Mário Garnero
Mário Bernardo Garnero (Campinas, 15 de agosto de 1937) é um empresário, banqueiro e investidor brasileiro.
Mário Garnero | |
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![]() Mário Garnero em 2011.
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Nome completo | Mário Bernardo Garnero |
Nascimento | 15 de agosto de 1937 (87 anos) |
Nacionalidade | Brasileiro |
Ocupação | investidor |
Biografia
editarNascido em Campinas, transferiu-se ainda criança (1947), com a família, para a cidade de São Paulo. Conclui o ginásio no Colégio São Luís, em 1952.
Em 1957 ingressou na Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). No seu terceiro ano de faculdade, foi eleito presidente do Centro Acadêmico 22 de Agosto.[1][2] Durante sua gestão, o Centro promoveu debates de cunho social e político e viveu sua fase como protagonista entre o Movimento Estudantil e as universidades brasileiras engajadas no cenário político da época e foram realizados diversos ciclos de estudos.[1][2][3] Durante um desses ciclos, foi realizada palestra de Juscelino Kubitschek. Um ano depois, em 1961, Mario tornou-se o coordenador da campanha pela reeleição de JK, com quem trabalhou até 1964. Também durante este período já ocupava o cargo de diretor no Grupo Monteiro Aranha.[4]
Em 1962, junto com Roberto Isnard, fundou o Instituto Nacional de Estudos Superiores, com o intuito de debater temas políticos nacionais.[5] No mesmo ano, patrocinou, a pedido do embaixador Lincoln Gordon, a visita de Henry Kissinger ao Brasil.[carece de fontes]
Em 1963, Garnero recebeu o título de Cidadão Paulistano, concedido pela Câmara Municipal de São Paulo.[carece de fontes]
Na década de 1970, Mario Garnero já estava completamente envolvido no mundo corporativo. Assumiu a diretoria do departamento jurídico da Volkswagen no Brasil em 1970 e em 1974 a diretoria de relações industriais.[6] Enquanto ocupou este cargo, foi um dos responsáveis pela introdução dos carros movidos a álcool no Brasil. Paralelamente às suas atividades na Volks, assumiu a presidência da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), em 1974.[7]
Em 1975, fundou, juntamente com seu amigo Caio Alcântara Machado, o Fórum das Américas, organização que promove eventos para a discussão de temas integrantes da agenda brasileira para o continente, tais como direitos humanos, democracia, meio ambiente e integração econômica regional.
No ano seguinte, Garnero promoveu o I Seminário Internacional sobre Investimentos no Brasil, em Salzburgo, na Áustria. Após o seminário, o Brasilinvest, banco de Garnero, começou a operar como banco de negócios, intermediando investimentos estrangeiros no Brasil. Desde seu início, em 1975, a empresa contou com sócios das mais diversas partes do mundo: japoneses, americanos, franceses, alemães, suíços, espanhóis e até mesmo de países então socialistas, como a antiga Iugoslávia.[carece de fontes] A China, que passava pelas Reformas Econômicas comandadas por Deng Xiaoping a partir do final dos anos 1970, chamou a atenção de Garnero e o Brasilinvest abriu um escritório na China em 1981.[8]
Em 1976, Garnero foi convidado pelo então Ministro do Interior, Rangel Reis, para ser presidente do projeto Rondon, com a missão de elevar o número de estudantes envolvidos no projeto de 20 mil para 100 mil. Garnero assumiu a presidência do Conselho do Projeto e, depois de três anos de mandato, 150 mil estudantes participavam do projeto.[carece de fontes]
Já no cargo da presidência de seu próprio negócio, o grupo Brasilinvest, Mario comandou a expansão do braço do grupo nas telecomunicações.[9] Em 1978 o Brasilinvest já detinha ações da ISEC e em sociedade com o grupo Pereira Lopes compram 51% das ações da ITT e a ISEC pasa a se chamar Unipec em 1979.[9] No ano de 1981 firma uma das maiores parcerias no setor de telecomunicações brasileira ao se tornar a sócia da NEC no Brasil e passar a sócia brasileira no lugar da Docas de Santos.[9][10][11] Este foi o primeiro passo para a implantação de telefonia móvel no Brasil. [carece de fontes].
