A língua iranxe (irantxe, iranshe), também conhecida como menqui (mükü, mỹky[3]), é uma língua indígena falada no Mato Grosso pelos iranxes. É, geralmente tida como não classificada devido à falta de dados, com descrições mais recentes tendo-a como língua isolada, dizendo que "não tem qualquer semelhança com outras famílias linguísticas",[4] embora esta conclusão talvez não seja baseada em novos dados.[5]

Iranxe

Manoki

Outros nomes:Irantxe
Falado(a) em: Mato Grosso
Região: Brasil
Total de falantes: 40[1]-190[2]
Família: Língua isolada
 Iranxe
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---
ISO 639-3: irn

Divisão

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Os 258 iranxes foram, em grande parte assimilados à cultura brasileira. A maioria é monolíngue em português, com falantes de iranxe tendo mais de 50 anos de idade.

Um grupo separado, os menquis (mynky, münkü, munku, menku, kenku, myy), no entanto, mudou-se para escapar da assimilação, e permaneceram isolados até 1971. Em 2003, havia 38 pessoas na aldeia menqui, mas nem todos etnicamente menquis, e outros monolíngues em português. Entre os menquis, no entanto, o idioma está sendo passado para os filhos. A maioria dos iranxes sabe escrever português, enquanto a maioria dos menquis é analfabeta.

Gramática

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Monserrat observa que há muita riqueza nos verbos da língua, que classifica entre ativos e não-ativos, subclassificando estes últimos em estativos e não-estativos. A autora observa as seguintes categorias flexionais no verbo:[6]

  • Discurso: Função não muito clara, apesar de haver clara diferenciação entre os morfemas -nã- e -namã.
  • Pragmática I: Índices que identificam a relação entre os falantes segundo sexo, geração e hierarquia.
  • Pragmática II: Relação de classe entre o falante e o sujeito.
  • Discurso Interior: Comprometimento do falante em relação à mensagem.

Os morfemas verbais se organizam da seguinte forma: radical; aspecto; pessoa e número do objeto; pragmática II; evidencial II; habitual; tempo; pessoa e número do sujeito; modo; discurso interior; pragmática I; discurso.

Fonologia

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Monserrat, que escreveu uma gramática completa sobre a língua Mỹky, postula uma série de oclusivas palatalizadas. Por diversas razões, no entanto, o revisor D'Angelis sugere que estas são simplesmente sequências /Cj/.[5][6]

p t k ʔ
m n
s h
w l~r j

/m/ é opcionalmente [mb] no começo das palavras, especialmente entre os iranxes: muhu [mbuhu], mjehy [mbjɛhɨ]. /s/ é pronunciado como [ʃ] diante de /j/. [r] e [l] estão em variação livre.

Há 28 vogais: sete qualidades, /i ɨ u ɛ ə ɔ a/, todas podendo ser curtas ou longas, orais ou nasais. O schwa, no entanto, alterna com /ɛ/, em muitas palavras. As sílabas podem ser CjVC, embora as palavras não terminem em consoante. O papel do tom não é claro. A língua apresenta algum grau de harmonia vocálica e nasal.

Vocabulário

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Algumas palavras da flora e fauna selecionadas de Monserrat (2010):[7]

