Modesto Leal
João Leopoldo Modesto Leal, titulado Conde Modesto Leal pela Santa Sé (Araruama, 1860 — Rio de Janeiro, 31 de outubro de 1939), foi um banqueiro, comerciante, empresário e político brasileiro.[1][2][3][4]
Modesto Leal | |
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Nome completo | João Leopoldo Modesto Leal |
Nascimento | 1860 Araruama, Município Neutro, Brasil |
Morte | 31 de outubro de 1939 (79 anos) Rio de Janeiro, Distrito Federal, Brasil |
Nacionalidade | brasileiro |
Ocupação | banqueiro, empresário, comerciante e político |
Biografia
editarFilho de João Antônio da Silva Leal e Amália Joaquina Modesto, Modesto Leal teve uma infância pobre, mas desde cedo já mostrava talento para o comércio. Na adolescência, trabalhou como vendedor de sucatas, tendo, posteriormente, feito fortuna com a compra e venda de sucata de navios, negociando imóveis e dedicando-se à agiotagem.[5] No início do século XX, era o homem mais rico do Brasil.[6]
Foi acionista da Companhia Jardim Botânico e de outras empresas de bonde.[7] Tendo sido também proprietário de uma imensa chácara em Paquetá (mais especificamente na praia Grossa) e de trinta fazendas de café no Vale do Paraíba. Entre elas a Fazenda Ponte Alta, adquirida em 1900, no município de Vassouras, na época em que acontecia uma transição da agricultura para pecuária leiteira no Vale do Paraíba. Em 1936, D. Isabel Modesto Leal, neta do conde, era a proprietária da Fazenda Ponte Alta. D. Isabel era grande amiga do presidente Getúlio Vargas, e foi na propriedade que Getúlio comemorou os seus cinco últimos aniversários, além de ter visitado muitas vezes o local.[8]
Modesto Leal faria doações milionárias à Santa Sé, tendo sido agraciado por esta com o título nobiliárquico de conde Modesto Leal.
Casou-se com D. Isabel Fernandes Moreira Modesto Leal, condessa Modesto Leal.
Modesto Leal também foi o responsável pela reforma da edificação que ficou conhecida como Palacete Modesto Leal, localizado na Rua das Laranjeiras, n.° 304, no bairro de Laranjeiras, na cidade do Rio de Janeiro. O palacete, adquirido por Modesto Leal em 1892, ocupa uma área de 50 mil metros quadrados, e sua configuração atual resulta de um projeto em estilo eclético, de Antônio Januzzi & Irmão, executado em 1900, sobre uma residência preexistente, datada de 1882. O palacete permanece como propriedade da família.[9][10]
O jornalista Zózimo Barroso do Amaral, dos jornais O Globo e Jornal do Brasil, criou o termo patricinha inspirado em uma trineta do conde Modesto Leal, a socialite Patrícia Leal - presença constante em suas colunas. O termo patricinha hoje em dia já é verbete dos dicionários Aurélio e Houaiss.[11][12][13] Patrícia Leal também é trineta do barão de Bananal e sobrinha-trineta da viscondessa de São Francisco,[2][14] tendo sido casada com Antenor Mayrink Veiga (neto), conhecido playboy carioca das décadas de 1980 e 1990,[15][16][17][13][18] filho da socialite Carmen Mayrink Veiga e do empresário e playboy Antônio Alfredo Ribeiro Mayrink Veiga (mais conhecido como Tony Mayrink Veiga),[19][20] e neto do empresário Antenor Mayrink Veiga, presidente do Banco do Comércio e Indústria do Rio de Janeiro,[21][22] herdeiro e dono da empresa Casa Mayrink Veiga - holding que ia da mineração às finanças, tendo sido a representante de fornecedores de armamentos, munição e equipamentos para as Forças Armadas do Brasil desde a Guerra do Paraguai (1864-1870) até a década de 1980.[23][24][25] Antenor Mayrink Veiga e seu filho Tony Mayrink Veiga também eram donos da Rádio Mayrink Veiga (1926-1965) - fechada após o golpe militar de 1964 -, e tinham outros negócios, como o arrendamento do cassino do Copacabana Palace - os empresários Antenor Mayrink Veiga e Ernesto G. Fontes alugavam o cassino do hotel de Octávio Guinle, à época considerado o cassino mais luxuoso do Brasil.[26][27][28][23][24][25] Patrícia Leal têm dois filhos com o ex-marido.[29] A trisavó de seu ex-marido, Carolina Maria Ferreira Mayrink, era prima próxima do visconde de Mayrinck e do conselheiro Mayrink. Seu ex-marido também é descendente do coronel Francisco de Paula Mayrink, este, membro de uma antiga e importante família de Ouro Preto, e irmão da musa Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão, a famosa Marília de Dirceu, imortalizada nos versos do poeta inconfidente Tomás Antônio Gonzaga.[30][26][31] Patrícia Leal também vem a ser uma descendente do conde Modesto Leal que continua proprietária do Palacete Modesto Leal, juntamente a outros descendentes do conde.[32]
Referências
- ↑ Segundo algumas fontes, seria português.
