Convento de Santa Maria do Bouro
O Convento de Santa Maria do Bouro é um antigo convento situado na freguesia de Santa Maria do Bouro, município de Amares, distrito de Braga, em Portugal.[1]
Informações gerais | |
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Nomes alternativos | Pousada de Santa Maria do Bouro |
Função inicial | Convento cisterciense |
Função atual | Pousada |
Património de Portugal | |
Classificação | Imóvel de Interesse Público |
Ano | 1958 |
DGPC | 74590 |
SIPA | 1123 |
Geografia | |
País | Portugal |
Localização | Bouro (Santa Maria) |
Coordenadas | 41° 39′ 33″ N, 8° 16′ 13″ O |
Localização em mapa dinâmico |
Em 1994 foi restaurado e parte do edifício convertido em Pousada, a Pousada de Santa Maria do Bouro.[1]
O Convento encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1958.[2]
História
editarNa origem do atual edifício está uma construção que terá sido habitada por eremitas, cujo orago era São Miguel.[3]
Em 1148 D. Afonso Henriques doou o couto à Ordem de São Bento. Em 1195 o mosteiro deixa a regra beneditina passando a reger-se pela de Cister, sob a invocação de Nossa Senhora da Assunção.[2] Os vários edifícios monacais desenvolviam-se lateralmente à igreja de três naves, tendo como referência o claustro central.
Durante a crise de 1383-1385 o abade do mosteiro juntou 600 homens em defesa da fronteira da Portela do Homem, conseguindo suster o avanço das tropas galegas. Como reconhecimento pelo seu papel D. Nuno Álvares Pereira agraciou o abade com o título de Capitão-Mor e Guarda das Fronteiras dando-lhe a prerrogativa de poder levantar exército, sempre que considerasse necessário.[2]
Apesar de ter prosperado rapidamente graças ao apoio real, à sua localização, e à atividade dos frades,[4] o mosteiro veio a entrar num processo de degradação a partir do século XV, a que não terá sido alheia a instauração do regime dos abades comendatários chegando ao século XVI em estado de quase ruína.[3]
Nos finais do século XVI, com a criação da Congregação Autónoma Portuguesa, iniciaram-se as obras de recuperação incluindo novas decorações em talha e azulejos, que prosseguiram até meados do século XVII. Invocando as suas origens, a fachada da igreja, sujeita a profundas remodelações, exibe as imagens de São Bernardo e São Bento com a virgem ao centro. Por sua vez na fachada do convento que se desenvolve perpendicularmente à igreja, encontram-se entre as varandas superiores cinco estátuas de personagens importantes na história do país e do próprio convento, com pequenas inscrições anexas: o conde D. Henrique (supõe-se que o seja apesar de ser designado ALFONSUS em vez de HENRICUS), D. Afonso Henriques (sob o reinado do qual foi fundado o mosteiro, diz a inscrição), D. Sebastião (que suprimiu a comenda do convento), o cardeal D. Henrique (que fundou a Congregação Autónoma), e D. João IV (o restaurador da monarquia portuguesa).[3]
É reconquistada a pujança de outrora com 34 monges habitando o mosteiro e com obras de recuperação e expansão do edifício. No início do século XVIII, foi construído um novo refeitório e cozinha, bem como uma nova ala a oeste do claustro, tendo sido para aí transferido o novo acesso ao mosteiro.[2]
Em 1834 com a extinção das ordens religiosas masculinas o mosteiro foi abandonado vindo depois a ser vendido em hasta pública a particulares.
O convento encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1958 (Decreto 42007, DG 265 de 6 de Dezembro de 1958). Em 2005 foi estabelecida uma Zona Especial de Protecção em torno do monumento (Portaria n.º 1277, D.R., 2ª Série, n.243 de 21 de Dezembro de 2005).[5] (Apesar da designação oficial da classificação se referir ao imóvel como "Convento", as Ordens que o ocuparam - a de São Bento e a de Cister - tinham votos monacais, com clausura e prática da vida contemplativa pelo que a designação mais adequada seria "Mosteiro").[2]
Não obstante as diferentes obras de restauro, ampliação e decoração, há dados seguros, baseados nomeadamente em escavações efectuadas, de que o modelo planimétrico do edifício se terá conservado "sem grandes roturas" ao longo dos séculos.[6]
Em 1986 parte do mosteiro é adquirida pela Câmara Municipal de Amares(por 200 contos).
Citação «Construí um edifício novo com paredes antigas(…).Quando comecei percebi, juntamente com os arqueólogos, que o mosteiro era feito de sobreposições, comprovando que o património acaba sempre por ser feito por atentados ao património… A partir daí foi-me mais fácil materializar a ideia:fazer renascer o mosteiro como uma estrutura do século XX, no respeito pela História(…)» Eduardo Souto Moura o arquitecto da recuperação.[7] |
Em 1989 é apresentado o projecto do arquitecto Eduardo Souto Moura para adaptação a Pousada das dependências do mosteiro, cujas obras se iniciariam em 1994 sendo a pousada inaugurada em 1997.
Ver também
editarBibliografia
editar- Directório das Pousadas - pág. 9, 2003, Lisboa, Ed. Enatur.
- Guia das Pousadas e Hotéis de Sonho - Vol.1 - pág. 48 a 53, 2001 - Lisboa - Ed. Expresso.
Referências
- ↑ a b «Convento de Santa Maria do Bouro». Direção-Geral do Património Cultural. Consultado em 6 de maio de 2021
- ↑ a b c d e SIPA/DGPC
- ↑ a b c Pousada de Santa Maria do Bouro na base de dados Ulysses da Direção-Geral do Património Cultural
- ↑ Pousada de Santa Maria do Bouro-história
- ↑ Portaria com a delimitação da zona especial de protecção à Igreja e Mosteiro
- ↑ Instituto Português de Arqueologia
- ↑ Guia das Pousadas e Hotéis de Sonho pág. 53