Governo de Salvação Nacional (Líbia)
O Governo de Salvação Nacional[1] é um governo alternativo formado por políticos dos blocos que perderam as eleições de junho de 2014 na Líbia. Os termos Alvorada Líbia[2] ou Amanhecer Líbio[3] são usados para se referir aos grupos armados e / ou ao movimento político mais amplo que apoiam este governo.
História
editarFormação
editarEm 4 de agosto de 2014, parlamentares islamitas remanescentes do Congresso Geral Nacional recusaram-se a ceder seus assentos, apesar de ter sido derrotados nas eleições de junho do mesmo ano pelas forças liberais, e não reconheceram o resultado das eleições, expressando sua intenção de continuar a legislar a nação africana.
Apoiados por outras milícias islamitas surgidas durante da Guerra Civil Líbia de 2011, conseguiram manter o controle sobre Trípoli e seus arredores, apesar do fato de parte do Exército estar alinhada com os parlamentares liberais.[4] Ambos os grupos tentaram estender seu domínio por meio de armas, dando origem a uma nova guerra civil.
O Congresso Geral Nacional cessante afirma ser uma continuação legítima do antigo Congresso Geral Nacional eleito em 2012, mas não representa uma maioria dos membros desse congresso. [5] A maioria dos membros do Congresso Geral Nacional passaria a participar do parlamento líbio à época reconhecido internacionalmente, o Conselho dos Deputados. [6] Já os membros reeleitos do bloco islâmico derrotado optaram por reunirem-se no autoproclamado Congresso Geral Nacional, em vez do Conselho de Deputados, onde estariam em uma minoria reduzida.[7][8]
O órgão legislativo baseado em Trípoli era formado por membros do Partido da Justiça e Construção (afiliado à Irmandade Muçulmana) e por um grupo de deputados independentes conhecido como Bloco dos Mártires.[6] Seu presidente foi Nuri Abu Sahmain [9], que já ocupava o cargo quando o mandato do órgão era legal. O Congresso também nomeou um Executivo, o chamado Governo de Salvação Nacional, e para o cargo de primeiro-ministro nomearam Omar al-Hasi, um combatente islamita[10][11], que mais tarde foi substituído pelo também islamita Khalifa al-Ghawil. [12]
Depois de sua derrota esmagadora nas eleições de 2014 dominadas pelo baixo comparecimento às urnas, os partidos islamitas que atuam sob a liderança de Nouri Abusahmain utilizaram dois grupos armados, a Sala de Operações dos Revolucionários Líbios e a Força Escudo da Líbia, para assumir o controle da capital Trípoli. [13] No final de agosto, milícias islamitas supostamente raptaram rivais (cujo paradeiro é desconhecido) e atacaram 280 casas. [14] O Congresso Geral Nacional rejeitou afiliação com qualquer uma dessas atividades. Os grupos islâmicos declararam que eles eram o Congresso Geral Nacional e que eram mais uma vez o parlamento nacional. [9]
Acordo Político Líbio
editarOs membros da Câmara dos Representantes e do Congresso Geral Nacional cessante assinaram um acordo político apoiado pelas Nações Unidas em 17 de dezembro de 2015. [15] Nos termos do acordo, um Conselho Presidencial de nove membros e um Governo do Acordo Nacional interino de dezessete membros seria formado, com vista à realização de novas eleições dentro de dois anos. [15] A Câmara dos Representantes iria continuar a existir como uma legislatura e um órgão consultivo, a ser conhecido como o Conselho de Estado, sendo formado com membros nomeados pelo Congresso Geral Nacional. [16]
O primeiro-ministro do Governo do Acordo Nacional, Fayez al-Sarraj, chegou em Trípoli em 30 de março de 2016. [17] No dia seguinte, foi relatado que o Governo do Acordo Nacional assumiu o controle dos primeiros gabinetes ministeriais e que o primeiro-ministro do Congresso Geral Nacional Khalifa al-Ghawi tinha fugido para Misrata. [18] Em 1 de abril de 2016, o chefe do departamento de mídia do Governo de Salvação Nacional anunciou que o governo renunciou e entregou sua autoridade de volta para o Congresso Geral Nacional. [19] A imprensa também afirmou que o Congresso Geral Nacional havia "virtualmente se desintegrado". [20]
