Teófilo Dias
Teófilo Odorico Dias de Mesquita (Caxias, 8 de novembro de 1854 — São Paulo, 29 de março de 1889) foi um advogado, jornalista e poeta brasileiro, sobrinho de Gonçalves Dias e patrono na Academia Brasileira de Letras.
Teófilo Dias | |
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Nome completo | Teófilo Odorico Dias de Mesquita |
Nascimento | 8 de novembro de 1854 Caxias |
Morte | 29 de março de 1889 (34 anos) São Paulo |
Nacionalidade | Brasileiro |
Filho(a)(s) | Gabriela Margarida Dias de Mesquita Teófilo Dias de Mesquita |
Ocupação | Advogado, jornalista e poeta |
Biografia
editarFilho do advogado Odorico Antônio de Mesquita e da irmã do poeta Gonçalves Dias, Joana Angélica Dias de Mesquita. Sua formação inicial deu-se de 1861 a 1874, em São Luís, capital do estado, no Instituto de Humanidades.
Mudou-se então para o Rio de Janeiro, onde morou, albergado no Convento de Santo Antônio, por cerca dois anos (1875-1876), realizando os exames preparatórios para o curso de Direito, onde efetivamente ingressa, em 1877. Neste período na então capital do país relaciona-se com muitos intelectuais, como Alberto de Oliveira, Artur de Oliveira, Aluísio Azevedo, Benjamin Constant, José do Patrocínio e Machado de Assis.
Cursando a Faculdade do Largo de São Francisco, em São Paulo, conclui a formação em 1881. Ao lado da advocacia, exerce o jornalismo, colaborando com os jornais Província de São Paulo e A República, e ainda na Revista Brasileira, de José Veríssimo. Em 1878 participa da chamada "Batalha do Parnaso", formada por escritores que, no Rio e em São Paulo, reagiam contra o romantismo, sob influência de Alberto de Oliveira.
Foi, também, professor de Gramática Filosófica e Francês, no Colégio Aquino.
Casara-se, em 1880, com Gabriela Frederica Ribeiro de Andrada, da família de José Bonifácio, com quem teve dois filhos: Gabriela Margarida e Teófilo.
Ingressa na política, pelo Partido Liberal, elegendo-se deputado provincial em 1885, em mandato que durou até o ano seguinte.
Poesia
editarLafet Angius[1]
O som, que a tua voz límpida exala
grato feitiço mágico resume;
a frase mais vulgar, na tua fala,
colorido, matiz, brilhando, assume
Afaga como a luz; como um perfume
pela alma filtra, e se insinua, e cala,
é só ouví-la o espírito presume
que um éter, feito de torpor, o embala.
Quando a paixão o altera-lhe a frescura,
quando o frio desdem lhe tolda o acórde
a viva polidez vibrante e pura,
Não se lhe nota um fremito discórde;
_Apenas, do primor, com que fulgura,
Às vezes a ironia salta - e morde.(excerto);
- — Tudo a matilha audaz perlustra, corre, aspira,
- Sonda, esquadrinha, explora, e anelante respira,
- Até que, finalmente, embriagada, louca,
- Vai encontrar a presa — o gozo — em tua boca.
(in: "A Matilha")
Publicações
editar- "Flores e Amores", Caxias: Typographia Maranhense – Paulo Ribeiro, 1874.
- "Lira dos Verdes Anos", Rio de Janeiro: Evaristo Rodrigues da Costa, Editor, 1878.
- "Cantos Tropicais", Rio de Janeiro: Livraria de Agostinho Gonçalves Guimarães & Cia., 1878.
- "Fanfarras", São Paulo, Dolivaes Nunes, 1882.
- "A comédia dos deuses", São Paulo, Teixeira & Irmão — Editores, 1887.
- "Poesia completa", [preparação, apresentação e notas: Claunísio Amorim Carvalho]. São Luís: Edições AML; Café & Lápis, 2021. 469 p.
Crítica
editarJosé Veríssimo, in "História da Literatura Brasileira", regista que "A inspiração romântica tão consoante com a nossa índole literária, como é de ver, se não desvanecera totalmente ao influxo da nova poética. Não só é ainda visível naqueles poemas mas em dois novos poetas que por esse tempo apareceram, o Sr. Alberto de Oliveira, que viria a ser talvez o mais típico dos nossos parnasianos, e o malogrado Teófilo Dias. Tanto as Canções românticas do primeiro, como a Lira dos verdes anos e os Cantos tropicais do segundo são de 1878, e em ambos, de mistura com a toada geral do nosso lirismo romântico, há claros toques da nova poética."[1]
Manuel Bandeira, por sua vez, assinala: "A estética parnasiana cristalizou-se entre nós depois da publicação de 'Fanfarras', de Teófilo Dias, livro em que o movimento anti-romântico começa a se definir no espírito e na forma dos parnasianos franceses, já esboçados em alguns sonetos de Carvalho Júnior…".
A obra "Fanfarras" é considerada realmente a mais importante de sua produção, sobretudo pelo marco de ruptura literário, como também acentua Antônio Cândido: "apesar de predominarem numericamente em sua obra os versos de inspiração romântica, as traduções e a poesia social, a sua validade é devida, hoje, aos poemas da primeira parte de Fanfarras, intitulada significativamente 'Flores Funestas'."
Academia Brasileira de Letras
editarTeófilo Dias foi escolhido para o patronato da cadeira 36 do Silogeu Brasileiro, por seu primeiro ocupante, Afonso Celso Júnior, de quem fora amigo.
Ver também
editarReferências
Fontes
editar- BANDEIRA, Manuel. Apresentação da Poesia Brasileira, Ediouro. sem data.
- CÂNDIDO, Antônio. Os primeiros Baudelairianos. In: ___. A educação pela noite e outros ensaios. 2.ed. São Paulo: Ática, 1989. p.23-38.
- CORREIA, Raimundo; MAGALHÃES, Valentim. "Teófilo Dias". In: CORREIA, Raimundo. Poesias completas. Org. pref. e notas Múcio Leão. São Paulo: Ed. Nacional, 1948. v.2, p. 371.
- DIAS, Teófilo. Poesias escolhidas. Seleção, introdução e notas Antônio Cândido. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 1960.
Ligações externas
editar
Precedido por — |
ABL - patrono da cadeira 36 |
Sucedido por Afonso Celso (fundador) |