Jalma Jurado
Jalma Jurado (Indaiatuba, 18 de junho de 1937 — 8 de maio de 2022)[3] foi um cirurgião plástico brasileiro.[5][4] PhD em Medicina pela USP, foi por mais de très décadas professor de cirurgia plástica na Faculdade de Medicina de Jundiaí[4] e por anos presidiu o Lions Clubs International de Indaiatuba, no interior paulistano.[6][2] É reconhecidamente o médico que fez mais cirurgias de adequação genital no Brasil.[5]
Jalma Jurado | |
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Conhecido(a) por |
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Nascimento | 18 de junho de 1937 (87 anos) Indaiatuba[2] São Paulo |
Morte | 8 de maio de 2022[3] Indaiatuba |
Residência | Brasil |
Nacionalidade | Brasileiro |
Alma mater | Universidade de São Paulo (USP) |
Instituições | Faculdade de Medicina de Jundiaí[4] |
Campo(s) | Medicina |
Carreira
editarPioneirismo
editarPor décadas o Dr. Jalma Jurado fez parte dos quadros do Departamento de Cirurgia Plástica da Faculdade de Medicina de Jundiaí – SP, onde foi cirurgião-chefe.[4] Por quatro décadas é associado do Lions Club de Indaiatuba, onde é ocupou cargo de direção, tornando-se reconhecido por fomentar campanhas de conscientização contra o câncer de pele, a aids e as de cunho ecológico.[6][2]
Tornou-se nacionalmente conhecido por ser o pioneiro em cirurgias de redesignação sexual de qualidade no Brasil para mulheres transexuais (transexuais de homem para mulher).[5][1] O cirurgião desenvolveu sua própria técnica em 1984, em Jundiaí, e a denominou «técnica de retalho neuroarterial». Com ela já adequou mais de quinhentas mulheres transexuais ao novo sexo,[5] tanto brasileiras quanto estrangeiras. Além de preservar as enervações que proporcionam o prazer durante o sexo, sua técnica dificulta os riscos de haver uma estenose vaginal com o passar dos anos, em virtude da pouca dilatação no órgão recém-criado, o que é ideal para transexuais maduras que têm em geral pouca ou nenhuma vida sexual ativa.
Dentre suas pacientes brasileiras publicamente conhecidas, destacam-se a sexóloga Martha Freitas[1] e a militante do movimento LGBT Maitê Schneider, na qual reparou problemas que surgiram de uma cirurgia feita com outro cirurgião.
Cirurgias no Brasil
editarEm 1997, a cirurgia foi normatizada e legalizada pelo Conselho Federal de Medicina, dando o pontapé inicial para uma série de transgenitalizações no Brasil. Um ano depois, Bianca Magro seria a primeira transexual brasileira a se submeter à técnica. A cirurgia foi realizada na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sendo considerada a primeira transgenitalização legalizada no Brasil. Nesse país, a primeira cirurgia de mudança de sexo foi realizada em 1971 pelo cirurgião Roberto Farina. Contudo, a polêmica gerada pelo caso o levou a ser condenado em 1978 a dois anos de reclusão sob alegação de haver infringido o disposto no artigo 129, § 2°, III, do Código Penal Brasileiro. O processo foi movido pelo Conselho Federal de Medicina, que o acusou de “lesões corporais”.[7]
Em entrevista à revista Época, em 2002, o cirurgião afirmou:
Em 2003, durante o 18° Simpósio Bienal da WPATH, na Bélgica, Dr. Jurado teve apenas cinco minutos para se expressar. Infelizmente, o tempo que lhe foi dado não foi suficiente para apresentar suas revolucionárias técnicas de cirurgia. O cirurgião acredita que a questão da transexualidade deva ser enquadrada no âmbito das intersexualidades não-orgânicas.[8]
Em 3 dezembro de 2014, o Conselho Federal de Medicina emitiu liminar impedindo-o de executar cirurgias de mudança de sexo.[9] Uma medida anterior do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo já o havia impedido de exercer quaisquer atividades médicas, contudo o Conselho Federal revogou tal medida voltando a decisão apenas a cirurgias em transexuais.[9] À decisão cabe recurso.[9]
O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, após instauração de inúmeros processos ético-disciplinares por denúncias de pacientes relatando erros médicos , decidiu por nova interdição cautelar total, cassando o direito profissional de Jalma Jurado, que está inativo desde 06/10/2015.
Dr. Jurado faleceu no dia 8 de maio de 2022 na cidade de Indaiatuba.[10]
Ligações externas
editar- Revista Época – entrevista com Dr. Jalma Jurado
- Revista Época - Um cirurgião sob suspeita
- Revista Época - Cirurgião acusado de erros por transexuais é proibido de atuar
- Jornal de Jundiaí - Clínica Jalma Jurado é interditada pela Vigilância Sanitária
- Jornal de Jundiaí - Médico Jalma Jurado é interditado cautelarmente após denúncias de pacientes
- Jundiaí notícias - Cremesp afasta novamente o médico Jalma Jurado
Referências
- ↑ a b c d Cristiane Segatto (21 de novembro de 2002). «Nasce uma mulher». Revista Época, edição nº 236. Consultado em 21 de março de 2014
- ↑ a b c Da redação (2007). «Caderno B». Tribuna de Indaiatuba. Consultado em 22 de março de 2014. Arquivado do original em 3 de setembro de 2009
- ↑ a b Da redação (9 de maio de 2022). «Morre o médico Jalma Jurado, ex-diretor da FMJ». Jornal da Região. Consultado em 24 de agosto de 2022
- ↑ a b c d Adm. do sítio web (2013). «O Cenário da Faculdade de Medicina de Jundiaí». Faculdade de Medicina de Jundiaí. Consultado em 22 de março de 2014
- ↑ a b c d Da redação (2010). «Prazer, eu sou Luciano(a)». Revista TPM. Consultado em 21 de março de 2014. Arquivado do original em 22 de março de 2014
- ↑ a b Adm. do sítio web (5 de julho de 2010). «Prefeito participa de formatura das Oficinas Profissionalizantes». Portal da Prefeitura Municipal de Indaiatuba
- ↑ Da redação (19 de abril de 2008). «Sargento transexual quer continuar no Exército». Portal Terra. Consultado em 22 de março de 2014
- ↑ Adm. do sítio web (1997). «Cirurgia transgenital». Portal Médico. Consultado em 22 de março de 2014
- ↑ a b c Carina Reis (5 de dezembro de 2014). «Médico que atende em Jundiaí é impedido de fazer cirurgias de troca de sexo». Jornal de Jundiaí. Consultado em 14 de dezembro de 2014. Arquivado do original em 3 de março de 2016
- ↑ Machado, Ivan (9 de maio de 2022). «Morre o médico Jalma Jurado, ex-diretor da FMJ». JORNAL DA REGIÃO. Consultado em 14 de julho de 2022