Jeffrey Scott Buckley (Anaheim, 17 de novembro de 1966Memphis, 29 de maio de 1997) foi um cantor, compositor e guitarrista norte-americano. Conhecido por seus dotes vocais, Buckley foi considerado pelos críticos umas das mais promissoras revelações musicais de sua época.[carece de fontes?] Entretanto, Buckley morreu afogado enquanto nadava no rio Wolf, afluente do Rio Mississippi, em 1997.

Jeff Buckley
Jeff Buckley
Buckley em 1994
Nome completo Jeffrey Scott Buckley
Nascimento 17 de novembro de 1966
Anaheim, Califórnia, EUA
Morte 29 de maio de 1997 (30 anos)
Memphis, Tennessee, EUA
Progenitores Mãe: Mary Guibert
Pai: Tim Buckley
Ocupação
Período de atividade 19901997
Carreira musical
Gênero(s)
Instrumento(s)
  • Vocal
  • guitarra
  • teclado
  • piano
  • dulcimer
  • percussão
  • bateria
Gravadora(s) Columbia
Página oficial
jeffbuckley.com

Primeiros anos

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Buckley nasceu na cidade de Anaheim, Califórnia.[1] Foi o único filho de Mary Guibert e Tim Buckley. Sua mãe era descendente de gregos, franceses, norte-americanos e panamenhos,[2] enquanto seu pai era descendente de irlandeses e italianos.[3] Buckley foi criado por sua mãe e seu padrasto, Ron Moorhead, no sul da Califórnia, e tinha um meio-irmão, Corey Moorhead.[4][5] Buckley mudou-se várias vezes dentro e no entorno do Condado de Orange em sua juventude, uma criação que Buckley chamou de "pobre sem raízes".[6] Quando criança, Buckley era conhecido como Scott "Scottie" Moorhead, baseado no seu nome do meio e no sobrenome de seu padrasto.[7]

Seu pai biológico, Tim Buckley, era um músico-compositor que lançou uma série de álbuns muito aclamada de folk e jazz no final dos anos 60 e início dos anos 70, com o qual se encontrou uma única vez aos oito anos de idade.[8] Após a morte de seu pai biológico, devida a uma overdose de drogas em 1975,[9] ele escolheu usar o seu nome e sobrenome verdadeiros, os quais ele encontrou em sua certidão de nascimento,[10] mas para os seus familiares ele continuou sendo o "Scottie".[11]

Buckley foi criado em um ambiente de música. Sua mãe era pianista e violoncelista de formação clássica.[12] Seu padrasto o apresentou ao som de bandas como Led Zeppelin, Queen, Jimi Hendrix, The Who e Pink Floyd quando ainda era pequeno.[13] Buckley passou a sua adolescência a ouvir diversos tipos de música como blues, rock e jazz.

Buckley cresceu cantando pela casa e em harmonia com sua mãe.[14] Ele começou a tocar com cinco anos de idade, após encontrar um violão no armário de sua avó.[15]

O álbum Physical Graffiti, da banda Led Zeppelin, foi o primeiro disco que ele possuiu.[16] Aos 12 anos, ele decidiu se tornar músico e ganhou sua primeira guitarra - uma Les Paul preta - aos 13 anos.[17] No colégio, ele tocou na banda de jazz da escola.[18] Nessa época, ele desenvolveu uma afinidade por bandas de rock progressivo como o Rush, Genesis e Yes, assim como pelo guitarrista de jazz fusion Al Di Meola.[19]

Após terminar o colégio, decidiu que a música seria o caminho a seguir. Com medo de ser comparado com o seu pai, Tim Buckley, em vez de cantar, Jeff decidiu inicialmente tocar guitarra.[carece de fontes?] Ele se mudou para Hollywood para ingressar no Guitar Institute of Technology (atual Musicians Institute),[20] onde completou o curso de um ano de duração com 19 anos de idade.[21] Posteriormente, ele afirmou à revista Rolling Stone que o curso foi "a maior perda de tempo", mas admitiu em entrevista à Double Take Magazine que ele gostava de estudar teoria musical lá, dizendo, "eu me sentia atraído por harmonias realmente interessantes, coisas que eu ouvia em Ravel, Ellington, Bartók".[22] Diversas experiências vieram de seguida: Jeff trabalhou em estúdio, tocou em bandas de funk, jazz e punk e até mesmo na Banana Republic, de onde foi demitido após ter sido acusado de roubar uma camiseta.[23][carece de fontes?]

Início da carreira

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Em 1991, ao ser convidado para participar num show tributo a seu pai, Jeff resolveu cantar. A semelhança vocal com o pai (Tim Buckley) veio à tona nesse momento. Foi nesse tributo, também, que conheceu o ex-guitarrista da banda Captain Beefheart, Gary Lucas, que, impressionado com sua voz, decidiu convidá-lo para integrar a banda Gods and Monsters. Afiada tanto nas performances ao vivo como nas composições próprias, a Gods and Monsters estava prestes a assinar com uma discográfica quando Buckley decidiu abandonar o projeto por achar que um contrato, naquele momento, restringiria as suas ambições musicais.

