Roberto Campos Neto
Roberto de Oliveira Campos Neto (Rio de Janeiro, 28 de junho de 1969) é um economista brasileiro. É o atual presidente do Banco Central do Brasil.[3] Formado pela Universidade da Califórnia (UCLA), trabalhou no mercado financeiro entre 1996 e 2019.
Roberto Campos Neto | |
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Campos Neto em fevereiro de 2019 | |
27.° Presidente do Banco Central do Brasil | |
No cargo | |
Período | 28 de fevereiro de 2019 até a atualidade |
Nomeação por | Jair Bolsonaro |
Antecessor(a) | Ilan Goldfajn |
Dados pessoais | |
Nascimento | 28 de junho de 1969 (55 anos) |
Nacionalidade | brasileiro |
Alma mater | Universidade da Califórnia |
Prêmio(s) | |
Profissão | economista |
Assinatura |
É neto do também economista Roberto Campos.
Biografia
editarRoberto Campos Neto é filho de Roberto de Oliveira Campos Filho e neto do economista Roberto Campos, que comandou o Ministério do Planejamento no governo Castelo Branco (1964–1967) e foi um dos idealizadores do Banco Central e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.[4][5][6]
Graduou-se em economia pela Universidade da Califórnia (UCLA) em 1993 e concluiu especialização em finanças pela mesma universidade em 1995.[7][6]
Trabalhou, entre 1996 e 1999, no Banco Bozano Simonsen, nos cargos de operador de derivativos de juros e câmbio, operador de dívida externa, operador da área de bolsa de valores e também como executivo da área de renda fixa internacional. Após a compra do Banco Bozano pelo Banco Santander, Campos Neto trabalhou ali de 2000 a 2003 como chefe da área de renda fixa internacional. No ano de 2004, ocupou a posição de gerente de carteiras na claritas investimentos. Em 2005, retornou ao Santander como operador e, no ano seguinte, tornou-se chefe do setor de trading. Em 2010, passou a ser responsável pela área de tesouraria e formador de mercado regional e internacional,[5] função que exerceu até 2019, quando assumiu a presidência do Banco Central do Brasil.[6]
Presidência do Banco Central
editarEm 15 de novembro de 2018, foi anunciado pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro, como o próximo presidente do Banco Central do Brasil, substituindo Ilan Goldfajn.[8] Seu nome foi submetido a aprovação no Senado Federal,[9] contando com 55 votos favoráveis e 6 contrários.[10]
Antes de assumir a presidência do BC, Roberto Campos Neto defendeu a autonomia do BC e a modernização do mercado bancário, visando aumentar a concorrência entre os poucos bancos que compõe o setor financeiro do país. Quando questionado sobre o fato de o lucro dos bancos terem-se mantido elevados, mesmo durante a crise econômica de 2014 no país, Campos Neto defendeu que não se pode observar apenas esse fator:[11]
É preciso ver qual é o lucro em relação ao capital empregado. O retorno dos bancos já foi bem maior, de 19%, 20%, e caiu para 12%. Bancos rendiam a mesma coisa que títulos do governo. Agora a rentabilidade voltou para algo como 15%. Apesar de o lucro ser crescente, a rentabilidade baixou muito.— Roberto Campos Neto, durante sua sabatina no Senado
Em 28 de fevereiro de 2019, Roberto Campos Neto toma posse como Presidente do Banco Central após indicação do presidente Jair Bolsonaro.[12] Durante seu mandato, ocorreu o lançamento do Pix em 20 de novembro de 2020,[13] aderido por estimados cem milhões de brasileiros ao fim de 2022.[14] O Banco Central havia iniciado o processo de criação da plataforma em 2018, quando o órgão era chefiado pelo economista Ilan Goldfajn, durante o governo do ex-presidente Michel Temer.[15]
Citação no Pandora Papers
editarNo dia 3 de outubro de 2021, Campos Neto foi citado na investigação Pandora Papers, realizada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, por ter participação em offshores localizadas em paraísos fiscais.[16] Segundo documentos da investigação, Campos Neto possuía uma offshore no Panamá, fechada no segundo semestre de 2020.[17] O então ministro da Economia, Paulo Guedes, também foi citado na investigação.[16] Embora manter essas empresas não seja uma atividade ilegal, especialistas em direito tributário levantaram a possibilidade de haver conflito de interesses por decisões tomadas por ambos no Conselho Monetário Nacional.[18] Em nota divulgada à época, Campos Neto afirmou ter declarado a totalidade desse patrimônio, pagado “toda a tributação devida” e cumprido “todas as regras legais e comandos éticos aplicáveis aos agentes públicos”.[19]
