Zeca do PT
José Orcírio Miranda dos Santos GOMM (Porto Murtinho, 24 de fevereiro de 1950), mais conhecido como Zeca do PT, é um bancário e político brasileiro, filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT).[2] Atualmente é deputado estadual de Mato Grosso do Sul. Foi governador do estado de 1999 a 2007 e deputado federal por dois mandatos. Presidiu o Sindicato dos Bancários de Campo Grande e Região, na época em que trabalhava no Banco do Brasil.[carece de fontes] É um dos fundadores do PT no estado, integrando o Campo Majoritário.[2]
Zeca do PT | |
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Zeca em 2015. | |
Deputado estadual de Mato Grosso do Sul | |
No cargo | |
Período | 1º de fevereiro de 2023 até atualidade |
Período | 1º de fevereiro de 1991 a 1º de janeiro de 1999 (2 mandatos consecutivos)[a] |
Deputado federal por Mato Grosso do Sul | |
Período | 1º de fevereiro de 2015 a 1º de fevereiro de 2019 |
Vereador de Campo Grande | |
Período | 1º de janeiro de 2013 a 1º de fevereiro de 2015[b] |
9.º Governador de Mato Grosso do Sul | |
Período | 1º de janeiro de 1999 a 1º de janeiro de 2007 (2 mandatos consecutivos) |
Vice-governadores |
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Antecessor(a) | Wilson Barbosa Martins |
Sucessor(a) | André Puccinelli |
Dados pessoais | |
Nome completo | José Orcírio Miranda dos Santos |
Nascimento | 24 de fevereiro de 1950 (74 anos) Porto Murtinho, MS |
Prêmio(s) | Ordem do Mérito Militar[1] |
Cônjuge | Gilda Gomes |
Filhos(as) | 3 |
Parentesco |
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Partido | ARENA (1974-1980) PT (1980-presente) |
Profissão | bancário, político |
Vida pessoal
editarDescendente de gaúchos, fala fluentemente o guarani. Cursou, sem concluir, as faculdades de economia e direito. É casado e tem três filhas.[3] É primo de Waldemir Moka e tio de Vander Loubet.[4]
Carreira política
editarFoi o candidato a vereador de Campo Grande mais votado nas eleições de 1988, porém, não pôde assumir, pois seu partido não atingiu o quociente eleitoral exigido. Em 1990, tornou-se o primeiro deputado estadual a ser eleito pelo PT no estado. Reelegeu-se em 1994. Tentou a prefeitura da capital em 1992, mas não conseguiu chegar ao segundo turno. Contestou, na Justiça, o resultado da eleição de 1996, na qual perdeu, novamente, dessa vez, por apenas 411 votos.[3]
Candidatou-se a governador de Mato Grosso do Sul, nas eleições de 1998, pulando de 2% das intenções de voto, nas pesquisas, para uma vitória de 61% dos votos válidos, no segundo turno. Reelegeu-se em 2002, com 53% dos votos válidos.[3] Em 2005, foi admitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do mesmo partido, à Ordem do Mérito Militar no grau de Grande-Oficial especial.[1]
Nas eleições de 2014, foi eleito deputado federal, conquistando 160 556 de votos, obtendo o primeiro lugar. Quase o dobro do que os conquistados pelo segundo colocado.[5]
Nas eleições de 2022, foi eleito deputado estadual, recebendo 47.193 votos (3,31%).[6]
Controvérsias
editarAções judiciais
editarFoi condenado pelo Tribunal Regional Eleitoral por veicular comercial de televisão, com acusações ao candidato André Puccinelli, pago com o dinheiro público durante a campanha para eleição municipal do ano 2000.[7]
O Ministério Publico de Mato Grosso do Sul acusa Zeca do PT de utilizar órgãos públicos para tirar vantagem em benefício próprio. O PT é acusado de usar a gráfica do governo do Estado para confeccionar material publicitário, de 1999 a 2001, no primeiro mandato do governador.[8][9][10] Foi acusado novamente pelo MP-MS de desviar parte dos R$ 57 milhões destinados ao gasto com publicidade do governo, entre 2005 e 2006.[11]