No ano seguinte em 1992 começou a apresentar-se sozinho (voz e guitarra) num bar nova-iorquino chamado "Sin-é". Foi naquele bar, segundo o próprio Jeff, onde mais tocou e gostava de tocar. Aquele era um lugar pequeno, onde as pessoas iam para conversar e não para ouvir alguém cantar músicas desconhecidas, mas foi pela diferença que Jeff Buckley conquistou as pessoas que frequentavam o lugar. Foi nesse pequeno bar, sem palco, que um dos empresários da Columbia Records o viu cantar e tocar. Em outubro daquele ano, Jeff assinou com a Columbia para a gravação do seu primeiro álbum solo. Antes do álbum, Jeff decidiu fazer uma turnê pela Europa, só depois gravaria o primeiro álbum em estúdio. Nesse período, concordou também em lançar um EP com 5 músicas gravadas no "Sin-é".

Grace é o primeiro e único álbum de estúdio oficial e completo de Jeff, lançado em 23 de Agosto de 1994, produzido por Andy Wallace. Em 2004 foi lançada uma versão especial, Legacy Edition, contendo um disco bônus. O disco teve grande repercussão tanto no meio artístico quanto na mídia especializada, apesar de ter as vendagens abaixo das expectativas da gravadora. O álbum influenciou grandes nomes da década de 90 e da atualidade como Radiohead, Muse, Coldplay, Travis, Jamie Cullum, entre outros.

É considerado por muitos críticos e artistas um dos melhores CD da década, e até da dupla Robert Plant e Jimmy Page o CD recebeu elogios exaltados. Jimmy Page disse: “Quando o Plant e eu vimos ele tocando na Austrália, ficamos assustados. Foi realmente tocante”.

Sua bem sucedida turnê rodou os EUA e parte da Europa, terminando em 1997. O álbum traz, ao todo, sete músicas autorais e três releituras, incluindo o clássico Hallelujah de Leonard Cohen, que foi trilha do filme alemão-austríaco Edukators. "Grace", "Last Goodbye", “Forget Her” e "So Real" receberam clipes. Este álbum chegou às lojas em agosto de 1994 e foi imediatamente aclamado pela crítica e por artistas como Paul McCartney, Chris Cornell. Sobre Jeff, Bono Vox disse:

"Jeff Buckley é uma gota cristalina num oceano de ruídos”.

Segundo álbum

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2 anos depois do lançamento do primeiro disco, Jeff entrou em estúdio de novo para realizar o segundo álbum. A gravadora insistia em um trabalho mais comercial, mas o artista não quis saber e convidou Tom Verlaine para fazer a produção do disco. A exigência de Jeff foi aceita pela gravadora, mas quando o trabalho estava quase pronto, foi o próprio cantor que não gostou do resultado final e não quis que fosse lançado. Então, Jeff resolveu escrever novas músicas para o segundo disco e concluiu o trabalho em 1997, em maio.

Após gravar algumas músicas para seu segundo álbum, Jeff resolveu parar para nadar no rio Wolf antes de se encontrar com a sua banda. Depois de alguns minutos, Foti, seu amigo, foi até ao carro para guardar alguns objetos, enquanto ouvia Jeff nadar cantarolando “Whole Lotta Love”, do Led Zeppelin. Quando voltou, não ouviu mais nada. Gritou o nome de Jeff por quase dez minutos e, não obtendo resposta, decidiu chamar a polícia.

No dia 29 de Maio de 1997, helicópteros sobrevoavam o rio Wolf em busca de Jeff. Seu corpo foi encontrado apenas uma semana depois, dia 4 de Junho, perto da nascente do Mississippi, sem vida. O cantor morrera afogado, aos 30 anos.

A autópsia de Buckley não mostrou sinais de drogas ou álcool em seu corpo, e sua morte foi considerada um afogamento acidental. O seguinte depoimento foi publicado na página de Buckley:

A morte de Jeff Buckely não foi "misteriosa", nem relacionada a drogas, álcool ou suicídio. Temos o relatório policial, o relatório de um legista, e uma testemunha ocular para provar que foi um afogamento acidental, e que Sr. Buckley estava em bom estado mental antes do acidente.[24]

Sketches for My Sweetheart the Drunk

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O álbum póstumo, “Sketches for My Sweetheart the Drunk”, foi lançado em 1998. “Sketches” é composto por gravações que Jeff fez com Tom Verlaine e mais músicas nas quais Jeff trabalhava antes de morrer. Foi sucesso nos EUA e muitos passaram a admirar Jeff após sua morte.

Pós-Morte

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Em 2000, “Mystery White Boy” veio relembrar Jeff nas suas performances ao vivo. O álbum foi lançado no dia 8 de maio daquele ano, quase 3 anos após sua morte.

