Tapayuna ou kajkwakratxi é uma língua falada pelo povo indígena Tapayuna (também conhecido como beiço de pau ou suyá ocidentais e autodenominados kajkwakratxis, “os do começo do céu, leste”[2]) que pertence ao tronco linguístico Macro-Jê, família . A língua é atualmente falada na aldeia do seu próprio povo, Kawêrêtxikô (localizada na Terra Indígena Kapôt-Jarina), e na aldeia do povo Suyá, Ngôsôgô (localizada na Terra Indígena Wawi), ambas ao norte do estado do Mato Grosso. Em 2015, a língua possuía menos de 100 falantes na aldeia Kawêrêtxikô e um número desconhecido de falantes na aldeia Ngôsôgô.[1] Atualmente, a língua está em risco de extinção por conta do baixo número de falantes e por ter sofrido grande influência de outras línguas predominantes (Kayapó, Suyá e português) na região onde era e ainda é falada.[3]

Tapayuna

Kajkwakratxi

Falado(a) em:  Brasil
Região: Terra Indígena Kapôt-Jarina e Terra Indígena Wawi, no nordeste do estado do Mato Grosso
Total de falantes: Cerca de 100 [1]
Família:
 Tapayuna
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---
Mapa das aldeias onde a língua tapayuna é falada

No geral, a língua tem muitas similaridades com as línguas Suyá e Kayapó, também da família Jê. Apesar das antigas afirmações de que o Tapayuna era virtualmente idêntico ao Suyá, hoje já há evidências que atestam as diferenças.[4]

Mesmo havendo alguns estudos comparativos entres as línguas Jê, há poucos dados e estudos sobre a língua Tapayuna em si. A maioria das informações foi retirada dos estudos da professora Dra. Nayara da Silva Camargo.

História

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A história da língua Tapayuna é conturbada em razão do etnocídio presente na história do seu povo.

Até a década de 1960, o povo vivia relativamente bem na região próxima ao rio Arinos, onde atualmente é o município de Diamantino, no Estado de Mato Grosso, em aproximadamente 10 aldeias. Na época, a população Tapayuna era estimada em 400 indígenas, de acordo com estudos de Anthony Seeger (1974)[4]. Porém, por conta da rica natureza do local, a região virou alvo de seringueiros, madeireiros e garimpeiros, que queriam tomar posse do território. Após os numerosos conflitos, os somente 41 Tapayunas restantes foram transferidos para o Parque Indígena do Xingu pela FUNAI no início da década de 70. Com isso, o povo passou a ter intenso contato com o povo Kı͂sêdjê (Suyá), que habitava a região. Após um período, no final da década de 80, os Tapayuna se mudaram para a aldeia Me͂tyktire, território Me͂be͂ngôkre (Kayapó), ficando ali até 2009. Como consequência do contato com outros povos que eram predominantes na região onde habitavam, a língua e os costumes Tapayuna foram sendo retraídos e deixados de lado. Inclusive, na escola da aldeia Me͂tyktire, apenas o português e a língua Me͂be͂ngôkre eram ensinados pois os Tapayuna preferiam assim. Muitos Kajkwakhratxi falavam apenas Kayapó ou Suyá por causa do contato e da semelhança entre elas.[1]

Exemplos que evidenciam a semelhança entre as línguas Tapayuna, Kı͂sêdjê e Me͂be͂ngôkre:[1][5]

Português Kı͂sêdjê Me͂be͂ngôkre Tapayuna
eu pa/ wa ba wa
água ŋgo ŋo ŋgo
osso si ʔi ti
barriga tu tu thu
caminho hrɨ prɨ hrɨ

História atual

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Em 2009, o povo Kajkwakhratxi fundou sua própria aldeia, Kawêrêtxiko, na Terra Indígena Kapoto Jarinã e migrou para lá.[6] Nessa época, o povo teve a percepção de que a sua língua tradicional sofria perigo e adquiriu um grande interesse em conservá-la, bem como sua cultura. Desde então, um projeto de revitalização da sua língua e cultura vem sendo desenvolvido, com o ensino da língua aos mais jovens, canto de músicas, narração de histórias tradicionais etc. [7] Na aldeia, foi aberta a Escola Gôrônã, onde cerca de 60 crianças aprendiam Tapayuna e Kayapó em 2015, enquanto os adultos aprendem também o português.[1]

Fonética

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Consoantes

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Há 15 fonemas consonantais na língua, representados na tabela abaixo:[nota 1]

Fonemas consonantais da língua Tapayuna [1]
Bilabial Alveolar Pós-

alveolar

Retro-

flexo

Palatal Velar Glotal
Nasal m n ɲ ŋ
Oclusiva t ʈ k
Fricativa h
Africada
Aproximante j
Vibrante simples ɾ

A língua também possui consoantes labializadas, indicadas abaixo:

Fonemas consonantais labializados da língua Tapayuna[1]
Alveolar Velar Glotal
Labializada

Além dessas, a língua também conta com a consoante complexa w, aproximante velar labializada sonora.

