Ilídio Salteiro, (Alpedriz, Alcobaça; 6 de fevereiro de 1953) é um artista plástico que reside e trabalha simultaneamente em Lisboa e no Algarve e que, desde os anos 70, desenvolveu uma produção artística regular e ininterrupta.

Ilídio Salteiro
Ilídio Salteiro
Nascimento 06 de fevereiro de 1953 (71 anos)
Alpedriz, Alcobaça
Residência Lisboa
Nacionalidade Portugal portuguesa

Ilídio Salteiro formou-se em Pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (hoje Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa) e obteve o mestrado na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Completou o doutoramento em pintura na FBAUL onde foi professor durante mais de 25 anos, no departamento de Pintura. Jubilou-se em 2023.

Iniciou a sua carreira profissional simultaneamente como professor de pintura e artista plástico em 1979. O seu trabalho recebeu a influência dos movimentos seus contemporâneos do período pós-modernista: as transvanguardas italianas, os neo expressionismos, a neofiguração.

Durante a sua formação Ilidio Salteiro beneficiou de uma bolsa de estudo da Fundação Calouste Gulbenkian (1976 e 1979). Nos anos 80 foi um dos fundadores da cooperativa de dinamização cultural “A Barca” tendo nesse âmbito feito o restauro de um barco tradicional do rio Tejo, uma fragata[1], no que foi um projeto apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Unesco.

Como professor e investigador desempenhou os cargos de vice-presidente presidente do Conselho Científico da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa tendo também sido presidente do CIEBA, Centro de Investigação e Estudos em Belas Artes. A carreira artística de Ilídio Salteiro assenta no pressuposto de que "a arte ao invés de ser um adjetivo, é acima de tudo um objetivo. Uma experiência da investigação artística capaz de ser um modo de criar conexões e partilhas."[2]

Na sua obra reflete sobre as questões do espaço da pintura e estrutura-a de acordo com os conceitos ancestrais de paisagem, onde cada elemento ou objeto aparece sobre a forma de arquétipo. As suas obras são construídas com cores bem definidas numa paleta de azuis, terras e ocres amarelos. Espaço, matéria, ausência e tempo, "são marcantes, e a sua pintura assume-se como um ato de verdade que o leva a afirmar que ela cumpre a função de ligar o que está desligado, e de ajudar a decifrar as coisas da vida." [3]

Em 2013 apresentou uma ampla instalação de pintura no Museu Militar de Lisboa a que deu a designação de «O centro do mundo é aqui», onde "a fala é de concerto e desconcerto: é uma fala que deseja ser, de utopia. Fala de resgate, fala de revolução, fala da Declaração dos Direitos do Homem, por exemplo. Fala-se de cidadania, mas recusa-se a geografia política. Contraria-se os centrismos modernistas e as rotas económicas. O centro do mundo é onde eu penso o mundo, o centro do mundo é onde eu imagino o mundo. O centro do mundo manifesta-se aqui."[4]

Em 2024 apresentou, no Salão da Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, um grande conjunto de obras, realizadas nos seis anos anteriores, “Mundo Novo,” onde o que prevalece é uma atitude claramente meta-pictural em que se reinventa a possibilidade de uma pintura nos dias de hoje.[5]

Ilidio Salteiro está representado em numerosas coleções publicas e particulares de entre as quais: Caixa Geral de Depósitos, Fundação Calouste Gulbenkian, Câmara Municipal de Lisboa e Sociedade Nacional de Belas Artes.

Algumas exposições:

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Referências

  1. Vasconcelos, Henrique; Monte, Luís (17 de setembro de 1989). «Restauro de uma fragata do Tejo». RTP Arquivos. Jornal de Domingo. Consultado em 21 de outubro de 2024 
  2. García López, Antonio (2019), «Ilidio Salteiro: Paisajes Enlazados», in García López, Antonio e Salteiro, Ilídio, Paisajes Enlazados, Lisboa: CIEBA, Centro de Investigação e Estudo em Belas Artes. ISBN: 978-989-8944-11-5. Consultar em https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/38686/2/ULFBA_E_v10_iss25_p56-64.pdf
  3. Pereira, Cláudia Matos (2018). «Ilídio Salteiro: Pensamento, Partilha e Comunicação Visual, a Pintura Contemporânea como Ato de Religare» Revista Estúdio, Criadores Sobre outras Obras (livro de resumos), Lisboa: CIEBA – FBAUL, Volume 9, número 22, pp148-159. ISBN: 978-989-8771-96-4. Consultado em 8 de janeiro de 2020 em http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1647-61582018000200015#c0
  4. Queiroz, João Paulo (2013). «Propostas para “o centro do mundo”: as pinturas de Ilídio Salteiro» Revista Estúdio, artistas sobre outras obras. Lisboa: FBAUL-CIEBA, ISSN: 1647-6158, e-ISSN:1647-7316. Vol 4, N.8. pp 310-19. https://repositorio.ul.pt/handle/10451/20014
  5. Pereira, Fernando Antonio Baptista (2024): Ilídio Salteiro. Folha de Sala. Exposição “Mundo Novo,” de 7/2 a 2/3 no Salão. Sociedade Nacional de Belas Artes.