Jean-Baptiste Labat

Jean-Baptiste Labat (Paris, 1663 — Paris, 1738), mais conhecido por Abade Labat ou Padre Labat, foi um missionário dominicano, explorador e geógrafo, que se notabilizou como historiador, etnógrafo e botânico. É autor de minuciosas descrições de diversas regiões dos trópicos.

Jean-Baptiste Labat
Jean-Baptiste Labat
דיוקן בתחריט מ-1742 מאת אנדרה בואי וס. מאטה
Nascimento 5 de setembro de 1663
Paris
Morte 6 de janeiro de 1738 (74 anos)
Paris
Cidadania França
Ocupação missionário, colonizer, plantador, etnologista, engenheiro, historiador
Religião catolicismo

Biografia

editar

Jean-Baptiste Labat foi ordenado padre em Paris no ano de 1685, prosseguindo estudos em Nancy.

Em 1693, oferece-se para partir como missionário para as Antilhas, obtendo o assentimento dos responsáveis pela Ordem de São Domingos naquele região, para onde parte nesse mesmo ano. Chega à Martinica a 29 de Janeiro de 1694, onde se junta aos padres dominicanos que trabalhavam na paróquia de Macouba, onde permanece dois anos, tendo dirigido a construção de diversos edifícios e o aproveitamento de terras.

Em 1696, parte para Guadeloupe e para a ilha de Dominica, mas pouco depois foi nomeado síndico da sua ordem para as Antilhas, retornando à Martinica.

Nas suas funções, visitou as Antilhas francesas, holandesas e britânicas, de Grenada à Hispaniola. Nas suas obras, Labat descreveu múltiplos aspectos da sociedade caribenha, com destaque para a escravatura. Nas suas obras inclui nota, datada de 1698, onde assinala a paixão pela dança dos escravos africanos na Martinica.

As suas obras são também um interessante relato da pirataria nas Caraíbas, com detalhadas descrições dos flibusteiros mais conhecidos e das suas práticas e feitos, constituindo uma das principais fontes primárias para o estudo daquela época. Foi também o fundador da paróquia de Le François, naquela ilha.

Fundou a industria açucareira de Fonds-Saint-Jacques em Sainte-Marie, na Martinica, tendo uma grande influência na modernização da cultura da cana-de-açúcar e do seu aproveitamento industrial.

Dirigiu a fortificação e a preparação da defesa de Guadeloupe contra os britânicos, tendo tomado parte nos combates que se seguiram ao assalto à ilha lançado por aqueles em 1704. Nesse mesmo ano foi nomeado vice-prefeito apostólico nas Antilhas francesas.

Em 1706 regressou à Europa, fixando-se na Itália onde redige a sua obra mais conhecida, a Nouveau Voyage aux isles Françoises de l'Amérique.

Apesar de ter tentado obter autorização para regressar às Caraíbas, nunca conseguiu obter autorização dos superiores da sua Ordem. Mudou-se para em 1716, tendo vivido no convento dominicano de Saint-Honoré até ao seu falecimento.

Durante os seus anos finais empreendeu a redacção de profundos trabalhos sobre a história das Antilhas, os quais, sob o título de ‘’Nouveau Voyage aux isles Françoises de l'Amérique’’, foram publicados em Paris no ano de 1722, em 6 volumes. A obra inclui numerosas ilustrações da autoria do próprio Padre Labat. Esta obra foi traduzida para neerlandês em 1725 e para alemão em 1783.

Utilizando notas fornecidas por outros missionários dominicanos, publicou em seguida diversas obras de carácter geográfico e histórico sobre outras regiões, com destaque para a África ocidental.

Diz-se que quando esteve nas Antilhas inventou, para tratar uma febre, uma aguardente de cana, a qual será a origem do actual rum. Em consequência, na ilha de Marie-Galante, existe uma destilaria artesanal que produz um afamado rum que perpetua o nome do Père Labat.

Colaborou com o botânico Charles Plumier no estudo da flora das Antilhas, colectando e descrevendo diversas espécies novas.

Na Martinica, o termo crioulo pèrlaba, derivado de Père Labat, ainda é utilizado para descrever alguém engenhoso e com inteligência superior à norma.

O género Labatia, descrito em 1788, foi assim denominado em honra de Labat. Manteve-se como uma entidade taxonómica distinta até aos anos de 1930, quando foi incluído no género Pouteria. Em 1972, foi parcialmente restabelecido como um novo género denominado Neolabatia.

Bibliografia

editar

Ligações externas

editar