O caso teve repercussão nacional e deixou agentes do mercado financeiro em alerta.[18][20] Parlamentares da oposição ao governo de Jair Bolsonaro entraram com ação no Ministério Público Federal solicitando a abertura de investigação e protocolaram pedidos de convocação a Campos Neto e Guedes para que prestem esclarecimentos no Congresso Nacional.[21][22]
Em 4 de outubro de 2021, a Comissão de Ética Pública confirmou que recebeu de Campos Neto a declaração relativa às empresas no exterior.[23] Em 4 de outubro de 2021, a Procuradoria-Geral da República abriu uma investigação para apurar irregularidades no caso, terminando por arquivar o caso em 1º de dezembro de 2021 por ter concluído que a existência das empresas tinha sido informada e que não haviam sido encontrados indícios de conflito de interesse em sua conduta.[24][25][26]
Erro na compilação dos dados do fluxo cambial entre 2021 e 2022
editarEm 27 de janeiro de 2023, o Banco Central anunciou uma revisão extraordinária do mercado de câmbio contratado de outubro de 2021 até dezembro de 2022. Com a revisão, o dado em 2022 passou do ingresso de cerca de US$ 9 bilhões de dólares para a saída de mais de US$ 3 bilhões. O BC atribuiu o erro a uma falha na compilação das estatísticas.[27] O chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, pediu desculpas pela falha.[28]
No dia 31 de janeiro de 2023, o Ministério Público pediu que o Tribunal de Contas da União (TCU) apurasse o erro. Na representação, o subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado afirmou que, apesar de minimizado pelo Banco Central, "o erro em questão foi bilionário, ocorrido em meio a uma acirrada disputa eleitoral e adiciona incertezas e desconfianças ao mercado brasileiro, que já passa por um momento difícil".[29] Antes do pedido do Ministério Público que atua junto ao órgão, os auditores do TCU já analisavam o erro.[30]
No dia 14 de março de 2023, o Senado Federal aprovou um requerimento do senador Alessandro Vieira para convidar Campos Neto a explicar aos parlamentares o erro cometido.[27] No requerimento, o senador afirmou que "não apenas a magnitude expressiva do erro chama a atenção, mas também a duração da falha na compilação de dados, que persistiu, sem ser detectada, de outubro de 2021 a dezembro de 2022".[31] No dia 25 de abril de 2023, Campos Neto compareceu ao Senado Federal, ocasião em que afirmou que se tratou de um erro em um código e declarou que a autoridade monetária adotou medidas para evitar que o erro seja feito novamente, com novas rotinas de revisões e etapas adicionais de checagem.[32]
Em 24 de maio de 2023, o TCU arquivou o processo.[33]
Resumo de sua carreira
editarFonte:[34]
- Operador de Derivativos de Juros e Câmbio (1996), no Banco Bozano Simonsen (1996)
- Operador de Dívida Externa, no Banco Bozano Simonsen (1997)
- Operador da área de Bolsa de Valores, no Banco Bozano Simonsen (1998)
- Executivo da Área de Renda Fixa Internacional, no Banco Bozano Simonsen (1999)
- Chefe da área de Renda Fixa Internacional no Santander Brasil (2000 a 2003)
- Gerente de Carteiras na Claritas no Santander Brasil (2004)
- Chefe do Setor de Trading no Santander Brasil (2006)
- Responsável pela área de Proprietária de Tesouraria e Formador de Mercado Regional & Internacional no Santander Brasil (2010)
Referências
- ↑ «Boletim do Exército do Brasil de julho de 2020». Secretaria Geral do Exército do Brasil (pdf). Consultado em 10 de setembro de 2020
- ↑ «DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO - Seção 1 | Nº 197, quarta-feira, 14 de outubro de 2020». Imprensa Nacional. 14 de outubro de 2020. p. 9. Consultado em 10 de fevereiro de 2024
- ↑ «Paulo Guedes confirma Campos Neto como chefe do BC e Mansueto no Tesouro». economia.uol.com.br. Consultado em 11 de janeiro de 2019
