Tanacetum balsamita
A Tanacetum balsamita[1], comummente conhecida como balsamita [2] ou hortelã-francesa[3], é uma planta herbácea da família das Compostas.
Tanacetum balsamita | |||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||
Tanacetum balsamita Lineu, 1753 |
Etimologia
editarQuanto ao nome científico desta espécie:
- O nome genérico, Tanacetum, provém do latim medieval tanazita[4] que por sua vez provém do grego antigo athanasia[5], que signifca «imortal» ou «duradouro», possivelmente por alusão à longa duração da inflorescência das plantas deste género.[6]
- O epíteto específico, balsamita[7], deriva do latim clássico, balsamum[8], que significa «bálsamo», e provém, por seu turno, do grego βάλσαμον (balsamos)[9] que alude à espécie Commiphora gileadensis ou ao oléo aromático que dela se extrai e, ulteriorment, à própria tanacetum balsamita. Por sua vez, o já mencionado étimo grego terá, por sua vez, origens semitas, provindo do hebraico (bāśām) בָּשָׂם que significa «especiaria ou aroma adocicado».[9]
Descrição
editarTrata-se de uma espécie de planta vivaz[10], da família das Compostas, que pode medir entre 60 e 120 centímetros de altura.[1]
É muito semelhante ao tanaceto-comum devido aos seus reduzidos capítulos de centro amarelo, formados por flores de corola tubulosa.[10] Com efeito, caracteriza-se pelas flores amarelas, que se podem apresentar em corímbos.[1] Os involucros são hemisféricos, com cerca de 5 a 8 milímetros de diametro.[1] As brácteas figuram em séries de 3, são de formato lanceolado ou oblongo, com coloração amarelada ou acastanhada.[1]
Os frutos são aquénios com 5 a 10 milímetros de comprimento.
Conta com um caule solitário e erecto, com ramificações superiores.[1] Toda a planta está revestida de um indumento viloso.[11]
Porém, do que toca às folhas, são simples e perenes, caracterizam-se pelo formato oval, com limbo entre o crenado e o dentado, com ponta aguda.[11] As folhas basais podem medir entre 12 a 20 centímetros de comprimento e 1 a 1,5 centímetros de largura.[1] São folhas sésseis e ligeiramente pubescentes.[1]
Os pecíolos podem medir entre 8 a 15 centímetros de comprimento.[1]
Quando apertada entre os dedos, exala um aroma penetrante, que lembra um misto de hortelã e limão ou cânfora.[11]
Distribuição
editarOriginária da Ásia Menor e do Norte do Irão[1], a balsamita é cultivada desde a Antiguidade nas regiões meridionais da Europa, onde ainda é possível encontrá-la também no estado subespontâneo.[11]
Portugal
editarEncontra-se em Portugal Continental, onde terá sido introduzida ainda durante a Idade Média.[12][11]
Usos
editarCultivada hodiernamente como espécie ornamental, conta ainda com reconhecidas utilidades gastronómicas, medicinais e para controlo de pragas.
Medicina
editarHistória
editarNa antiguidade clássica, foi usada na Pérsia, para aromatizar água e óleos, em preparados medicinais.[1]
A balsamita foi muito difundida pela Europa durante a Idade Média, época em que era vulgarmente utilizada como vulnerário (fármaco usado para o tratamento de feridas), sob a forma de óleos e bálsamos, obtidos pela maceração das folhas e das sumidades floridas em óleo.[11]
Este afamado uso medicinal da balsamita, encontra particular relevo na Capitulare de villis vel curtis imperii, uma ordenação emitida por Carlos Magno, onde se estipulou o cultivo de uma serie de ervas e especiarias, reconhecidas pelas suas propriedades benignas, dentre as quais se inclui a espécie Tanacetum balsamita.[13]
Santa Hildegarda de Bingen, reconhecida religiosa e estudiosa medieval, promoveu o recurso à balsamita na preparação de remédios calmantes e para combater a loucura (amência)[14], no século XII.[15].
No século XVIII, foram-lhe reputadas propriedades laxantes, assim como contra os problemas estomacais.[16]
Propriedades medicinais
editarSão-lhe reconhecidas propriedades antiespasmódicas[11], carminativas[11], diuréticas[11], estimulantes[11], vermífugas[11], vulnerárias[11] hepatoprotectoras[1], antialérgicas[1], sedativas[1] e cardiotónicas.[1]
Nas folhas e nas sumidades floridas da balsamita encontra-se uma série de óleos essenciais.[17][1] De acordo com um estudo espanhol recente, apurou-se que dentre esses óleos essenciais inclui-se a carvona como componente principal, juntamente com pequenas quantidades de beta-tuiona, t-dihidrocarvona, c-dihidrocarvona, dihidrocarveol isómero c-carveol e t-carveol.[17]
Controlo de pragas
editarA hortelã-francesa foi usada historicamente como repelente de formigas, peixinhos-de-prata e afídios.[11] As folhas eram secas e postas entre as folhas de livros, para os proteger de insectos bibliófagos.[11]
Culinária
editarAs folhas da hortelã-francesa usaram-se historicamente na preparação de saladas e sopas[1], tendo sido com o tempo, substituidas pela hortelã, que tem um sabor semelhante.