No total, segundo o Ministério Público, aproximadamente R$ 180 milhões saíram ilegalmente das verbas destinadas à publicidade oficial do Governo do Estado, durante a gestão Zeca do PT. Despesas superfaturadas com agências de publicidades e gráficas são as mais constantes nas denúncias, informando inclusive registros fictícios de credores e empresas fantasmas.[12][13]
Em 2003, quando ainda era governador do estado, foi firmado contrato pelo qual sua família recebeu do Governo Estadual a concessão de um terminal portuário na cidade de Porto Murtinho. O Ministério Público Estadual acusa dois irmãos, um sobrinho (o deputado federal Vander Loubet) e uma cunhada do governador de enriquecimento ilícito devido à "obtenção do monopólio portuário de Porto Murtinho". A família do governador abriu 12 empresas para atuar na exploração de portos no estado.[14][15] A ação civil pública proposta em 2006 pelo MP-MS foi aceita pela justiça em agosto de 2008.[16]
As contas do estado de Mato Grosso do Sul foram bloqueadas no início de 2007 devido ao pagamento, nos últimos três dias do mandato de Zeca do PT, de R$ 116 milhões, à empreiteiras e prestadoras de serviços ao Estado. Devido à falta de dinheiro em caixa, surgiram dificuldades para o pagamento dos juros da dívida do Governo Estadual com o Governo Federal e para o pagamento dos salários dos servidores referentes a dezembro de 2006, já no governo de André Puccinelli[17]
O Ministério Público Estadual acusa Zeca do PT de ter pago "mensalinho" a 33 pessoas, incluindo dirigentes locais do PT, parentes e jornalistas que dessem cobertura favorável ao seu governo. O desvio foi de pelo menos R$ 30 milhões dos cofres públicos.[18][19][20][21] As acusações do MP-MS contra Zeca do PT são: Improbidade administrativa, peculato e uso de documentos falsos.[22] Em votação secreta a 11 dias do final de seu mandato,[23] na última sessão do ano de 2006, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul aprovou uma emenda constitucional de iniciativa do ex-governador Zeca do PT,[24] que dava o direito aos ex-governadores de Mato Grosso do Sul a receber pensão vitalícia de R$ 22,1 mil por mês.[25] No dia 30 de janeiro de 2007 a OAB entrou com uma ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal, para suspender o pagamento da aposentadoria alegando se tratar de "retribuição pecuniária a título gratuito, como se fosse uma espécie de aposentadoria de graça".[26][27] No dia 12 de setembro de 2007 o STF cassou a aposentadoria vitálicia de Zeca do PT, por 10 votos a 1.[28][29]
No final de 2007, foi apreendido um livro-caixa na investigação do suposto caixa dois de Zeca do PT, no qual haveria indícios de pagamentos ao senador Delcídio Amaral e ao deputado federal Antônio Carlos Biffi.[30] Delcídio e Biffi afirmam na Justiça que o livro do suposto caixa dois é uma espécie de dossiê falso, montado pelo próprio governo de Zeca do PT, para incriminá-los.[31]
Em abril de 2008 o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul anulou duas ações do Ministério Público Estadual por 3 votos a 2. Os desembargadores justificaram a anulação alegando que a produção de provas no processo deveria ter sido feita pela Polícia Civil e não pela Promotoria do Ministério Público.[32]
