RPG eletrônico de ação

subgênero de jogos eletrônicos
(Redirecionado de RPG de Ação)

RPG eletrônico de ação (ou simplesmente ARPG; em inglês: action RPG) é um subgênero de jogos eletrônicos que incorpora elementos de jogos de ação e de RPGs eletrônicos. O subgênero é definido por um combate onde o jogador tem controle direto dos personagens, ao invés controlá-lo através de menus.[1] Variedades do subgênero podem incluir elementos de dungeon crawlers, como Demon's Souls, de jogos de quebra-cabeça, como Illusion of Gaia, de hack and slash, como Kingdom Hearts, ou de tiro, como Borderlands, entre outros.[1]

Escolhas e consequências

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Apesar de muitos RPGs de ação focarem-se na ação enquanto se explora um mundo (às vezes, mundo aberto) e em melhorar as habilidades dos personagens, alguns títulos não lineares contêm eventos ou árvores de diálogo com consequências no mundo do jogo ou no enredo. O conceito de consequências morais e tendências pode ser visto em RPGs de ação antigos. Alguns exemplos são Xanadu: Dragon Slayer II (1985), com seu sistema de medidor de carma que muda de acordo com as ações do personagem e afeta as reações dos personagens não jogáveis,[2] e Hydlide II: Shine of Darkness (1985), onde o jogador pode se alinhar a Justiça, Normal ou Mal, dependendo de quem mata, levando habitantes das cidades a ignorarem o jogador se ele estiver alinhado com o Mal.[3] Cosmic Soldier: Psychic War, de 1987, apresentou um sistema de conversas não linear, onde o jogador pode recrutar aliados falando com eles, escolher matar ou poupar um inimigo e engajar inimigos numa conversa, tal como em Digital Devil Story: Megami Tensei (1987).[4] Um dos primeiros RPGs de ação a contar com múltiplos finais foi Castlevania II: Simon's Quest (1987), da Konami, que introduziu um ciclo dia-noite que afeta quando certos personagens não jogáveis aparecem em certos lugares e oferece três finais possíveis, dependendo do tempo que o jogador leva para completar o jogo.[5] Em 1988, Ys II: Ancient Ys Vanished – The Final Chapter introduziu a habilidade única de se transformar em um monstro, o que permite ao jogador assustar personagens humanos e interagir com monstros.[6]

Variações

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Dungeon crawler em primeira pessoa

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Damnation of Gods, um dungeon crawler em primeira pessoa e clone de Dungeon Master

No final de 1987, a FTL Games lançou Dungeon Master, um dungeon crawler que tinha um mundo de jogo em tempo real e alguns elementos de combate em tempo real, exigindo que os jogadores dessem ordens rapidamente aos personagens, estabelecendo o padrão para RPGs de computador em primeira pessoa por vários anos.[7]:234–236

Ultima Underworld: The Stygian Abyss, lançado em 1992, foi citado como o primeiro RPG a apresentar ação em primeira pessoa em um ambiente tridimensional.[8] Ultima Underworld é considerado o primeiro exemplo de um simulador imersivo, um gênero que combina elementos de outros gêneros para criar um jogo com forte agência do jogador e jogabilidade emergente, e influenciou muitos jogos desde seu lançamento.[9] O mecanismo foi reutilizado e aprimorado para a sequência de Ultima Underworld lançada em 1993, Ultima Underworld II: Labyrinth of Worlds.[10] A Looking Glass Studios planejou criar um terceiro Ultima Underworld, mas a Origin rejeitou suas propostas.[11] Depois que a Electronic Arts rejeitou a proposta da Arkane Studios para Ultima Underworld III, o estúdio criou um sucessor espiritual: Arx Fatalis.[12] Toby Gard declarou que, quando estava desenvolvendo Tomb Raider, ele “era um grande fã de Ultima Underworld e queria misturar esse tipo de jogo com o tipo de personagens poligonais presentes em Virtua Fighter”.[13] Ultima Underworld também foi a base para System Shock, jogo posterior da Looking Glass Technologies.[14]

Dungeon crawler com visão isométrica

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Exemplo de uma interface de apontar e clicar em um RPG de ação.