Em 1979, Garnero entra para a Comissão Nacional de Energia. Em setembro do referido ano, discursou na cerimônia de assinatura do protocolo entre a ANFAVEA e o governo federal, para produzir carro a álcool.[carece de fontes]
Recebeu o título de "Personalidade Econômica Marcante” do Instituto Brasileiro de Comércio Exterior (IBRACEX) pelos serviços prestados à classe empresarial nacional e ao comércio exterior brasileiro. Foi escolhido como o "Homem de Vendas do ano" pela Associação dos Dirigentes de Vendas do Brasil em 1980.[carece de fontes] Em junho de 1982, assumiu a presidência da Confederação Nacional da Indústria e exerceu o cargo por seis meses. No ano seguinte, recebeu em Nova York o prêmio Special Merit Award, concedido pela Câmara de Comércio Brasil-EUA.
Mesmo com a economia brasileira passando por dificuldades, em 1982, por meio da Telematic, o Grupo Brasilinvest começou a montar computadores de médio porte, o DPS-T1. No ano seguinte, a empresa se retiraria da Labo Computadores e negociaria com o controlador majoritário, a Brasilpar, a troca de 5% da sua participação por computadores fabricados pela empresa. Desta forma, foi dado início ao Consórcio Nacional Brasilinvest para computadores de uso pessoal em Ribeirão Preto.[carece de fontes]
Enquanto as taxas de juros internacionais preocupavam os administradores da dívida externa brasileira em 1983, Mario Garnero se reuniu com o ex-Secretário do Tesouro dos Estados Unidos nas gestões de Nixon e Ford, William Simon, que também era sócio do grupo Brasilinvest. Participaram também da reunião os Ministros Delfim Neto, Carlos Geraldo Langoni e o Presidente do Banco Central.[carece de fontes]
A década de 1980 começou com mudanças drásticas na política brasileira, tendo como diretrizes o controle da inflação e o déficit no balanço de pagamentos. Em 1983 a NEC Brasil ponderou as contínuas resoluções do governo brasileiro de proteção às indústrias locais. A importação de produtos industrializados foi proibida e foram exigidos índices crescentes de nacionalização dos produtos fabricados no país. Para se adequar às medidas governamentais, o grupo, por meio de uma joint-venture, transferiu o controle acionário da NEC Brasil para a Brasilinvest e Mário Garnero passou a exercer o cargo de presidente do Conselho de Administração da NEC Brasil.
No final de 1983, recebeu, em Nova York, o prêmio “Visconde de Cayru”, atribuído a personalidades do setor empresarial que tenham contribuído para o desenvolvimento do comércio exterior brasileiro. No Brasil, foi condecorado com o título de "Homem do Ano".[carece de fontes]
Em 13 de março de 1995, foi um dos fundadores e primeiro presidente do Instituto Interamericano de Estudos Jurídicos sobre o Mercosul e a Integração Continental. Em Mônaco, em 1997, presidiu uma conferência realizada pelo Fórum das Américas a fim de promover investimentos no Brasil. Também em parceria com o Fórum das Américas, criou, em 1998, a Associação das Nações Unidas - Brasil (ANUBRA).[carece de fontes]
Em 2002, foi o único brasileiro a participar do encontro anual do Partido Republicano, em Beaver Creek, no Colorado. Na ocasião, Garnero entregou a Dick Cheney, à época vice-presidente dos Estados Unidos, uma carta escrita por José Dirceu, então presidente do PT. Na carta, Dirceu revelava que seu partido pretendia abrir um canal de diálogo com os republicanos e que, em breve, organizaria uma visita de Lula aos EUA.[carece de fontes] No Brasil, as pesquisas apontavam Lula em 1º lugar nas intenções de voto para Presidente da República. Diante do que parecia um cenário de risco, o dólar disparava, a economia nacional afundava e já se falava em moratória da dívida externa. Garnero tranquilizou os americanos durante o encontro e disse que o governo petista não promoveria rupturas políticas durante seu mandato. No fim de semana seguinte ao encontro de Beaver Creek, o PT divulgou a Carta ao Povo Brasileiro, que pregava o respeito aos contratos, o pagamento da dívida externa e a continuidade da política econômica.[12]
Entretanto, o papel de Mario Garnero na aproximação entre o PT e o Presidente George W. Bush e os altos membros do governo norte-americano, como a Secretária de Estado dos EUA Condoleezza Rice é tido como sobrevalorizado e controverso.[13][14] Embora a proximidade e os vínculos de Mario Garnero com os Republicanos e a família Bush fossem conhecidos, a aproximação e o estabelecimento das conversas entre os petistas e os republicanos devem-se mais aos trabalhos da diplomacia do Itamaraty e de outros membros do alto escalão do governo dos Estados Unidos.[13][14][15]
