Dolly (refrigerante)
Dolly é uma marca popular de bebidas brasileira. Foi originalmente fundada em 1987 pelo empresário Laerte Codonho, tendo sua principal sede localizada na cidade de Diadema, em São Paulo. Em 2018, a companhia entrou em recuperação-judicial com boa parte de suas contas congeladas.[1]
Dolly | |
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Privada | |
Slogan | Dolly, o Sabor Brasileiro. |
Gênero | Incorporation |
Fundação | 1987 |
Fundador(es) | Laerte Codonho |
Sede | Diadema, São Paulo, Brasil |
Produtos | Refrigerantes |
Website oficial | dolly |
A companhia tem em sua linha de produção um leque que vai de refrigerantes a sucos. Os refrigerantes são os carros-chefes do negócio, atendendo a região sudeste do país desde 1987. Seu principal produto é o Dolly Guaraná.
A empresa se tornou nacionalmente conhecida por meio do mascote Dollynho, que passou a representar a empresa e possui uma presença constante nas propagandas promocionais vinculadas na televisão. Desenhado pelo próprio Laerte Codonho,[2] o boneco tornou-se conhecido em todo o Brasil, não apenas pela exposição em rede nacional na televisão mas, sobretudo, na internet, em função da grande quantidade de memes explorando a imagem do personagem.[3]
História
editarLançou o primeiro refrigerante diet do Brasil no ano de 1987.[3] A empresa começou a ficar nacionalmente conhecida no final da década de 1990.
Em 2003, no que ficou conhecido como o Caso Coca-Cola vs. Dolly, o proprietário da empresa, Laerte Codonho, acusou a Coca-Cola de práticas de concorrência desleal e acusou-a de sonegação de impostos e de usar folhas de coca em seu produto principal, além de outras acusações, chegando a até utilizar o slogan "Brasileiro não tem medo de estrangeiro", para provocar a norte-americana[4] As denúncias foram amplamente divulgadas pela RedeTV!.[5][6]
A partir de então, a Dolly passou a estar constantemente em propagandas veiculadas nas principais emissoras de televisão, exceto a Rede Globo, e com destaque para a longa relação com a RedeTV! como patrocinadora do antigo programa Pânico na TV e dos humorísticos vespertinos apresentados por João Kléber.
Posteriormente foi criado o personagem Dollynho.
Em 2015, números da ACNielsen mostravam que a empresa possuía share de 10% no mercado nacional de refrigerantes, mesmo tendo a distribuição mais restrita ao Sudeste, chegando ao share de 30% na Grande São Paulo.[3]
Dollynho
editarO Dollynho foi um mascote projetado pelo próprio proprietário da empresa para satisfazer todo o trabalho de marketing investido nas fábricas. Segundo o mesmo, foi inspirado no Teletubbies. O empresário afirmou: “Eu pensei que precisava de um personagem para a Dolly. Todo mundo ficava pagando para ter um personagem da Disney. Eu falei: 'não vou pagar para ninguém. Vou fazer um personagem meu. E, na época, eu via tanto Teletubbies com minha filha, que passei a gostar da repetição. Chega uma hora que você sente falta quando não vê o Tinky Winky’”. O mesmo também disse que havia outros mascotes da empresa semelhantes a Dollynho, como o pai e mãe dele. Porém, o empresário desistiu da ideia.[7]
O mascote foi utilizado em várias propagandas da empresa pronunciando jingles, ou participando de músicas promocionais. Em uma das propagandas mais conhecidas, o personagem recita: "Oi pessoal, eu sou o Dollynho, seu amiguinho".
