Valorização imobiliária do Rio de Janeiro
A valorização imobiliária do Rio de Janeiro é a segunda maior do Brasil, atrás apenas do Distrito Federal. O preço médio do metro quadrado na cidade, em 2012, era de R$ 7.421.[1] Nesse período, o município recebeu 119 empreendimentos, com 261 edifícios, e 14.503 apartamentos lançados. O capital movido nessas transações chegou a 6,76 bilhões de reais, cerca de 70% do total vendido em todo o Estado.[2] No entanto a cidade que possui extensas áreas de elevado preço médio do metro quadrado, também possui de forma quase antagônica, diversos bairros suburbanos e rurais; os bairros próximos à média municipal são os mais urbanisticamente verticalizados, concentrando uma alta densidade populacional.[3]
Zona Central
editarEm 1808 a migração da Família Real Portuguesa trouxe cerca de 18 mil aristocratas, clérigos, cientistas, artistas, e altos militares para um Rio de janeiro de 61 mil moradores, o qual resumia-se a Cidade Velha. Um casarão sobre uma colina, da qual se tinha uma boa vista da baía de Guanabara, que ficou conhecido como "Paço de São Cristóvão", o qual foi escolhido por D. João VI para ser o Palácio Real da Casa de Bragança, o que foi mantido mesmo após da independência do Brasil; tornando-se o Palácio Imperial; sendo vizinhado por outros solares onde residiam as famílias da nobreza; o que fez do bairro pesqueiro de São Cristóvão o primeiro bairro brasileiro. Da mesma forma, a elite portuguesa, residiu imediatamente nas melhores residências da cidade velha, tornando-a uma região nobre. Com o golpe de estado que instalou a república, a elite se redirecionou para os jovens bairros da Zona Sul como Catete e Laranjeiras. Nos anos 50, contudo, os bairros abrigavam famílias prósperas, principalmente de funcionários públicos do então Distrito Federal (1891–1960); tendo o ápice de proeminência no Rio Comprido, o único bairro que fora planejado em meados de 1910 para acomodar elegantes casarões de empresários, diplomatas, fazendeiros, médicos e professores universitários.
Com o início do declínio socieconômico da cidade nos anos 70, em decorrência ao surgimento de favelas e aumento do trânsito, da criminalidade, da poluição da baía de Guanabara, e sobretudo a falta de uma gestão competente;[4] a região tornou-se marginalizada e inóspita. Gradualmente, as famílias que podiam, mudaram-se, e apenas a classe média baixa permaneceu.[5] Embora os bairros de Centro, Glória e Santa Teresa, tenham fugido a regra da região e nunca deixaram de serem caros. Somente no fim dos anos 2000, a escolha do Rio de Janeiro para sediar os jogos da XXI Olímpiada, promoveu uma união de esferas de poder em prol do desenvolvimento habitacional , estético e cultural da região, que tem alto potencial paisagístico, excelente logística e desenvolvida rede de transportes; baseado em princípios de sustentabilidade, com a reestruturação de ruas, praças e avenidas, trazendo melhoria na qualidade de vida dos atuais e futuros moradores. Além das obras habitacionais, o desenvolvimento urbano se deu através da renovação serviços de coleta de lixo, calçamento, iluminação, implantação de ciclovias e plantio de árvores.[6]
Zona Sul
editarO alto padrão imobiliário está concentrado principalmente região da Zona Sul; seus logradouros foram planejados nos anos 10 para acomodar a nova elite republicana brasileira; o que três décadas mais tarde seria uma conveniência à verticalização que a região de Botafogo, Copacabana e Flamengo sofreu.[7] Posteriormente as áreas alagadiças próximas a esses bairros sofreram o mesmo processo, configurando o atual "anel de ouro" do mercado imobiliário em torno da lagoa Rodrigo de Freitas, Leblon e Ipanema ao sul, Lagoa a leste, Gávea a oeste, e Jardim Botânico a norte. Esses bairros tem o maior aproveitamento paisagístico da cidade, em virtude da urbanização conjunta à cartões-postais como Morro do Corcovado, Monte Dois Irmãos, Pão de Açúcar, além de praias e outras belezas naturais menos famosas; como o Parque da Cidade. Graças à proximidade com Centro da cidade e a falta de terrenos desocupados, cria-se uma pressão que aparece no aumento dos preços de metro quadrado. Então, de uma certa forma, a geografia da cidade contribuiu para que os preços ali sejam e permaneçam tão elevados.[8]
Zona Norte