- ↑ «Campos Neto participa na Câmara de homenagem ao avô e economista Roberto de Oliveira Campos». Uol. 2 de agosto de 2023. Consultado em 1 de maio de 2024
- ↑ a b Goeking, Weruska. «Quem é Roberto Campos Neto, indicado para a presidência do Banco Central». www.infomoney.com.br. Consultado em 16 de novembro de 2018
- ↑ a b c «Roberto Campos Neto: de trader a presidente do Banco Central». InfoMoney. Consultado em 28 de março de 2023
- ↑ «Roberto Campos Neto substituirá Ilan Goldfajn na presidência do BC | EXAME». exame.abril.com.br. Consultado em 16 de novembro de 2018
- ↑ «Roberto Campos Neto é indicado para comandar o BC no governo Bolsonaro». G1
- ↑ «Comissão do Senado aprova indicação de Roberto Campos Neto para presidente do BC». G1. 26 de fevereiro de 2019. Consultado em 26 de fevereiro de 2019
- ↑ Carvalho e Carneiro, Daniel e Mariana (26 de fevereiro de 2019). «Senado aprova Roberto Campos Neto como novo presidente do BC». Folha de S.Paulo. Consultado em 26 de fevereiro de 2019
- ↑ Braziliense, Correio; Braziliense, Correio (27 de fevereiro de 2019). «Futuro presidente do BC, Roberto Campos Neto defende mais concorrência». Correio Braziliense. Consultado em 27 de janeiro de 2020
- ↑ «Campos Neto toma posse como presidente do Banco Central». Agência Brasil. 28 de fevereiro de 2019. Consultado em 4 de setembro de 2022
- ↑ «Meios de pagamentos e a revolução do PIX - Evento ONLINE e GRATUITO». www.sympla.com.br. Consultado em 4 de setembro de 2022
- ↑ «Pix alcança 100 milhões de usuários, 61% dos usuários de banco do Brasil». Poder360. Consultado em 4 de setembro de 2022
- ↑ «'Pai' ou padrasto? Lançado sob Bolsonaro, Pix foi planejado na gestão Temer». economia.uol.com.br. Consultado em 24 de abril de 2023
- ↑ a b Galvani, Giovanna. «Pandora Papers: Guedes e Campos Neto afirmam que contas no exterior foram declaradas à Receita». CNN Brasil. Consultado em 10 de julho de 2023
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- ↑ Rodrigues, Douglas (4 de janeiro de 2022). «Citado nos Pandora Papers, Guedes foi poupado pelo Congresso». Poder360. Consultado em 11 de julho de 2023
- ↑ PODER360 (4 de outubro de 2021). «Oposição pede que MP investigue Guedes e Campos Neto por offshores». Poder360. Consultado em 11 de julho de 2023
- ↑ Roscoe, Beatriz (5 de outubro de 2021). «Comissão do Senado aprova convite a Guedes e Campos Neto por offshores». Poder360. Consultado em 11 de julho de 2023
- ↑ Neiva, Lucas (4 de outubro de 2021). «Comissão de Ética Pública confirma conhecimento de offshores». Congresso em Foco. Consultado em 11 de julho de 2023
- ↑ Netto, Paulo Roberto (1 de dezembro de 2021). «PGR arquiva apurações preliminares sobre offshores de Guedes e Campos Neto». Poder360. Consultado em 11 de julho de 2023
- ↑ Reuters (4 de outubro de 2021). «PGR abrirá apuração preliminar sobre Guedes e Campos Neto por citação em Pandora Papers». InfoMoney. Consultado em 10 de julho de 2023
- ↑ «Pandora Papers: PGR arquiva investigação contra Guedes e Campos Neto». G1. 2 de dezembro de 2021. Consultado em 10 de julho de 2023
- ↑ a b «Campos Neto vai ao Senado explicar erro de fluxo cambial, além do patamar de juros». Valor Investe. Consultado em 24 de abril de 2023
- ↑ «Banco Central corrige dados cambiais e país fecha 2022 no negativo». Agência Brasil. 27 de janeiro de 2023. Consultado em 24 de abril de 2023
- ↑ «MP do Tribunal de Contas da União quer apurar erro do Banco Central em dados sobre câmbio». exame.com. Consultado em 24 de abril de 2023
- ↑ «TCU vai apurar erro do BC no fluxo cambial». Valor Econômico. Consultado em 24 de abril de 2023
- ↑ «REQ 5/2023 - CAE - Senado Federal». www25.senado.leg.br. Consultado em 24 de abril de 2023
- ↑ Ferrari, Hamilton (25 de abril de 2023). «Equívoco no fluxo cambial foi "erro" em código, diz Campos Neto». Poder360. Consultado em 11 de julho de 2023
- ↑ «Oito meses: documentos do Banco Central mostram que erro no fluxo cambial já estava identificado durante período eleitoral mas seguiu debaixo do tapete – Sportlight». 7 de março de 2023. Consultado em 11 de julho de 2023
- ↑ Comércio, Jornal do. «Roberto Campos Neto será presidente do BC no governo Bolsonaro». Jornal do Comércio
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