mar.[41]
Campanha de Buijo
editarA ocupação prolongada de Guayaquil foi prejudicial aos interesses do Peru. À medida que os recursos se tornaram escassos, as tensões aumentaram e o tratamento dispensado aos habitantes tornou-se mais severo. O Comandante Peruano exigiu empréstimos da população com a ameaça de trazer ainda mais destruição à cidade. Muitos cidadãos ilustres de Guayaquil foram encarcerados sob suspeita de conspiração. A situação chegou a um ponto em que os peruanos já eram abertamente condenados nas ruas e o exército grã-colombiano recebia pedidos diários para expulsar as tropas peruanas.[36]
Bolívar decidiu recuperar pessoalmente Guayaquil. Conseguiu chegar a Quito em março de 1829 e seguiu imediatamente para o sul, estabelecendo seu quartel-general em Buijo.
No dia 8 daquele mês, foi realizada uma ação armada do general Juan Illingworth no rio La Bolsa e outra ação de tipo guerrilha em diversos locais.
A campanha, porém, tomaria um rumo imprevisto devido à queda do governo La Mar em Lima. Consequentemente, foi negociada a suspensão das hostilidades e a Convenção de Buijo foi assinada em 27 de junho de 1829.[42]
Fim da guerra
editarGolpe de Estado contra La Mar
editarO caos gerado debilitou o já frágil governo de La Mar e criou as condições para que Gamarra e La Fuente dessem um golpe de Estado.[43] La Mar, disposto a continuar a guerra, retirou-se com suas forças para Piura para reorganizar seu exército, mas foi então que um grupo de oficiais peruanos o prendeu em Piura, na noite de 7 de junho de 1829 e lhe entregou uma carta de Gamarra, por meio da qual pedia-lhe que renunciasse à presidência. La Mar recusou-se a fazê-lo e foi imediatamente transferido para o porto de Paita, onde na madrugada de 9 de junho foi embarcado junto com o coronel Pedro Pablo Bermúdez e seis escravos negros, numa miserável goleta chamada "Las Mercedes", com destino à Costa Rica, onde faleceu algum tempo depois. As razões que Gamarra argumentou para a realização do golpe de Estado foram o fato de La Mar ser um "estrangeiro" no Peru (o que é falso, uma vez que La Mar era peruano tanto por vontade própria como de acordo com a lei) e que sua eleição pelo Congresso nasceu de um arranjo tramado por Francisco Xavier de Luna Pizarro (o que é discutível).[44]
Assinatura da paz
editarGamarra assumiu a presidência provisória do Peru e, ávido por acabar com a guerra, assinou o Armistício de Piura com os grã-colombianos em 10 de julho de 1829, pelo qual foi acordado um armistício de 60 dias, que foi prorrogado no final do referido período, além da entrega de Guayaquil à Grã-Colômbia, ocorrida em 11 de julho, e a suspensão do bloqueio peruano à costa sul grã-colombiana.[45]
Posteriormente, os delegados peruanos e grã-colombianos, José de Larrea y Loredo e Pedro Gual Escandón, reuniram-se em Guayaquil, onde assinaram um Tratado de Paz e Amizade em 22 de setembro de 1829, o chamado Tratado Larrea-Gual.[8] Assim, as hostilidades foram oficialmente encerradas, estabelecendo-se "uma paz perpétua e inviolável e uma amizade constante e perfeita" entre as duas nações.
Notas
editar- ↑ De acordo com o que foi afirmado por José Manuel Restrepo no seu Diario político y militar m 21 de março de 1829.[32]
Referências
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