Ao passar dos anos, o personagem se tornou fortemente conhecido, um avanço muito positivo para a marca Dolly, que passou a ser mais conhecida e teve um impulso em suas vendas. O personagem passou a ser utilizado em praticamente todas as propagandas da empresa.[8]
Em 2016, a Dolly optou por deixar de lado o personagem em um dos seus comerciais, utilizando pessoas reais para protagonizar o mesmo e causando uma reação desfavorável dos consumidores e telespectadores.[9]
Durante a prisão do proprietário da empresa, o mascote foi utilizado para ironizar a acusação de sonegação da empresa. O personagem foi utilizado em diversos memes.[10]
Em 2019, depois de empresa entrar no modo de recuperação, Dollynho apareceu em uma propaganda com o proprietário da empresa. A frase dita pelo personagem foi "Oi pessoal, estão fazendo de tudo para acabar com a gente". O comercial foi veiculado em várias emissoras de televisão e um vídeo foi publicado no site de vídeos YouTube.
Concepção do personagem
editarO personagem tem um formato inspirado em garrafa pet, representado na cor verde.[3] Possui uma locução sem fixação que, assim, pode variar.
Seus olhos têm vários tons derivados da cor verde, assim como a sua composição, mas podem variar para preto.[3]
Seu bordão padrão utilizado em suas campanhas é: "Oi, pessoal, eu sou o Dollynho, seu amiguinho".
Filiais
editar- Osasco (SP)
- Diadema
- Duque de Caxias (RJ)
- Tatuí (fechado)
- Centro de distribuição em São Bernardo do Campo
- Centro de distribuição em Campinas
Controvérsia
editarA empresa na década de 2000 processou a concorrente Coca-Cola por danos-morais afirmando que a empresa "armou" para a mesma, e avisou que iria processar a mesma nos tribunais americanos, com base na Lei Antitruste. Numa conversa gravada por Codonho, o ex-executivo da Coca-Cola Luís Eduardo Capistrano do Amaral admitiu ter participado de um esquema orquestrado pela multinacional para tirar a Dolly do mercado.[2][11]
Realizou também diversos ataques a concorrente Coca-cola durante um programa de televisão exibido no ano de 2003 na emissora RedeTV!.[12]
Em 2018, o fundador da empresa foi preso junto ao seu ex-gerente financeiro, sob suspeita de fraude fiscal. Algumas fábricas foram fechadas, mas logo em seguida foram reabertas. Em entrevistas à Folha de S. Paulo e à revista Isto É Dinheiro, Codonho atribuiu sua prisão a uma armação da Coca-Cola e Ambev, alegando que as multinacionais adquiriram uma empresa de tecnologia, a Neoway, usada para fazer com que procuradores estaduais e da Fazenda Nacional introduzissem informações erradas no processo que resultou em sua prisão.[13][14] Codonho ingressou com ações indenizatórias contra os procuradores.[15] Um dos argumentos foi o de que atribuíram a ele a existência de uma empresa num paraíso fiscal para ocultação de patrimônio — a empresa citada nunca pertenceu ao empresário, o que foi reconhecido judicialmente.
