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Caso de Pernambuco (1922)

Contexto

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A sucessão do poder

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Joaquim Pimenta, membro da elite intelectual pernambucana, tinha conexões entre os militares (como o tenente Cleto Campelo), a elite política e os comícios operários, onde aparecia com a capa e boina de bolchevista.[1] Representante de um socialismo reformista, tinha boas relações com os comunistas locais, apesar da diferença dos seus projetos.[2] Os comunistas se recusavam a apoiar Nilo Peçanha e Carneiro da Cunha, mas não quiseram romper com Pimenta.[3]

Tensões no Recife

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pessoal da fábrica Pessoa de Queiroz, "paisanos" e agregados, a um total de cerca de 200 homens[4] quase todas as guarnições da 6.ª Região Militar[4]

Tomás Coelho Filho. Um piquete do Exército intimou seu carro a parar na rua Imperial. Quando o carro demorou a desacelerar, recebeu uma rajada de tiros. Quanto o dr. Coelho desceu do automóvel, foi novamente baleado.[4]

No domingo, dia 28 de maio, destacamentos do Exército apareceram nos bairros centrais às 22h00, enquanto a Força Pública recolheu-se aos quartéis. Uma hora depois, descargas de fuzilaria foram ouvidas em vários lugares. Às 01h00 da madrugada, o Exército disparou contra o Diario do Povo, sendo revidado pelos operários locais, armados de fuzis, por cerca de uma hora. Os operários abandonaram o local. Ao mesmo tempo, o "Tiro 666" atacou o posto policial de Santo Amaro, defendido por cerca de 40 soldados em trincheiras escavadas na rua. O tiroteio durou até as 07h00, quando o destacamento deixou o local por falta de munição, sendo o posto policial ocupado pelos atacantes. A Assistência Pública levou dois civis feridos ao Hospital Pedro II e outros dois às suas residências. Dois soldados feridos do Exército foram ao Hospital Militar. O combate no posto policial feriu um soldado, um civil e um indivíduo não identificado. Outros feridos apareceram ao longo do dia.[4]

Na noite da segunda o "Tiro 666" atacou o regimento de cavalaria da força policial, na avenida João de Barros, e foi repelido pelos defensores. No dia 30, em conferência com o governador, o comandante da 6.ª RM prometeu recolher a tropa federal aos seus quartéis. Desde a véspera, pararam de circular vários jornais. Soldados do Exército revistaram as oficinas de A Tribuna, órgão da arquidioceses da tribuna de Olinda e Recife, e revistaram alguns sacerdotes que passaram pela rua do Hospício e outros logradouros.[4] A 1.º de junho, o Correio da Manhã noticiava que nenhum dos batalhões dos outros estados havia deixado o Recife, pois os Pessoa de Queiroz teriam pedido ao presidente para revogar a ordem.[5]

Em 22 de junho, 60 cangaceiros desembarcaram na estação de Cinco Pontas e foram encaminhados aos aquartelamentos do "tiro 666" em Santo Amaro, na fazenda dos Pessoa de Queiroz. Em 23 de junho, duas seções da 1.ª Companhia de Metralhadoras, do Rio de Janeiro, embarcaram para o Recife.[6]

[7]

Cristiano Martins Pereira morreu no dia seguinte no hospital Pedro II. No dia 24, cangaceiros atiraram de vários sobrados na rua Nova. Na rua das Cruzes, a polícia prendeu um capanga, apelidado "Padre", e apreendeu uma pistola Parabellum e munição.[8]

Em 4 de julho, às 18h00, um grupo de soldados do Exército atirou em populares no Café Radiante, na rua das Trincheiras, e estes revidaram. Morreu um soldado do 21.º BC e três homens e uma mulher foram feridos. Uma fuzilaria mais intensa retornou às 22h00, deixando um morto e vários feridos. O "tiro 666" simulou um ataque à Fortaleza do Brum e cangaceiros dispararam em direção ao palácio do governo, Chefatura e Ginásio Pernambucano.[9]

Repercussão nacional

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Desfecho

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Tratado de paz em julho[3]

Em 7 de julho o Congresso estadual ratificou a vitória de Carneiro da Cunha na eleição ao governo do Estado. Na mesma sessão, foi lido um ofício do eleito: "nesta data renuncio o cargo de governador do Estado para o qual acabo de ser reconhecido e proclamado". Já se falava na imprensa de um acordo político para empossar o juiz Sérgio Loreto.[10][a] eleições de 5 de setembro[11] concorreu contra o marechal Dantas Barreto e o Barão de Suassuna[12]

Joaquim Pimenta foi excluído do acordo e sua influência entre os trabalhadores entrou em declínio[3]

Notas e referências

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Notas

  1. Keith 1989, p. 208, confunde 7 de junho como a data do reconhecimento.

Citações

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  1. Bartz 2015, p. 114.
  2. Bartz 2015, p. 134-135.
  3. a b c Bartz 2015, p. 136.
  4. a b c d e «Os graves acontecimentos do Recife relatados pelo "Diario de Pernambuco"». Correio da Manhã. Rio de Janeiro. 1 de junho de 1922 
  5. «A ordem de retirada das forças federaes». Correio da Manhã. Rio de Janeiro. 3 de junho de 1922 
  6. «A intervenção em pernambuco». Correio da Manhã. Rio de Janeiro. 24 de junho de 1922 
  7. «A intervenção federal em Pernambuco». Correio da Manhã. Rio de Janeiro. 28 de junho de 1922 
  8. «A morte de uma das victimas - Dois feridos em estado grave - Prisão de um cangaceiro - Outras notas». Jornal do Recife. Recife. 25 de junho de 1922. p. 3 
  9. «Tiroteios, mortes e ferimentos. - As proezas do celebre "tiro 666". - Ataques simulados ás forças federaes.- Os mortos, os feridos. - Notas.». Jornal do Recife. 6 de julho de 1922 
  10. «Sucessão governamental». Jornal do Recife. Recife. 8 de julho de 1922 
  11. «Dr. Sérgio Loreto». Jornal do Recife. Recife. 8 de agosto de 1922 
  12. «Eleição governamental». Jornal do Recife. Recife. 7 de setembro de 1922. p. 6 

Bibliografia

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  • Bartz, Frederico Duarte (2015). «Reformistas e revolucionários: as lutas internas do movimento operário pernambucano e a formação do Grupo Comunista de Recife (1917-1922)». In: Tiago Bernardon de Oliveira (org.). Trabalho e trabalhadores no Nordeste: análises e perspectivas de pesquisas históricas em Alagoas, Pernambuco e Paraíba. Campina Grande: EDUEPB. ISBN 978-85-7879-333-3 
  • Carone, Edgard (1989). Revoluções do Brasil contemporâneo (1922-1938) 4ª ed. São Paulo: DIFEL 
  • Keith, Henry Hunt (1989). Soldados salvadores: as revoltas militares brasileiras de 1922 e 1924 em perspectiva histórica. Traduzido por Antonio Patriota. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército 
  • Levine, Robert (2006). «Pernambuco e a federação brasileira, 1889-1937». In: Fernando Henrique Cardoso; et al. O Brasil republicano, v. 8: estrutura de poder e economia (1889-1930). Col: História geral da civilização brasileira 8ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. pp. 139–171 
  • Pessoa, Epitácio (1957). Pela verdade (Tomo 1). Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro 
  • Silva, Hélio (1971). 1922: sangue na areia de Copacabana 2.ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira 

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