Usuário:André Koehne/teste
Muñecaria: repositório aleatório
editarBoneca de papel é a representação do brinquedo feita sobre o papel; suas imagens são "figuras bidimensionais, desenhadas ou impressas em papel para serem recortadas e proceder à sua posterior montagem com que já seria possível empregá-las para o jogo ou entretenimento", na definição do Museu de Pontevedra, que possui uma coleção destas peças.[1] Eram substitutas das bonecas verdadeiras, mais caras e inacessíveis à maioria da população.[1]
- history
As primeiras bonecas de papel, com a finalidade moderna que se dá, surgiram na Europa em finais do século XVIII na França, Alemanha e Reino Unido; surgiram então figuras de homem ou de mulher, como manequins ou figurinos, acompanhados de vários trajes ou complementos que se podiam trocar e se destacavam por sua elaboração cuidadosa no desenho, detalhes e texturas; nesta época foram criadas na França os chamados pantin, que eram bonecas de papel desenhadas e impressas, publicadas em várias seções contendo os braços, pernas, tronco e cabeça para depois serem cortadas e coladas sobre um papel mais grosso, e as partes então unidas como marionetes; foram feitas inicialmente para a diversão das classes mais ricas e depois se popularizaram a ponto de não haver um lar que não as tivesse; as mais caras eram impressas a cores, ao passo que as mais populares eram feitas em preto e branco para que o dono lhes desse o acabamento.[1]
Destas os modelos mais comuns eram arlequim, personagem da comédia Scaramouche, ou figuras populares como pastores e pastoras; com o tempo o interesse por estas bonecas, que eram comuns no período natalino, foi decaindo no interesse infantil; contudo, no século XIX passaram a ser produzidas mais largamente, o que lhes reduziu o custo: em França as edições principais se deram pelo editor Jean Charles Pellerin a partir de 1800 e em Espanha, pouco tempo depois, por Esteban Paluzie i Cantalozella.[1] Em 1810 surge na Inglaterra a Little Fanny, da editora Fuller, as primeiras bonecas voltadas exclusivamente para crianças, que vinham acompanhadas de poemas ou histórias moralistas.[1]
Com o desenvolvimento, a partir de 1840 da litografia, as bonecas de papel se tornaram ainda mais populares e baratas, atingindo em meados deste século o seu apogeu; ao lado das bonecas verdadeiras, as de papel também se converteram num objeto de desejo das meninas da época.[1]
Estas produções foram se incrementando a ponto de em 1865 existir a mais variada gama de personagens retratadas e ainda os cenários que as complementariam.[1] As figuras de soldados de papel eram um concorrente muito mais barato e acessível que os correspondentes de chumbo, voltados para as crianças abastadas que os podiam adquirir.[1] Logo elas reproduziam figuras da realeza ou personalidades conhecidas, eram oferecidas ao público em forma de "set" — em caixas que simulavam o ambiente; mas logo passaram a ser disponibilizadas até mesmo de forma gratuita, em cartões promocionais ou impressas nas embalagens de alguns produtos como forma de incrementar suas vendas.[1]
A revista feminina estadunidense Godey’s Lady Book foi a primeira que incluiu as "paper dolls" em suas páginas, em 1840, sendo logo copiada por revistas de outros países, alcançando grande sucesso editorial na França.[1]
As bonecas eram brinquedos existentes deste a antiguidade; sua origem se deu, contudo, não apenas como um brinquedo infantil mas também com papel comercial, como uma forma de se promover de um lugar para outro, em pequena escala, o estilo de se vestir; foi a partir do quarto final do século XVIII que transformou-se num brinquedo majoritariamente feminino; no século XIX passaram a ter um fim também pedagógico, como instrumento de desenvolvimento do instinto maternal.[1] No começo eram resultado de trabalho artesanal de alto custo e, com a industrialização, passou-se a atender à crescente demanda até se converter num luxo acessível para a maioria das meninas burguesas, com a evolução dos materiais e modos de produção.[1]
As revistas femininas e de moda de meados do século XIX passaram a conter seções destinadas a divulgar as bonecas existentes no mercado, bem como artigos a tratar de roupas e acessórios para elas.[1] Assim uma revista espanhola de setembro de 1852 trazia o anúncio: "Nos parece que em nada poderíamos empregar melhor o ócio e diversão em que nos tem o status quo da moda, do que formando uma grande folha de padrões (que se dividirá no número seguinte) relativos a quanto constitui a equipagem de uma boneca: vestido, gorro de linho, lenços, etc., em uma palavra, tudo quanto forma o guarda-roupa de uma elegante boneca. Não duvidamos que esta novidade será do agrado de nossas apreciáveis subscritoras, em especial às mais mais jovenzinhas a quem particularmente o dedicamos."[1][nota 1]