Na época, os procuradores acusaram a empresa de sonegar de mais de R$ 4 bilhões de reais em impostos, e teve suas contas congeladas. Causando uma reação imediata na empresa, que corria um grave risco de falência, e sob liquidação de ativos e passivos.[16] Atualmente, a justiça reconheceu a falsidade da acusação que então foi anulada.[1]
Poucos dias depois, com os bens bloqueados, a empresa pediu recuperação judicial através de processos movidos por diversos credores e controladores da companhia. O pedido foi aprovado, e a empresa entrou no processo de recuperação.[17]
Várias fábricas da empresa foram fechadas, e milhares de funcionários foram demitidos.[18]
Codonho sempre negou ter as dívidas. Em novembro, duas sentenças da Justiça Federal reconheceram o argumento, dizendo que a Dolly, em vez de devedora, era credora de R$ 200 milhões.[19]
A Justiça de São Paulo também deu ganho de causa a uma ação da empresa. Em decisão unânime em 24 de novembro de 2021, a 8ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo rejeitou recurso da Secretaria da Fazenda do Estado e confirmou a anulação de uma suposta dívida fiscal de quase R$ 211 milhões da Ragi Refrigerantes (Ecoserv), engarrafadora dos refrigerantes Dolly[20]. Na decisão, o desembargador Antonio Celso Faria criticou a postura da fazenda estadual. "Já passou da hora de a Secretaria da Fazenda ter grandes cautelas sobre os procedimentos que adota, especialmente sobre grandes autuações."[20]
Referências
- ↑ «Alegando estar à beira da falência, grupo Dolly pede recuperação judicial». Folha de S.Paulo. 27 de junho de 2018. Consultado em 19 de dezembro de 2019
- ↑ a b «Dolly vai à luta e Laerte Codonho declara guerra contra a procuradoria». ISTOÉ DINHEIRO. 11 de janeiro de 2019. Consultado em 6 de dezembro de 2019
- ↑ a b c d e Dalmir Reis Jr. «Estratégia Mercadológica: DOLLY». Consultado em 10 de maio de 2018
- ↑ «Clippings Mensais: Abril 2004». Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não Alcoólicas. 30 de abril de 2004. Consultado em 26 de abril de 2012. Arquivado do original em 19 de fevereiro de 2009
- ↑ Fernanda Penna Borges (11 de abril de 2012). «Dolly e Rede TV! são condenados a pagar R$ 2 milhões à Coca-Cola»
- ↑ «Perseguição Orquestrada». IstoÉ. Consultado em 9 de Setembro de 2019
- ↑ «Propaganda do Dollynho foi inspirada em Teletubbies, diz dono da Dolly». Folha de S.Paulo. 13 de junho de 2018. Consultado em 21 de novembro de 2019
- ↑ «Eles cresceram: Dolly recria campanha de Páscoa com crianças». EXAME. Consultado em 21 de novembro de 2019
- ↑ «Dolly sem Dollynho? Marca muda comunicação e bomba nas redes». EXAME. Consultado em 21 de novembro de 2019
- ↑ «Humor: Dono da Dolly é preso e internet não perdoa, internautas fizeram brincadeiras com o mascote Dollynho». IPIAÚ ON LINE. 11 de maio de 2018. Consultado em 21 de novembro de 2019. Arquivado do original em 4 de dezembro de 2019
- ↑ «ISTO É Dinheiro». swrh.codexscribo.com. Consultado em 6 de dezembro de 2019
- ↑ G1, Do; Paulo, em São (11 de abril de 2012). «Justiça de SP condena Dolly e Rede TV a pagar indenização à Coca-Cola». Negócios. Consultado em 21 de novembro de 2019
- ↑ «'Fui vítima de um golpe entre contador, Coca-Cola e Procuradoria-Geral', diz dono da Dolly». Folha de S.Paulo. 13 de junho de 2018. Consultado em 6 de dezembro de 2019
- ↑ «Dono da Dolly é preso por fraude de R$ 4 bilhões». ISTOÉ Independente. 10 de maio de 2018. Consultado em 21 de novembro de 2019
- ↑ «Laerte Codonho, dono da Dolly, ajuíza ações de indenização contra procuradores». Consultor Jurídico. Consultado em 6 de dezembro de 2019
- ↑ «Em risco de falência, empresa de bebidas Dolly pede recuperação judicial - Economia». Estadão. Consultado em 21 de novembro de 2019
- ↑ «Justiça aprova pedido de recuperação de controladoras da Dolly». Valor Econômico. Consultado em 21 de novembro de 2019
- ↑ «À beira da falência, Dolly pede recuperação judicial». EXAME. Consultado em 21 de novembro de 2019
- ↑ «Dolly vira o jogo». ISTOÉ DINHEIRO. 25 de novembro de 2019. Consultado em 6 de dezembro de 2019. Arquivado do original em 22 de novembro de 2020
- ↑ a b «TJ pune Fisco paulista por insistência em cobrança inexistente contra Dolly». Consultor Jurídico. Consultado em 23 de janeiro de 2023