História de São João del-Rei
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A cidade de São João del-Rei, localizada no sul de Minas Gerais, tem suas raízes no antigo "Arraial Novo do Rio das Mortes", sendo oficialmente elevada à condição de Vila em 8 de dezembro de 1713. Os primeiros sinais de ocupação europeia na região datam de 1696.[carece de fontes] Há também vestígios arqueológicos e historiográficos que indicam ocupação humana desde o período neolítico na região.
Ocupação do território antes da criação do município
editarHabitantes indígenas
editarAntes da chegada dos sertanistas vicentinos e itanhaenses no final do século XVI, o que hoje denominamos sul de Minas Gerais era habitado pelos puri. Esses indígenas viviam em uma sociedade baseada na caça, pesca e coleta de frutos, com uma forte conexão espiritual com a natureza. A cultura puri, rica em rituais e danças, foi retratada por Johann Baptist von Spix em sua obra "Dança dos Puris".[1][2] Com a chegada dos europeus, os puris enfrentaram desestruturação social e perda de território devido às disputas por terras e recursos.
Primórdios da ocupação europeia
editarEntre 1693 e 1694, Padre Faria Fialho, bandeirante natural da Ilha de São Sebastião (São Paulo), liderou expedições que culminaram na descoberta de ouro em 1698 na região de Ouro Preto.[3][4] Expedições subsequentes, como as lideradas por Lourenço Costa e Manoel José de Barcelos em 1704, resultaram na descoberta de ouro na região da Serra do Lenheiro, levando à formação de núcleos de povoamento que dariam origem ao "Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar", mais tarde São João del-Rei.
Formação dos primeiros núcleos populacionais
editarEm 1701, Tomé Portes del-Rei, sertanista e fazendeiro estabelecido anteriormente em Taubaté, parte, na época, da capitania de Itanhaém, foi nomeado guarda-mor da região e fundou o Porto Real da Passagem, um ponto estratégico de travessia do Rio das Mortes. Pouco depois, Lourenço Costa descobriu ouro no Ribeirão de São Francisco Xavier, levando à criação do segundo núcleo de povoamento na região. O terceiro núcleo, o Arraial do Tijuco, foi formado na encosta sul da Serra do Lenheiro, graças às descobertas de Manoel José de Barcelos.
Esses primeiros assentamentos foram fundamentais para o surgimento de São João del-Rei, que se consolidou como um importante centro minerador e ponto de passagem para outras regiões de Minas Gerais.
Os arraiais na região antes da criação da vila
editarEm 1702 foi fundado o Arraial de Santo Antônio por meio da distribuição de datas de exploração aurífera pelo guarda-mor, após a passagem pela região de João de Siqueira Afonso, que descobriu em águas fluviais, sinais na areia e cascalho, favoráveis à presença de ouro. Em torno do estabelecimento do guarda-mor, estava assentado o Arraial do Rio das Mortes, nas imediações do Porto Real da Passagem.
Em 1704, Lourenço da Costa e Manoel João de Barcelos foram os descobridores do grande ouro que deu origem ao Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar, mas fundado pelo guarda-mor de então, Antônio Garcia da Cunha, que havia sucedido Tomé Portes após sua morte em 1702.
Por esta mesma época surgia o Arraial dos Prados, em 1704, com minas na encosta da bacia de um córrego.
E no pé da Serra de São José, onde termina a nordeste, surgia outro núcleo, o Arraial da Ponta do Morro (muito confundido com o Velho), mais ou menos onde está o Bairro de Pinheiro Chagas, na atual cidade de Prados.
Mais ouro descoberto gerou o Arraial do Córrego, no atual território de Santa Cruz de Minas, na mesma época.
Com tudo isto a região se tornou um grande foco de interesse para aventureiros. Os arraiais cresceram e se multiplicaram. Tensões pela influência política e poder sobre as lavras foram se agravando, até culminarem com a Guerra dos Emboabas, um conflito armado que também alcançou vastas regiões de Minas Gerais: principalmente as do rio das Velhas (Sabará), rio das Mortes (São João del-Rei) e Vila Rica. Nas proximidades de São João del-Rei, durante a guerra, ocorreu o episódio conhecido como Capão da Traição.Os primeiros sinais da ocupação europeia na região de São João del-Rei datam de 1696.[carece de fontes]. Oficialmente elevada à condição de Vila em 8 de dezembro de 1713, há vestígios arqueológicos e historiográficos de ocupação humana que podem remeter ao período neolítico na região.
Conflitos pelo ouro: Guerra dos Emboabas
editarA Guerra dos Emboabas (1707–1709) foi um conflito na região das minas de ouro, no atual estado de Minas Gerais, entre bandeirantes paulistas, que haviam descoberto as jazidas, e forasteiros, chamados pejorativamente de "emboabas", que chegavam em busca de riquezas. O líder dos emboabas, Manuel Nunes Viana, enfrentou Borba Gato, chefe dos paulistas, em uma disputa sobre o direito à exploração do ouro.