A ausência de consoantes oclusivas bilabiais (p e b) é justificada por um fenômeno fonético. Isso é: a transformação de consoantes labiais de outras línguas Jê em consoantes glotais (h e hʷ) no Tapayuna.[1] Abaixo seguem alguns exemplos desse fenômeno em relação à língua Me͂be͂ngôkre:

Português Me͂be͂ngôkre Tapayuna
urucum hʷɨ
tamanduá pʌt hʷʌtʃi
braço pa hʷa

Vogais

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Fonemas vocálicos no Tapayuna

Há 10 fonemas vocálicos orais na língua, representados na tabela abaixo:[nota 2]

Fonemas vocálicos orais da língua Tapayuna[1]
Anterior Central Posterior
Fechada i ɨ u
Semifechada e o
Média ə
Semiaberta ɛ ʌɔ
Aberta a

Nasais

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Há 6 fonemas vocálicos nasais na língua, representados na tabela abaixo:

Fonemas vocálicos nasais da língua Tapayuna[1]
Anterior Central Posterior
Fechada ĩ ɨ̃ ũ
Semifechada õ
Semiaberta ɐ̃

Escrita

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Como existem poucos estudos sobre a língua Tapayuna, ela ainda não possui um sistema de escrita oficial documentado. Todo o escrito aqui foi feito a partir da transcrição fonética da fala, com base no Alfabeto Fonético Internacional. No período de 2003 a 2006 a professora Dra. Marília Ferreira, da Universidade Federal do Pará realizou trabalhos com o objetivo de elaborar um sistema de escrita da língua. No entanto, não foi possível que o trabalho fosse continuado[1].

Gramática

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A língua Tapayuna apresenta 8 classes de palavra, sendo 3 abertas (que permitem a inclusão de novas palavras) e 5 fechadas (são compostas de um número fixo e limitado de palavras), divididas da seguinte forma:

Pronomes pessoais

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No Tapayuna, a distinção de número existente nos pronomes é entre singular, dual, paucal (poucos, mas mais que 2) e plural[1], diferentemente da língua portuguesa, a qual possui apenas o singular e o plural. Além disso, a 1ª pessoa do plural apresenta duas formas: a exclusiva (referente ao falante e um terceiro) e a inclusiva (referente ao falante e ao ouvinte).

Na língua, há duas classes de pronomes pessoais: os independentes e os dependentes, que diferem no uso atribuído a cada um.

Pronomes pessoais independentes
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Os pronomes independentes ocorrem como sujeito de orações verbais (intransitivas e transitivas) e de orações de núcleo não verbal. Não ocorrem como objeto de orações transitivas e não ocupam o lugar de núcleo do objeto de posposição, diferentemente dos nomes. Para eles, não foi encontrada marca de 3ª pessoa.[1]

Pronomes pessoais independentes da língua Tapayuna[1]
Independentes
Singular 1ª pessoa wa
2ª pessoa ka
3ª pessoa Ø
Dual 1+2 ko
Plural 1ª pessoa inclusiva kowa
1ª pessoa exclusiva ajwa
2ª pessoa ajka
3ª pessoa Ø
Paucal 1ª pessoa waj
2ª pessoa kaj

Quando esses pronomes são sujeitos de orações transitivas e intransitivas, sua expressão aparece na frase em uma primeira forma acompanhada de um marcador de tópico seguida da segunda forma, essa sem complemento para marcar o sujeito.