- ↑ a b Genealogia Modesto Leal, por Adilson Guimarães Júnior. João do Rio. Ano 8, n° 44, agosto- setembro de 2010
- ↑ Colégio Brasileiro de Genealogia. Títulos concedidos pela Santa Sé. Arquivado em 11 de outubro de 2010, no Wayback Machine.
- ↑ Rio&Cultura. «O Palacete e a Aristocracia do Vale das Laranjeiras». Consultado em 8 de outubro de 2011
- ↑ "... o conde Modesto Leal, milionário português a quem os desesperados recorriam para tomar empréstimos a juros escorchantes de 8% ao ano..." (p.49). "Para levantar em dois meses os 1500 contos restantes Chateaubriand temia o pior: ter de se sujeitar aos juros proibitivos de um agiota - ou seja, cair nos braços do conde Modesto Leal" (p.72). "Desse total, segundo o jornal, 1500 contos tinham vindo das burras do conde Modesto Leal, que exigira como garantia a hipoteca das máquinas de O Jornal, do terreno e até do prédio a ser edificado nele" (p.95). In MORAES, Fernando. Chatô, o Rei do Brasil. São Paulo :Companhia das Letras, 1994.
- ↑ «Publicação do Site Rio & Cultura, "Coluna Patrimônio Histórico", de Leonardo Ladeira.»
- ↑ Elisabeth von der Weid. «O bonde como elemento de expansão urbana no Rio de Janeiro» (PDF). Fundação Casa de Rui Barbosa. Consultado em 8 de outubro de 2011
- ↑ «Inventário das Fazendas do Vale do Paraíba Fluminense» (PDF). Instituto Cidade Viva
- ↑ Palacete Modesto Leal, onde acontece a Casa Cor, é uma das últimas chácaras urbanas do Rio. O Globo.
- ↑ Palacete pode virar casa de festas, por Marina Gonçalves/Globo Online.
- ↑ «Ciência Hoje»
- ↑ «"Ex-mulher de Eike Batista deu origem ao termo 'patricinha'", no site oficial de Amaury Jr.»
- ↑ a b «VEJA RIO entrevistou 25 personalidades que foram destaque na revista». VEJA RIO
- ↑ Vasconcellos, barão de; Smith de Vasconcellos, barão (1918). Archivo nobiliarchico brasileiro. [S.l.]: Lausanne : Imprimerie La Concorde
- ↑ Veja. [S.l.]: Abril. Julho de 1996
- ↑ LLC, Sussex Publishers (março de 1988). Spy (em inglês). [S.l.]: Sussex Publishers, LLC
- ↑ «Dinastia Mayrink Veiga: netas de Carmen herdam elegância e carisma da socialite». Extra Online
- ↑ Manchete. [S.l.]: Bloch Editores. Outubro de 1999
- ↑ «Empresário Tony Mayrink Veiga morre aos 89 anos - ISTOÉ Independente». ISTOÉ Independente. 29 de junho de 2016
- ↑ Jordan, André (26 de dezembro de 2014). O Rio que passou na minha vida. [S.l.]: Cultiva Livros. ISBN 9789899926516
- ↑ «A Noite (RJ) - 1930 a 1939 - DocReader Web». memoria.bn.br. Consultado em 27 de maio de 2018
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- ↑ a b «Família Mayrink Veiga leiloa seus bens nesta terça-feira». Consultor Jurídico
- ↑ a b «Carmen Mayrink Veiga: uma mulher que soube fazer história». O Globo. 10 de dezembro de 2017
- ↑ a b «ISTOÉ Gente». www.terra.com.br. Consultado em 30 de abril de 2018
- ↑ a b «Gens Cariocas: Queremos Carmen (Mayrink Veiga) - Diário do Rio de Janeiro». diariodorio.com. Consultado em 19 de janeiro de 2017
- ↑ Castro, Ruy (13 de novembro de 2015). A noite do meu bem: A história e as histórias do samba-canção. [S.l.]: Companhia das Letras. ISBN 9788543804316
- ↑ Bulcão, Clóvis (8 de junho de 2015). Os Guinle. [S.l.]: Editora Intrinseca. ISBN 9788580577532
- ↑ «Estadão»
- ↑ «Segredos eternos da musa - Revista de História». www.revistadehistoria.com.br (em inglês). Consultado em 19 de janeiro de 2017
- ↑ «A1941 04. doc As duas últimas festas da Monarquia». www.principo.org. Consultado em 19 de janeiro de 2017
- ↑ «"Palacete pode virar casa de festas", no EXTRA, do O Globo online»