Maria Helena Matos
Maria Helena Matos Mendonça de Carvalho, mais conhecida por Maria Helena Matos (Lisboa, 6 de novembro de 1910 — Lisboa, 19 de setembro de 2002), foi uma atriz e encenadora portuguesa.[1][2][3][4][5]
Maria Helena Matos | |
---|---|
Nome completo | Maria Helena Matos Mendonça de Carvalho |
Nascimento | 6 de novembro de 1910 Lisboa, Portugal |
Nacionalidade | ![]() |
Morte | 19 de setembro de 2002 (91 anos) Lisboa, Portugal |
Ocupação | Atriz, encenadora |
Cônjuge | Henrique Santana |
Biografia
editarMaria Helena Matos nasceu a 6 de novembro de 1910, no primeiro andar do número 16 da Rua de São Filipe Neri, freguesia de São Mamede, em Lisboa, filha do empresário Francisco Mendonça de Carvalho e da conceituada atriz Maria Matos.[6]
Desde cedo demonstrou o desejo de seguir a carreira de atriz. A peça Era uma vez uma menina, era encenada pela mãe, que colocou sérios entraves à sua entrada no mundo do teatro, acabando, no entanto, por ceder quando viu que ela tinha decorado o papel por iniciativa própria. A estreia, porém, só foi possível porque a atriz Georgina Cordeiro faltou à representação. Estreou-se profissionalmente no Porto, em 1925, com apenas 14 anos, conquistando desde logo o público.[1][4][5]
A partir dali é presença permanente no teatro de comédia, ao lado da mãe, de Adelina Abranches e Aura Abranches. Entre as inúmeras peças que representa com muito êxito na época, destaca-se Os fidalgos da casa mourisca, com o ator Alves da Cunha. Em 1933 inicia uma série de tournées pelo Brasil com a Companhia Maria Matos, de que fazem parte, entre outros, Joaquim Almada, Samuel Diniz, António Palma e Adelina Campos. No Rio de Janeiro, no Teatro Carlos Gomes, faz também a protagonista da peça A Severa, de Júlio Dantas, encontrando-se no auge da sua carreira, em que se sucedem, entre outras, notáveis interpretações em peças como Mal da Louca, Os Irmãos Quintero e Escola de Mulheres.[1][4][5]
No Teatro Variedades obtém um grande êxito com a peça Um Quarto Para as Quatro, com Assis Pacheco, Georgina Cordeiro, Álvaro Benamor e Raul de Carvalho. Obteve considerável sucesso também em Danúbio Azul, onde contracenou com os pais.[5]
Depois de encenar Knack - convencer e conquistar, a primeira peça do Grupo 4, encena e participa também em Isto é Que Me Dói, com Raul Solnado e Joel Branco, que se estreiam na comédia. A Rainha do Ferro Velho é mais um dos sucessos, ao lado de Laura Alves. Depois de participar em centenas de revistas, como O Rosmaninho, participa na opereta Invasão, tendo por companheiros Nicolau Breyner, Henrique Santos e Carlos Quintas.[5]
Já casada com Henrique Santana e integrante da Companhia Teatro Alegre, faz, entre outras, Os Direitos da Mulher, A Mala de Bernardette, Amor 68, Um Anjo de Chapéu de Palha, Agarra Que é Milionário e no Teatro Laura Alves, outro sucesso, O Príncipe e a Corista.[4][5]
Na sua longa carreira, considerada pelo meio artístico como uma "grande senhora dos palcos", Maria Helena passou não só pelo teatro, onde participou em centenas de peças, como pelo cinema e televisão, distinguindo-se igualmente como encenadora, onde conviveu e colaborou com nomes grandes da arte da representação como Vasco Santana, Ribeirinho, António Silva, Erico Braga, etc. Maria Helena Matos dedicou, no entanto, toda a vida ao teatro, "arte que amava e conhecia profundamente", como referiu Rui Mendes em entrevista ao Público. Pisou quase todos os palcos de Lisboa e era presença assídua no Teatro Nacional D. Maria II, no Monumental e no Parque Mayer.[1][4][5]