Em 2002, Garnero recebeu o título de Cidadão Emérito, concedido pela Câmara Municipal de Campinas, sua cidade natal. Neste mesmo ano, através do Fórum das Américas, realiza uma conferência em Paris, com a participação de George Bush. Como consequência do grande sucesso do evento, uma nova edição foi promovida em 2003, em Romar um ano depois, em Londres, com a presença de Bush pai, de Margaret Thatcher, do príncipe André, duque de Iorque e Lord Rothschild.[carece de fontes]
Em 2004 voltou a cena no Brasil, participando da intermedação entre o grande Banco estatal chinês Citic e o governo brasileiro e sendo convidado do então Presidente Lula para apresentar um seminário para atrair investimentos no nordeste.[8][16] O seminário contou com a presença dos então Ministros Dilma Rousseff e o Ciro Gomes, do presidente do STF Nelson Jobim e do Presidente do Senado José Sarney.[16]
A fim de discutir o desenvolvimento de soluções verdes para a economia - como o uso do biocombustível e de tecidos ecológicos, o Fórum das Américas e a ANUBRA realizaram, em 2007, um Fórum de Desenvolvimento Sustentável, em Nova York, com a presença de personalidades políticas e empresários do Brasil e de outros países. Este evento contou com a palestra magna do ex-presidente norte-americano Bill Clinton. Em 2008, novamente Mario Garnero reuniu em Nova York colegas e potenciais investidores para uma nova versão do evento.
Em dezembro de 2008, foi escolhido como Personalidade de Visão Global, pela Associação dos Dirigentes de Vendas do Brasil (ADVB-SP) pela sua atuação nas últimas décadas como “diplomata corporativo”, conciliando e harmonizando interesses de agentes econômicos a favor do Brasil.
O Fórum de Desenvolvimento Sustentável ganhou nova edição também realizada em Nova York em setembro de 2011, sob o título de Brasil: A Nova Economia Global Verde.
Em 2020, foi o responsável por organizar um encontro presidencial entre Donald Trump e Jair Bolsonaro.[17][18]
Linha do Tempo
editar1937 – Nasce em Campinas;
1947 – Muda-se com a família para São Paulo;
1957 – Ingressa no curso de Direito na PUC-SP;
1960 – Conhece Juscelino Kubistschek e trabalha em sua campanha eleitoral até 1964;
1962 – Funda o INES;
1962 – Patrocina a vinda de Henry Kissinger ao Brasil;
1963 – Recebe o prêmio “Cidadão Paulistano”;
1965 – Funda o Fórum das Américas;
1970 a 1981 – Assume a diretoria do departamento jurídico da Volkswagen no Brasil e, posteriormente, a diretoria de relações industriais;
1974 – É eleito presidente da ANFAVEA;
1975 – Promove o I Seminário Internacional sobre Investimentos no Brasil em Salzburgo, Áustria; 1975 – Nasce o Grupo Brasilinvest;
1975 – É responsável pela nacionalização da ITT Standart Eletric S/A e da NEC;
1976 – É convidado por Rangel Reis para ser presidente do Projeto Rondon;
1979 – Entra para a Comissão Nacional de Energia;
1979 – Recebe o título de “Personalidade Econômica Marcante” do Instituto Brasileiro de Comércio Exterior (IBRACEX)
1980 – Eleito o "Homem de Vendas do Ano"
1982 – É recebido pelo Secretário de Estado norte-americano, George Shultz, para tratar da dívida externa brasileira. Assume a presidência da Confederação Nacional da Indústria. Começa a montar computador de médio porte, o DPS-T1;
1983 – É recebido pelo Papa João Paulo II, no Vaticano;
1983 – Exerce o cargo de Presidente do Conselho Administrativo da NEC no Brasil;
1983 – Recebe o Ex-Secretário do Tesouro dos Estados Unidos William Simon
1983 – Recebe o prêmio “Special Merit Award” em Nova York. Recebe o prêmio Visconde de Cayru” em Nova York;
1988 – Lança o livro "Jogo Duro: o caso Brasilinvest e outras histórias de velhas e novas Repúblicas”;
1990 – Cria o Banco Múltiplo Transcontinental;
1995 – Assume a presidência do JURISUL;
1997 – Vai a Mônaco realizar uma conferência Fórum das Américas;
1998 – Funda a ANUBRA;
2002 – Único brasileiro a participar do encontro anual do Partido Republicano dos Estados Unidos, em Beaver Creek;
2002 – Recebe título de Cidadão Emérito em Campinas;
2002 – Realiza conferência do Fórum das Américas em Paris, com a participação de George Bush;
2003 – Realiza conferência do Fórum das Américas em Roma, com a participação de George Bush
2004 – Realiza conferência do Fórum das Américas em Londres, com a presença de George Bush, de Margaret Thatcher, do príncipe André, duque de Iorque e de Lord Rothschild;
2007 – Promove o Fórum de Desenvolvimento Sustentável, em Nova York, com Bill Clinton;
2008 – Segunda edição do Fórum de Desenvolvimento Sustentável, em Nova York, com Bill Clinton. Premiado pela ADVB como "Personalidade de Visão Global"
2011 – Nova edição do Fórum de Desenvolvimento Sustentável em Nova York, com Bill Clinton.