Exemplos de pronomes pessoais independentes em frases:[1]

1. wa -n wa i- ŋgo
1SG[nota 3] TOP[nota 4] 1SG 1SG molhar
"eu estou molhado" / Literal: "eu, eu estou molhado"
2. ka -t ka wı͂tʃi wı͂
2SG[nota 5] TOP 2SG jacaré matar
"você matou jacaré" / Literal: "você, você matou jacaré"
3. ajka -t ka uhʌtʃi
2PL[nota 6] TOP 2SG anta matar
"vocês mataram anta" / Literal: "vocês, você mataram anta"
4. kowa -r ko a- ɲ- õ tute
1PLi[nota 7] TOP 1+2 2SG REL POSS arco pegar
"nós pegamos o seu arco"

Normalmente, o pronome independente topicalizado tem concordância em número com o sujeito, mas há exceções no plural. Abaixo estão descritas as concordâncias de número em relação aos pronomes:

Concordância entre as formas dos pronomes independentes no singular[1]
Tópico Singular Sujeito Singular
wa (1ª pessoa) wa (1ª pessoa)
ka (2ª pessoa) ka (2ª pessoa)
Ø (3ª pessoa) Ø (3ª pessoa)
Concordância entre as formas dos pronomes independentes no plural[1]
Tópico Plural Sujeito
kowa

(1ª pessoa inclusiva)

ko (1+2)
waj (1ª pessoa paucal)
ajwa

(1ª pessoa exclusiva)

wa (1ª pessoa singular)
waj (1ª pessoa paucal)
ajka

(2ª pessoa)

ka (2ª pessoa singular)
kaj (2ª pessoa paucal)
Ø

(3ª pessoa)

Ø (3ª pessoa)
Pronomes pessoais dependentes
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Esses pronomes acontecem precedidos a nomes possuíveis, verbos e posposições. Eles incluem formas para 1ª, 2ª e 3ª pessoa do singular, 1ª pessoa do plural (inclusiva e exclusiva) e 2ª pessoa do plural. Não foram encontradas marcas para o dual e paucal.[1]

Pronomes pessoais dependentes da língua Tapayuna[1]
Dependentes
Singular 1ª pessoa i-
2ª pessoa a-
3ª pessoa ku-
Plural 1ª pessoa inclusiva wa-
1ª pessoa exclusiva adʒi-
2ª pessoa aja-
3ª pessoa Ø

Os pronomes pessoais dependentes ocorrem como:[1]

1. i- Ø
1SG REL olho
"meu olho"
2. adʒi- ɲ- õ tute
1PLe REL POSS arco
"nosso arco"
  • sujeito de verbos intransitivos estativos
i- nrã tʃi
1SG estar.sujo INT[nota 8]
"eu estou muito sujo / eu estou sujo"
  • objeto de verbos transitivos
ka- -r ka i-
2SG TOP 2SG 1SG ver
"você me viu" / Lit.: "você, você me viu"
  • objeto de posposições
itha [a- we] tute
DEM 2SG MAL arco pegar
"ele pegou o arco de você"
  • marca de correferente do sujeito com o verbo intransitivo ativo (ocorre de maneira similar ao sujeito em orações intransitivas estativas)
(...) ku- nı͂haj ɲõrõ (...)
3SG[nota 9] ir dormir
"ele vai lá dormir / lá ele vai dormir"
  • com sujeito de uma oração transitiva, acrescidos da marca de caso ergativo
kere, ka a- wı͂tʃi wı͂rı͂ kere
3SG 2SG 2SG ERG jacaré matar NEG[nota 10]
"não, você não matou jacaré"

Além desses usos, o pronome pessoal dependente da 3ª pessoa do singular {ku-} também pode aparecer como co-referência com o objeto que foi deslocado de sua posição padrão (SOV). Exemplo:

tew na wa ku khre͂
peixe TOP 1SG 3SG comer
"peixe, eu o comi"

Prefixos relacionais

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Os prefixos relacionais normalmente estão ligados à relação de posse e estão presentes em línguas Tupí, porém também aparecem em algumas línguas do Tronco Macro-Jê.[8] Em Tapayuna, há dois tipos de prefixos relacionais, cujos usos e funções estão indicados abaixo:

Prefixos Relacionais em Tapayuna[1]
Característica Possuidor expresso imediatamente antes do possuído na locução; marca a relação sintagmática entre o possuído e seu possuidor Possuidor de 3ª pessoa deslocado da sua posição original; marca a co-referência entre este possuidor deslocado e o nome possuído e a forma citacional
Nomes possuídos inciados por vogal {j- ~ɲ-} {t-}
Nomes possuídos iniciados por consoante Ø Ø

(Apenas na forma citacional. Ver exemplo 5 e 6)

O prefixo {j- ~ɲ-} também relaciona o verbo com seu objeto nominal, assim como com os nomes e seus possuidores (ver exemplo 4).