Na revista francesa Poupée Modèle Madame Lavallée Peronne, dona da butique parisiense À la Poupée de Nuremberg onde era vendida uma boneca chamada Lily, assinava um artigo destinado aos acessórios das bonecas.[1] Em 1878 ela lançou em França a primeira boneca de bolso; de tamanho reduzido (entre 12 e 13 cm) era feita em biscuit e com membros articulados, olhos de vidro e peruca loira, chamada a partir de 1880 de Mignonette (Pequenina, em livre tradução);[nota 2] ela logo veio a se tornar no maior sucesso de vendas, um êxito como a preferida das meninas que durou até os primeiros anos do século XX, quando outras bonecas passaram a ocupar o posto de privilegiada no gosto infantil.[1]
- Inversão do papel — a mulher vista como boneca
Se por um lado a boneca busca representar o ser humano, por outro parece haver uma latente e por vezes mórbida inversão do papel, em que a mulher é tomada como um ser inanimado e sujeita às vontades do homem, especialmente.[2] Esta inversão dos papéis é modernamente construída pela mídia, especialmente na publicidade, embora tenha raízes históricas e culturais bastante antigas.[2]
Na mítica grega tem-se o construtor de seres artificiais Dédalo, como em Tebas havia cabeças falantes; Pélope e também Atalante tinham partes artificiais em seus corpos, mas esta fantasia veio a encontrar seu ápice na obra de Mary Shelley, Frankenstein ou o Moderno Prometeu"; esse ideal tem uma vertente de gênero, quando ocorrem as figurações de mulheres: na literatura trazem um componente erotizado do corpo feminino, dentro do objetivo de se criar mulheres dóceis aos desejos masculinos.[2]
O romance La mujer de ámbar do autor espanhol Ramón Gómez de la Serna traz um exemplo desta erotização da figura feminina; também Gustavo Adolfo Bécquer traz esta fantasia em sua obra El beso, onde mostra um capitão que se enamora pela estátua de uma mulher que encontrara num cemitério.[2] A noção de que a mulher ideal é uma boneca, que a feminidade está conectada à representação artificial em objetos inorgânicos continuou viva nas fantasias mais vanguardistas do século XX; isto se deu também no cinema onde neste período diversas obras trazem o humano sendo mecanizado — como é exemplar o caso do filme Blade Runner com uma mulher artificial, ou na crítica feita em Metrópolis, de Fritz Lang, onde figura da "mãe criadora" é uma alusão à sociedade mecanizada.[2]
Em 2015 a versão da boneca Barbie da empresa Mattel que continha acesso à internet foi questionada por possibilitar o acesso de estranhos a informações das crianças; no começo de 2017 a Alemanha proibiu a venda da boneca Minha Amiga Caila, após as autoridades serem questionadas pelo estudante da Universidade de Saarland Stefan Hessel sobre a falta de segurança no software do brinquedo; capaz de responder a perguntas feitas pelas crianças por meio de bluetooth, Caila apresenta a possibilidade de que hackers possam acessá-la de forma oculta, violando a rigorosa legislação alemã que proíbe formas de monitoramento da privacidade individual — algo que foi praticado durante o regime nazista — levando as autoridades da Bundesnetzagentur (Agência Federal de Redes) a recomendar que os pais destruam as bonecas que porventura já tenham sido compradas; a despeito disso a TRA (sigla em inglês para a Associação Britânica dos Produtores de Bonecas) afirma que o brinquedo é seguro e que os pais devem monitorar os filhos, ao passo que o fabricante atesta que Caila não apresenta riscos se obedecidas as instruções.[3] http://dollreference.com/ http://web.archive.org/web/20060509213820/http://www.miniaturasbrasil.com.br/CasasdeBonecas-HistoriaCasasBonecas.htm/
Notas e referências
Notas
- ↑ Uma livre tradução para: “Nos ha parecido que en nada podíamos emplear mejor el ocio y vacación en que nos tiene el status quo de la moda, que formando un gran pliego de patrones (se repartirá con nuestro número inmediato) relativos a cuanto constituye el equipaje de una muñeca: vestido, gorro de lencería, pañuelo &.&. en una palabra, todo cuanto forma el guarda-ropa de una elegante muñeca. No dudamos que esta novedad será del agrado de nuestras apreciables suscritoras, en especial de las más jovencitas á quienes particularmente lo dedicamos.”
- ↑ Era também conhecida por La Poupée Mignonette.
