Koineização é o processo em que vários dialetos de uma mesma língua se modificam mutuamente e chegam a uma língua comum, a koiné. Nesse processo, os falantes de cada dialeto, capazes de se compreender mutuamente, entram em contato próximo. A interação leva a mudanças progressivas em ambos os lados até que são eliminados os traços mais marcados e discrepantes, já que durante o contato entre dialetos, os falantes tendem a usar vocabulário e estruturas mais comuns, em detrimento do uso de regionalismos.[1] Nesse ponto surge, então, a koiné.

O termo koineização vem de koiné (do Grego arcaico κοινή, "língua comum") que originalmente dizia respeito à língua franca falada na Grécia Antiga, provinda de uma convivência de gregos de diferentes origens.[2].

História

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Pode-se identificar mudanças no grego ático já desde o século V a.C., através de relatos que criticam a “impureza” da língua falada. A situação de contato se deve em grande parte ao porto de Peiraieus em Atenas, onde se encontravam gregos provenientes das mais diversas regiões. Houve, sobretudo, o contato do ático com o jônico, através da política, da guerra e do comércio, além da presença de jônicos em Atenas. Uma confirmação dessas influências foi a adoção do alfabeto jônico em Atenas em 403 a.C., embora a língua literária sempre tenha se aproximado mais da prosa ática. Essa uma mistura cada vez maior de diferentes falares abriu caminho para o surgimento da koiné.[3]

Mais tarde, a koiné se tornou a língua oficial do império da Macedônia, estendendo seu aprendizado como segunda e até primeira língua a locais mais longínquos.[3]

Conceitos

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O termo koiné na linguística é usado de maneira difusa em torno da ideia central de “resultado de uma mistura de dialetos”. Pode-se encontrar o termo em uma enorme gama de descrições. Entre as quais, há a de que seria qualquer língua ou dialeto falado em uma área geral onde anteriormente se falavam línguas ou dialetos locais;[4] bem como a de que é qualquer língua diferente da nativa que um falante compartilha com os falantes de outras línguas,[5] sendo essa bastante próxima da definição de pidgin. Adicionalmente o termo koiné é também definido como o dialeto padrão usado em uma determinada região politicamente unificada;[6] e, finalmente, como uma língua planejada, não decorrente espontaneamente do contato.[7]

Contudo, pode-se identificar algum consenso sobre a ideia de que uma koiné deve ter suas raízes na mistura de um número maior de dialetos de uma mesma língua, e é usada como um meio de comunicação comum dos falantes desses dialetos,[8] que a aprendem como primeira ou segunda língua. Outro aspecto importante é o fato de que a koiné frequentemente é considerada uma fala mais “correta” da língua, senão o seu dialeto padrão.[9]

Quando se estabiliza, uma koiné, pode ser vista como uma nova língua,[10] tornando-se utilizada na literatura, na educação e assumindo o papel de primeira língua dos falantes com o passar do tempo.[2]

Distinções importantes

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A koineização diz respeito à junção de vários dialetos resultando em um produto novo, utilizado de modo relativamente padronizado por todos os falantes dos dialetos originais. Já a nivelação linguística, que tem algumas das mesmas características, pode acontecer também entre um dialeto e uma língua já padronizada, e culmina na erradicação de vários atributos (ao passo que a koineização também cria novos atributos).[2]

A koiné também se diferencia do pidgin — este ocorre em uma situação social bastante específica, de contato econômico (principalmente mercantil) entre línguas que podem ser totalmente diferentes. Em um primeiro momento é reduzido em vocabulário e estrutura, e só se estabiliza e assume características de uma língua funcional quando passado como língua nativa para as próximas gerações, tornando-se assim uma língua crioula. A koiné não necessariamente passa por esse estágio, e ocorre entre dialetos em grande parte mutuamente compreensíveis.[11]

Exemplos

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Embora a definição de koiné ainda não seja consenso, podem ser enumerados alguns exemplos desse fenômeno. Entre eles figuram:

  1. o alemão padrão;[12]
  2. o hindi;[13]
  3. o hebraico moderno;[14]
  4. o inglês vernáculo afro-americano;[15]
  5. o suaíli do Congo;[16]
  6. o iorubá padrão,[17] e outros.

Referências

  1. Samarin, 1971:13
  2. a b c Siegels
  3. a b THOMSON 1960:34
  4. Oxford English Dictionary, 1976
  5. Hill, 1958:443
  6. Hartmann & Stork, 1973:123
  7. Pei, 1966:139
  8. De Graff, 1932:xxxvii
  9. Dillard, 1972:302
  10. Hymes, 1971:79
  11. Koineization in medieval Spanish
  12. Germanic Review I(4):297 [1926]
  13. Hartmann & Stork I973:123; Hill 1975:444
  14. Blanc i968:237-51
  15. Muhlhausler 1982:8
  16. Nida & Fehderau 1970:152
  17. Bamgbose I966:2

Bibliografia

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  • ADRADOS, F. A History of the Greek Language: from its origins to the present. Leiden and Boston: Brill, 2005.
  • SIEGEL, J. , Koines and koineization., Language in Society, 14 (3): 357–378, (1985).
  • TUTEN, D. Koineization in Medieval Spanish. Berlin: De Gruyter Mouton, 2003.