O uso de {j-} e {ɲ-} se diferencia a partir da fonética da frase. Quando o possuído se inicia com vogal nasal, usa-se {ɲ-}, de resto, usa-se {j-}.[1]

Quando o prefixo {t-} aparece prefixado a nomes inalienavelmente possuídos, ele adquire significado citacional definido apenas pelo contexto (ver exemplo 5). Quando o demonstrativo o antecede, este indica 3ª pessoa (ver exemplo 6).[1]

Exemplos de prefixos relacionais em frases:

1. hwı͂ j- are 2. a- ɲ- õthɔ
pau REL raiz 2SG REL língua
"raiz do pau" "tua língua"

3. i- Ø hrõ 4. kukwɘj [karõ ɲ- ı͂hwere]
1SG REL esposa macaco BEN imagem REL fazer
"minha esposa" "desenhe o macaco" / Lit.: "para macaco, fazer a imagem"

5. t- ĩjakhrɛ 6. Ø twa itha Ø twa
REL nariz REL dente DEM REL dente
"nariz" ou "nariz de alguém" "dente" ou "dente dele" "dente dele"

Relações de posse

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A relação de posse em Tapayuna é indicada por meio do prefixo relacional e da adição de um morfema de posse, a depender da classe semântica do nome. Os nomes na língua subdividem-se em três classes semânticas:[1]

  • Nomes inalienavelmente possuídos: relativos a atributos e parentescos, não podem ser dissociados do possuidor.
  • Nomes alienavelmente possuídos: relativos a utensílios no geral, podem ser dissociados do possuidor.
  • Nomes não possuídos: relativos a pessoas, nomes de animais e plantas e elementos relacionados aos fenômenos da natureza
Nomes inalienavelmente possuídos
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A relação de posse com esses nomes é estabelecida a partir da expressão do nome possuído acrescido do prefixo relacional e imediatamente após o possuidor, o qual aparece como nome ou como pronome dependente.[1]

Exemplos de nomes inalienavelmente possuídos:

1. i- Ø khrã
1SG REL cabeça
"minha cabeça"
2. rɔw ɲ- ɨkɔwɔ
onça REL garra
"garra da onça"
Nomes alienavelmente possuídos
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Com esses nomes, a relação de posse é estabelecida a partir da formação de uma locução nominal ou pronominal {prefixo relacional + morfema de posse {õ}}, sucedida pelo nome possuído alienável. Esse morfema de posse é muito comum em outras línguas da família Jê, como a Kı͂sêdjê, Me͂be͂ngôkre, Parkatêjê e Apãniekra.[1]

Como o morfema de posse é uma vogal nasal, acontece um fenômeno fonético de extensão da nasalização, fazendo com que o prefixo relacional {j-} vire {ɲ-}. Exemplos de nomes alienavelmente possuídos:[1]

1. aja ɲ- õ khruwa
2PL REL POSS flecha
"tuas flechas"
2. we͂rɔwakane ɲ- õ khruwa
cacique REL POSS flecha
"flecha do cacique"
Nomes não possuídos
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Não é possível estabelecer uma relação de posse com esses nomes, uma vez que eles não são possuídos.[1] Eles não são precedidos por possuidor.

Exemplo de nome dessa subclasse:

khogo
"vento"

Derivação

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A derivação em Tapayuna acontece por sufixação ou por composição (combinação entre as raízes). Existem dois tipos de sufixos e três tipos de combinações, descritos abaixo.

Diminutivo
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Para transformar um nome no diminutivo, basta adicionar o sufixo {-tĩ} (mais recorrente) ou o sufixo {-rɛ}. Também podem ocorrer juntos {-tĩrɛ} significando "muito pequeno". Exemplos: [1]

tara "asa" tara = "asa pequena, asinha"
tara "asa" taratĩrɛ = "asa muito pequena"
Nominalizador
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É o tipo de sufixo que transforma um nome ou um verbo em outro nome, a partir da combinação entre eles. Em Tapayuna, há dois tipos: [1]