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p Natalia Fraguas Fernández. «Bonecas de papel e outros xoguetes do século XIX na colección do Museo de Pontevedra» (PDF). Museo de Pontevedra. Consultado em 28 de janeiro de 2017. Cópia arquivada em 28 de janeiro de 2017
- ↑ a b c d e BERNÁRDEZ RODAL, Asunción (2009). «Representaciones de lo femenino en la publicidad. Muñecas y mujeres: entre la materia artificial y la carne» (PDF). Cuadernos de Información y Comunicación, nº 14, pág. 264-284. UCM (Universidad Complutense de Madrid). ISSN 1135-7991. Consultado em 10 de fevereiro de 2017. Cópia arquivada em 10 de fevereiro de 2017
- ↑ BBC (17 de fevereiro de 2017). «Autoridades alemãs fazem alerta contra boneca que pode ser hackeada para espionar crianças». BBC. Consultado em 4 de março de 2017. Cópia arquivada em 4 de março de 2017
tom
editarVicente Celestino | |
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Celestino, em 1937. | |
Informações gerais | |
Nome completo | Antônio Vicente Filipe Celestino |
Também conhecido(a) como | Voz Orgulho do Brasil |
Nascimento | 12 de setembro de 1894 Rio de Janeiro |
Morte | 23 de agosto de 1968 (73 anos) São Paulo |
Nacionalidade | brasileiro |
Gênero(s) | MPB |
Progenitores | Mãe: Serafina Celestino Pai: José Celestino |
Cônjuge | Gilda de Abreu |
Extensão vocal | tenor |
Período em atividade | 1915-1968 |
Gravadora(s) | Odeon Columbia RCA Victor |
Antônio Vicente Filipe Celestino (Rio de Janeiro, 12 de setembro de 1894 — São Paulo, 23 de agosto de 1968) foi um dos mais importantes cantores brasileiros do século XX.[1]
Celestino foi o responsável pela primeira gravação do Hino Nacional Brasileiro, em 1917, feito pela Casa Edison, numa versão que foi considerada oficial.[2]
Biografia
editarCelestino era filho da dona de casa Serafina e do sapateiro José Celestino, que viviam no bairro de Santa Tereza, região central do Rio de Janeiro; seus irmãos João, Pedro, Radamés e o ator Amadeu Celestino também se dedicaram às artes.[3]
Lançou o primeiro disco em 1916.[3]
Em 1917, já consagrado como artista, foi o cantor que primeiro gravou o Hino Nacional, tendo por acompanhamento a Banda do Batalhão Naval e, em poucas passagens, também por um coro; esta versão, em si bemol, deu um tom de difícil interpretação pelas pessoas ao Hino; a Banda deu andamento mais lento e solene nas passagens do cantor, enquanto mantinha o estilo tradicional (mais rápido e vibrante) apenas durante os refrões - o que veio a motivar apreciação oficial por uma comissão de reavaliação do Hino em 1936 e, durante algum tempo, insatisfação por parte das bandas militares da época; a despeito disso a versão foi oficializada em 1922.[2]
No ano de 1937 compôs "Coração Materno", que veio a se constituir num de seus maiores sucessos que inspirou dez anos depois uma peça teatral homônima, estrelada por Vicente e seu irmão Amadeu.[3]
Em 1946 sua esposa Gilda dirigiu "O Ébrio", do qual também fez parte do elenco seu irmão Amadeu.[3]
Quando na década de 1950 o presidente Getúlio Vargas criou o Serviço Nacional de Teatro, Celestino fez-lhe uma homenagem em forma de serenata, diante do Palácio Guanabara, residência oficial do mandatário, pelo reconhecimento que finalmente era dado à profissão artística.[3]
Referências
- ↑ Vicente Celestino no Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira
- ↑ a b Rafael Rosa Hagemeyer (2011). «Levando ao longe o canto da pátria» (PDF). Fênix – Revista de História e Estudos Culturais, Vol. 8 Ano VIII nº 3. Consultado em 17 de agosto de 2018. Cópia arquivada em 17 de agosto de 2018
- ↑ a b c d e Viviane Rosalem. «Amadeu Celestino, 90 anos». IstoÉ. Consultado em 15 de setembro de 2018. Cópia arquivada em 16 de setembro de 2018
Alagoas em português
editarNa Guerra do Paraguai o comando do monitor, o primeiro na função, coube ao então tenente Joaquim Antônio Cordovil Maurity (mais tarde almirante - creio que merecia artigo...).