Já em 2007, surge uma compilação com os melhores êxitos de estúdio e ao vivo, este álbum contém uma versão acústica de "So Real" gravada no Japão e uma versão de "I Know It's Over" do The Smiths, nunca antes editadas.

Em 2013, Jeff foi homenageado com um filme sobre sua vida e de seu pai, Tim Buckley, intitulado "Greetings from Tim Buckley", lançado em 3 de Maio.

Apesar da morte trágica, Jeff Buckley continua conquistando novos fãs. Artistas como Radiohead, Coldplay, Muse, Mike Kerr (Royal Blood) e Lana Del Rey não se cansam de mencionar Jeff como uma das suas principais influências. Além disso, “Grace” é constantemente citado como um dos melhores álbuns de todos os tempos.

Discografia

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Álbum de originais:

Álbuns "ao vivo":

Compilações:

Álbum póstumo:

Parcerias:

Tributos, covers e homenagens

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Videografia

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Premiações e indicações

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Equipamento

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Guitarras

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Amplificadores e efeitos

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Cordas

  • Dean Markley (Blue Steel) for electric

Alguns pedais

Referências

  1. Apter, Jeff A Pure Drop: The Life Of Jeff Buckley, p. 42, no Google Livros
  2. Kane, Rebecca (19 de julho de 1998). «What is Jeff's Ethnic Background?». jeffbuckley.com. Consultado em 13 de junho de 2008. Arquivado do original em 9 de maio de 2008 
  3. Browne (2001), p. 16
  4. Browne (2001), pp. 62–63
  5. Kane, Rebecca (5 de abril de 1999). «Jeff's Personal History and Family». jeffbuckley.com. Consultado em 23 de junho de 2008. Arquivado do original em 20 de dezembro de 2008 
  6. Vaziri, Aidin (1994). «Jeff Buckley profile». Transcribed from Raygun Magazine to jeffbuckley.com. Consultado em 13 de junho de 2008. Arquivado do original em 9 de abril de 2008 
  7. Browne (2001), pg. 58
  8. Browne, David (24 de setembro de 1993). «The Unmade Star». Transcribed from The New York Times to jeffbuckley.com. Consultado em 13 de junho de 2008. Arquivado do original em 9 de maio de 2008 
  9. Browne (2001), p. 11
  10. Browne (2001), p. 68
  11. Kane, Rebecca (18 de julho de 1998). «Scott Moorhead = Jeff Buckley». jeffbuckley.com. Consultado em 13 de junho de 2008. Arquivado do original em 13 de julho de 2011 
  12. Brooks, Daphne A. (2005). «Chapter 1: Guided by Voices». Grace. Col: 33 series. [S.l.]: Continuum International Publishing Group. p. 19. ISBN 0-8264-1635-7. Consultado em 20 de junho de 2008 
  13. Flanagan, Bill (fevereiro de 1994). «The Arrival of Jeff Buckley». Transcribed from Musician Magazine to jeffbuckley.com. Consultado em 13 de junho de 2008. Arquivado do original em 9 de maio de 2008 
  14. Rogers, Ray (fevereiro de 1994). «Jeff Buckley: Heir apparent to...». Transcribed from Interview Magazine to jeffbuckley.com. Consultado em 13 de junho de 2008. Arquivado do original em 1 de fevereiro de 2008 
  15. Perrone, Pierre (6 de junho de 1997). «Obituary: Jeff Buckley». The Independent. London, UK. Consultado em 8 de agosto de 2010 
  16. Diehl, Matt (20 de outubro de 1994). «The Son Also Rises: Fighting the Hype and Weight of His Father's Legend, Jeff Buckley Finds His Own Voice On Grace». Transcribed from Rolling Stone to jeffbuckley.com. Consultado em 13 de junho de 2008. Arquivado do original em 9 de maio de 2008 
  17. Browne (2001), p. 67
  18. Browne (2001), p. 69
  19. Browne (2001), p. 70
  20. Browne (2001), p. 95
  21. Browne (2001), p. 97
  22. Farrar, Josh (29 de fevereiro de 1996). «Interview». Transcribed from DoubleTake Magazine to jeffbuckley.com. Consultado em 13 de junho de 2008. Arquivado do original em 11 de dezembro de 2008 
  23. Browne, David (2002). Dream Brother. New York: Harper Collins. p. 107. ISBN 0-380-80624-X 
  24. Guibert, Mary. «JB Biopic — Fact Check». jeffbuckley.com. Consultado em 13 de junho de 2008. Cópia arquivada em 9 de abril de 2008 
  25. «Cover story». Rolling Stone (em inglês). Consultado em 29 de maio de 2021 
  26. «Music News». Rolling Stone (em inglês). Consultado em 29 de maio de 2021 
  27. «Cópia arquivada». Consultado em 3 de janeiro de 2008. Arquivado do original em 17 de outubro de 2007 

Ligações externas

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