  • {-tʌ}: nominalizador de ação, origina um instrumento ou local. Estrutura: (nome +) verbo + -tʌ. Exemplos:
1. kahõj + -tʌ kahõjtʌ = "vassoura"
varrer NMZD[nota 11]*
2. wɨt + wəj + -tʌ wɨtwəjtʌ = "relógio"
sol saber NMZD
3. we͂ + khrĩ + -tʌ we͂khrĩtʌ = "banco"
gente sentar NMZD
  • {-kane}: nominalizador de ação; origina um agente/ profissão. Estrutura: (nome +) verbo + -kane. Exemplo:
hwı͂totok + kane hwı͂totokkane = "professora"
estudar NMZD
Derivação por composição
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Foram encontrados três tipos de combinações de raízes: nome + nome; nome + verbo transitivo e nome + verbo intransitivo estativo (ser algo), os quais são feitos com essa mesma estrutura e originam nomes ou adjetivos. Exemplos: [1]

1. nrɨ + kı͂ nrɨkı͂ = "pelo"
bicho cabelo
2. hwı͂to + togo hwı͂totogo = "papel"
folha saber
3. twa + wɛrɛ twawɛrɛ = "afiado"
dente ser.bom

Flexão de número

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No Tapayuna, a flexão de número é realizada pela adição do sufixo de plural {-je} no nome. Exemplos:[1]

1. ŋɡʌtɨrɛj "criança" ŋɡʌtɨrɛj + -je = crianças
2. we͂wɨ "homem" we͂wɨ + -je = homens

Tempo e aspecto verbal

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Na língua Tapayuna, há 2 formas verbais que possuem ligação direta com o tempo verbal. São elas a "Forma Longa" e a "Forma Curta", sendo que a primeira acontece em oração com tempo futuro, aspectos progressivos e frases negativas e a segunda ocorre em orações com tempo não futuro e orações declarativas não negativas. Essas formas ocorrem em várias outras línguas Jê.

Exemplos de verbos nas formas longa e curta
Formas Longas Formas Curtas Português
Exemplos wı͂rı͂ wı͂ matar
ŋgɛrɛ ŋhrɛ dançar
ke͂re͂ khre͂ comer
wɨrɨ pegar

Assim como em outras línguas Jê, há algumas exceções a essa caracterização.[1] Exemplos:

Formas Longas Formas Curtas Português
kura kura bater
-õn -õrõ dormir
wot wəj chegar

A modificação temporal e de aspecto no Tapayuna acontece por meio de partículas e outros recursos,[1] os quais:

  • ocorrem fixas em uma posição na oração;
  • não são flexionáveis;
  • não ocorrem isoladas do enunciado.

Até 2015, foi constatada a existência de duas partículas de tempo na língua, sendo elas também encontradas no Kı͂sêdjê. São elas:

  • : marca o tempo futuro e sempre ocorre no final da frase
  • he͂n ou Ø: marca o tempo não futuro e sempre ocorre no início de orações declarativas, negativas e interrogativas. A partícula {he͂n} marca mais especificamente o passado.
Partículas marcadoras de tempo na língua Tapayuna[1]
he͂n Ø
Marca o tempo futuro Marca o tempo não futuro
Sempre ocorre no final da oração Ocorre sempre no início de orações

declarativas, negativas e interrogativas.

Marca mais especificamente o passado.

Exemplos com as partículas {wã} e {he͂n}:

1. i- wot
1SG chegar

(forma longa)

FUT
"eu chegarei"
2. he͂n wa arə wəj
PASS 1SG chegar

(forma curta)

"eu já cheguei"
Aspecto verbal
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Em relação ao aspecto dos verbos (a propriedade dos verbos que indica o estágio de desenvolvimento da ação na hora da fala[9]) em Tapayuna, existem três aspectos documentados e listados abaixo:

  • Progressivo: se refere a algo que está em progresso. É marcado pelos verbos posicionais ta ("em pé") e ɲɨ̃ ("sentado") ou pelo verbo the e "ir".
1. ka -n ka waj ta
2SG TOP 2SG ouvir CAUS[nota 12] V.POSIC.
"você está ouvindo (em pé)"
2. hukhrɛ tərə thẽ
canoa afundar ir
"a canoa está afundando"
  • Habitual: se refere a um estado de coisas habitual, de costume. É marcado pelas partículas {kwã} e {kãw} (às vezes simultaneamente) ou pelo advérbio wiri ~wit "sempre".
1. Nayara ra kwã aɲı͂ kahrı͂ kere
NPR MS[nota 13] HAB REFL ser.triste NEG
"Nayara não é triste (nunca é triste)"
2. itha ra ithaj wit nra
DEM MS aqui sempre vir
"ele vem sempre aqui"
  • Completivo: se refere a uma ação já finalizada. É marcado pelo verbo hwa "terminar", que aparece após o verbo principal. Na maioria das vezes tem-se a presença do marcador arə "já".
wa arə i- wərə hwa
1SG 1SG chorar COMPL[nota 14]
"eu já chorei"

O Kajkwakhratxi conta com apenas dois modos documentados: o imperativo e o exortativo.