A atriz foi também fundadora do SIARTE (Sindicato das Artes e Espectáculo) em 1978, mas a sua grande paixão sempre foi o teatro, como o deixou claro na mensagem do dia mundial da arte, em 1993, na qual frisou que "viveria tudo de novo se me fosse possível". Faleceu a 19 de setembro de 2002, aos 91 anos de idade, no 50.º aniversário da morte de sua mãe, vítima de ataque cardíaco, na sua residência, em Lisboa. A atriz, que preparava um regresso aos palcos, no musical de Filipe La Féria, My Fair Lady, encontrava-se bem de saúde e tinha até aceite convites para trabalhos na televisão. Maria Helena Matos encontra-se sepultada no Cemitério do Alto de São João.[1][4][5][7]
Casamentos
editarMaria Helena Matos casou três vezes, a primeira com Luís José Frade de Almeida, de quem se divorciou, a segunda com Francisco Costa, de quem também se divorciou, tendo casado terceira vez com o ator, encenador, escritor e produtor Henrique Santana, filho de Vasco Santana, que conheceu na peça Quem Manda São Elas.[1][6]
Filmografia
editarAno | Filme | Personagem | Referências |
---|---|---|---|
1932 | Campinos do Ribatejo | Filha do Lavrador | [2] |
1936 | Bocage | Maria Vicência/Márcia Coutinho | |
1954 | O Costa d'África | - | |
1964 | Aqui Há Fantasmas | Tia Margarida | |
1979 | O Diabo Desceu à Vila | D. Eulália | |
1981 | Antes a Sorte Que Tal Morte | Tia Custódia | |
1998 | Vasco Santana - O Bom Português | - |
Televisão
editarAno | Programa | Personagem | Emissora | Referências |
---|---|---|---|---|
1957 | Um Segredo Que Toda a Gente Sabe | - | RTP | [3] |
Quem Casa Quer Casa | - | |||
O Morgado de Fafe em Lisboa | - | |||
A Anedota da Semana | - | |||
1962 | Três Rapazes e Uma Rapariga | - | ||
1963 | Daqui Fala o Morto | - | ||
A Barraca | Maria da Costa | |||
1964 | Encontro Casual | - | ||
1965-1966 | Uma História Por Semana | - | ||
1968 | O Mensageiro | Matilde | ||
1969 | O Pássaro na Gaiola | Edna | ||
1975 | Sabina Freire | - | ||
O Homem que se Arranjou | - | |||
Angústia Para o Jantar | - | |||
1978 | O Pato | - | ||
1981 | A Mala de Bernardette | - | ||
1983 | Origens | Esmeralda | ||
1984 | Um Fantasma Chamado Isabel | - | ||
1989 | A Tia Engrácia | Tia Engrácia | ||
1988-1989 | Sétimo Direito | Rufina | ||
2000-2001 | Ajuste de Contas | Mariana | ||
2002-2003 | O Olhar da Serpente | - | SIC |
Referências
- ↑ a b c d e f Lusa (20 de setembro de 2002). «Faleceu a actriz Maria Helena Matos». PÚBLICO
- ↑ a b Nascimento, Guilherme; Oliveira, Marco; Lopes, Frederico. «Maria Helena Matos». CinePT - Cinema Português
- ↑ a b «Maria Helena Matos». IMDb
- ↑ a b c d e f «CETbase: Ficha de Maria Helena Matos». ww3.fl.ul.pt. CETbase: Teatro em Portugal
- ↑ a b c d e f g h «O que é Feito de Si Maria Helena Matos?». RTP Arquivos. 19 de abril de 1991
- ↑ a b «Livro de registo de nascimentos da 3.ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa (11-08-1911 a 25-11-1911)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 195, assento 272
- ↑ «Teatro Perde Grande Alma». CM Jornal. 20 de setembro de 2002