O título Times of Lore (1988), da Origin Systems, é um RPG de ação com uma interface de apontar e clicar baseada em ícones.[15] Os desenvolvedores se inspiraram em títulos de console, especialmente The Legend of Zelda, para tornar sua interface mais acessível.[16] O título Ultima VIII, de 1994, usava o cursor do mouse e tentava adicionar sequências de saltos de precisão que lembravam um jogo de plataforma da série Mario, embora as reações ao combate baseado no cursor tenham sido mistas. Em 1997, Diablo, da Blizzard, foi lançado e obteve enorme sucesso. Trata-se de um RPG de ação que usa uma interface de apontar e clicar orientada pelo cursor e oferece aos jogadores um serviço online gratuito para jogar com outros que mantêm as mesmas regras e jogabilidade.[17]:43

Títulos recentes desta variação incluem Path of Exile (2013), Grim Dawn (2016), Book of Demons (2018), Wolcen: Lords of Mayhem (2020) e Minecraft Dungeons (2020).[18]

RPG eletrônico de tiro

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RPGs de ação com jogabilidade de tiro incluem Strife (1996), System Shock 2 (1999), a série Deus Ex, Destiny (2014), Steambot Chronicles (2005),[19] o RPG de tiro em terceira pessoa Dirge of Cerberus: Final Fantasy VII (2006), que introduziu uma perspectiva por cima do ombro semelhante a Resident Evil 4,[20] e o jogo de combate veicular MMO Auto Assault (2006).[21] Outros RPGs de tiro apresentam elementos de hack and slash, com o uso de armas de fogo (ou, em alguns casos, arco e flecha ou combate aéreo) e armas brancas, incluindo a série baseada em voo Drakengard, da Cavia,[22] e Rogue Galaxy (2005), da Level-5.[23]

Soulslike

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 Ver artigo principal: Soulslike

Jogos soulslike têm um alto nível de dificuldade em que a morte repetida do personagem do jogador é esperada e incorporada como parte da jogabilidade, com os jogadores geralmente mantendo parte de seu progresso desde o último checkpoint (itens coletados, chefes derrotados) e outras perdas (como experiência ou moeda) sendo potencialmente recuperáveis. Em geral, há meios de melhorar permanentemente as habilidades do personagem do jogador para que ele possa progredir ainda mais, muitas vezes por meio de um tipo de moeda que pode ser obtida e gasta, mas que pode ser perdida ou abandonada entre as mortes se não for gerenciada adequadamente, semelhante às almas da série Souls.[24][25][26] A necessidade de repetidas jogadas pode ser vista como um tipo de autoaperfeiçoamento para o jogador, seja por meio do aprimoramento gradual do personagem ou do aprimoramento de suas próprias habilidades e estratégias dentro do jogo.[27]

O gênero foi criado em Demon's Souls (2009), desenvolvido pela FromSoftware, seguido pelo sucessor espiritual Dark Souls e suas sequências diretas. Outros jogos da desenvolvedora que seguem os mesmos princípios de jogabilidade e são considerados soulslike incluem Bloodborne, Sekiro: Shadows Die Twice e Elden Ring.[28][29][30][31][32][33] Outros jogos notáveis desta variação desenvolvidos por outros estúdios incluem Lords of the Fallen (2014),[34] Titan Souls (2015),[35] a série Nioh,[36] Darksiders III (2018),[37] a série Star Wars Jedi,[38] Lies of P (2023)[39] e Black Myth: Wukong (2024).[40]

Críticas

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Jordane Thiboust, da Beenox, criticou o termo "RPG de ação", afirmando que ele não representa o que a experiência principal do jogo oferece ao jogador. Ele disse que "RPG de ação não é um subgênero de verdade", mas que "o marketing atual criou uma gíria para [...] 'RPGs que são legais para se jogar com um gamepad'", então quanto mais RPGs são anunciados como "RPGs de ação", mais essa classificação se torna inútil. Ele também apontou para o perigo de se criar falsas expectativas para o consumidor, já que um "RPG de ação" descreve principalmente o tipo de combate a se esperar em um jogo, mas não afirma nada sobre a experiência geral do jogo (narrativa, mundo aberto ou dungeon crawl) que ele tem a oferecer.[41]

