Samiha Khalil
Samiha Khalil (em árabe: سميحة خليل; Anabta, 1923 — Ramala, 26 de fevereiro de 1999) foi uma ativista e política palestina conhecida por ter sido a primeira mulher a concorrer ao cargo de presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) em 1996.
Samiha Khalil سميحة خليل | |
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Nascimento | 1923 Anabta, Palestina |
Morte | 26 de fevereiro de 1999 (76 anos) Ramala, Palestina |
Nacionalidade | palestina |
Etnia | Árabe |
Ocupação | Política Ativista |
Prêmios | Jerusalem Medal for Culture, Arts and Literature (1992) |
Dedicou sua vida ao trabalho voluntário, ajudando os refugiados do êxodo palestino de 1948, conhecido como Nakba. Em 1952 ajudou a fundar o Sindicato Geral das Mulheres Palestinas, do qual foi Secretária do Comitê Executivo, e em 1965 a Sociedade de Bem-Estar Familiar. Em 1966 tornou-se membro do Conselho Nacional Palestino (CNP). Participou ativamente da criação do Museu da Palestina em Ramala e fundou o Comitê de Pesquisa Social e Patrimônio em 1972. Em 1979 foi eleita membro do Comitê de Orientação Nacional, que era a autoridade máxima do povo palestino dentro da Palestina, sendo também a única mulher no comitê.
Juventude
editarSamiha Khalil nasceu em 1923 na cidade de Anabta, durante o Mandato Britânico da Palestina, filha de Yusuf al-Qabaj e de sua esposa Halima Tuqan. Seu pai foi prefeito da cidade durante a Revolta árabe de 1936–1939, e encorajava famílias ricas a doar alimentos aos necessitados da cidade. Na ocasião, assistiu soldados britânicos invadirem sua casa e rasgarem os sacos de comida que haviam sido doados. Quando seu pai tentou protestar, foi jogado ao chão pelos soldados. Além disso, cinco de seus primos foram mortos na rebelião.[1]
Aos dezessete anos Samiha se casou com Salama Khalil e deixou de frequentar a escola. Após a Guerra árabe-israelense de 1948, o casal fugiu para Gaza e, em 1964, Samiha finalmente voltou à escola e se formou, prestando os exames junto com seu filho, Saji.[1]
Ativismo
editarDedicou sua vida ao trabalho voluntário após a Nakba, quando pelo menos 711.000 árabes palestinos fugiram ou foram expulsos de seus lares. Junto com outras mulheres passou a coletar dinheiro, roupas e alimentos para os refugiados. Aos quarenta anos se matriculou na Beirut Arab University para estudar Literatura Árabe, mas teve de abandonar o curso pois as políticas da ocupação israelense após 1967 a impediam de viajar para fazer as provas finais.[2]
Ajudou a criar a Sociedade de Bem-Estar Familiar, que tinha como objetivo educar os filhos de mártires palestinos, capacitar mulheres e manter a memória palestina. Samiha a presidiu até sua morte. Participou da fundação da seção al-Bireh do Sindicato Geral das Mulheres Palestinas e participou de seu Congresso Geral em Jerusalém, em 1965. Um ano depois ela foi eleita secretária do Comitê Executivo do Sindicato Geral e tornou-se membro do Conselho Nacional da Palestina (CNP).[1]
Ajudou a organizar diversas manifestações e comícios. A mais notável foi a manifestação contra a Organização do Tratado Central, em 1956, onde liderou diversas mulheres em um protesto nas ruas de Ramala. No dia seguinte, a manifestação reuniu mulheres de 27 vilas da Cisjordânia.[1] Acreditava que o poder feminino na economia doméstica era alto, e por isso encorajava as mulheres a adotarem políticas de boicote econômico. Também defendia que a melhor forma de resistência para as mulheres palestinas era a produção de filhos, e pregava os valores islâmicos de humildade e caridade.[3]
Após a Guerra dos Seis Dias passou a ajudar refugiados de cidades e vilas destruídas por Israel após a ocupação.[1]
Em 1973 Khalil se tornou membro do conselho de comando da Frente Nacional Palestina na Cisjordânia, uma organização política que reunia diversas instituições palestinas. Em 1979 se tornou a única mulher membro do Comitê de Orientação Nacional, que era a autoridade máxima do povo palestino dentro da Palestina.
As autoridades de israelenses a detiveram várias vezes para interrogatório e a prenderam duas vezes. No início da década de 1980 foi colocada em prisão domiciliar por dois anos e meio e a impediram de viajar por 12 anos. Por estar proibida de entrar em al-Bireh, onde seus filhos residiam, e por eles estarem proibidos de irem para a Cisjordânia, passou vários anos sem poder vê-los.
Apesar das restrições, representou as mulheres palestinas em mais de vinte congressos pelo mundo, além de trazer atenção para a causa nacional palestina.
Acreditava firmemente na igualdade entre homens e mulheres, e por isso em 1996 se candidatou para a presidência da Autoridade Nacional Palestina (ANP), concorrendo contra Yasser Arafat e recebendo 12% dos votos. Apesar de não ter ganho, sua candidatura abriu precedentes históricos para a vida política das mulheres palestinas.
Família
editarSamiha Khalil foi casada com Salama Khalil, um professor e diretor escolar. Juntos tiveram 5 filhos: Khalil, Saji, Samir, Samih e Sa’ida.[1]
Falecimento
editarSamiha Khalil faleceu em 26 de fevereiro de 1999 aos 76 anos. Sua lápide traz a inscrição: “Samiha Khalil: Ela lutou pela liberdade e independência do povo palestino”.[1]
Prêmios
editarVer também
editarReferências
- ↑ a b c d e f g h «Biografia de Samiha Khalil» (em inglês). Consultado em 28 de agosto de 2020
- ↑ «Deixando sua marca: Samiha Khalil» (em inglês). Consultado em 28 de agosto de 2020
- ↑ Talhami, Ghada (1999). «In memoriam: Samiha Khalil». Londres: Pluto Journals. Arab Studies Quarterly (em inglês). Consultado em 28 de agosto de 2020