editarA Zona Norte surge pouco antes da Zona Sul como uma região nobre da cidade, em função de ser uma continuação natural em sentido oeste dos bairros de São Cristóvão e Rio Comprido.[9] Em 1859 surgiu o funcionamento pioneiro da primeira linha de transporte em veículos sobre trilhos no Rio de Janeiro, com tração animal, anterior ao bonde elétrico, ligando o Largo do Rocio ao bairro do Engenho Velho. O fato acarretou uma gradual abertura das principais vias da Tijuca que planejada para ser parte do futuro centro da "cidade nova" teria largas vias e diversas praças e largos; o que seria um critério a favor da valorização do bairro frentes aos demais da Zona Norte. Em 1873 foi aberto o boulevard 28 de Setembro e pouco tempo depois as ruas Visconde de Santa Isabel e Barão de São Francisco, que acarretariam numa rápida conexão da Vila Isabel com a Tijuca, gerando os bairros de Andaraí e Maracanã.[10] Na Europa Ocidental, onde o processo de urbanização das cidades foi pioneiro, o subúrbio, em geral, foi e continua sendo o espaço destinado às elites e classes médias – uma espécie de refúgio contra os aglomerados urbanos insalubres e perigosos da época das indústrias. Até o início do século XX, essa acepção de subúrbio também aplicava-se ao Rio de Janeiro; onde o subúrbio era o local de nobreza – não tão refinada como Botafogo ou o Engenho Velho, que eram bairros da aristocracia –, mas com serviços voltados a essa classe, que também se dirigiam para essa região com fins de descanso. Foi a partir da reforma urbana do prefeito Pereira Passos, em 1903, que o conceito de subúrbio ganhou contornos mais ideológicos e pejorativos no contexto do Rio de Janeiro, sobretudo na Zona da Leopoldina, que ganharia um rápido crescimento populacional nesse período. Com a implantação de uma nova ordem urbana no Centro da futura metrópole, associada também à expansão do mercado imobiliário para as classes altas à beira-mar, o proletariado do Centro foi “expulso” para os subúrbios, que passaram a ser vistos como locais estratégicos de escoamento dessa população marginalizada para distante do Centro “civilizado”. Atualmente, a Zona Norte continua com má fama na cidade, mesmo diversos bairros tendo alcançados altos índices de desenvolvimento humano (Jardim Guanabara, na Ilha do Governador, tem o terceiro maior da cidade).
Zona Oeste
editarA Zona Oeste é historicamente, a região mais jovem da cidade, não possuindo muitas construções anteriores ao século XX.[11] Assim como a Zona Sul e a Grande Tijuca, grande parte desta área foi urbanisticamente preservada pela ausência da construção de linhas ferroviárias. Desde 1965, por iniciativa do prefeito Francisco Negrão, a região tem seguido um planejamento urbano a fim de tornar-se o novo centro comercial e financeiro da cidade.[12] Geograficamente é um grande vale entre o Parque Nacional da Tijuca e o Parque Estadual da Pedra Branca; e, assim como a Zona Sul, tem saída para o Oceano Atlântico, possuindo catorze praias ao longo de 27 quilômetros de litoral, o maior da cidade. As principais são Abricó, Barra, Grumari, Joatinga, pontal de Sernambetiba, Marambaia, e Reserva.[13] Pelo potencial paisagístico e a crescente demanda de empreendimentos de alto padrão, a região da Barra da Tijuca e de Jacarepaguá é o principal centro de investimentos públicos e privados do Rio de Janeiro.[14][15] Possui atualmente a maior concentração de shoppings centers da cidade.
Ver também
editarReferências
- ↑ http://g1.globo.com/economia/noticia/2012/07/preco-medio-do-metro-quadrado-no-rio-passa-de-r-8-mil-pela-1-vez.html
- ↑ http://revista.zapimoveis.com.br/rio-entra-na-lista-das-10-cidades-com-imoveis-mais-caros-no-pais/
- ↑ http://puc-riodigital.com.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=13&infoid=13343#.VnYhrkqLS00
- ↑ http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/02/130205_predios_antigos_rio_mm_cq.shtml#
- ↑ http://acervo.oglobo.globo.com/rio-de-historias/inauguracao-de-brasilia-encerra-ciclo-de-dois-seculos-de-poder-do-rio-de-janeiro-8929190
- ↑ https://portomaravilhaparaquem.wordpress.com/2012/05/06/uma-olhar-critico-a-zona-portuaria-do-rio-de-janeiro/
- ↑ http://oglobo.globo.com/economia/imoveis/o-valor-de-cada-bairro-irmao-do-rio-7601124
- ↑ http://oglobo.globo.com/economia/imoveis/os-cinco-bairros-mais-caros-do-pais-estao-na-zona-sul-do-rio-7677088
- ↑ http://extra.globo.com/casa/sao-cristovao-vai-se-beneficiar-do-projeto-de-revitalizacao-da-zona-portuaria-5625530.html
- ↑ http://extra.globo.com/casa/vizinhanca-valorizada-precos-de-imoveis-para-venda-de-tijuca-vila-isabel-estabilizaram-mas-sobem-em-sao-cristovao-maracana-grajau-6233139.html
- ↑ «Cópia arquivada». Consultado em 20 de dezembro de 2015. Arquivado do original em 26 de setembro de 2013
- ↑ http://www.docomomo.org.br/seminario%205%20pdfs/148R.pdf
- ↑ «Cópia arquivada». Consultado em 20 de dezembro de 2015. Arquivado do original em 28 de setembro de 2013
- ↑ http://economia.terra.com.br/olimpiadas-inflacionam-o-m-em-jacarepagua-no-rio,33183cf59d25b310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html
- ↑ http://odia.ig.com.br/portal/imoveis/t%C3%BAnel-e-brt-criam-polo-de-desenvolvimento-1.457801