Estação Ferroviária de Leça do Balio

estação ferroviária em Portugal

A estação ferroviária de Leça do Balio (palavra por vezes incorretamente grafada pelo operador como "Bálio"[2][4]:141] e também como "Bàlio")[5][6] é uma interface ferroviária da Linha de Leixões, que serve a freguesia de Leça do Balio, no Município de Matosinhos, em Portugal. Faz parte desde o princípio do troço entre Leixões e Contumil, que entrou ao serviço em 18 de Setembro de 1938.[7] Ainda que integrada numa linha maioritariamente vocacionada para transporte de mercadorias, esta interface fez serviço de passageiros em 1938-1987[8], em 2009-2011, tendo sido, neste período, estação terminal do serviço que a ligava à Linha do Minho em Ermesinde[9], e desde 2025, sendo novamente estação terminal do serviço, ligando desta vez à Linha do Minho em Contumil[10].

Leça do Balio
Estação Ferroviária de Leça do Balio
Comboio de contentores a passar por Leça do Balio, em 2012, visto do lado norte
Identificação: 21071 LBA (Leça Balio)[1]
Denominação: Estação Satélite de Leça do Balio
Administração: Infraestruturas de Portugal (norte)[2]
Classificação: ES (estação satélite)[1]
Linha(s): Linha de Leixões (PK 13+053)
Altitude: 76 m (a.n.m)
Coordenadas: 41°12′30.41″N × 8°37′46.46″W

(=+41.20845;−8.62957)

Mapa

(mais mapas: 41° 12′ 30,41″ N, 8° 37′ 46,46″ O; IGeoE)
Município: MatosinhosMatosinhos
Serviços:
Estação anterior Comboios de Portugal Comboios de Portugal Estação seguinte
Arroteia
P-Campanhã
  LX   Terminal

Coroa:  ZONA MAI1 
Conexões:
Ligação a autocarros
Ligação a autocarros
505 5024
Equipamentos: Acesso para pessoas de mobilidade reduzida
Inauguração:
Encerramento:
Website:
 Nota: Para outras interfaces ferroviárias com nomes semelhantes ou relacionados, veja Estação Ferroviária de Leça ou Apeadeiro de Leça.
comboio experimental em 2021
Comboios de tipologias diversas circulando em Leça do Balio.

Descrição

editar

Localização e acessos

editar

Esta estação tem acesso pela Avenida Dr. Ezequiel Campos, distando menos de meio quilómetro do centro de Gondival (EBJI), no concelho de Matosinhos.[11]

Infraestrutura

editar

O edifício de passageiros situa-se do lado poente da via (lado esquerdo do sentido ascendente, para Leixões).[12][13] Esta interface apresenta quatro vias de circulação, designadas como I, II+A2, IA, e I+IA, com comprimentos entre 357 e 139 m, acessíveis por plataforma de 124 m de comprimento e 70 cm de altura; existem ainda duas vias secundárias, identificada como III e IV, com comprimentos respetivos de 151 e 100 m, das quais a primeira se encontra eletrificada.[2]

 
Edifício de passageiros em 2020, vislumbrando-se os painéis azulejares.

Nominalmente adstrito a esta estação e classificado como Ramal Particular, o Ramal Leça do Balio Petroquímica (cód. 109; dep. 21097) inseria-se na rede ferroviária ao PK 14+452 (ou seja, mais próximo do apeadeiro de Custió-Araújo),[1] gerido pela Petibol e com tipologia «Linhas de Carga/Desc. Privado»;[4] elencado em documentos oficiais até 2022,[4] deixa de figurar junto com ramais análogos no ano seguinte.[2]

Azulejos

editar

A edifício de passageiros desta estação foi decorado com painéis de azulejos policromados retratando cenas de temática campestre.[14] O artista responsável foi Leopoldo Battistini, que utilizou azulejos e enquadramentos muito recortados no estilo barroco, produzidos pela Fábrica Constância,[15] de Lisboa, de que era diretor artístico.[16]