Modo imperativo
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O modo imperativo é marcado pela partícula hrik, que deve aparecer no início da oração. Exemplo:

hrik ɲghrɛ
IMP dançar
"dance!"
Modo exortativo
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O modo exortativo (referente a estimular ou convencer) é marcado pela partícula haru, que aparece normalmente no início da oração. Ela também pode ocorrer junto à partícula hrik, que indica imperativo. Exemplos:

1. haru
EXO
"vamos!"
2. haru ko hrik wa- ɲgɛrɛ hwa
EXO 1+2 IMP 1PL dançar terminar
"nós vamos terminar de dançar!"

Sentença

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Ordem da frase

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A ordem básica da frase no Tapayuna é sujeito-objeto-verbo (SOV) nas orações transitivas e sujeito-verbo (SV) nas orações intransitivas.

Alinhamento

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O alinhamento das frases na língua é parcialmente Nominativo-Acusativo e parcialmente Ergativo-Absolutivo, a depender da classe gramatical dos sujeitos e objetos e dos tipos de orações. A primeira divisão para classificação é feita a partir das diferentes classes gramaticais usadas: pronomes ou nominais.

Alinhamento envolvendo pronomes
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Ao se usar pronomes como sujeito das orações, a marcação de caso pode ser feita das duas formas, dependendo do tipo de oração.

  • orações não negativas e com tempo não futuro: o sujeito de verbos intransitivos (S) e transitivos (A) deve ser um pronome independente. Porém, o pronome usado para codificar objeto de orações transitivas (O) deve ser dependente. Por isso se configura um sistema de marcação de caso Nominativo-Acusativo (S=A≠O). Exemplos:
S
1. wa -n [wa] ŋghrɛ
1SG TOP 1SG dançar
"eu dancei"
A O
2. wa -n [wa] [a-]
1SG TOP 1SG 2SG ver
"eu vi você"
  • orações no tempo futuro, no progressivo e negativas: o sujeito de verbos transitivos (A) é marcado com pronome dependente prefixado à posposição de marcação de caso ergativo {rɛ}. Já o objeto de orações transitivas (O) aparece igual ao sujeito de orações intransitivas (S), apenas como pronome dependente. Assim, se configura um sistema de marcação de caso Ergativo-Absolutivo (S=O≠A). Exemplos:
S
1. wa [i-] thɨk
1SG 1SG morrer FUT
"eu morrerei"
O
2. ka -r ka [i-] wu͂ kere
2SG TOP 2SG 1SG ver NEG
"você que não me viu"
A
3. [i- -rɛ] uhʌtʃi wı͂rı͂
2SG ERG anta matar FUT
"você matará anta"
Alinhamento envolvendo nominais
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Quando o sujeito é um nominal (substantivos, nomes pessoais etc), o sujeito de orações intransitivas (S) e de orações transitivas (A) é marcado com a partícula {ra}, que seria uma marcação de sujeito. Já o objeto de orações transitivas não tem marcação e pode ser um pronome dependente ou um nominal. Logo, se configura um sistema de marcação de caso Nominativo-Acusativo (S=A≠O). Exemplos:

A O
1. [Nayara ra] [rɔw] kura
NPR MS onça bater
"Nayara bateu no cachorro"
Sa[nota 15]
2. [ŋgʌtɨrɛ -je ra] witine͂ kathərə
criança PL MS[nota 16] brincar sempre
"as crianças brincam sempre"

Frases condicionais

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A condição em uma frase é estabelecida pela adição da partícula {kot} no início da frase. Exemplo:

kot wa Kajkwakhraktʃi kawe͂re͂ hwı͂totok ket ne͂ ke waj kere
COND 1SG NPR língua CAUS estudar NEG CONJ CONJ saber NEG
"se eu não estudar a língua dos Kajkwakhraktʃi, eu não vou saber/ vou aprender"