Número Português Mỹky
1 abacaxi aa̱’y
10 esp. gambá grande komja’i
39 esp. urutau-grande mu’i/muxi
42 cará ona’a
44 jacu o’u
45 buriti o’u
51 bicho-de-pé, pulga, carrapato pay’y (? paỹ’ỹ)
55 esp. arara de cabeça grande ta’a
56 buriti to’u
57 tesoureiro, esp. pássaro tutu’i
61 tamanduá bandeira xiki’i
62 gavião-fumaceira xika’ã
64 paca ahi
69 tucano akohi
72 jacutinga karuhi
76 zogue-zogue matohu/matosi
83 pintado, jaú míamohu
91 abóbora myma̱hy
103 esp. curiango patahu
106 bicho-preguiça saohu
118 caramujo waohu
132 peixe-cachorro atiwuy (atiwuli)
135 sapê ápjuwy (ápuli)
136 sarro, esp. peixe á̱tay (á̱tyli)
139 esp. jandainha do mato ĩkãwãi/ĩkawãxi (ĩkawãli)
141 periquito-estrela ĩkuwãi/ĩkuwãxi (ĩkuwãli)
142 jaboti ikuwy (ikuli)
144 jacamim injawuy (injawuli)
148 manduri-preto iwowy (iwoli)
152 micuim jakokai (jakokali)
161 onça junai (junali)
163 (correição) esp. formiga kaanãi (kalanãli)
169 tucura kawai (kalali)
173 jararaca kjãkai (kjãkali)
177 esp. piava vermelha koi ~ kowy/koxi (koli)
178 gambá kowy (koli)
180 esp. cabacinha kuruwu (kuruli)
181 esp. cará amargo makawai (makawali)
186 bicho-preguiça matawai (matawali)
187 paraguaçu matowali (matowali)
198 porco, caitetu mówy/móxi (móli)
199 beiju de casquinha mỹjuwy (mỹjuli)
200 cachorro do mato mỹkokai (mỹkokali)
206 ariranha, lontra njãwỹ
208 esp. jacu ojawuy (ojawuli)
218 grilo taka̱y (takeli)
224 esp. marimbondo taupai (talupali)
225 esp. melão do chão taâxai (talâxali)
226 alma-de-gato, esp. passarinho tikjei/tikjexi (tikjeli)
227 jacaré tiwakai (tiwakali)
231 esp. pica-pau tumãi (tumãli)
233 melão de lobo wairuwy (waliruli)
234 coatá wãkãũy (wãkãnũli)
237 formiga quem-quem wawai (wawali)
243 esp. mosca xixipjai (xixipjali)
245 cogumelo katau (katalu)
246 beija-flor kãwãu (kãwãlu)
247 curiango kujãu (kujãlu)
251 esp. cará (peixe) pau/pasi (palu)
253 socó-boi wanũu (wanũlu)
254 coró de soveira amjapuri
258 macaco paraguaçu jawuri
272 anta opyri
274 esp. araruta redonda pajari
298 arara kataty
300 pica-pau kaỹty
303 tartaruga kõty (tb. kõxi, kõtxi)
305 coró, larva mjaty
315 pequi taty
319 esp. perereca kãĩti
320 esp. tocandira mãrixeti
321 chocalho miti
324 cipó-imbé wãkapaiti
341 pacu-peba kaapy
345 vagalume kaỹpy
352 borrachudo mỹpy/mỹpxi
355 peixe-agulha okupy
358 esp. macuco papaãpy
369 esp. camaleão d'água toỹpy
370 peroba xapy
371 louva-a-deus xinõpy
373 peida-peida, esp. percevejo xõpy
381 formiga-de-fogo á̱nãkyky
383 carpinteiro inĩkapky
384 bacava jáky
386 esp. coruja kaa̱ta̱ky
387 morcego maky (tb. maksi)
409 esp. formiga pequena wapakypyky
415 esp. aranha vermelha mijaki
435 jenipapo janã
445 carandá kaãnã
459 esp. cará mójonã
462 chicha de mandioca mỹkjanã
491 jaú, pintado urukunã
492 esp. traíra da lagoa wãjonã (wajunã)
493 carapanã wãnỹnã (wãrỹnã)/wãnỹnãsi
503 guariroba kunỹ
506 lobinho, raposa mynỹ/mỹxi
509 esp. gralha tanynỹ
526 manhoso (wãjãiní urtiga) mjanĩ
528 maraca xainĩ
529 esp. gavião xinĩ/xĩxi
530 esp. periquito xunĩ/xũxi
535 imbirici kunanã
537 porco, queixada mójamã
553 esp. mambucão xinémã
555 saburá, angu de abelha njãkymỹ
559 carobinha (árvore) ximỹ
560 paxiúba amũ
565 coró de buriti jamomũ
566 cachorro do mato kutanũ
568 pernilongo mõkunãwynũ

Outras palavras:[7]

Referências

  1. Irantxe no Ethnologue (18th ed., 2015)
  2. Dixon & Alexandra Y. Aikhenvald (eds.), The Amazonian languages. Cambridge: Cambridge University Press, 1999. ISBN 0 521 57021 2.
  3. D’Angelis, W. R. (2010). A língua do povo Myky. LIAMES: Línguas Indígenas Americanas, 10(1), 129-136. https://doi.org/10.20396/liames.v10i1.1515
  4. Arruda, Rinaldo. 2003. Iranxe Manoki. Instituto Socioambiental.
  5. a b Monserrat, Ruth. 2010. A língua do povo Mỹky. Campinas: Editora Curt Nimuendajú. ISBN 9788599944189
  6. a b D’Angelis, Wilmar. 2011. Resenha de Monserrat (2010). LIAMES – Línguas Indígenas Ameríndias, vol 10.
  7. a b Monserrat, Ruth Maria Fonini. 2010. A língua do povo Mỹky. Campinas: Editora Curt Nimendajú.

Bibliografia

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Ver também

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