História

editar

Planeamento e construção

editar

Em 1931, o empresário Waldemar Jara d’Orey conseguiu, por concurso público de 27 de janeiro, a empreitada de construção da Linha de Cintura do Porto, incluindo a via férrea de Contumil e Leixões, e a construção de todas as estações e apeadeiros, incluindo a de Leça do Balio.[17] O conjunto desta estação incluía, entre outras infra-estruturas, as vias, vedações, as plataformas, a calçada à portuguesa, e uma estrada de acesso.[17] Também deveria ficar desde logo ligada à rede telefónica, para comunicar com as restantes estações da linha.[17] Em finais de 1933, estavam quase terminadas as obras de uma casa de pessoal em Leça do Balio.[17]

Na reunião de janeiro de 1934 da Comissão Administrativa do Fundo Especial de Caminhos de Ferro, foi aprovada a instalação de painéis de azulejos nos exteriores das estações de Leça do Balio e de São Mamede de Infesta.[18]

Em 1937, o Ministério das Obras Públicas e Comunicações contratou com a empresa de José Maria dos Santos & Santos para a realização da empreitada n.º 9 da Linha de Cintura do Porto, correspondente à instalação de iluminação eléctrica em várias estações desta linha, incluindo a de Leça do Balio.[19]

Um diploma publicado pelo Ministério das Obras Públicas no Diário do Governo n.º 183, II Série, de 9 de agosto de 1938, informou que já tinha sido recebido o auto de recepção definitiva da empreitada n.º 9 da Linha de Cintura do Porto, relativa à instalação da iluminação eléctrica em várias estações da linha, incluindo Leça do Balio, pela empresa José Maria dos Santos & Santos.[20]

Entrada ao serviço

editar

O troço entre Contumil e Leixões foi aberto à exploração no dia 18 de setembro de 1938.[7]

 
Carruagens de passageiros degradas, rumo a recuperação, circulando em Leça do Balio em 2019, vendo-se os desvios para as vias secundárias.

No XIII Concurso das Estações Floridas, organizado em 1954 pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses e pela Repartição de Turismo do Secretariado Nacional de Informação, a estação de Leça do Balio recebeu um diploma de menção honrosa especial.[21]

Em 1987 esta interface deixou de operar para serviço de passageiros, dada a suspensão deste em toda a Linha de Leixões.[8]

CP Urbanos do Porto
(Serv. ferr. suburb. de passageiros no Grande Porto)
Serviços:   Aveiro  Braga
  Marco  Guimarães  Leixões
(b) Ferreiros   Braga (b)
(b) Mazagão 
       
 Guimarães (g)
(b) Aveleda 
       
 Covas (g)
(b) Tadim 
       
 Nespereira (g)
(b) Ruilhe 
       
 Vizela (g)
(b) Arentim 
       
 Pereirinhas (g)
(b) Cou.Cambeses 
       
 Cuca (g)
(m)(b) Nine 
       
 Lordelo (g)
(m) Louro 
       
 Giesteira (g)
(m) Mouquim 
       
 Vila das Aves (g)
(m) Famalicão 
       
 Caniços (g)
(m) Barrimau 
         
 Santo Tirso (g)
(m) Esmeriz 
 
 
   
 
 
 
     
 Cabeda (d)
(m)(g) Lousado 
               
 Suzão (d)
(m) Trofa 
               
 Valongo (d)
(m) Portela 
               
 S. Mart. Campo (d)
(m) São Romão 
               
 Terronhas (d)
(m) São Frutuoso 
               
 Trancoso (d)
(m) Leandro 
               
 Rec.-Sobreira (d)
(m) Travagem 
               
 Parada (d)
(m)(d) Ermesinde 
               
 Cête (d)
(m) Palmilheira 
 
 
 
 
       
 Irivo (d)
(m) Águas Santas 
 
 
 
 
         
 Oleiros (d)
(m) Rio Tinto 
               
 Paredes (d)
(ẍ) São Gemil 
 
 
 
 
 
     
 Penafiel (d)
(ẍ) Hosp. S. João   Contumil (m)(ẍ)
(ẍ) S. Ma. Infesta 
     
 
 
 
   
 P.-Campanhã (m)(n)
(ẍ) Arroteia 
       
 
 
 
 
 Bustelo (d)
(m) P.-São Bento   General Torres (n)
(ẍ) Leça do Balio 
       
 
 
 Meinedo (d)
(n) Gaia 
       
 
 
 Caíde (d)
(n) Coimbrões 
     
 
   
 Oliveira (d)
(n) Madalena 
 
 
       