A guerra resultou em várias batalhas, incluindo o massacre de paulistas no episódio conhecido como Capão da Traição, possivelmente ocorrido na região do Rio das Mortes. Ao final, os emboabas saíram vitoriosos, e a região das minas foi reorganizada sob maior controle da Coroa portuguesa. O conflito foi um marco na história colonial, refletindo as tensões entre diferentes grupos coloniais pelo controle das riquezas minerais do Estado do Brasil.
Criação da Vila
editarEm 1713, a prosperidade da região levou à elevação do arraial à condição de vila, que recebeu o nome de São João del-Rei em homenagem ao rei Dom João V de Portugal.
Durante o século XVIII, a economia local era sustentada pela escravidão, com destaque para a agricultura e a pecuária, o que possibilitou seu crescimento contínuo, mesmo com o declínio da mineração após 1750.
A crise do sistema colonial e a decadência da mineração de ouro aumentaram as tensões na região, levando à formação de movimentos como a Inconfidência Mineira em 1789. São João del-Rei foi escolhida para abrigar a nova capital da república planejada pelos inconfidentes, mas o movimento foi frustrado com a denúncia de Joaquim Silvério dos Reis.
Cabeça de comarca
editarEm 1714, passou a ser a sede da recém-criada Comarca do Rio das Mortes, parte da capitania de São Paulo e Minas do Ouro, sendo, a partir de 1720, incorporada à capitania de Minas Gerais.
Elevação à Cidade
editarJá em princípios do século XIX, São João del-Rei destacava-se por seu comércio desenvolvido e por ser um importante centro urbano em Minas Gerais. Em 1838, foi elevada à condição de cidade, contando com cerca de 1.600 casas distribuídas em 24 ruas e 10 praças.
Quase capital do estado
editarNo final do século XIX, a cidade se modernizou com a instalação da Estrada de Ferro Oeste de Minas em 1881 e da Companhia Industrial Sanjoanense de Fiação e Tecelagem em 1893. Nessa época, foi cogitada a mudança da capital de Minas Gerais para São João del-Rei, especificamente na região da Várzea do Marçal. Contudo, após debates, a escolha recaiu sobre Curral del-Rei.
Tombamento
editarApesar de perder importância econômica com a escolha de Belo Horizonte como capital, São João del-Rei manteve seu charme colonial, sendo admirada por artistas modernistas como Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade. Em 1943, seu conjunto arquitetônico e artístico foi tombado pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan), preservando suas construções civis e religiosas de grande valor histórico.
Referências
- ↑ «Há tempos apreciada...». Idas Brasil. Consultado em 1º de janeiro de 2015
- ↑ «A Lenda dos Diamantes - Lenda de Diamantina». Descubra Minas. Consultado em 1º de janeiro de 2015
- ↑ H. V. Castro Coelho. «Genealogia Paulistana - Título Farias Sodrés (Primeiras Gerações)» (PDF). Revista da ASBRAP (2): 139 - 151. Consultado em 7 de dezembro de 2018. Cópia arquivada (PDF) em 19 de julho de 2018
- ↑ Instituto Histórico, Geográphico e Etnográphico do Brazil (1872). Revista trimensal do Instituto Histórico, Geográphico e Etnográphico do Brazil. 35. Rio de Janeiro: Instituto Histórico, Geográphico e Etnográphico do Brazil. p. 270
Bibliografia
editar- CINTRA, Sebastião de Oliveira. Galeria das personalidades notáveis de São João del-Rei. São João del-Rei: FAPEC, 1994.
- CINTRA, Sebastião de Oliveira. Efemérides de São João del-Rei. Belo Horizonte, Imprensa Oficial, 1982.
- COELHO, Ronaldo Simões. Primeira unidade psiquiátricva em hospital-geral no Brasil.In: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, n.1, 1973. p. 4-9.
- DANGELO, André G.D. (Org.). Origens históricas de São João del-Rei. Belo Horizonte: BDMG Cultural, 2006.
- GUIMARÃES, Fábio Nelson. Fundação Histórica de São João del-Rei. São João del-Rei: Progresso, 1961.
- GUIMARÃES, Fábio Nelson. Antônio Garcia da Cunha, o fundador de São João del-Rei. São João del-Rei. 1966.
- GUIMARÃES, Fábio Nelson. Ruas de São João del-Rei. São João del-Rei: FAPEC, 1994.
- GAIO SOBRINHO, Antônio. História do Comércio de São João del-Rei. São João del-Rei: Sindicato do Comércio, 1997.
- GAIO SOBRINHO, Antônio. História da Educação em São João del-Rei. São João del-Rei: FUNREI, 2000.
- GAIO SOBRINHO, Antônio. Visita à Colonial Cidade de São João del-Rei. São João del-Rei: FUNREI, 2001.
- TIRADO, Abgar A. Campos. Nomes que ilustram nossa terra. In: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, n. 11, 2005. p. 155-171.