No início de 2009 o TJ-MS negou pedido feito por Zeca do PT de agravo de instrumento na ação movida pelo Ministério Público Estadual. Segundo o TJ os "atos de improbidade denunciados pelo Ministério Público Estadual se caracterizam pelo enriquecimento ilícito, por atentar contra os princípios da administração pública e contra o erário".[33] Zeca do PT entrou com ação contra o estado pedindo indenização de R$500 mil. Alega ter sofrido danos morais por conta das 19 ações civis e criminais movidas contra ele pelo MP-MS.[34]
Em Junho de 2009, Zeca do PT afirmou que usou parte do meio milhão de reais ganhos em processo indenizatório contra o jornal Correio do Estado na compra de 345 hectares. O ex-governador afirmou que ganhou R$ 300 mil do jornal Folha de S.Paulo (que o acusou de contrabando) e aguarda pelo recebimento do dinheiro.[35]
Em maio de 2010 o Superior Tribunal de Justiça negou recurso de Zeca do PT no qual pedia a suspensão do processo de improbidade administrativa, referente aos fatos ligados à "farra da publicidade". Na defesa da continuidade da ação civil pública, o ministro Mauro Campbell Marques do STJ alegou que a ação “foi clara ao indicar a presença de indícios veementes de cometimento de improbidade administrativa".[36]
Investigações
editarZeca do PT foi mencionado na Operação Uragano, da Polícia Federal, como tendo favorecido a empreiteira do empresário Edson Freitas durante seu governo (1999 a 2006). A afirmação foi feita pelo deputado Ary Rigo, numa gravação com câmera oculta.[37]
Posição sobre as 10 medidas contra a corrupção
editarDurante a votação no congresso, foi majoritariamente contra as 10 Medidas contra corrupção. Foi a favor do destaque que faz com que magistrados e integrantes do Ministério Público respondam por crime de abuso de autoridade quando atuarem com conduta incompatível com o cargo.[38] Este destaque, o mais polêmico de todas as mudanças no projeto de lei, foi considerado por alguns uma tentativa de intimidar a Operação Lava Jato,[39] também foi criticado pela presidente do STF, Carmen Lúcia, como uma tentativa de calar a Justiça.[40][38]
Votou contra todas as medidas propostas no projeto de lei original: pela retirada do "reportante do bem" do projeto, um programa que previa retribuir denunciantes de acordo com os valores recuperados;[41] contra o teste de integridade, em que seriam feitas simulações durante o trabalho em que uma questão ética seja abordada, sem o conhecimento do funcionário; esta medida foi retirada.[42] pela retirada de todas as regras sobre a extinção de domínio de bens e propriedades do réu quando sejam provenientes de atividade ilícita ou usados com esse propósito;[43] pela retirada do trecho que condicionava a progressão do regime de cumprimento de pena ao ressarcimento de danos causados por crime contra a administração pública;[44] pela supressão de pontos relacionados à mudanças nas regras de prescrição dos crimes, como a sua contagem a partir do oferecimento da denúncia e, não do seu recebimento e a prescrição retroativa;[45] tipificação do crime de enriquecimento ilícito de funcionários públicos e a previsão de confisco dos bens relacionados ao crime;[46] contra suprimir a defesa prévia nas ações de atos de improbidade;[47] contra multar partidos políticos responsabilizados por atos ilícitos;[48] acordos penais entre defesa e acusação;[49] acordos de leniência poderem ser celebrados pelo Ministério Público;[50] contra a ampliação da responsabilização pessoal civil e criminal dos dirigentes partidários[51]
Notas
- ↑ Renúncia em 1º de janeiro de 1999 para assumir o governo do Mato Grosso do Sul.
- ↑ Renúncia em 1º de fevereiro de 2015 para iniciar mandato na Câmara dos Deputados.
Referências
- ↑ a b BRASIL, Decreto de 22 de março de 2005.
