Glaucus atlanticus
Glaucus atlanticus, popularmente conhecido como Dragão Azul, Anjo Azul ou Andorinha do Mar, é uma espécie de lesmas-do-mar pelágicas pertencente ao grupo dos moluscos nudibrânquios da família Glaucidae, sendo a única espécie conhecida do género Glaucus[1]. A espécie está estreitamente aparentada com Glaucilla marginata, outro membro da família Glaucidae.
Glaucus atlanticus. | |
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Estado de conservação | |
Não avaliada | |
Classificação científica | |
Nome binomial | |
Glaucus atlanticus Georg Forster, 1777 |
Descrição
editarEstes nudibrânquios medem normalmente 3 a 4 cm de comprimento,[2][3] mas alguns espécimes podem atingir os 7 cm.[4][5] Apresenta uma coloração azul-prateada na face dorsal e azul pálido na face ventral. O pé é raiado por faixas longitudinais azul escuras ou negras.
O corpo é tronco-cónico, aplainado, com seis apêndices que se ramificam em raios afilados. A rádula tem dentes que se assemelham a minúsculas espadas.[6]
Distribuição e ecologia
editarEste nudibrânquio é pelágico, com distribuição cosmopolita ocorrendo nas águas temperadas e tropicais de todos os oceanos. Entre as regiões onde esta lesma-do-mar ocorre incluem-se o litoral brasileiro, as costas leste e sul da África do Sul, as águas europeias, a costa leste da Austrália, as costas de Moçambique[7] e dos Açores[8][9]. A espécie flutua de boca para baixo, mantida nessa posição pela tensão superficial das águas do oceano.
G.atlanticus preda organismos pelágicos de maiores dimensões, entre os quais cnidários como a caravela (Physalia physalis), Velella velella e Porpita porpita e moluscos pelágicos como Janthina janthina. Conhecem-se casos em que exibe comportamento canibal, predando exemplares da própria espécie.
G. atlanticus é capaz de se alimentar de P. physalis porque exibe imunidade ao veneno dos nematocistos daquela espécie, consumindo a caravela inteira selecionando e armazenado as toxinas e os nematocistos para seu próprio uso. O veneno é recolhido em sacos especializados localizados nas pontas dos seus apêndices (os "dedos" das suas extremidades).[10] Além do G. atlanticus armazenar a toxina da caravela, ele tem também a capacidade de potencializá-lo, apresentando riscos de saúde para o homem[9].
Com a ajuda de um saco cheio de gás no seu estômago, G. atlanticus flutua perto da superfície. A combinação dos efeitos resultantes da posição do saco e da tensão superficial da água fazem com que se mantenha em posição invertida: a superfície dorsal é na realidade o pé. A sua coloração azulada serve de camuflagem.
Glaucus atlanticus, como a maioria das lesmas-do-mar, é uma espécie hermafrodita apresentando tanto órgãos sexuais masculinos como femininos. Ao contrário dos demais nudibrânquios, o acasalamento não ocorre pela parte direita, mas pela ventral.[11]. Após a cópula produz cadeias de ovos.
Bibliografia
editar- Carol M. Lalli und Ronald W. Gilmer: Pelagic Snails: The Biology of Holoplanktonic Gastropod Mollusks. 259 S., Stanford, Calif., Stanford Univ. Pr., 1989 ISBN 0-8047-1490-8
- Valdés Á.; Orso Angulo Campillo (novembro 2003). Systematics of Pelagic Aeolid Nudibranchs Of The Family Glaucidae (Mollusca, Gastropoda). Bulletin of Marine Science. 75. [S.l.: s.n.] pp. 381–389. Consultado em 4 de março de 2008
Notas
- ↑ Lalli C. M. & Gilmer R. W. (1989). Pelagic snails: the biology of holoplanktonic gastropod mollusks. Stanford University Press. ISBN 0-8047-1490-8, ISBN 978-0-8047-1490-7. «Ltd previsualización». books.google.co.in en Google Books. pagina 224. Accesado el 13 de enero de 2010.
- ↑ «Marine Species Identification Portal» consultado a 6 de fevereiro de 2013.
- ↑ «William B. Rudman, «Glaucus atlanticus Forster, 1777» em Sea Slug Forum».
- ↑ Edward Vanden Berghe (WoRMS). «Glaucus atlanticus Forster, 1777». Encyclopedia of Life. Consultado em 26 julho 2011
- ↑ Welch J. J. (2010). "The “Island Rule” and Deep-Sea Gastropods: Re-Examining the Evidence". PLoS ONE 5(1): e8776. doi:10.1371/journal.pone.0008776.
- ↑ McFarlane, Thompson. (2008). Observations on a collection of Glaucus from the Gulf of Aden with a critical review of published records of Glaucidae (Gastropoda, Opisthobranchia) [Observaciones sobre Glaucus del Golfo de Aden con una revisión crítica de los registros de Glaucidae (Gastropoda, Opisthobranchia)]. Londres, Reino Unido: Linnean Society of London. pp. 107–123. doi:10.1111/j.1095-8312.1967.tb00967.x Parâmetro desconhecido
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sem|sobrenome2=
em Editors list (ajuda) - ↑ Gofas, S. (21 de dezembro de 2004). «Glaucus atlanticus Forster, 1777». www.marinespecies.org (em inglês). Consultado em 22 de abril de 2011
- ↑ Diário Insular (18 de julho de 2017). «Cuidado com os dragões-azuis». 24.sapo.pt/jornais/local/3951. Consultado em 18 de julho de 2017
- ↑ a b Maia-Nogueira, Rodrigo. «O Dragão-azul». Consultado em 2 de agosto de 2020
- ↑ Rudman, W.B., (6 de novembro de 1998). «Glaucus atlanticus Forster, 1777». www.seaslugforum.net/ (em inglês). Consultado em 22 de abril de 2011
- ↑ Debelius H., & Kuiter R. H. Nudibranchs of the world [Nudibranquios del mundo]. [S.l.: s.n.] ISBN 3939767069