Vocabulário e exemplos

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Numeração

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O sistema numeral em Tapayuna é de base dois. Desse modo, a expressão numérica se dá a partir de duas palavras básicas wɨti, tɔ̃ti ‘um’ e ajkhruru ‘dois’ que fazem combinações entre si, com a conjunção aditiva nẽ.[1]

Tapayuna Português Tradução Literal
wɨti um um
ajkhruru dois dois
ajkhrut nẽ wɨti três dois e um
ajkhrut nẽ ajkhruru quatro dois e dois
ajkhrut nẽ ajkhrut nẽ wɨti cinco dois e dois e um
ajkhrut nẽ ajkhrut nẽ ajkhruru seis dois e dois e dois
ajkhrut nẽ ajkhrut nẽ ajkhruru nẽ wɨti sete dois e dois e dois e um
ajkhrut nẽ ajkhrut nẽ ajkhrut nẽ ajkhruru oito dois e dois e dois e dois
ajkhrut nẽ ajkhrut nẽ ajkhrut nẽ ajkhruru nẽ wɨti nove dois e dois e dois e dois e um
ajkhrut nẽ ajkhrut nẽ ajkhrut nẽ ajkhrut nẽ ajkhruru dez dois e dois e dois e dois e dois

Narrativa

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Narrativa: We͂thõ wɨ ra kawe rɔwtxi (O homem que virou onça)[1]

Especialista: Hwı͂kʌ Tapayuna. Transcrição: We͂groj Tapayuna.

Narrativa: We͂thõ wɨ ra kawe rɔwtxi (O homem que virou onça)
Tapayuna
We͂thõ wɨ ra ihrõ we͂ khra we͂ wʎ kot wõ ne͂ aja aɲı͂ wã rikto tikhrɛ tı͂rɛt tı͂hwet ne͂ ajkã ɲɨ̃.wã kʎrʎ wa. Akawʎt the͂ ɲĩ ndʒet ra hrõ tʎt nõ nrõ wã kʎrʎ wa ne͂ ɲĩ ndʒet ra nɔkʎtha hrõ wã kawe͂re͂.

The͂w ne͂ irɛ nro wı͂rı͂ kowarɛ ke͂re͂ rɔ, wa tʎ kuru tʎ ket ra wu͂ ne͂ ɲĩ hrõ ra kuwã kawe͂re͂, ɲĩ twərə the͂. Ne͂ ɲĩ the͂ awu͂ wəj ɲĩ hrõ we͂ khra ra ajthot rɔ nõ. Ne͂ thɔre kuwe rɔwtʃi, nɔkhrɛ rɔ kanrɔtʃi ne͂ hrõ w~kawe͂re͂, ne͂ ɲĩ hrõ ra kuthã kuwã kawe͂re͂ kere. Rɔwtʃi ra tõt ka karõrõ rɔ nõ. Ne͂ ɲĩ hrõ ra nokʎthat ndʒet wu͂, khra wã kawe͂re͂ ajkathɔt wʎ wã ajhrõt ne͂ the͂. Ne͂ ɲĩ ndʒet ra kuwe rɔwtʃi ra nɔkʎtha, thət khra we͂ hrõ jariri, ne͂ ɲĩ ket rɛ, ajkwã kathɔrɔ ket. Ne͂ ɲĩ wɨt ra thət ne͂ rɛ ɲĩ ajkot aknɔt the͂ ne͂ thət khra, we͂ hrõ jarit rɔ nhɨ̃ ɲĩ akatʃi the͂. Rɔwtʃi ra thət hwı͂ kutʃere rɔ the͂ ɲĩ hɨ̃ na ajthe͂ ne͂ ɲĩ hwı͂ ra ajtare͂j kere, ne͂ ɲĩ rɔwtʃi ra tɨ̃kɔw ra hwı͂ kake, ne͂ ɲĩ na we͂ khra ra ajŋghrwa hwa rɔ kəjru͂w kuwe aknɔt ɲɨ̃ rɔwtʃi ra ajka rõ wu͂. Ne͂ kã ajkwã katjɔt ajkukija:

— He͂n kaj aɲĩ thot atha ra awi?

Ne͂ ɲĩ hrõ ra hõj rɔ kawe͂re͂:

Thawit wa irɛ awã katʎt we͂j karɛ wɨrɨ warɛ aɲĩ kwərə arɔ itʎ wiri wã.