Em 5 de abril, o Governo de Salvação Nacional do Congresso Geral Nacional anunciou que estava renunciando, "cessando operações" e cedendo poder ao Conselho Presidencial. [21][22] Após a dissolução do Congresso Geral Nacional, os ex-membros desse organismo declararam a criação do Conselho de Estado, como previsto pelo Acordo Político Líbio. [23]
Retrocessão e combates em outubro de 2016
editarApesar de, terem perdido todas as instituições e ministérios que controlavam em Trípoli em proveito do Governo do Acordo Nacional, Khalifa al-Ghawi e seus aliados se recusariam a ceder o poder ao novo governo respaldado pela ONU.[24][25] Al-Ghawi decretou estado de “extrema emergência” na capital e em todas as províncias do país controladas por grupos armados aliados a si.[26]
Em 15 de outubro de 2016, as forças leais ao Governo de Salvação Nacional tomaram o edifício do Alto Conselho de Estado e anunciaram o retorno do gabinete de Ghawil. [27][28] Em seguida, os combates ocorreram entre os partidários de Sarraj e as forças de Ghawil.[29][30]
Primeiros-Ministros do Governo de Salvação Nacional
editarO Governo de Salvação Nacional era composto de ministros e era dirigido por um primeiro-ministro. Seus membros renunciariam em 1 de abril de 2016[19] e seria formalmente dissolvido 5 de abril de 2016. [21]
Incumbente | Cargo | De | Até |
---|---|---|---|
Omar al-Hassi | Primeiro-Ministro | 6 de setembro de 2014 | 31 de março de 2015 |
Khalifa al-Ghawi | Primeiro-Ministro | 31 de março de 2015 | 1 de abril de 2016 |
Ver também
editarReferências
- ↑ Grupo armado de Trípoli autoproclama novo governo na Líbia - Último Segundo (14/10/2014)
- ↑ Campos petrolíferos da Líbia nas mãos de jiadistas - Expresso
- ↑ Ataque aéreo do governo da Líbia para recapturar capital deixa 8 mortos - Reuters
- ↑ «Islamitas desafiam as autoridades e querem formar governo na Líbia». UOL. 25 de agosto de 2012
- ↑ «Abu Sahmain, Ghariani condemned by Thinni and parliament leader Saleh». Libya Herald. 25 de agosto de 2014
- ↑ a b «Libya: The Muslim Brotherhood's Last Stand?». Huffington Post. 25 de julho de 2014
- ↑ «National Congress party results». Libya Herald. 18 de julho de 2014
- ↑ «Libya publishes parliamentary election results». Xinhua. 22 de julho de 2014
- ↑ a b «Libya's ex-parliament reconvenes, appoints Omar al-Hasi as PM». Reuters. 25 de agosto de 2014
- ↑ «Libya crisis: Tensions rise as Tripoli airport seized». BBC. 24 de agosto de 2014
- ↑ El antiguo Parlamento libio nombra a Omar al Hasi como nuevo primer ministro Europapress
- ↑ Daragahi, Borzou (31 de março de 2015). «Tripoli authority sacks prime minister». Financial Times
- ↑ «Libya – Democracy's Complex Child». International Business Times. 29 de agosto de 2014
- ↑ «Tripoli residents face dilemma after Libya Dawn take control of capital». The Guardian. 31 de agosto de 2014
- ↑ a b Libyan politicians sign UN peace deal to unify rival governments - The Guardian
- ↑ Libyan deal on course, but who is on board? - Al Arabiya
- ↑ Support grows for Libya's new unity government - DailyMail
- ↑ Rebel Tripoli administration vanishes by Saber Ayyub. - libyaherald.com.
- ↑ a b Tripoli Salvation Government resigns, hands power back to GNC - Libyan Express | 1 April 2016
- ↑ Op-Ed: Libya Herald report claims that Tripoli government 'vanished' - DigitalJournal.com
- ↑ a b «Libya's Tripoli Government Says Will 'Cease Operations'». ABC News. 5 de abril de 2016
- ↑ «Tripoli authorities cede power to Libyan unity government: statement». Yahoo! New Zealand. 5 de abril de 2016
- ↑ «GNC members announce its "dissolution" and creation of the State Council». Libya Herald. 5 de abril de 2016
- ↑ «Governo de união da Líbia entra em vigor, mas líder paralelo rejeita sair». O Globo. 6 de abril de 2016
- ↑ «Governo de Tripoli recusa ceder poder». Expresso. 7 de abril de 2016
- ↑ «ONU reconhece quadro humanitário dramático». Jornal de Angola. 28 de Março de 2016
- ↑ «GNC retakes parliament compound, High Council of State condemns». The Libya Observer
- ↑ «Rival group seizes Libya's UN-backed government offices»
- ↑ «Clashes erupt in Libyan capital Tripoli». Ahram Online
- ↑ «Clashes erupt in Libyan capital»