- ↑ a b Folha Online (27 de outubro de 2002). «Zeca do PT consegue reeleição no Mato Grosso do Sul no 2º turno». Folha de S.Paulo. Consultado em 23 de março de 2016
- ↑ a b c Folha Online (27 de outubro de 2002). «Zeca do PT consegue reeleição no Mato Grosso do Sul no 2º turno». Folha de S.Paulo. Consultado em 23 de março de 2016
- ↑ «Adversários, primos correm de 2016 e poderão tirar diferenças nas urnas». www.midiamax.com.br. Consultado em 17 de maio de 2016
- ↑ UOL. «UOL Eleições: Apuração de votos no Mato Grosso do Sul para deputados federais». Consultado em 6 de outubro de 2014
- ↑ «Mato Grosso do Sul: Zeca do PT (PT) é eleito deputado estadual; veja votos»
- ↑ TRE multa Zeca do PT por propaganda irregular no MS, JB online, Terra - Em 29 de novembro de 2009.
- ↑ Ministério Público entra com ação contra PT por uso de gráfica do MS, Folha online, UOL - Em 29 de novembro de 2009.
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- ↑ Ministério Público entra com ação contra PT por uso de gráfica do MS, 24HorasNews - Em 29 de novembro de 2009.
- ↑ Justiça aceita denúncia contra o ex-governador Zeca do PT, Bem Paraná - Em 29 de novembro de 2009.
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- ↑ Ministério Público prepara mais cinco ações contra Zeca do PT por improbidade Folha online, UOL - Em 13 de junho de 2010.
- ↑ Zeca do PT é acusado de improbidade, 24HorasNews - Em 29 de novembro de 2009.
- ↑ Justiça aceita ação contra Zeca do PT por favorecimento a parentes, Folha online, Uol - Em 29 de novembro de 2009.
- ↑ Justiça aceita ação contra Zeca do PT por favorecimento a parentes, Folha online, UOL - Em 13 de junho de 2010.
- ↑ Zeca do PT é acusado de favorecer grupos, TV Morena, Globo.com - Em 29 de novembro de 2009.
- ↑ MP pede mais seis ações contra envolvidos no caixa 2 do MS, O Estado de S. Paulo - Em 29 de novembro de 2009.
- ↑ Zeca do PT é acusado de desvio, O Estado de S. Paulo - Em 29 de novembro de 2009.
- ↑ Placar da corrupção, O Estado de S. Paulo - Em 29 de novembro de 2009.
- ↑ Governo Zeca pagava propina, diz Promotoria, Folha online, UOL - Em 13 de junho de 2010.
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- ↑ OAB vai ao Supremo tentar barrar aposentadoria de ex-governadores do MS, Última Instância, 24HorasNews - Em 13 de junho de 2010.
- ↑ Ex-governadores de MS vão receber pensão vitalícia de R$ 22 mil, Folha online, UOL - Em 29 de novembro de 2009.
- ↑ OAB tenta derrubar pensão de R$ 22 mil de Zeca do PT, Consultor Jurídico - Em 13 de junho de 2010.
- ↑ Zeca do PT aguarda decisão sobre aposentadoria, Jornal do Brasil[ligação inativa] - Em 13 de junho de 2010.
- ↑ Supremo cassa aposentadoria vitalícia de Zeca do PT, Última instância[ligação inativa] - Em 13 de junho de 2010.
- ↑ Informe JB: STF decretará o fim do Bolsa Pijama, Jornal do Brasil[ligação inativa] - Em 13 de junho de 2010.
- ↑ Senador e deputado negam irregularidades, Folha online, UOL - Em 13 de junho de 2010.
- ↑ Para petistas, Zeca do PT fez dossiê falso e quis incriminá-los, Folha online, UOL - Em 13 de junho de 2010.
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- ↑ Ação contra Zeca, Jornal O Progresso[ligação inativa] - Em 13 de junho de 2010.
- ↑ Zeca do PT pede indenização de R$ 500 mil ao Estado por danos morais, Folha online, UOL - Em 13 de junho de 2010.
- ↑ Zeca do PT se torna agropecuarista com dinheiro de indenizações de jornais. publicado pela Redação do Portal IMPRENSA no dia 16 de junho de 2009
- ↑ STJ autoriza processo contra Zeca do PT - Em 13 de junho de 2010.
- ↑ Pivô do escândalo em MS também acusa Zeca do PT
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