Ver também

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Referências

  1. a b Bailey, Kat (18 de maio de 2010). «Hack and Slash: What Makes a Good Action RPG?». 1UP.com. Consultado em 2 de março de 2011. Arquivado do original em 29 de junho de 2011 
  2. «Xanadu Next». Falcom (em japonês). Nihon Falcom Corporation. Consultado em 15 de agosto de 2024. Cópia arquivada em 18 de setembro de 2008 
  3. Kalata, Kurt; Greene, Robert. «Hydlide». Hardcore Gaming 101 
  4. «Psychic War: Cosmic Soldier». Hardcore Gaming 101 (em inglês). Hardcore Gaming 101. Consultado em 16 de agosto de 2024. Arquivado do original em 19 de julho de 2009 
  5. Whalen, Mike; Varanini, Giancarlo. «The History of Castlevania - Castlevania II: Simon's Quest». GameSpot. Consultado em 1 de agosto de 2008. Arquivado do original em 25 de julho de 2008 
  6. Vitale, Adam (15 de março de 2024). «The original Ys I: Ancient Ys Vanished now available for Nintendo Switch via Egg Console PC-88 emulator [Update: Ys II joins the lineup] | RPG Site». RPG Site (em inglês). Consultado em 15 de agosto de 2024 
  7. Barton, Matt (22 de fevereiro de 2008). Dungeons and Desktops: The History of Computer Role-Playing Games. Wellesley, Massachusetts: CRC Press. 451 páginas. ISBN 9781439865248 
  8. Shahrani, Sam (25 de abril de 2006). «Educational Feature: A History and Analysis of Level Design in 3D Computer Games». Game Developer (em inglês). Consultado em 16 de agosto de 2024. Cópia arquivada em 29 de junho de 2006 
  9. Wiltshire, Alex (15 de dezembro de 2016). «In 1992 Warren Spector and Paul Neurath invented the immersive sim – now they're trying again». Glixel (em inglês). Consultado em 16 de agosto de 2024. Arquivado do original em 18 de maio de 2017 
  10. «An Interview with Looking Glass Technologies». Game Bytes (em inglês). 1992. Consultado em 16 de agosto de 2024. Cópia arquivada em 19 de abril de 2013 
  11. Mallinson, Paul (16 de abril de 2002). «Games that changed the world: Ultima Underworld». Computer and Video Games (em inglês). Consultado em 16 de agosto de 2024. Arquivado do original em 12 de dezembro de 2007 
  12. Todd, Brett (17 de maio de 2006). «Arx Fatalis Preview». GameSpot (em inglês). Consultado em 16 de agosto de 2024. Cópia arquivada em 20 de junho de 2016 
  13. «Q&A: The man who made Lara». BBC News (em inglês). 28 de junho de 2001. Consultado em 16 de agosto de 2024 
  14. Rouse, Richard (2005). Game design: theory & practice (em inglês) 2nd ed ed. Plano, Tex: Wordware Pub. pp. 500–531. ISBN 1-55622-912-7 
  15. Addams, Shay (1992). The Official Book of Ultima (em inglês) 2ª ed. Greensboro, North Carolina: Compute Books. pp. 83–86. ISBN 0-87455-264-8 
  16. «Entertainment Software "On The Pass Line"». Golden Empire Publications. Computer Gaming World (em inglês) (68): 34–38. Fevereiro de 1990. ISSN 0744-6667. Consultado em 16 de agosto de 2024 
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  20. «Dirge of Cerberus: Final Fantasy VII». Siliconera (em inglês). 30 de janeiro de 2006. Consultado em 16 de agosto de 2024 
  21. Keiser, Joe (7 de agosto de 2005). «Unsung Innovators». Next Generation (em inglês). Future plc. Consultado em 16 de agosto de 2024. Arquivado do original em 28 de outubro de 2005 
  22. «Drakengard (PS2)». 1Up.com (em inglês). 1 de janeiro de 2000. Consultado em 16 de agosto de 2024. Arquivado do original em 16 de agosto de 2016 
  23. Yang, Louise (26 de janeiro de 2007). «Rogue Galaxy: charming and cel shaded». Siliconera (em inglês). Consultado em 16 de agosto de 2024 
  24. Prescott, Shaun (11 de abril de 2019). «The best Souls-like games on PC». PC Gamer (em inglês). Consultado em 16 de agosto de 2024 
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  27. Kunzelman, Cameron (2020). «Chapter 10: How we deal with dark souls». In: de Souza e Silva, Adriana; Glover-Rijkse, Ragan. Hybrid Play: Crossing Boundaries in Game Design, Players Identities and Play Spaces (em inglês). [S.l.]: Taylor & Francis. p. 58. ISBN 9781000042351 
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  29. McKeand, Kirk (10 de junho de 2018). «Sekiro: Shadows Die Twice is a new Soulslike developed by FromSoftware». VG247 (em inglês). Consultado em 16 de agosto de 2024 
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  39. Argüello, Diego Nicolás (13 de setembro de 2023). «Lies of P carves a singular space out of the Soulsborne genre». Polygon (em inglês). Consultado em 16 de agosto de 2024 
  40. Thorn, Ed (1 de julho de 2024). «Black Myth: Wukong is a pleasantly surprising Soulslike, even if it's given me an enemy for life». Rock, Paper, Shotgun (em inglês). Consultado em 16 de agosto de 2024 
  41. Thiboust, Jordane (24 de janeiro de 2013). «Focusing Creativity: RPG Genres». Gamasutra. p. 3. Consultado em 29 de dezembro de 2013