Rɔwtʃi ra katʎt wɨ ɲĩ thorɛ ajthɔ tʎwiri rɔ the͂, ne͂t arə ajkawe tho wã, ne͂ ɲĩ hrõ ra ajkwã atʎt khrã tha ɲĩ rɔwtʃi ra ahwaj wã the͂t athɛnthɛk wã atʎ. Ne͂ ɲĩ tʎk kunı͂ na we tı͂ri kuwã kathɔ. Rɔwtʃi ran a wã kawe͂re͂.

— Ko ajwe͂t wu͂, ɲu͂w kot thərə.

Rɔwtʃi ra kwã thət jakhrɛ, ne͂ ɲĩ na ra kuwã tuwa kere. Ne͂ ɲĩ na ra aɲĩ hõj rɔ kuwã thət jakhrɛ ne͂ tatej we͂ khrat we͂, ne͂ ɲĩ rɔwtʃi ra aknɔt the͂t hwykakhrɛ wã atʎ.

Tradução
O homem que virou onça Um homem, sua mulher e seu filho foram caçar no mato. Eles fizeram uma casinha de palha de inajá para ficar.

Quando anoiteceu o homem deitou com sua mulher e ouviu um canto de um tipo de sapo grande e acordou a sua mulher e falou para ela:

— Vou matar esse sapo para nós comermos por que não jantamos nada.

A mulher falou para ele ir. Ele foi e quando voltou, sua mulher e seu filho estavam dormindo e ele começou a virar onça. A cara dele ficou cheia de sangue e ele chamou a sua mulher, mas ela não respondeu nada. Então ele dormiu e começou a roncar.

Quando a mulher dele acordou e viu o marido chamou o seu filho e saíram correndo para o mato.

Quando o homem que virou onça acordou, procurou sua mulher, mas não a encontrou, já fazia meia hora que ela teria fugido. Ele esperou até amanhecer e foi procurar a mulher e o filho. Perguntou para algumas árvores, mas elas não respondiam e o homem onça arranhava as árvores com suas unhas.

A mulher e o filho estavam escondidos num galho de buriti bem alto. O onça viu a sombra deles, encontrou os dois e perguntou:

— Como vocês subiram até aí?

Ela respondeu:

— Vamos jogar um barbante vermelho e você pega que nós vamos puxar você até aqui.

O onça segurou o barbante eles puxaram, quando já estava bem alto, a mulher cortou o barbante e o onça caiu e afundou na lama.

Os pássaros procuraram pelo homem que virou onça até encontrar. Depois ele encontrou a chuva. Ele falou para a chuva:

— Vamos ver quem tem mais força.

O onça mostrou a força dele e a chuva não teve medo. Então a chuva mostrou a força dela com raios e trovões. O onça fugiu e se escondeu num buraco.

Notas

  1. Todas as consoantes da língua são vozeadas.
  2. Os fonemas vocálicos à esquerda na célula são não arredondados, enquanto os à direita são arredondados.
  3. 1ª pessoa do singular.
  4. Marca de tópico.
  5. 2ª pessoa do singular.
  6. 2ª pessoa do plural.
  7. 1ª pessoa do plural inclusiva.
  8. Intensificador.
  9. 3ª pessoa do singular.
  10. Negação.
  11. Nominalizador.
  12. Causativo.
  13. Marca de sujeito.
  14. Completivo.
  15. Sujeito de orações com verbo intransitivo ativo.
  16. Marca de sujeito.

Referências

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  3. CAMARGO, N. S. Elaboração de um dicionário bilíngüe Tapayúna-Português. ESTUDOS LINGÜÍSTICOS. Franca: Revista do Grupo de Estudos Lingüísticos do Estado de São Paulo (GEL). v. 37.2008: 73-82.
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  5. Seki, Lucy. 1989. Evidências de relações genéticas na família Jê. Estudos Lingüísticos, XVIII (Anais de Seminários do GEL), p. 604-611. Lorena: Prefeitura Municipal/GEL.
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  7. CAMARGO, Nayara da Silva. Identidade linguística – questão de revitalização da Língua Tapayuna.
  8. Rodrigues, A. D. (2012). A Case of Affinity Among Tupí, Karíb, and Macro-Jê. Revista Brasileira De Linguística Antropológica, 1(1), 137–162. https://doi.org/10.26512/rbla.v1i1.12289
  9. «Aspecto Verbal». Portal São Francisco