 Vila Meã (d)
(n) Valadares 
           
 Recesinhos (d)
(n) Francelos 
           
 Livração (d)
(n) Miramar 
           
 M.Canaveses (d)
(n) Aguda 
       
 
(n) Granja 
       
 Aveiro (n)
(n) Espinho 
       
 Cacia (n)
(n) Silvalde 
       
 Canelas (n)
(n) Paramos 
       
 Salreu (n)
(n) Esmoriz 
       
 Estarreja (n)
(n) Cortegaça 
       
 Avanca (n)
(n) Carv.-Maceda 
       
 Válega (n)
   Ovar (n)

Século XXI

editar

Em 2010, apresentava duas vias de circulação, com 352 e 346 m de comprimento; as duas plataformas tinham ambas 70 m de extensão e 70 cm de altura[22] — valores mais tarde[quando?] alterados para os atuais.[2]

O serviço de passageiros foi retomado em 22 de maio de 2009, ficando esta interface como terminal provisório da efémera “Linha Roxa” da USGP que a ligava à Linha do Minho em Contumil.[9] Todos os comboios de passageiros na Linha de Leixões foram suspensos pela operadora Comboios de Portugal no dia 1 de fevereiro de 2011, por alegada reduzida procura.[9]

A 9 de fevereiro de 2025 o serviço de passageiros foi novamente retomado, tendo como término este interface[10].

Ver também

editar

Referências

  1. a b c (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
  2. a b c d e Diretório da Rede 2025. I.P.: 2023.11.29
  3. «Cronologia da história dos caminhos de ferro em Portugal». CP. Consultado em 20 de fevereiro de 2025 
  4. a b c Diretório da Rede 2024. I.P.: 2022.12.09
  5. Horário verão 1980 Caminhos de Ferro Portugueses: Lisboa, 1980: p.50
  6. Horário verão 1984 Caminhos de Ferro Portugueses: Lisboa, 1984: p.50
  7. a b «Troços de linhas férreas portuguesas abertas à exploração desde 1856, e a sua extensão» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 69 (1652). 16 de Outubro de 1956. p. 528-530. Consultado em 30 de Agosto de 2013 
  8. a b MIDÕES, Miguel (24 de Junho de 2021). «No "cérebro" das renovações da CP, guiado por um ferroviário». TSF. Consultado em 22 de Janeiro de 2022 
  9. a b c SIMÕES, Pedro Olavo (31 de Dezembro de 2004). «Deixa de apitar o comboio fantasma». Jornal de Notícias. Consultado em 21 de Maio de 2011. Cópia arquivada em 22 de Fevereiro de 2014 
  10. a b «CP reabre Linha de Leixões com novas paragens». RTP. 9 de fevereiro de 2025. Consultado em 9 de fevereiro de 2025 
  11. «Cálculo de distância pedonal (41,20846; −8,62981 → 41,20836; −8,63316)». OpenStreetMaps / GraphHopper. Consultado em 12 de agosto de 2024 : 490 m: desnível acumulado de +12−1 m
  12. (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
  13. Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
  14. MARTINS et al, 1996:40
  15. PEREIRA, 1995:418
  16. MARTINS et al, 1996:41-43
  17. a b c d «Construções Ferroviárias: A Linha de Cintura do Porto» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1112). 16 de Abril de 1934. p. 215-217. Consultado em 30 de Agosto de 2013 
  18. «Direcção-Geral dos Caminhos de Ferro» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1107). 1 de Fevereiro de 1934. p. 99. Consultado em 2 de Janeiro de 2017 
  19. «Parte Oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 49 (1192). 16 de Agosto de 1937. p. 413-414. Consultado em 27 de Agosto de 2013 
  20. «Parte Oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 50 (1216). 16 de Agosto de 1938. p. 391-393. Consultado em 20 de Fevereiro de 2018 
  21. «XIII Concurso das Estações Floridas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 67 (1608). 16 de Dezembro de 1954. p. 365. Consultado em 2 de Janeiro de 2017 
  22. «Directório da Rede 2011». Rede Ferroviária Nacional. 25 de Março de 2010. p. 69 

Bibliografia

editar
  • MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado: O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas 
  • PEREIRA, Paulo (1995). História da Arte Portuguesa. III. Barcelona: Círculo de Leitores. 695 páginas. ISBN 972-42-1225-4 
 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre a estação de Leça do Balio

Ligações externas

editar