Referências
- ↑ a b «A crise da "Marquesa de Santos"». Folha de S.Paulo. 13 de maio de 2001. Consultado em 15 de novembro de 2022
- ↑ a b «Garnero quer esquecer o passado». Folha de S.Paulo. 20 de outubro de 1997. Consultado em 16 de novembro de 2022
- ↑ «Será instalada hoje à noite a Semana da Unidade Nacional». Diário da Noite (SP), ano XXXVI, edição 11215, página 8/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 17 de agosto de 1961. Consultado em 27 de fevereiro de 2022
- ↑ Grupo Monteiro Aranha (8 de abril de 1967). «Relatório da Diretoria para 1966». Jornal do Commércio (RJ), ano 140, edição 158, página 16. Consultado em 27 de fevereiro de 2022
- ↑ Caio Júlio Cesar Vieira (11 de dezembro de 1962). «Os novos líderes bandeirantes». Diário Carioca, ano XXXV, edição 10652, página 4/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 27 de fevereiro de 2022
- ↑ «VW dá bolsas de estudo». Jornal do Brasil, ano LXXXI, edição 203, Caderno de Automóveis, página 2/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 1 de dezembro de 1971. Consultado em 27 de fevereiro de 2022
- ↑ Fernando Calmon (22 de maio de 1974). «Garnero assume na Anfavea». O Cruzeiro, ano XLVI, edição 21, página 96/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 27 de fevereiro de 2022
- ↑ a b «Os chineses estão chegando». Folha de S.Paulo. 13 de abril de 2004. Consultado em 23 de novembro de 2022
- ↑ a b c Tapia, Jorge Ruben Biton (27 de março de 1984). «A política científica e tecnológica em telecomunicações: 1972/1983». USP. Revista de administração. 19 (1): 101-111. Consultado em 15 de novembro de 2022
- ↑ Nec: O grande negócio, por Sônia Filgueiras. Revista Istoé.
- ↑ HEIZ, Daniel A história secreta da Rede Globo
- ↑ Como o PT dobrou os Estados Unidos. A história secreta, por Leonardo Attuch. Istoé Dinheiro, 16 de maio de 2008
- ↑ a b «Diplomacia paralela e showbiz». Folha de S.Paulo. 29 de março de 2005. Consultado em 16 de novembro de 2022
- ↑ a b «O poder e o mediador». Folha de S.Paulo. 1 de abril de 2005. Consultado em 16 de novembro de 2005
- ↑ «Nasce um político». Revista Piauí. Maio de 2013. Consultado em 16 de novembro de 2022
- ↑ a b «Época - NOTÍCIAS - Cicerone na alta roda». webcache.googleusercontent.com. Consultado em 3 de maio de 2021
- ↑ «O encontro era entre Trump e Bolsonaro, mas quem brilhou foi Mário Garnero». ISTOÉ Independente. 8 de março de 2020. Consultado em 3 de março de 2022
- ↑ «How a Mar-a-Lago member helped set up the Brazil summit that exposed Trump to coronavirus». Miami Herald. 14 de março de 2020. Consultado em 15 de novembro de 2022