Borreliose humana brasileira
A borreliose humana brasileira, Síndrome (de) Baggio-Yoshinari ou doença de Lyme símile brasileira é uma zoonose causada pela bactéria Borrelia burgdorferi adaptada ao ambiente sul-americano e transmitida pelos carrapatos Amblyomma e Rhipicephalus, e que causa sintomas similares à doença de Lyme em mamíferos, porém com mais casos de retorno dos sintomas (73.6%) e de complicações neurológicas (20%) ou auto-imunes, exigindo tratamento mais amplo com doxiciclina.[1][2]
Borreliose humana brasileira | |
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Carrapatos da espécie Amblyomma cajennense, carrapato estrela, o vetor da borreliose na América do Sul. | |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | A69.2 |
CID-9 | 088.81 |
DiseasesDB | 1531 |
MedlinePlus | 001319 |
eMedicine | article/330178 article/965922 article/786767 |
MeSH | D008193 |
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Causa
editarA doença é causada pela Borrelia burgdorferi, uma bactéria espiralada Gram negativa, microaerófila, com capacidade de penetração intracelular, multiflagelada, de crescimento lento em cultivo, provida de protoplasma e que apresenta uma membrana externa rica em lipoproteínas.[3]
Sinais e sintomas
editarOs sintomas iniciais são os mesmos da doença de Lyme, e incluem[4]:
- Eritema crônico migratório (mancha vermelha crescente. em círculos concêntricos)
- Inchaço dos gânglios linfáticos locais
- Febre, mal estar e calafrio
- Fadiga e fraqueza
- Dor de cabeça
- Rigidez do pescoço
- Dores musculares e articulares
Podem durar um mês sem tratamento. A fadiga e a fraqueza costumam persistir mesmo com tratamento (síndrome posterior). Sintomas menos comuns incluem náusea e vômito, dor de garganta, dor nas costas e aumento do baço (esplenomegalia).
Depois de algumas semanas, se não tratada corretamente, pode causar problemas[3]:
- Articulares: Artrite (30-35%)
- Neurológicos: Meningite, neurites, paralisia temporária, descoordenação motora (35%)
- Cardíacos: Arritmia ou desaceleração cardíaca (5%)
- Dérmicos: Paniculite ou lesões em placas (raro)
Diagnóstico
editarEm exames de PCR com fragmentos marcadores do gene da flagelina (flgA e flaB) ou proteína da membrana externa A (OspA) dão negativos. Exames de ELISA e Western Blot tem 65% de diagnóstico correto e 16% de falso positivo, sendo portanto essencial considerar os sintomas clínicos (como o eritema crônico migratório, que identifica picada de carrapato e dura cerca de um mês) para confirmar o diagnóstico.[3]
Tratamento
editarNo primeiro mês pode ser tratada como a doença de Lyme, com ceftriaxone ou penicilina por trinta dias, mas, pelo maior risco de complicações, é prudente continuar com 200 mg de doxiciclina por mais sessenta dias.[3][5]
Referências
- ↑ http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5164/tde-04112010-145154/pt-br.php
- ↑ http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0482-50042009000500003&lng=en&nrm=iso&tlng=en
- ↑ a b c d http://www.reumatousp.med.br/pesquisa.php?idSecao=7625481&idSecaoPai=23
- ↑ http://www.webmd.com/rheumatoid-arthritis/arthritis-lyme-disease?page=2#1
- ↑ SHINJO, Samuel Katsuyuki et al. Neurological manifestations in Baggio-Yoshinari Syndrome (Brazilian Lyme disease-like syndrome). Rev. Bras. Reumatol. [online]. 2009, vol.49, n.5 [cited 2015-02-08], pp. 492-505 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0482-50042009000500003&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0482-5004. http://dx.doi.org/10.1590/S0482-50042009000500003.