http://www.naval.com.br/ngb/A/A018/A018.htm
Humaitá
editarPassagem de Humaitá e Tebiquari (dados da fonte):
Autor: Aldeir Isael Faxina Barros
Titulo: A Atuação da Esquadra Imperial Brasileira contra a Posição de Fortín no Tebiquary
Periódico: Revista Brasileira de História Militar
Rio de Janeiro, Ano VII, Nº 20, Novembro de 2016 Pág. 52 e seg.
http://www.historiamilitar.com.br/wp-content/uploads/2018/06/RBHM-VII-20.pdf
ARQUIVO em 30/3/2019: https://archive.fo/d7jDK
Texto:
“Os encouraçados Bahia, Silvado e Lima Barros, apesar de serem do tipo monitor não recebiam, durante a guerra, tal denominação. A Armada Imperial só nomeava monitores os seis navios construídos no Rio de Janeiro (Alagoas, Pará, Rio Grande, Ceará, Piauí e Santa Catarina)”
Artur Silveira de Mota, Barão de Jaceguay, comandante do Barroso, narra a passagem da foz do Tebiquari, onde chegaram às 14:20 de 23/6:
“fundeamos a três amarras pouco mais abaixo do Tebiquari (SIC); os outros dois navios fundearam na margem do Chaco; todos largaram os monitores, e estes, mais próximos da bateria, também fundearam; durante o resto do dia foi um bombardeio incansável e, em regra,durante a noite, de quarto em quarto de hora, fazíamos nosso tiro”e que na manhã seguinte “o Bahia com um monitor amarrado a bombordo e o Silvado subiram o rio a toda velocidade.”
O papel do Alagoas era proteger a bombordo o Bahia, comandado por Antonio Luiz von Hoonholtz, que narra a reação dos paraguaios em Fortín, sofrendo ataques de uma primeira bateria: “duas descargas sucessivas acolheram e abalaram este navio, causando-lhe espantosas depressões e bastantes avarias”; após avançarem, ainda sob fogo desta primeira bateria, enfrentam a segunda em seu relato: “o segundo reduto enfiava-nos pela proa enquanto pelo través os canhões de 68 abalavam a couraça com suas balas despejadas em cheio 12 braças de distância”.
Após esse sucesso o Alagoas ficou um dia atracado em Monte Lindo para reparos; isto não permitiu, contudo, que o navio cumprisse o papel que lhe seria designado pelo Barão da Passagem, comandante da flotilha em Humaitá: após cruzarem as baterias chegaram a um arroio (na verdade um braço do rio Paraguai) chamado Recodo onde avistaram embarcações inimigas: o Silvado deveria guardar a parte de baixo, o Bahia a parte de cima, enquanto o Alagoas deveria adentrar no arroio e afundar os navios inimigos, mas não pode efetuar a tarefa pois trazia danificado seu sistema de propulsão; o Barão registrou, sobre o Alagoas: “fiz dirigir um bombardeio seguido sobre o lugar em que via-se sair a fumaça dos vapores, cujos costados estavam ocultos por uma ilha que forma o riacho, ao mesmo tempo que os maquinistas de bordo ajudados pelo primeiro do Silvado cuidavam de reparar a máquina.”
Este combate foi assim travado tendo o Bahia com o Alagoas atracado a seu estibordo e junto ao Silvado partem para enfrentar os navios paraguaios, amparados estes por forte contingente em terra; às 16:10 sofre o Bahia intenso bombardeio no qual perde seu prático; avariado, o Bahia teria navegabilidade somente em razão de possuir duas hélices que atuavam em velocidades diferentes; assim, para evitar que os navios fossem abordados pelos inimigos, é convocado, por meio de um tubo acústico para a comunicação entre os navios, o “velho Picardo”, prático do Alagoas, que ali manobra o Bahia até uma posição segura, após sofrerem duras perdas humanas e de material.
Deste episódio ficou a dúvida da existência de torpedos do lado dos paraguaios; Hoonholtz registrou: “prosseguiu o Bahia galhardamente a sua marcha, amparando sempre a sua sombra o simpático e memorável Alagoas, com o qual transpusemos a toda força e sem novidade as estacada e a misteriosa linha de torpedos, cuja existência ainda persiste em afirmar o sargento Assencio Pereira”.
Ainda no relato de Hoonholtz, enfrentaram uma corrente trespassada no rio por engenheiros ingleses e este teria contado com a propulsão do Alagoas conjugada ao Bahia para forçar a passagem, em aríete, mas isto não dera resultado, somente alcançado após ter ordenado o bombardeio do ponto na margem que prendia a cadeia e esta foi finalmente rompida, a fim de que assim esta embarcação pudesse manobrar; tal fato, entretanto, não encontra registro pelo oficial do Alagoas.