Conrad Gessner, o naturalista suíço do séc. XVI, Swiss naturalist, registou o recurso à hortelã-francesa na confecção de pratos à base de ovos, como condimento. [18]
Plantio
editarA balsamita é de plantio relativamente simples, carecendo de bastante sol. Sendo certo que privilegia os solos secos é capaz de medrar em qualquer tipo de solo.[1] As condições óptimas de PH e de distancia de plantio em plantas são de 5 a 7.6 e 60 centímetros de comprimento por 30 centímetros de largura respectivamente.[1] Sendo certo que a planta privilegia a exposição solar, para efeitos de colheita de folhas e flores, para captação de óleos essênciais, são preferíveis as condições de menor luminosidade oferecidas por estufas.[1]
A propagação desta planta pode fazer-se por excertos de raízes ou rebentos a partir de uma planta-mãe, sendo que por semente, embora possível, não oferece tanto aproveitamento económico.[1]
Taxonomia
editarA Tanacetum balsamita foi descrita por Carlos Linneo que a mencionou na publicação Species Plantarum 2: 845 em 1753.[19]
- Sinonímia
- Balsamita balsamita (L.) Rydb.
- Balsamita balsamitoides (Sch.Bip.) Tzvelev
- Balsamita major Desf.
- Balsamita major subsp. balsamitoides (Sch.Bip.) Kerguélen
- Balsamita major var. tanacetoides (Boiss.) Moldenke
- Balsamita suaveolens Pers.
- Balsamita vulgaris Willd.
- Chamaemelum balsamita (L.) E.H.L.Krause
- Chrysanthemum balsamita L.
- Chrysanthemum balsamita (L.) Baill.
- Chrysanthemum balsamita var. tanacetoides Boiss.
- Chrysanthemum balsamitoides (Sch.Bip.) Nábělek
- Chrysanthemum grande (L.) Hook.f.
- Chrysanthemum grandiflorum (Desf.) Dum.Cours.
- Chrysanthemum majus (Desf.) Asch.
- Chrysanthemum tanacetifolium (Desr.) Dum.Cours.
- Chrysanthemum tanacetum Vis.
- Leucanthemum balsamita (L.) Over
- Matricaria balsamita (L.) Desr.
- Pyrethrum balsamita (L.) Willd.
- Pyrethrum balsamita var. tanacetoides Boiss.
- Pyrethrum balsamitoides (Nábělek) Tzvelev
- Pyrethrum majus (Desf.) Tzvelev
- Pyrethrum tanacetum DC.
- Tanacetum balsamita subsp. balsamitoides (Sch.Bip.) Grierson
- Tanacetum balsamitoides Sch.Bip.[20]
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u Hassanpouraghdam, Mohammad-Bagher (2008). «CHRYSANTHEMUM BALSAMITA (L.) BAILL.: A FORGOTTEN MEDICINAL PLANT» (PDF). FACTA UNIVERSITATIS. Medicine Series. 15 (3): 119-124. Consultado em 10 de abril de 2023
- ↑ «balsamita». Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Infopédia
- ↑ «hortelã-francesa». Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Infopédia
- ↑ «Tanacetum - FNA». floranorthamerica.org. Consultado em 10 de abril de 2023
- ↑ «Athanasia». Collins' Dictionary
- ↑ «Page T». www.calflora.net. Consultado em 10 de abril de 2023
- ↑ «Costmary, Tanacetum balsamita Seeds». www.seedaholic.com. Consultado em 10 de abril de 2023
- ↑ «balsămum | ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». www.online-latin-dictionary.com. Consultado em 10 de abril de 2023
- ↑ a b «βάλσαμον - WordSense Dictionary». www.wordsense.eu (em inglês). Consultado em 10 de abril de 2023
- ↑ a b Borralho da Graça, J. A. (1993). Segredos e virtudes das plantas medicinais. Lisboa: Reader's Digest. p. 312. 732 páginas. ISBN 9726090164
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n Borralho da Graça, J. A. (1993). Segredos e virtudes das plantas medicinais. Lisboa: Reader's Digest. p. 313. 732 páginas. ISBN 9726090164
- ↑ «Tanacetum balsamita | Página de Espécie • Naturdata - Biodiversidade em Portugal». Naturdata - Biodiversidade em Portugal. Consultado em 10 de abril de 2023
- ↑ Perez-Alonso, M. J.; Velasco-Negueruela, A.; Burzaco, A. (1992). «Tanacetum balsamita L.: a medicinal plant from Guadalajara (Spain)». ISHS (em inglês). Consultado em 10 de abril de 2023
- ↑ S.A, Priberam Informática. «amência». Dicionário Priberam. Consultado em 10 de abril de 2023
- ↑ Puyol, José María (2013). LIBRO DE LAS CAUSAS Y REMEDIOS DE LAS ENFERMEDADES - Santa Hildegarda de Binguen - Traducido de la edición típica del Liber Causae et Curae,. Madrid: Hildegardiana. p. 128. 189 páginas
- ↑ Cumo, Christopher (2013). Encyclopedia of Cultivated Plants A-F. Santa Barbara, Califórnia, EUA: ABC-CLIO. pp. 329–332. ISBN 978-1-59884-774-1
- ↑ a b «TANACETUM BALSAMITA L.: A MEDICINAL PLANT FROM GUADALAJARA (SPAIN)». www.actahort.org. doi:10.17660/actahortic.1992.306.19. Consultado em 10 de abril de 2023
- ↑ «Costmary». Ebrary. Consultado em 10 de abril de 2023
- ↑ «Tanacetum balsamita». Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. Consultado em 4 de junho de 2012
- ↑ «Tanacetum balsamita L. — The Plant List». www.theplantlist.org. Consultado em 10 de abril de 2023